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Campanha “Fechar Escola é Crime”

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2 CAPITULO II FECHAMENTO DAS ESCOLAS DO CAMPO NO BRASIL

2.2 Campanha “Fechar Escola é Crime”

A iniciativa da campanha: “FECHAR ESCOLAS É CRIME”, vinculada ao MST, no ano de 2011, deu maior visibilidade à emergência das escolas do campo. Os excessivos fechamentos de escolas surgem a partir do I ENERA, em 1997, por ter sido um espaço de denúncia das condições precárias de tais escolas, localizadas no campo. De acordo com informações obtidas no site / endereço eletrônico do MST (2011), podemos observar as estratégias de ações e as orientações em relação ao enfrentamento do fechamento de escolas:

[...] nossa ação deve ser local, visto que a maioria das escolas fechadas pertence à rede municipal, mas sem perder de vista que devemos responsabilizar e fazer o Ministério da Educação dar respostas sobre o fechamento de escolas, exigindo o não fechamento de escolas e dando condições para a construção de novos estabelecimentos. Tendo em vista o grande número de fechamento de escolas, principalmente no campo, estamos lançando uma campanha nacional para discutir e denunciar a situação do fechamento das escolas principalmente no campo. Fonte para nota de rodapé: http://www.mst.org.br/2011/05/31/fechar-escola-e-crime.html

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Figura 4 - Campanha fechar escola é crime

Fonte: MST, 2011 a.

Esta campanha tem o objetivo de defender a educação pública como direito de todos os trabalhadores/as. Para que isso se concretize, é importante mobilizar comunidades, movimentos sociais, sindicatos, enfim toda a sociedade civil organizada para se indignar quando uma escola for fechada e lutar para mudar esta realidade. (MST, 2011).

Estes massacres reforçam ainda mais o fechamento das escolas do campo. Expõem os ambientes de conflitos, repleto de incertezas, sem escolas, habitação, saúde, saneamento básico, segurança e incentivo à produção agrícola. As escolas do campo podem contribuir, diretamente, para o fortalecimento da identidade camponesa e o respeito à vida, de acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos. A escola pode ser um mecanismo de resistência e forma de manter as famílias assentadas, ou em processo de assentamento, na manutenção da terra. As escolas no campo devem colaborar para consolidação das políticas públicas em educação do campo. O MST no lançamento da campanha Fechar Escola é Crime, afirma a necessidade de manutenção dos direitos essências da Declaração Universal dos Direitos Humanos, com mais de 60 anos.

Isso demonstra que o Estado Brasileiro por meio dos seus representantes políticos em todos os níveis, Federal, Estadual e Municipal, devem adotar as medidas necessárias para os trabalhadores e agricultores do campo, fortalecendo os meios necessários de subsistência. Os massacres executados por representantes diretos do Estado demonstra o recado que querem dar aos povos do campo e movimentos sociais.

As políticas públicas de educação do campo estão totalmente entrelaçadas aos debates e implementação da reforma agrária. O Brasil está na contra mão de tais políticas públicas, uma vez que as nossas políticas estão voltadas para o agronegócio, a monocultura e os agrotóxicos, além da destruição da agricultura familiar, das sementes crioulas e criminalização da sociedade civil organizada. Privilegia um campo sem homem, ocupado por maquinas, e sem escolas. O fechamento dessas escolas beneficia as grandes empresas multinacionais produtoras de agrotóxicos, a monocultura de soja, cana de açúcar, milho e outros produtos que geram riqueza para o capital estrangeiro.

Miguel Arroyo (1997) defende que a escola necessária e possível para todos os sujeitos que advém do campo, necessita abandonar a ideia de excluídos e passar a integrar à

28 sociedade como sujeitos atuantes e participativos do processo ensino-aprendizagem; essa mudança é imprescindível para a sua transformação, na medida em que precisamos:

[...] construir a escola possível para as classes subalternas, temos que a partir da destruição do projeto educativo da burguesia e de seus pedagogos, feito para a constituição de cidadãos-trabalhadores formados à imagem de seus interesses de classe, e para mantê-los nessa condição de classe (ARROYO, 1997, p. 18).

As justificativas do poder público para o fechamento das escolas do campo, da Educação Básica ou para não ofertá-las sempre se pautaram pelo princípio econômico- quantitativo, afirmando gastos elevados para a manutenção da escola no campo com poucos estudantes, diante das investidas de fechamento de escolas rurais está relacionada à falta de alunos, ou seja, um quantitativo baixo para os parâmetros do capitalismo, como nas escolas núcleos e ou urbanas, costumamos ver salas de aula com 40 alunos ou mais, porque daí eles dizem que é muito caro manter a escola com pouco aluno, com 10 (dez) ou quinze (15) alunos por sala de aula.

De acordo com Munarim (2011, p. 53), em se tratando do fechamento das escolas no campo executado por governos estaduais e municipais, vigorou a “racionalidade econômico- financeira e a ideologia do desenvolvimento capitalista urbanocentrado”. O que significa isso? Na visão desses governos, “fechar uma escola no campo e transportar os alunos remanescentes é menos oneroso ao erário público e, de quebra, mais civilizatório ou modernizante". Afinal, ainda nessa visão, a escola urbana seria o ideal almejado por todos. De fato, apenas pelo viés econômico-quantitativo.

A ideia que se passou no Brasil desde as primeiras Leis de distribuição de terras, diga- se de passagem, nunca foi destinada historicamente para os descendentes de escravos, pescadores, ribeirinhos, atingidos por barragens, indígenas, quilombolas, Sem Terra, sem teto, imigrantes, camponeses, assalariados e favelados. A Terra no Brasil sempre teve como modelo grandes latifúndios, concentrado no poder de poucas pessoas e famílias que detinham o poder econômico do Capital.

Atualmente percebemos a manutenção das questões históricas apresentadas acima. Os grandes proprietários de terras no Brasil são representados por empresas transnacionais, detentoras de grandes glebas de terras, tais como: Nestle, Parmalat, do seguimento de laticínios. JBS Friboi, Sadia e Perdigão na fusão da Brasil Foods da agropecuária, bem como, as empresas Bunge, Cargill, Bayer, Monsanto e Syngenta, responsáveis pelo agronegócio de monocultoras, como: Plantações de eucalipto, soja, milho e cana de açúcar. Tais aspectos contribuem para o desenfreado fechamento das escolas do campo, conforme entendimento abaixo:

[...] hoje uma escola com menos de 60 alunos não se paga. A per capita do FUNDEB para uma escola que tenha menos de 60 alunos não é viável. Ou seja, a prefeitura não consegue manter essa escola [...] Há um discurso, uma fala sobre “não fechar escolas”, mas não se tem nenhuma política de complementação para além do FUNDEB para essas escolas. [...] há uma discussão interna no governo Federal para dar conta disso, mas este é um exemplo que de fato a política que existe está muito aquém da realidade (ANHAIA, 2013 apud GHEDINI, 2015, p. 300).

Importante reiterar que a precarização das relações de trabalho, bem como, os cortes de verbas públicas e o fechamento das escolas do campo, afetam a classe operária, os

29 trabalhadores rurais vinculados à agricultura familiar, as cooperativas, sindicatos de trabalhadores e sistemática criminalização de tais sujeitos, individuais e coletivos.

A educação do campo está diretamente ligada a todos os contextos sociais e geopolíticos das últimas décadas, envolvendo os trabalhadores do campo que, na grande maioria são os povos remanescentes dos quilombos, que ainda aguardam o título das suas terras, os indígenas que lutam pela demarcação das terras ocupadas a milhões de anos, bem como, os movimentos sociais vinculados à Via Campesina, MST, MPA, Caiçaras, Atingidos por Barragens e demais movimentos que necessitam que a terra atenda sua função social, descrita na Constituição Federal de 1988. Ressaltamos que tais sujeitos são responsáveis por, aproximadamente, 75% de toda produção alimentar consumida no Brasil.

[...] negação de direitos, pela intensificação do trabalho e pela precarização das condições existenciais de vida e funcionamento das escolas, os movimentos sociais passaram a denunciar o fechamento das escolas existentes no campo e pautada o Estado e a Sociedade Brasileira quanto a necessidade de ampliação da oferta de escolarização pública e de qualidade social em todos os níveis no campo[...] Em grande medida, as escolas fechadas no campo, são as multisseriadas, envolvidas em uma complexidade de aspectos que implicam em sua existência e atuação, enquanto forma predominante de atendimento à escolarização dos sujeitos do campo nos anos iniciais do Ensino Fundamental (HAGE, 2014, p. 1173).

O problema do fechamento das escolas do campo nos últimos 15 anos, tende a se acentuar frente a atual política conservadora e de cortes orçamentários. O fechamento das escolas do campo vem sendo denunciado como um crime contra a nação brasileira. Considerando que a Educação tem sua especificidade e natureza delimitada ontologicamente nos fundamentos e princípios que possibilita que nos tornemos seres humanos.

No artigo 28 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação, em seu parágrafo único, incluso pela Lei nº 12.960, de 2014, é possível observar a indicação acerca do fechamento das escolas: (..) O fechamento de escolas do campo, indígenas e quilombolas será precedido de manifestação do órgão normativo do respectivo sistema de ensino, que considerará a justificativa apresentada pela Secretaria de Educação, a análise do diagnóstico do impacto da ação e a manifestação da comunidade escolar.

No mesmo ano da criação da Lei pela União para dificultar o fechamento das escolas do campo, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), traz outros dados preocupantes, ilustrados na figura abaixo:

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Figura 5 - Fechamento das escolas do campo no Brasil

Fonte: Disponível em: http://www.mst.org.br/2015/06/24/mais-de-4-mil-escolas-do-campo-fecham- suas-portas-em-2014.html, acesso em 17/04/2016.

Os dados segundo o MST são alarmantes. De acordo com análise da professora Clarice Santos da Universidade de Brasília (UnB), “esses números revelam o fracasso da atual política de educação no campo”.

Observamos os dados fornecidos pela Folha de São Paulo, ano de 2013 que demonstra que desde a Época da Ditadura Militar, foi a maior concentração de riqueza e terras no século XIX, criminalização dos movimentos sociais e da sociedade civil organizada, politica urbanocêntrica, grandes intervenções do capitalismo, e do neoliberalismo, mola propulsora do temido Êxodo Rural. O que também está ligado diretamente ao fechamento das escolas do campo, o crescimento desordenado das cidades, que joga o trabalhador da agricultura familiar ao processo de favelização, desemprego urbano e condição de miséria. Vejamos a tabela abaixo:

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Figura 6 - Brasil fecha, em média, oito escolas por dia na região rural

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/03/1420332-pais-fecha-oito-escolas-por-dia-na- zona-rural.shtml (data 04/09/2017) hora 01h41minutos.

Como podemos ver os gráficos elaborados pela Folha de São Paulo, a queda livre de 103,3 mil escolas Rurais, para a drástica queda de 70,8 mil escolas Rurais, o que demonstra que em um período curto de tempo, ou seja, do ano de 2003 até o ano de 2013, período com apenas 10 anos, tivemos a redução de 31,4% de escolas Rurais Fechadas, segundo fontes do Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos, Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e Instituo Brasileiro de geografia e estatística, 2013.

Ainda no ano de 2014 a Folha de São Paulo aponta que, em média, 8 escolas do campo são desativadas diariamente. Nos últimos 10 anos foram desativadas 32,5 mil unidades em todo o país, com base no Senso Escolar. No ano de 2014, em que a Folha de São Paulo publicou a reportagem, havia 70,8 mil escolas no campo, sendo que no ano de 2003, haviam 103, 3 mil unidades. Segundo a Folha, um dos motivos do fechamento acelerado das escolas no campo justifica-se pelo fato de as prefeituras e Estados alegarem “custos de manutenção e

problemas de estrutura. (Disponível em:

http://www1.folha.uol.com.br/educacao/2014/03/1420332-pais-fecha-oito-escolas-por-dia-na- zona-rural.shtml, acesso em 17/04/2016).

A imagem abaixo demonstra à mobilização da sociedade civil organizada, reivindicando das autoridades Brasileiras a reabertura das escolas do campo, manutenção e melhores condições para as escolas existentes.

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Figura 7 - MST protesta em frente ao ministério da educação

Fonte: MST, 2011.

Como podemos observar os meios de comunicação mais relevantes e representantes da sociedade civil organizada, vem amplamente divulgando e debatendo o fechamento desenfreado das escolas do campo, bem como, a violência sofrida pelas famílias nos conflitos de terras pela reforma agraria. De acordo com a CPT, o ano de 2016 foi o mais violento, desestabilizando a sociedade civil organizada com cortes na educação e saúde, seguidas de massacres dos trabalhadores rurais e inúmeras escolas do campo fechadas. O quadro abaixo descreve o sistemático fechamento das escolas do campo:

Quadro 2: Número de escolas públicas no Brasil no período de 1995 a 2014 ANO URBANA RURAL 1995 63.793 136.825 1996 61.031 139.923 1998 64.048 124.418 1999 68.680 118.942 2000 70.481 116.371 2001 72.079 112.521 2002 73.253 106.480 2003 74.352 102.322 2004 75.210 99.482 2005 75.783 95.728 2006 76.839 91.391 2007 77.949 87.720 2008 79.205 86.104 2009 79984 82.647 2010 80.579 79.027 2011 81.258 75.828 2012 81.910 73.666 2013 82.432 70.260 2014 82.957 66.919

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Fonte: Micro Dados do Censo da Educação Básica - INEP/MEC. Coleta de dados: Fábio Organização: O autor (2017).

Os sujeitos, individuais e coletivos, do campo estão sofrendo um golpe duro. As cooperativas de trabalhadores rurais e a agricultura familiar e agroecológica, perdem espaço para o modelo do agronegócio de monocultura. Um campo sem pessoas, sem escolas, saúde e trabalho. Esse é o significado do agronegócio mecanizado das transnacionais. Visam os commodities agrícolas para exportação e envio de recursos ao exterior, obviamente, sem privilegiar os trabalhadores e estudantes da educação do campo, constantemente prejudicados com o fechamento das escolas do campo.

Importante reiterar que o Brasil lidera não somente a violência contra os trabalhadores rurais, o fechamento das escolas do campo, o latifúndio improdutivo e ou de monocultura, mas, também é protagonista no analfabetismo, indicado pela ONU, UNESCO e IBGE, ficando atrás de vários países da América Latina e Caribe. O quadro abaixo aponta os maiores índices nas áreas rurais:

Quadro 3: Taxa de analfabetismo das pessoas de 15 anos ou mais idade Situação de domicílio

Ano Rural Urbana

2004 25,8 8,7 2005 25,0 8,4 2006 24,2 7,9 2007 23,3 7,6 2008 23,4 7,5 2009 22,6 7,3 2010 - - 2011 21,1 6,5 2012 21,1 6,6 2013 20,8 6,4 2014 20,1 6,3

Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004 a 2014. Organização: O autor Fábio Guimarães, 2017.

Existem 75% a mais de analfabetos residentes em áreas rurais do que em áreas urbanas. De acordo com os dados destacados nas análises de Molina, Montenegro e Oliveira, que indicam os resultados de 2007 e alertam que “a taxa de analfabetismo mensurada não

inclui os analfabetos funcionais, o que elevaria sobremaneira este índice já tão alto”

(MOLINA, MONTENEGRO E OLIVEIRA, 2009, p. 20).

Os trabalhadores na faixa etária de 25 ou mais anos de idade, os quais deveriam ser atendidos pelo governo, pois não tiveram alfabetização na idade correta, também deveriam ser atendidos conforme determina a LDB, por programas de EJA e PROEJA. Frente ao desenfreado fechamento das escolas do campo, a Educação de Jovens de Adultos nesses espaços não é atendida.

Em relação à educação superior, cabe ressaltar que os dados do PNAD 2007 apontam uma média de 52,5% da população urbana completam a instrução neste nível de educação,

34 entretanto, à população rural os resultados indicam 17% (MOLINA; MONTENEGRO; OLIVEIRA, 2009, p.21).

Quadro 4: média de anos de estudos das pessoas de 25 anos ou mais idade Situação de domicílio

Ano Rural Urbana

2004 3,2 7,0 2005 3,3 7,1 2006 3,5 7,3 2007 3,7 7,4 2008 3,9 7,6 2009 4,0 7,7 2010 - - 2011 4,1 7,9 2012 4,3 8,1 2013 4,4 8,2 2014 4,7 8,3

Fonte: IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2004 a 2014. Organização: O autor, 2017.

Observamos uma diferença de 69% na média de estudos das populações residentes em áreas urbanas, se comparado às populações residentes em áreas rurais. É uma diferença significativa que demonstra a disparidade. É possível observar que o Estado assume que há altos índices de desigualdade educacional ao tratar das populações rurais, e incorpora metas para superação de tais condições no período de vigência deste decênio.

A grande desproporção encontra-se na Educação Infantil, em que “o acesso à escola para as crianças de 0 a 3 anos praticamente não existe, já que ínfimos 6,4% das crianças estão sendo atendidas” (MOLINA; MONTENEGRO; OLIVEIRA, 2009, p. 22). De acordo com Molina, Montenegro e Oliveira (2009, p.24), em relação ao ensino Fundamental, e sua oferta: “75% dos alunos são atendidos em escolas que não dispõem de biblioteca, 98% em escolas que não possuem laboratório de ciências, 92% em escolas que não possuem acesso à internet, 90% em escolas que não possuem laboratório de informática, incompreensíveis 23% das escolas rurais ainda não possuem energia elétrica”.

Com as alarmantes taxas apontadas por Molina acima descritas, demonstra o abandono do poder público municipal e ausência de políticas públicas voltadas ao ensino fundamental nas áreas rurais, o que também devemos levar em consideração a não realização da reforma agrária, os conflitos de terras e recursos naturais, como água e alimentos, a crescente violência e massacre de agricultores familiares. Vejamos o mapa indicativo da Comissão Pastoral da Terra:

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Figura 8 - Indicadores de conflitos no Brasil após golpe parlamentar de 2016

Fonte: CPT, 2016. https://www.cptnacional.org.br/index.php/publicacoes-2/destaque/3768-2016-ano- do-golpe-e-do-aumento-da-violencia-no-campo

Só no ano de 2015 e 2016, presenciamos 22% no aumento de mortes por execuções no campo e 1.079 conflitos no campo. O maior índice já visto em 32 anos de acordo com a CPT. No caso em tela trata-se de um verdadeiro genocídio contra trabalhadores rurais e a criminalização dos movimentos sociais. O que influi diretamente no fechamento de escolas do campo. Destacamos na integra os pontos de reivindicação da campanha Fechar Escola é Crime:

1) As escolas devem estar perto das residências dos estudantes, 2) as escolas devem ser nucleadas no próprio campo, 3) o transporte escolas não é suficiente para resolver o problema da falta de escolas no campo. As escolas do campo devem ser no campo, 4) as escolas do campo devem ter todos os níveis e modalidades de ensino, 5) o MEC deve ter uma ação para garantir, nos estados e municípios, a construção de escolas, 6) as escolas devem ser construídas com áreas de esporte, cultura, lazer, informática, 7) as esferas do poder executivo, legislativo, o Ministério Público, Conselhos de Educação devem barrar imediatamente o processo sistemático de fechamento de escolas (MST, 2011, p. 10).

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Figura 9 - Escolas do campo registradas sobre as ativas em 2014

Fonte: Relatório da reunião Comissão Nacional de Educação do Campo, disponibilizado por SOUZA, 2015b.

De acordo com (SOUZA, 2015b, p.7-8). A professora apresentou um quadro contendo 122.970 escolas no campo no ano de 2007 e 67.680 escolas no ano de 2014, tendo como fonte os dados do Censo Escolar de 2014. A discussão sobre a escola e essas questões estruturais, concentração da propriedade e ampliação das áreas monoculturas, pode evidenciar que projeto político de campo está em vigência e em avanço no Brasil. Debateram-se sobre o fechamento de escolas, causas pontuais como número de alunos, infraestrutura dentre outros motivos. A Autora também apontou para realidade do campo no Brasil, o aumento das áreas com monoculturas e o processo de expulsão dos trabalhadores do campo. Destacou a necessidade de fazer análise sobre a ocupação e usos da terra, a estrutura agrária do Brasil, a densidade demográfica, os aspectos socioculturais das comunidades quando se analisa escola e o fechamento ou nucleação.

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