CAPÍTULO II – MODELO TEÓRICO DE MÚLTIPLOS ESTADOS EM
II.5. CÁLCULO DAS PROBABILIDADES DE TRANSIÇÃO E DE
II.5.2. Calcular as Probabilidades de Transição
Através da aplicação de métodos numéricos de integração, facilmente se calculam as probabilidades de permanência. No entanto, devido às características da operação com múltiplos estados, o cálculo das probabilidades de transição associadas a um processo estocástico contínuo no tempo é, regra geral, de difícil integração.
Existem no entanto algumas soluções de aplicação geral a qualquer operação com múltiplos estados que nos permitem de calcular as referidas probabilidades de transição a partir da estimação das correspondentes intensidades de transição.
Estas soluções podem ser obtidas de duas formas distintas:
• De forma exacta a partir da suposição de determinadas hipóteses restritivas às funções de transição (probabilidades e intensidades):
− Intensidades de transição constantes: nesta hipótese são consideradas
constantes as intensidades de transição para qualquer idade x e qualquer
transição de i para j , o que nos conduz ao conhecido processo estocástico
de Markov homogéneo (Jones, B.L. (1993));
− Intensidade de transição constante definida por intervalos de tempo: esta
definida por intervalos de intensidade constante, conservando desta forma a
não-homogeneidade do processo no tempo (Jones, B.L. (1993));
− Intensidade de transição contínua: esta hipótese supõe a continuidade das
intensidades de transição em todo o intervalo de tempo considerado, a partir das correspondentes probabilidades de transição em n etapas
(Wolthuis, H. (1994)).
• De forma aproximada a partir da aplicação de algoritmos numéricos:
− Método numérico baseado no teorema do valor médio: método baseado na
aplicação do teorema do valor médio (Waters, H.R.(1984)).
− Método numérico baseado na integração por produto: este método propõe
a obtenção aproximada da matriz ℘x(t) a partir das matrizes de intensidade
de transição de cada um dos sub-intervalos que resultam de uma partição da
CAPITULO
III
AVALIAÇÃO
FINANCEIRO-ACTUARIAL
DE
III.1. INTRODUÇÃO
Partindo do estudo de Haberman e Pitacco (1999), iremos neste capítulo formular um
modelo actuarial para um seguro de dependência. Para tal iremo-nos basear nos modelos de múltiplos estados descrevendo, através de um processo estocástico contínuo no tempo, as diferentes probabilidades de transição que compõem a estrutura probabilística necessária para a formulação financeiro-actuarial de um seguro com estas características.
Existe um leque de possibilidades bastante alargado para o conjunto de produtos que poderíamos considerar deste tipo de seguro. No entanto, iremos considerar um seguro composto por coberturas relacionadas com o risco de dependência (Seguro de Dependência), bem como a garantia de um capital seguro em caso de morte (Seguro de Morte).
Consideremos um produto de seguro com as seguintes características:
9 Coberturas/Serviços prestados:
• Apoio Domiciliário e Teleassistência (ADT)
• Assistência Residencial ou Hospitalar (ARH)
9 O modelo considera três graus de dependência de acordo com a gravidade
apresentada, isto é, o grau I corresponde a uma dependência moderada, o grau II corresponde a uma dependência grave e o grau III corresponde a uma dependência severa.
9 Não existe possibilidade de recuperação para pessoas dependentes1 pois as
incapacidades que apresentam as pessoas com mais de 65 anos são de carácter
1
Na prática, e de acordo com o nível de dependência definido pela companhia de seguros para cada grau de dependência, poderemos considerar a recuperação do estado de dependência de grau II para o estado de dependência de grau I. No estanto esta situação implica o estudo do modelo de múltiplos estados descrito probabilisticamente através de um semi-processo estocástico de Markov contínuo no tempo, o qual não é objecto de estudo neste nosso trabalho.
permanente em 90% dos casos, pelo que podemos supor que a probabilidade de
um indivíduo deixar de ser dependente é igual a zero2.
9 A idade limite de subscrição é os 65 anos de idade, sendo que se pressupõem que o
segurado é saudável (autónomo) nessa idade.
9 O contrato de seguro só produz efeitos a partir dos 65 anos de idade e não tem
idade limite de permanência.
9 As prestações são mistas, isto é, os benefícios garantidos comportam uma
prestação económica (renda e/ou capital seguro) e permitem o acesso a uma rede de serviços de assistência. A nível das prestações económicas, o contrato de seguro garante à pessoa segura:
a) Em dependência de grau I, uma renda contínua constante vitalícia R3
paga enquanto o segurado se encontrar em situação de dependência moderada.
b) Em dependência de grau II, uma renda contínua constante vitalícia R paga
enquanto o segurado se encontrar em situação de dependência grave, bem
como um capital seguro no valor de C no momento da entrada neste estado d2
de dependência.
c) Em dependência de grau III, uma renda contínua constante vitalícia R paga
enquanto o segurado se encontrar em situação de dependência severa, bem
como um capital seguro no valor de C , no momento da entrada neste estado d3
de dependência. Note-se que Cd2 ≤Cd3.
d) Em caso de morte, um capital seguro C . Assumiremos que f Cf ≤Cd2 +Cd3.
9 No que diz respeito às coberturas/serviços prestados, para dependentes moderados
será considerada apenas a cobertura de ADT, para dependentes graves a cobertura a considerar já poderá ser a ADT e a ARH, para dependentes severos vamos
2
Artís, M.; Ayuso, M.; Guillén, M. (2007; 383). 3
Na prática faz sentido que esta renda seja variável de acordo com o grau de dependência em que a pessoa segura se encontra, de tal forma que RI < RII < RIII, sendo Ri o valor da renda contínua vitalícia paga enquanto o segurado se encontrar no estado de dependência de grau i ={I, II, III}. De forma a tornar o nosso modelo em
estudo mais simples optámos por considerar o caso particular de uma renda contínua constante vitalícia R paga independentemente do estado de dependência do segurado.
considerar apenas a cobertura ARH. Os custos inerentes a estes serviços poderão ser financiados através das prestações económicas acima definidas garantidas de acordo com o grau de dependência em que se encontre a pessoa segura.
9 Como contrapartida aos benefícios garantidos, o segurado deverá pagar um prémio
vitalício nivelado (constante) P4, desde a idade de subscrição x, enquanto a
pessoa for viva, independentemente do grau de dependência em que se encontre.
9 É admissível a operação de resgate.
III.2. MODELO DE MÚLTIPLOS ESTADOS APLICADO A UMA OPERAÇÃO DE