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CAMINHO METODOLÓGICO: DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E DOS OBJETIVOS E CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

APRESENTAÇÃO 26 CAPÍTULO 1 O ENSINO DE CIÊNCIAS NOS ANOS INICIAIS DA EDUCAÇÃO

3. O CAMINHO METODOLÓGICO E A CONSTRUÇÃO DO PROCESSO FORMATIVO

3.2. CAMINHO METODOLÓGICO: DEFINIÇÃO DO PROBLEMA E DOS OBJETIVOS E CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

O problema que guiou a pesquisa aqui apresentada buscou investigar “quais os desafios encontrados na construção e implementação de um processo formativo, balizado na articulação Freire-CTS, desenvolvido com educadoras dos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola pública municipal de Caçapava do Sul/RS?”, tendo por objetivo geral investigar desafios da utilização da articulação Freire-CTS em um processo formativo realizado com educadoras atuantes nos anos iniciais do ensino fundamental de uma escola pública municipal de Caçapava do Sul/RS.

Como objetivos específicos buscou-se (1) investigar elementos teóricos e metodológicos presentes em processos formativos realizados com educadores dos anos iniciais e que estejam alinhados com o referencial da Educação CTS e com pressupostos Freireanos; (2) com base nos elementos pesquisados e aportes teóricos defendidos, construir e implementar um processo formativo; (3) compreender quais os principais desafios encontrados no desenvolvimento da formação no tocante a articulação Freire- CTS.

A presente pesquisa classifica-se como qualitativa, pois, segundo Lüdke e André (1986, p.11), apoiados em Bogdan e Biklen (1982), são investigações que “tem o ambiente natural como sua fonte de dados e o pesquisador como seu principal instrumento” e “supõe o contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo investigada”. Para Silveira e Córdova (2009, p.31), a pesquisa qualitativa “não se preocupa com a representatividade numérica, mas sim com o aprofundamento da compreensão de um grupo social”, preocupa-se “com aspectos da realidade que não podem ser quantificados, concentrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações sociais”.

Quanto aos objetivos, classifica-se como exploratória no momento da revisão bibliográfica, pois uma pesquisa exploratória “têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou construir hipóteses” e explicativa na etapa de estudo de caso, pois, “tem como preocupação central identificar os fatores que determinam ou que contribuem para ocorrência dos fenômenos” (GIL, 2002, p. 41-42).

Quantos aos procedimentos técnicos, constitui-se uma pesquisa bibliográfica e um estudo de caso em que a unidade de caso é o corpo docente da escola parceira. De acordo com Gil (2002, p.44), a pesquisa bibliográfica “é desenvolvida com base em algum material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” e, o estudo de caso, “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento” (GIL, 2002, p. 54).

Os instrumentos para obtenção dos dados são: atas das cinco últimas edições do Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências, atas das cinco últimas edições do Simpósio Nacional de Ensino de Física para a fase exploratória e transcrição dos encontros de formação, diário de bordo da pesquisadora e de uma pesquisadora colaboradora membro do GEPECiD, entrevistas semiestruturadas com as educadoras e entrevistas com moradores dos arredores da escola para a fase explicativa.

Os diários são instrumentos que permitem ao pesquisador momentos de reflexão acerca de episódios significativos da pesquisa em curso (PORLÁN; MARTÍN, 1997). Já as entrevistas semiestruturadas podem contribuir para aprofundar os fenômenos investigados e possibilitar novas compreensões a partir das respostas dos entrevistados, pois, os questionamentos realizados durante as entrevistas são balizados no tema da investigação (TRIVIÑOS, 1987).

A metodologia escolhida para análise dos dados obtidos foi a Análise Textual Discursiva (ATD) (MORAES; GALIAZZI, 2007), que é um processo auto organizado de análise que busca novas compreensões sobre o material de estudo por meio de um ciclo com três etapas: (1) unitarização, que consiste na leitura e desconstrução dos textos em fragmentos menores, chamados de unidades de significado que representam o fenômeno estudado; (2) categorização, que corresponde ao processo de agrupamento das unidades por meio de relações estabelecidas pelo pesquisador, à luz do referencial teórico; as categorias organizadas e articuladas ao referencial teórico são o novo emergente que corresponde às novas compreensões sobre o fenômeno estudado que são sistematizadas em meta textos no momento da (3) comunicação.

A análise do processo formativo foi realizada segundo a ATD, sendo o corpus de análise composto pela transcrição dos áudios dos encontros, das entrevistas realizadas com as educadoras e entrevistas realizadas com os moradores no momento do estudo da realidade, os diários da pesquisadora e uma reflexão escrita por uma pesquisadora membro do GEPECiD que participou do processo formativo como colaboradora. Assim, as unidades de significado, resultado do processo de unitarização do corpus, foram identificadas de acordo com os sujeitos autores das falas (quadro 3). Ainda, os momentos em que as falas foram registradas foram identificados por uma letra correspondente ao instrumento, sendo D para os diários, Q para questões das entrevistas e E para os encontros, M para moradores entrevistados e, também, por números de 1 a 10 correspondente ao encontro, no caso dos diários e dos encontros, para as entrevistas um número de 1 a 7 relativo a questão e para os moradores números de 1 a 7 distribuídos aleatoriamente entre os moradores entrevistados. Por exemplo, uma fala registrada no segundo encontro pela professora 4 recebe a legenda E2_P4; um excerto do diário referente ao encontro 6, recebe a legenda D6; uma unidade correspondente a resposta dada pela professor 1 a questão 5 da entrevista, recebe a legenda P1_Q5; uma fala do morador 5 recebe a legenda M5 e, as unidades correspondentes a reflexão construída pela pesquisadora colaboradora, recebem a legenda F2.

Quadro 3: identificação dos sujeitos

Sujeito Legenda Professora 1 P1 Professora 2 P2 Professora 3 P3 Professora 4 P4 Professora 5 P5 Professora 6 P6 Formadora 1 (pesquisadora autora do trabalho) F1 Formadora 2 (pesquisadora colaboradora) F2 Fonte: a autora, 2019

A seguir, será apresentado como foi construído o processo formativo com base nos dados obtidos na análise de trabalhos que relatam processos formativos publicados nos encontros supracitados e, também, com base no referencial teórico adotado.