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Calibração dos cicloergômetros

É muito importante a calibração periódica de todos os tipos de cicloergômetros mecânicos. Esta operação garante a validade dos dados obtidos, além de ser um procedimento de simples realização. Neste tipo de equipamento, o cinturão de atrito se expande à medida que o calor vai sendo gerado pela roda volante, de modo que o ajuste periódico do cinturão corrige possíveis alterações na potência (POLLOCK; WILMORE, 1993).

Os cicloergômetros eletromagnéticos demandam um número maior de calibrações para ajuste da velocidade, intensidade e da resistência, e seus procedimentos tendem a ser mais complexos. O manual de instruções do fabricante e as normas estabelecidas pela American Heart Association oferecem linhas gerais quanto à calibração destes equipamentos de ergometria, onde não se recomenda a

aquisição de equipamentos que não possam ser calibrados (POLLOCK; WILMORE, 1993). Já os equipamentos com frenagem mecânica apresentam características vantajosas em relação aos demais, tais como: permite controlar pequenos aumentos de carga, além da facilidade para a prescrição de treinamento físico e manuseio. O principal exemplar de cicloergômetro mecânico é o da marca Monark®, que teve seus pré-supostos teóricos delimitados por Von Döbeln (1954). Este equipamento é considerado “padrão ouro”3 em cicloergometria mecânica.

No cicloergômetro Monark®, a potência é dada pelo produto de duas variáveis: 1) velocidade da roda e, 2) a carga mecânica resistiva aplicada na roda. Sendo que a velocidade da roda é obtida multiplicando-se o deslocamento da roda (distância) em uma rotação completa do pedal pela freqüência de rotação do pedal (cadência), o que é facilmente medido por um ciclocomputador (Von DÖBELN, 1954; GLEDHILL; JAMNIK, 1995; LIMA et al., 2003b).

A carga mecânica resistiva é obtida por meio do atrito provocado por uma cinta que envolve a circunferência da roda. A intensificação do atrito ocorre a partir do aumento da pressão da cinta contra a roda, o que pode ser feito por meio de pesos ou por um tensionador e uma balança de pêndulo, que mede a diferença de força entre dois pontos da cinta (Von DÖBELN, 1954; GLEDHILL; JAMNIK, 1995; LIMA et al., 2003b).

Para a calibração de cicloergômetros existem dois modelos, o fragmentado e o dinâmico. Ambos possuem o mesmo objetivo, o de confirmar se os resultados obtidos a partir de um cicloergômetro são reais e acurados.

Medições independentes da velocidade da roda e da carga mecânica resistiva compõem a calibração fragmentada, que consiste na medição da circunferência da roda e de seu deslocamento em uma revolução completa do pedal e, também, na conferência do perfeito funcionamento do equipamento utilizado para medir a cadência de pedalada (LIMA et al., 2003b).

A calibração da carga mecânica resistiva consiste na verificação do deslocamento do pêndulo da balança com a aplicação de pesos conhecidos ou mesmo a conferência da massa das anilhas utilizadas. Para que a potência produzida durante o teste seja igual à esperada, deve-se assumir que durante a calibração a roda esteja girando a uma velocidade constante e que o atrito provocado pela cinta sobre a roda seja linear ao aumento da carga mecânica resistiva. No entanto, a calibração fragmentada testa apenas o dispositivo de

medição e não leva em consideração as perdas por atrito no mecanismo de transmissão. Mas, quando da necessidade de medições mais precisas, a calibração dinâmica é a mais indicada, avaliando o sistema enquanto este está sendo acionado a velocidades conhecidas para cada um dos ajustes de carga (COLLUCCI, 1995).

Ao calibrar o sistema em condições reais de uso, a calibração dinâmica pode ser realizada direta ou indiretamente. A calibração dinâmica direta é feita por meio do uso de torquímetros, calibradores específicos, ou por células de carga (CUMMING; ALEXANDER, 1968; RUSSEL; DALE, 1986; WOODS et al., 1994; ARSAC et al., 1996; MAXWELL et al., 1998; DEVILLARD et al., 2001). Contudo, existe uma tendência de que os métodos diretos de medição sejam de difícil acesso ao profissional de Educação Física, sobretudo, por apresentarem alto custo para aquisição e manutenção e, por não serem de uso habitual em laboratórios de fisiologia do exercício (CYRINO et al., 2005). Já , a calibração dinâmica indireta é feita por meio da comparação entre consumo de oxigênio medido em duas ou mais situações randomizadas (REISER et al., 2000) ou, entre o volume de oxigênio consumido medido com os valores preditos através de equações (LIMA et al., 2003b).

O estudo de Lima et al. (2003b), ao calibrar dinâmica e indiretamente um cicloergômetro construído a partir do modelo Monark®, encontrou que a potência real produzida tende a ser menor que a calculada, tomando-se por base a velocidade da roda volante e a carga resistiva. Os autores afirmam que isso pode ser explicado pelo atrito da cinta gerado sobre a roda não ser linear à carga resistiva aplicada. Isso, provavelmente, deve-se às adaptações do mecanismo de frenagem feitos pelo fabricante, e que não seguem o modelo Monark®, tais como: desgaste do material, fixação de lonas de freio entre a cinta e a roda volante e, a forma de fixação da cinta de frenagem ao quadro do cicloergômetro. Desta forma, na construção de cicloergômetros baseados em modelos de referência, é necessário o respeito frente ao constructo teórico do padrão adotado. Os autores alertam que, as alterações aparentemente sem importância, podem resultar em grandes alterações na potência produzida. Portanto, calibrações dinâmicas periódicas são necessárias para assegurar a alta qualidade dos resultados obtidos.

No estudo de Maxwell et al. (1998), três cicloergômetros tiveram sua acurácia testada contra um equipamento de calibração dinâmica. O ergômetro Monark® subestimou as medidas de potência entre 91,7% e 97,8%. O cicloergômetro Repco®

teve as mesmas medidas variando entre 98% e 104,2%. Para os cicloergômetros eletromagnéticos testados, a variação ficou entre 89,3% e 101,4%. Os autores enfatizam e existência de erros entre os cicloergômetros e que o modelo Monark® foi o único a mostrar significância quando comparado com um torquímetro, ou seja, apresentou maior variabilidade de mensuração.

O estudo proposto busca minimizar as possibilidades de erro com a utilização de peças novas na construção da BECI, exceto a roda. Além de considerar os pré- supostos teóricos do critério de referência.

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