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Neste capítulo 4 será apresentado o percurso metodológico, que adotou o método de análise de conteúdo com base em Bardin (2011), a partir do levantamento quantitativo do material cultural jornalístico e tratamento dos dados da coleta para análise. Por isso, foi construído um modelo de análise com o uso de categorias, em que foram criadas unidades de registro para compreender a tipologia identificada nos jornais, que serviu para investigar os temas divulgados.

Para o estudo, foi analisado o conteúdo da editoria de cultura do Jornal do Tocantins e do O Estado do Maranhão, seguindo as etapas propostas por Bardin (2011): 1) a pré-análise; 2) a exploração do material; 3) o tratamento dos resultados, a inferência e a interpretação. Ressalta-se que também foram adotadas as técnicas da pesquisa de campo documental.

Para compreender os espaços de cultura que permeiam a editoria dos jornais, o corpus foi composto pelas edições correspondentes aos três meses de cada periódico, no Caderno Alternativo, do O Estado do Maranhão, e na editoria Magazine, do Jornal do Tocantins. Os dois impressos foram observados e analisados do dia 1º de março a 31 de maio de 2017. Isso porque de acordo com Gadini (2008, p. 10), “a escolha de um determinado período (mês, semana, dias ou horário, dependendo do produto/serviço) pode influenciar diretamente na caracterização do estudo”. Assim, para a pesquisa, o recorte iniciou em datas que não possuem destaques de eventos festivos, presentes no calendário cultural nas capitais, e segue com a aproximação de agendamento midiático com a realização de eventos tradicionais que marcam cada lugar. Dessa forma, o corpus da análise demonstra o comportamento dos jornais quanto à publicação das notícias sobre a cultura nos estados, em diferentes situações sociais.

As edições impressas observadas foram analisadas, nas versões on line, a partir da assinatura paga para o acesso da pesquisa. O armazenamento de forma digital possibilitou desenvolver o estudo pela disposição contínua dos conteúdos, no período proposto.

Com o objetivo de compreender os espaços voltados para a cultura, o presente trabalho usou do recurso da análise documental, método que serve de base ou apoio para a construção da pesquisa científica em diversas áreas. Pois, “a análise documental, muito mais que localizar, identificar, organizar e avaliar textos, som e imagens, funciona como expediente eficaz para contextualizar fatos, situações, momentos” (MOREIRA, 2006, p. 276). Para pesquisas em comunicação, a técnica é usada como um resgate histórico com a utilização dos acervos impressos, como jornais, revistas, almanaques, catálogos, entre outros, além de

documentos oficiais, técnicos e pessoais. Por meio dessa análise, a intenção foi compreender a formação das publicações de cultura dos jornais pesquisados.

De acordo com Bardin (2011), a análise documental busca atingir o armazenamento por uma forma variável e facilitar o acesso ao pesquisador, para que ele tenha o máximo de informações no aspecto quantitativo e qualitativo, servindo como fase preliminar para constituir um banco de dados.

Com o propósito de identificar os principais temas ligados à cultura veiculados nos jornais, com a análise de conteúdo (AC), foram apontadas categorias com base nas palavras ou frases do texto que se repetem, o que resultou nas expressões culturais que as representam. Esse método é usado para analisar um grande volume de informações e que pode ser reduzido em categorias, a partir de elementos que possibilitam construir uma interpretação sobre o corpus pesquisado.

Os pesquisadores que utilizam a análise de conteúdo são como detetives em busca de pistas que desvendem os significados aparentes e/ou implícitos dos signos e das narrativas jornalísticas, expondo tendências, conflitos, interesses, ambiguidades ou ideologias presentes nos materiais examinados (HERSCOVITZ, 2007, p.127).

Para Bardin (2011), a análise de conteúdo é um método de caráter empírico, em que é preciso definir o campo de estudo para compreender “quem fala” e o que se pretende comunicar. O pesquisador é visto como um arqueólogo, na busca por vestígios, que são os documentos a serem desvendados e usa técnicas da etnografia para interpretar as mensagens, tornando-se ainda um detetive, em que analisa minuciosamente os procedimentos para descrever o conteúdo analisado.

Na fase de organização conhecida também como pré-análise, foi feita uma leitura inicial do objeto, assim como a escolha dos documentos que seriam analisados, a formulação das hipóteses e dos objetivos, bem como a elaboração de indicadores que fundamentaram a interpretação final. Esse momento correspondeu a um período de intuições, mas que buscava operacionalizar e sistematizar o que foi proposto inicialmente. Conforme Bardin (2011), a pré-análise é composta por atividades não estruturadas para possibilitar a escolha dos documentos que fornecem as informações necessárias sobre o problema levantado.

A primeira atividade consiste em estabelecer contato com os documentos a analisar e em conhecer o texto deixando-se invadir por impressões e orientações. Esta fase é chamada de leitura flutuante, por analogia com a atitude do psicanalista. Pouco a pouco, a leitura vai-se tornando mais precisa, em função de hipóteses emergentes, da projeção de teorias adaptadas sobre o material e da possível aplicação de técnicas utilizadas sobre materiais análogos (BARDIN, 2011, p. 126).

Antes de iniciar a análise, o material foi organizado e colocado à disposição para o estudo. Esse foi o momento para administrar as decisões tomadas na fase anterior e assim os resultados foram tratados e passaram a ter maior validade e rigor, após interpretados e analisados. “O analista, tendo à sua disposição resultados significativos e fiéis, pode então propor inferências e adiantar interpretações a propósito dos objetivos previstos – ou que digam respeito a outras descobertas inesperadas” (BARDIN, 2011, p. 131).

Depois de realizar uma leitura prévia do material e organizar o que seria analisado, as informações foram expostas por meio de categorias. De acordo com Bardin (2011), a categorização possui alguns critérios, como o semântico (divididos por temas), o sintático (verbos e adjetivos), o léxico (classificação de palavras pelo sentido) e expressivo (perturbações da linguagem). Por isso, fazer a classificação de elementos por categorias é uma forma de investigar o que cada um tem em comum com o outro e isso permite o agrupamento entre eles.

A partir do momento em que a análise de conteúdo decide codificar o seu material, deve produzir um sistema de categorias. A categorização tem como primeiro objetivo (da mesma maneira que a análise documental) fornecer, por condensação, uma representação simplificada dos dados brutos (BARDIN, 2011, p. 148 – 149).

Nesse percurso, as técnicas metodológicas propostas possibilitaram um mapeamento no sentido de entender e contribuir para a construção de um campo que possa contemplar o jornalismo cultural praticado a partir de suas peculiaridades. Para a análise dos textos da amostra, foi criada uma tabela com dados básicos de data, tema, gênero, destaque na capa, abrangência e espaços, onde as informações sobre cultura eram publicadas, além das páginas específicas. Os resultados da pesquisa foram obtidos por meio do estudo dos jornais e a coleta possibilitou a análise de conteúdo, com a categorização dos dados observados. E os gráficos foram elaborados a partir dos números obtidos e auxiliaram na compreensão do objeto pesquisado.

A partir do momento em que a análise de conteúdo decide codificar o seu material, deve produzir um sistema de categorias. A categorização tem como primeiro objeto (da mesma maneira que a análise documental) fornecer, por condensação, uma representação, simplificada dos dados brutos (BARDIN, 2011, p. 149).

Com a interpretação da análise foi possível compreender os impressos e os desdobramentos que norteiam a cultura do Jornal do Tocantins e do Jornal O Estado do Maranhão.

5.1 CATEGORIZAÇÃO

Para desenvolver o caminho metodológico, com propósito de atingir o principal objetivo da pesquisa, foi produzido um levantamento quantitativo do produto cultural jornalístico dos periódicos observados, com a intenção de responder ao questionamento inicial do estudo. Isso foi possível graças a elaboração das categorias pré-estabelecidas nos códigos e categorias escolhidas (APÊNDICE A), que possibilitou um olhar mais apurado sobre a pesquisa. Os espaços específicos destinados à cultura foram observados, com exceção de colunas ou espaços de serviços fixos nos dois jornais e que permanecem sem alterações ao longo do período avaliado, como resumo de novelas, horóscopo, e programação de televisão e cinema, assim como os suplementos com circulação somente aos finais de semana não fizeram parte do estudo. Para a análise de conteúdo foram utilizadas as seguintes categorias:

a) Tema

Nesta categoria foram dispostos temas referentes às publicações de cultura encontradas nos jornais. A lista possibilita analisar os principais tipos de assuntos que são veiculados nos jornais, como parte integrante do campo cultural divulgado. Para compreender de que cultura está se pretendendo falar foram criados os temas de música, teatro e dança, artes visuais, literatura, cinema, patrimônios históricos, manifestações culturais, televisão, colunismo social, esportes, comportamento /moda ou entretenimento/ agenda cultural, religião e outros tipos de temas. Com a abordagem foi possível compreender a composição dos espaços de cultura e a divulgação de determinados assuntos.

b) Destaque na Capa

Para observar se as notícias sobre cultura possuem destaque na capa dos jornais, foi criada a categoria para analisar se na página inicial têm manchete, chamada e a presença de fotos na edição do dia. A capa reflete os objetivos dos impressos e a maneira como se posicionam diante do cenário social, político e cultural, expondo os assuntos considerados mais importantes pelos editores.

c) Abrangência

A produção das notícias segue uma delimitação territorial que se relaciona com a proximidade dos fatos com a comunidade, pois, geralmente, os veículos buscam informação sobre assuntos que fazem parte do cotidiano dos leitores. Para compreender a abrangência dessas temáticas, foram criadas as categorias local, regional, estadual, nacional e

internacional. Nessa distribuição foi levada em consideração a origem da publicação quanto à localidade a que se refere e seus personagens. Essa classificação é importante pela relação que o jornalismo tem com os públicos específicos de cada localidade a partir da percepção do jornal quanto à publicação divulgada.

d) Gêneros

Com o propósito de analisar as informações dos jornais a partir de uma visão menos tradicional, utiliza-se nesta categoria a classificação dos novos gêneros jornalísticos pela perspectiva da Lia Seixas (2009). A pesquisadora propõe que as composições sejam diferenciadas quando a organização jornalística é o sujeito enunciador. Por meio das competências, ela sugere a divisão em gêneros discursivos jornalísticos, em que o enunciador é a instituição jornalística, e agrega a notícia, nota, reportagem, entrevista, infográfico, editorial, coluna, comentário, análise (francesa), crônica (espanhola), síntese (francesa), perfil (francês), revista de imprensa (francesa) e chat; e em gêneros discursivos jornálicos, onde a instituição jornalística não faz parte da dimensão do enunciador e sim de outra formação discursiva, por meio de artigo, crônica (brasileira), carta, fórum, caricatura, boletim de agência (francês), tribuna livre (francesa) e Les Bonnes Feuilles (francesa).

e) Espaços onde são publicados

Para identificar o local em que as informações sobre cultura são veiculadas, além do caderno ou editoria específicos, foi criada a categoria espaços. Dessa forma, compreende-se onde estão publicadas as informações culturais nos dois jornais e se ocupam espaços diferentes dos seus de origem.