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O CAMINHO DE CONSTRUÇÃO DA PESQUISA

2 O SERVIÇO SOCIAL E A DISCUSSÃO ACERCA DA QUESTÃO

2.1 O CAMINHO DE CONSTRUÇÃO DA PESQUISA

No que diz respeito ao universo e amostra da pesquisa, deve-se sinalizar que uma pesquisa é, segundo Rauen (2002, p.47), o “esforço dirigido para aquisição de um determinado conhecimento que propicia a solução de problemas teóricos, práticos e/ou operativos mesmo quando situados no contexto do dia-a-dia do homem.” De acordo com Gil (1999, p.42) pesquisa social é definida “como o processo que, utilizando metodologia científica, permite a obtenção de novos conhecimentos no campo da realidade social”. Desta forma, salienta-se que será realizada uma pesquisa de campo aplicada exploratória com caráter qualitativo.

De acordo com Minayo (1997, p. 22) “a abordagem qualitativa aprofunda-se no mundo dos significados das ações e relações humanas, um lado não perceptível e não captável em equações, médias e estatísticas”, ou seja, “trabalha com o

universo de significados, motivos, aspirações, crenças, [...] o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 1997, p. 22).

Conforme Gil (2002), os levantamentos de modo geral, abrangem um universo de elementos tão grande sendo impossível considerá-los em sua totalidade. Portanto, frequentemente trabalha-se com uma amostra, a qual se apresenta como uma pequena parte dos elementos que compõem o universo. As amostras podem ser probabilísticas e não-probabilísticas (BIANQUINI, 2010). Assim sendo, optou-se pela amostra não probabilística onde, segundo Bianquini (2010, p. 1): “A escolha dos elementos da amostra é feita de forma não aleatória, existindo um procedimento de seleção dos elementos da população segundo critérios estabelecidos pelo pesquisador”.

Assim sendo, de forma mais especifica foi utilizada a Amostragem Não Probabilística Intencional ou por Julgamento, a qual, de acordo com Bianquini (2010) os elementos da amostra são baseados em escolhas de casos específicos e julgados como adequados, na população onde o pesquisador está interessado. De maneira geral, o critério de representatividade dos grupos investigados em uma pesquisa-ação é mais qualitativo do que quantitativo, portanto, para Gil (2002 p. 145):

O mais recomendável nas pesquisas desse tipo é a utilização de amostras não probabilísticas, selecionadas pelo critério de intencionalidade. Uma amostra intencional, em que os indivíduos são selecionados com base em certas características tidas como relevantes pelos pesquisadores e participantes, mostra-se mais adequada para a obtenção de dados de natureza qualitativa; o que é o caso da pesquisa-ação.

Portanto, para selecionar os profissionais que fizeram parte da amostra da pesquisa, buscou-se o Conselho Regional de Serviço Social – CRESS 12ª Região – Santa Catarina, para saber o número de profissionais atuando na região da Grande Florianópolis no ano de 2012 e assim, selecionar aqueles que exercem sua função no âmbito da questão socioambiental; também, procurou-se o setor de estágio do curso de Serviço Social – SSO, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), para identificar os profissionais que são supervisores de campo e que atuam com a temática socioambiental no ano de 2012, visto que esta foi a única listagem disponibilizada pelo setor.

Sendo assim, a amostra do presente trabalho se concretizou com os supervisores de campo de Serviço Social que atuam com a questão socioambiental. A justificativa para tal seleção diz respeito ao fato de que boa parte dos estudos sobre Serviço Social e Meio Ambiente, enfatizam que a formação profissional não aborda a temática socioambiental, portanto, busca-se, além de compreender como este profissional atua, questionar como é realizado o processo de supervisão de estágio com alunos que não tiveram essa discussão e o que o supervisor avalia ser pertinente e necessário para que possa trazer contribuições a esta temática relevante.

Outro motivo pela seleção ser com os supervisores de estágio, é o fato de que a listagem disponibilizada pelo CRESS não especificava o telefone e o local de trabalho dos profissionais, fato este que inviabilizou o levantamento mais minucioso de todos os profissionais de Serviço Social que exercem função nesta relevante temática. Ou seja, acredita-se que existam muitos outros profissionais que atuam com a questão socioambiental na região da Grande Florianópolis, porém, pelo fato de não constarem como supervisores de campo de alunos do curso de Serviço Social da UFSC em 2012, estes não fizeram parte da amostra deste trabalho.

Assim sendo, com base na listagem disponibilizada pelo setor de estágio, primeiramente identificou-se um número total de 60 (sessenta) Assistentes Sociais que atuam na Grande Florianópolis e que fazem supervisão de campo no ano de 2012. Com base nesta listagem, foram selecionados os possíveis campos de estágio que teriam relação com a temática socioambiental, chegando a um número de 13 (treze) instituições.

Após esta primeira seleção, foram realizados contatos telefônicos no mês de novembro de 2012, para analisar junto a esses profissionais quais realmente possuem uma atuação voltada para a questão socioambiental. Sendo assim, foi possível finalizar a amostra do presente trabalho com um número de 07 (sete) profissionais que atuam em 07 (sete) instituições diferentes, sendo elas: Ação Social Arquidiocesana (ASA); Caixa Econômica Federal; Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (CASAN); Eletrobrás – Eletrosul Centrais Elétricas; Prefeitura Municipal de Florianópolis, Secretaria Municipal de Habitação e Saneamento Ambiental (PMF/SMHSA); Prefeitura Municipal da Palhoça, Superintendência de

Habitação (PMP/SH); Prefeitura Municipal de São José, Secretaria Municipal de Assistência Social/Secretaria Municipal de Habitação (PMSJ/SEMAS/SMH).

A obtenção dos dados foi realizada através da aplicação de um questionário (APÊNDICE A) e um formulário de pesquisa (APÊNDICE B), por meio da entrevista semiestruturada a uma amostra de 07 (sete) profissionais de Serviço Social que atuam no âmbito da questão socioambiental na Grande Florianópolis no ano de 2012. Deve-se mencionar que 05 (cinco) dessas entrevistas foram realizadas no mês de dezembro de 2012, de forma presencial e 02 (duas) solicitaram envio de questionário on-line, porém, apenas uma fez a devolutiva. Assim sendo, a análise da pesquisa foi realizada com 06 (seis) profissionais de Serviço Social, supervisores de campo de estágio de 06 (seis) instituições diferentes.

Segundo Neto (1994), a entrevista semiestruturada é um procedimento metodológico, que possibilita um intenso diálogo entre entrevistado e entrevistador, com base numa entrevista com maior profundidade. Para Triviños (1992), a entrevista abordada na pesquisa provém de perguntas básicas, que são fundamentadas em teorias e hipóteses, que interessam à pesquisa. A partir disto, surge um campo de novas perguntas que vão emergindo conforme as respostas do entrevistado. Evidencia-se ainda que a entrevista que foi utilizada “[...] ao mesmo tempo que valoriza a presença do investigador, oferece todas as perspectivas possíveis para que o informante alcance a liberdade e a espontaneidade necessárias, enriquecendo a investigação [...]” (TRIVINÕS, 1994, p. 146). Sendo assim, nas entrevistas foram abordadas questões fechadas para a identificação dos profissionais, e também questões abertas, onde as respostas não ficaram condicionadas a uma padronização de alternativas e as informações foram dadas de forma mais livre.

Deve-se sinalizar, ainda, que como compromisso ético para a realização da pesquisa, os pesquisadores comprometeram-se em seguir a Resolução CNS/MS 196/96 e suas complementares, estas que regulamentam as pesquisas que envolvem seres humanos no Brasil, sendo que o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e foi aprovado sob o número 204.292 (ANEXO A). Nesse sentido, foi mantida a privacidade e a confidencialidade dos dados coletados através das entrevistas, e, sobretudo, foi mantido o sigilo sobre os nomes dos sujeitos

envolvidos, visto que estes foram identificados, com os respectivos nomes das instituições.

Durante as entrevistas, foi solicitada a gravação das falas, onde os profissionais concordaram com esta questão, bem como com os objetivos da pesquisa, firmado por meio do Termo de Consentimento Informado Livre e Esclarecido (APÊNDICE C), que foi entregue aos entrevistados sendo que estes ficaram com uma cópia deste Termo para que pudessem retirar suas dúvidas ao longo do processo de construção do trabalho.

2.2 OS DIFERENTES ESPAÇOS SÓCIO OCUPACIONAIS DO ASSISTENTE