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4.2 Desenvolvimento da nova metodologia RAQS

4.2.2 Campanhas de campo para aplicação da metodologia RAQS

Para avaliação da qualidade do solo por meio da nova metodologia foi necessário retirar, com o auxílio da enxadinha, a camada superficial do solo (0-10 cm), possibilitando a avaliação de parte dos atributos citados.

Após a retirada das amostras de solo, os avaliadores prosseguiram com a avaliação do solo com os indicadores descritos na tabela de aplicação da metodologia. Cada indicador foi avaliado separadamente e atribuído a ele um valor de 0 a 3, sendo 0 o valor mínimo desejável e 3 o valor que reflete a melhor condição ou qualidade para o indicador que está sendo avaliado.

O primeiro passo que requer a determinação do odor do solo, sendo que entre as opções de descrição desse indicador estão solos com a cor do material de origem e sem odor, até cores mais escuras e odor de matéria fresca, pela forte presença de material orgânico decomposto.

Posteriormente, verificou-se se o ambiente é susceptível à erosão, pois esse indicador foi sugerido em todas as metodologias selecionadas neste estudo. Para este indicador, a pior situação é quando a área apresenta muitos sulcos ou valetas e ou ausência de vegetação/resíduos na superfície. Essa situação costuma ocorrer em ambientes muito inclinados, mas não foi encontrada em nenhum ambiente avaliado na sub-bacia do Ribeirão José Pereira.

O indicador pedregosidade, sugerido por Melloni (2001), exige que o avaliador estime, de forma visual, a porcentagem de fragmentos de rocha na superfície do ambiente selecionado, sendo que a pior situação é um solo muito pedregoso (> 50 % da superfície total) pois torna-se uma limitação a diversos fatores, entre eles o crescimento de plantas.

Para avaliação da estrutura e consistência do solo sugerida por Nicholls et al. (2004), Manual VSA (2005) e Carlesi (2008), é necessário realizar uma análise visual e tátil, pois assim é possível verificar a forma e a resistência dos agregados quando submetidos à pressão.

Para a avaliação do indicador “compactação”, optou-se pela utilização de um arame, conforme metodologia proposta por Nicholls et al. (2004). O valor 0 é atribuído a um solo compactado, ou seja, ao tentar penetrar um arame, este encurva-se facilmente, e o valor 3 é aplicado a um solo "fofo", sem compactação, onde o arame penetra facilmente.

A avaliação da porosidade do solo foi realizada colocando-se uma pequena quantidade de água na superfície do solo e observando-se o tempo da infiltração, conforme recomendado pelo Manual VSA (2005) e pelo autor Casalinho (2003) e Carlesi (2008) e ilustrado na Figura 4. 16Erro! Fonte de referência não encontrada..

Figura 4. 16 Avaliação da porosidade do solo (a) Adição de água ao solo para avaliação da porosidade; (b) Análise visual da velocidade de infiltração; (c) Avaliação final da infiltração de água no solo do ambiente 11

Com relação à profundidade da camada superficial do solo, deve-se observar as camadas do solo sempre que possível, sendo que a menor nota é atribuída a solos com camada superficial ausente e subsolo exposto, como sugerido nas metodologias de Nicholls et al. (2004), Casalinho (2003) e Carlesi (2008).

A quantidade, decomposição e incorporação da serapilheira podem variar muito de um solo para outro. Por isso, é importante considerar que em alguns ambientes possa ocorrer, por exemplo, grande quantidade de serapilheira, com baixa decomposição e incorporação da mesma no solo. A avaliação desse indicador pode ser feita, de acordo com Melloni (2001), recolhendo-se amostras da serapilheira que se encontra na superfície do solo e observando sua quantidade e decomposição. No entanto, para avaliar a incorporação é necessário observar sua presença em amostra de solo subsuperficial, com o auxílio de enxadinha.

Para avaliação da atividade de organismos colocou-se uma pequena quantidade de água oxigenada 10 volumes em uma amostra de solo úmido para verificar a formação de efervescência ou bolhas, que são evidências da presença de organismos e de atividade biológica no solo, conforme metodologia proposta por Casalinho (2003).

Isso ocorre porque a decomposição desses organismos e ou de seus produtos pela água oxigenada (peróxido de hidrogênio) resulta em oxigênio e água, sendo que o oxigênio é o responsável pela efervescência observada durante a avaliação. A destruição de substâncias orgânicas em solos ricos é muito maior e, por isso, observa-se maior efervescência (VERDADE, 1954).

Para a fauna do solo, indicador proposto nas metodologias de Melloni (2001), Casalinho (2003) e Manual VSA (2005) foi atribuída a nota 3 para solos com fortes indícios e a efetiva presença de formigas, minhocas, gafanhotos, besouros, aranhas, cupins, entre outros.

Posteriormente à avaliação dos indicadores de solo, iniciou-se a avaliação dos indicadores de vegetação. O primeiro indicador foi o “índice de cobertura”, por meio do qual o avaliador verifica a porcentagem de solo coberta com planta ou resíduos, conforme recomendação de Melloni (2001), que possui relação direta com a ocorrência de processos erosivos (Erro! Fonte de referência não encontrada.Figura 4. 17).

Figura 4. 17 Avaliação visual do índice de cobertura do solo (a) Muito coberto; (b) Pouco coberto; (c) Sem cobertura

O “índice de diversidade” de plantas considera a variedade de espécies vegetais, abrangendo desde ambientes sem nenhuma espécie de cobertura até aqueles com grande variedade de espécies. Estas áreas, por sua vez, devem receber as maiores notas pois representam uma maior capacidade de suportar as adversidades e de dispersão de espécies auxiliando na recuperação de outras áreas. Da mesma forma, as áreas que apresentam todos os estratos herbáceo, arbustivo e arbóreo, devem receber a maior nota, conforme proposto por Melloni (2001).

Com relação ao “vigor da vegetação”, ambientes com ausência de plantas ou muitas falhas, mínimo desenvolvimento, coloração esbranquiçada, doentes ou muito atacadas por insetos podem indicar solos que não são capazes de suprir as suas necessidades nutricionais. Para esse indicador, a melhor nota foi atribuída a um ambiente com plantas visualmente mais sadias, desenvolvimento normal, vigorosas, com muito viço e resistentes ao ataque de doenças e insetos.

Mesmo com diferentes definições, a presença de plantas daninhas está entre os indicadores propostos por Melloni (2001), Casalinho (2003), Nicholls et al. (2004) e Manual VSA (2005).

A melhor situação/nota para o indicador “sucessão na vegetação” se dá quando há ocorrência intensa de espécies não introduzidas pelo homem, o que indica que o ambiente está se recuperando naturalmente (Figura 4. 18). Entre essas espécies estão as plantas daninhas, que costumam ser as pioneiras nas áreas em recuperação. Portanto, áreas com grande quantidade e diversidade de plantas daninhas devem receber as maiores notas de acordo com sua função.

Figura 4. 18 Avaliação visual de plantas daninhas (a) Ambiente 14; (b) Presença de planta daninha

A infestação de plantas daninhas, bem como outros indicadores de vegetação, pode influenciar negativamente uma cultura ou para um pasto voltado para a pecuária, pois reduzem a produtividade. Entretanto, para um pasto degradado ou em diversos estágios de sucessão que não serão mais utilizados para esse fim, a presença dessas plantas pode ser avaliada de forma positiva pois aumenta a cobertura do solo, contribuindo para redução de processos erosivos, além de atuarem como hospedeiros de animais e microrganismos do solo, fundamentais para a recuperação do ambiente.

Outro atributo selecionado para avaliação visual da qualidade do solo é a “fauna”, conforme proposto na metodologia de Melloni (2001) e que está representado pela Figura 4. 19.

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