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a. A definição do caso e do campo b. A comunidade de Boa Vista: etnografia, descrição e interpretação c. O mito de Tereza: uma mulher negra, pobre e migrante d. O processo de regularização fundiária

a. Definição do caso e do campo

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O estudo de caso deve-se ao fato de ser uma estratégia que adapta-se muito bem ao interesse em revelar as tensões locais e globais a partir de um contexto específico. O estudo de caso consiste em uma análise compreensiva e em profundidade que é situado num marco espacial e temporal determinado. Suas qualidades são: a particularidade, a profundidade e a contemporaneidade (LURBE i PUERTO, 2005). Sua capacidade de generalização vincula-se à representatividade dos casos selecionados como cenários para indagar sobre um fenômeno social determinado.

Van Velsen, no texto “The extended case-method and situational analysis” (1987), pondera o deslocamento da totalidade em virtude do estudo de segmentos específicos da cultura, e o aprimoramento de instrumentos analíticos que integrem noções de diversidade, contradição, instabilidade e incompatibilidade. Em resposta ao modelo do funcionalismo britânico, as normas já não são percebidas como mandatos que tendem a se reproduzir, mas como códigos colocados em espaços de conflito e negociação. Assim, a transmissão tanto de saberes quanto de práticas nas sociedades particulares dependerá dos contextos nos que acontecem, e tais contextos estarão influenciados por uma realidade histórica e de relações de poder que devem ser devidamente tomadas em conta. A dimensão espacial na tensão micro- macro e a variação através do tempo são preocupações que se integram no trabalho antropológico.

O estudo de caso detalhado, ou estendido, constitui-se como um inquérito onde um evento ou série de eventos é isolado e ao mesmo tempo incluído em contextos sucessivamente mais e mais amplos, “permitindo um olhar „desde baixo‟ de estruturas sociais vastas, como as nações” (ERIKSEN; NIELSEN, 2001). Desta forma, o estudo de caso não centra-se numa comunidade auto-delimitada, mas no campo de forças sociais referidos a um problema particular, colocado em tensão nos diferentes espaços sociais.

Por sua vez, o campo de pesquisa pensa-se aqui como o recorte que o pesquisador ou pesquisadora realiza em termos de espaço social, “representando uma realidade a ser estudada a partir das concepções teóricas que fundamentam o objeto da pesquisa” (MINAYO, 2003, p.42). As metodologias não são inocentes. Elas revelam um olhar particular sobre os objetos e os sujeitos que constituem a vida social. Segundo essa perspectiva, qualquer problema

12 NOTA DE REDAÇÃO: Nos capítulos 3 e 4, diferente do restante do texto, será empregado o recurso à

primeira pessoa do singular, pois é assim como considero que o relato das experiências de campo guarda uma maior fidelidade com a própria vivência em campo.

etnográfico que seja pesquisado deve apresentar, em forma conjunta, uma análise histórica das categorias com as quais esse problema é observado. Dado que toda técnica apresenta por trás uma ideologia, também deve ser feita uma análise das instituições (principalmente as de Estado) que desenham políticas de intervenção e, com elas, conceitos e papéis sociais em nossos contextos contemporâneos. É por isso que não nos referiremos, sem antes problematizar, a um “campo” localizado num determinado espaço físico. O que interessa são as redes de relações, passadas e presentes, a partir das quais circulam determinados saberes e práticas e com base nas quais as experiências sociais são moldadas. Nesse contexto, os processos de atribuição de “identidades clínicas” e outras identidades por diversas instituições (do Estado, ONG´s, mídia) e seu uso e apropriação por parte dos sujeitos sociais (Valle, 2002) não podem ser negligenciados.

Assim, o campo não representa o espaço físico, mas o espaço das relações sociais que passaram pela filtragem analítica do pesquisador ou pesquisadora, e cuja configuração se torna significativa para os fins da pesquisa. As mulheres da comunidade de Boa Vista dos Negros estão vinculadas entre si por laços genealógicos, e tais laços transcendem o espaço físico da comunidade seridoense13. Também estão vinculadas por laços de cuidado, que

complementam o sentido de pertencimento pela via do sangue. Apesar da forte identidade que une às pessoas da Boa Vista como membros de um grupo, o isolamento da comunidade a respeito do mundo exterior é uma ilusão: podemos observar as trajetórias de entrada e saída dessas mulheres no espaço físico de Boa Vista, e também o ingresso de diversos agentes de Estado que permeiam as fronteiras da comunidade, tornando à comunidade um espaço social flexível às influências externas.

A escolha de Boa Vista dos Negros, a comunidade onde foi realizada a pesquisa, foi fruto tanto de afortunadas casualidades quanto do aproveitamento de redes sociais previamente estabelecidas. Foi a professora Julie Cavignac, principal interlocutora desta pesquisa, quem me indicou o povoado onde as mulheres apareciam como um grupo politicamente na promoção dos direitos ao reconhecimento étnico diferenciado por parte do Estado. Levando em conta as minhas preocupações a respeito da maternidade, a feminilidade e a influência dos discursos da saúde sobre as concepções das mulheres, foi que nos deparamos com o espaço de Boa Vista dos Negros, um espaço social onde a negritude está sendo fortemente ressignificada e instrumentalizada, sobretudo pelas mulheres, um espaço cujo contato com diversos acadêmicos, técnicos, pesquisadores e políticos foi historicamente

13 De fato, Nemésia, que mora em Natal há 20 anos, constitui-se uma interlocutora importante dessa pesquisa,

construído sob esse bias. Assim, esses discursos sobre a negritude pressupunham um campo de questões pré - configuradas, tanto no âmbito das políticas públicas quanto, de certa forma, nas problemáticas acadêmicas. Assim, a questão étnica perpassa todas as questões com as quais nos defrontamos aqui. É especialmente interessante observar isso a partir da materialidade dos corpos. Não existe feminilidade nem maternidade sem um corpo como espaço produtor dessas experiências. É através desse corpo que as pessoas constroem e expressam suas identidades. Esse corpo é revestido por uma pele, por cabelos, por marcadores raciais e de gênero. É um corpo alargado por próteses, exaltado por objetos e ornamentos, performado por gestos e movimentos no espaço. Frente desta clara significação do corpo a partir de outros parâmetros achamos analiticamente interessante reformular as minhas pretensões: o “campo”, como construção local de um problema em virtude de certas relações sociais, forneceu um diálogo entre novos e velhos questionamentos durante minha própria trajetória. O campo tornou-se mais um caminho que um espaço fechado em si mesmo e consolidado (CLIFFORD, 1997), pois ele vai mudando na medida em que as vias de compreensão dos problemas vão se modificando no trajeto da pesquisa.

Deste modo, nosso próprio lócus de produção dessa pesquisa, com interesse nas questões de antropologia, história, corpo, gênero e saúde, são os fios de significado a partir dos quais são elaboradas uma série de filiações e distâncias. A conjunção das problemáticas e posicionamentos próprios com as problemáticas e posicionamentos dos sujeitos da pesquisa vão construindo essa realidade diferenciada que chamamos de campo.

As mulheres – mães da comunidade quilombola de Boa Vista dos Negros são o escopo a partir do qual é observada a construção da identidade feminina nativa. Os pontos de contato entre forças locais, nacionais e transnacionais, e a relação entre gênero, “raça” e classe podem informa-nos teoricamente sobre a importância de olhar casos específicos sem perder a noção de uma problemática mais ampla, aquela da complexidade que assumem as identidades sociais na contemporaneidade. Nesse sentido, a antropologia constitui-se como um espaço privilegiado na iluminação de convergências em “várias rotas de viagem, onde dialoguem e polemizem respeitosamente diferentes conhecimentos contextuais” (CLIFFORD, 1997, p.28). As mulheres de Boa Vista são as interlocutoras chave nesse processo de construção das presentes reflexões. O espaço que elas habitam e a rede social que integram está centrada, à maneira dos estudos clássicos da antropologia, numa comunidade específica, a de Boa Vista dos Negros. Apresentaremos uma descrição deste espaço físico e social com o objetivo de fornecer ao leitor ou leitora ferramentas que permitam um melhor exercício de “imaginação etnográfica” do contexto estudado.

A comunidade de Boa Vista: etnografia, descrição e interpretação.

A palavra etnografia tem um duplo significado em antropologia: etnografia como processo e etnografia como produto (SANJEK, 2002). Como processo, é relativa ao trabalho de campo e à observação participante. Como produto, é relativa aos textos obtidos a partir desse enfoque. A etnografia como processo focaliza – se no trabalho de interpretação de uma determinada realidade social, a partir da observação e da participação na vida social de um grupo determinado de pessoas.

No que segue, apresentaremos uma descrição do espaço físico da comunidade de Boa Vista, e depois faremos a descrição e análise do seu espaço social, focalizando um grupo particular dentro deste, as mulheres. Assim, na construção narrativa do presente texto, a descrição do espaço físico é o primeiro passo para a construção analítica do espaço social, pois permite a localização de objetos e sujeitos em coordenadas fixas. A construção analítica do espaço social supõe a construção de princípios de visão e de divisão a partir dos princípios de visão e divisão dos atores sociais que ocupam esse espaço físico e cotidianamente lhe dão significado.

A comunidade de Boa Vista dos Negros encontra-se situada no sertão de Rio Grande do Norte. Localizada no município de Parelhas, no Seridó (VER FIGURA 1), dista aproximadamente 250 km da cidade de Natal e 15 km da cidade de Parelhas, que com quase vinte mil habitantes, possui uma série de serviços, como o cartório, o fórum judicial, uma agência do Banco do Brasil, vários comércios, a igreja católica municipal, etc. A respeito dos serviços em saúde, a municipalidade conta com dois hospitais, uma unidade mista de atendimento, uma maternidade e sete postos de saúde.

O território da comunidade de Boa Vista dos Negros é constituído por 200 hectares, e encontra-se cercado por terras privadas. Tal espaço é diferencialmente ocupado: compõe-se de uma área habitada, uma pequena área produtiva para plantio, a roça, e uma grande área inabitada de serra e de caatinga. A área dos plantios é de propriedade comum, mas a sua distribuição realiza-se a partir do uso histórico das famílias extensas. A área de Boa Vista possui dois açudes principais e outros menores que proporcionam água e certas espécies de peixe14 para consumo das famílias. Dentro deste território, a comunidade concentra-se num

espaço relativamente circunscrito: as casas encontram-se separadas no máximo a uma distância de 200 m umas das outras por estradas não asfaltadas.

14 As espécies são traíra, tilapia, cumatá, tambaqui, piaba e carpa. São obtidos com diversas técnicas de pesca:

A população de Boa Vista dos Negros é pouco numerosa: são apenas 124 pessoas. Dentre elas, 76 são homens e 48 são mulheres. Eles distribuem-se em 42 unidades familiares e 30 unidades domésticas. As principais atividades econômicas nas quais participam os habitantes de Boa Vista são a cerâmica, as lavouras em agricultura de subsistência e a criação de animais (gado, bode, galinhas). A renda per capita é de R$ 99,25, mais baixa que a média do município que é de R$ 122,97.

A comunidade possui um posto de saúde, chamado de Mãe Gardina em homenagem à parteira local. O posto conta com a recorrência mensal de um médico clínico; com a presença semanal de uma enfermeira e com a presença diária de uma auxiliar de enfermagem que mora na comunidade. Também encontra-se sob o controle de uma agente comunitária em saúde que age dentro da Estratégia de Saúde da Família15 do Ministério da Saúde. Ela visita mensalmente cada unidade doméstica da comunidade e de comunidades vizinhas.

Figura 1: Mapa do Seridó16

15 A Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada

mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estes equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas numa área geográfica delimitada.

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A Mesorregião do Seridó constitui-se num recorte espacial feito desde os programas ambientais federais. O programa Mesorregião do Seridó, do Ministério da Integração Nacional para o Semi-Árido nordestino, abrange

O centro da comunidade encontra-se a uns 5 km da estrada pavimentada, no caminho entre o povoado de Acari e a cidade de Parelhas (VER FIGURA 2). O centro da comunidade está localizado no espaço físico de um retângulo com dimensões aproximadas de 30 x 50 m., a

quadra, na frente da qual encontram-se a antiga escola Maria Serafina de Jesus, hoje local de

múltiplos usos17; a igreja local de culto católico Nossa Senhora do Rosário e o posto de saúde

Mãe Gardina. A quadra pode ser considerada o centro público da comunidade. Em tempos

ordinários, ali brincam as crianças das casas próximas e ensaiam os grupos musicais e de dança. Em tempos festivos, ali são montados os cenários para as apresentações artísticas, os discursos políticos e a comensalidade festiva18. Em algumas ocasiões tem-se alugado uma tenda que cobre quase toda a quadra, protegendo à comunidade reunida do forte sol local.

O Posto de Saúde se mantém aberto intermitentemente. Uma mulher da comunidade, chamada Dida, trabalha no local, das 7 às 12 da manhã, de terça a sexta. Dida é auxiliar de enfermagem e mora a 50 metros do posto de saúde. Ela afirma que o posto “não tem quase movimento”. Também há presença semanal de uma enfermeira de Parelhas, chamada Rosário, e de uma agente de saúde proveniente de Juazeiro, chamada Cristiane. Há, ainda, a presença mensal de um médico clínico, que não consegui entrevistar pois ele quase não aparecia na comunidade. O posto de saúde é composto por uma sala de recepção de 3 x 3 m², um consultório de 3 x 4 m² e um banheiro pequeno. A sala tem uma mesa, uma bancada de madeira, uma estante de cristal com elementos médicos, uma maca e duas cadeiras de metal. No consultório há uma maca, uma escrivaninha e uma cadeira. Tanto na sala quanto no consultório há cartazes do Ministério da Saúde com divulgação de temas tais como: o aleitamento materno, o uso de camisinha no marco de campanhas de saúde reprodutiva e os sintomas da anemia falciforme - doença referida pelas campanhas brasileiras de saúde pública como prevalente em populações de afro-descendentes.

54 cidades sendo 28 no estado do Rio Grande do Norte e 26 no estado da Paraíba. Disponível em: <http://adese.serido.zip.net/arch2007-10-28_2007-11-03.html> Acesso em: 25 nov.2009.

17 É o local onde realizam-se algumas reuniões da associação, também é o local onde encontram-se guardadas

as 5 maquinas de coser industriais que a comunidade adquiriu faz 3 anos em um projeto próprio da associação em parceria com o Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) da prefeitura local. Algumas pessoas da comunidade foram, naquele tempo, formadas em confecção de roupas, e venderam alguns stocks de fardas para creches locais e lojas particulares de Parelhas. Atualmente, as máquinas encontram-se paradas e algumas delas precisam de conserto técnico.

Figura 2: Croqui da comunidade de Boa Vista dos Negros - Dezembro 200919

A comunidade tem poucas árvores. Elas se localizam próximas às casas, e a sombra das quais os animais domésticos, como galinhas e cachorros se aproveitam. Nas regiões menos habitadas existem arbustos, geralmente espinhosos, e é nos clarões destes espaços naturais que pastam vacas leiteiras e jumentos. A estrada principal atravessa a comunidade transversalmente, desde a entrada com a praça central até as últimas casas que colidam com a localidade de Boa Vista dos Barros. Essa estrada cruza um mini campo de futebol, espaço muito concorrido especialmente por homens jovens da comunidade durante os finais de semana, quando realizam-se torneios entre as equipes das comunidades e também de outros povoados vizinhos. A estrada principal passa pela frente de dois bares nos quais vendem-se bebidas alcoólicas, refrigerante, pipoca e guloseimas. Em um deles há uma sinuca. Nenhum dos dois tem letreiro que identifique-os: são casas levemente modificadas para tal função. Esses espaços, da mesma forma que o campo de futebol, são eminentemente masculinos. Por último, existe outra casa que um dos jovens da comunidade transformou em locadora de DVD´s onde também joga-se vídeo game com dois aparelhos conectados a televisores. O público que comparece a essa última casa não passa de 25 anos de idade, e também é composto, em sua maioria, por homens.

19 Croqui da comunidade da Boa Vista dos Negros. Realizado a partir do relatório de Cavignac et al (2007) e de

As mulheres reúnem-se em outros espaços. Na sala da antiga escola dirigem as reuniões da associação comunitária com os membros mais próximos, que são majoritariamente mulheres, e também é nessa sala que elas confeccionam as roupas a serem vendidas fora da comunidade. Na cozinha da antiga escola preparam as comidas de cada festa. A igreja também congrega na maioria mulheres, e as missas acontecem, corriqueiramente, em tempos festivos. Também é no espaço da igreja que realizam-se as reuniões públicas, que envolvem a participação da comunidade inteira, às vezes com participação de funcionários do governo local. Ali, o espaço sagrado transforma-se em espaço profano: fala-se, discute-se, elaboram-se os consensos. Porém, os bancos não saem do local no qual estão fixados, um por trás do outro. Perto do altar, o político convidado e as figuras centrais da Associação Comunitária sentam-se em banquinhos, de frente para as pessoas, que normalmente encontram-se sentadas nos bancos.

No interior das casas, as mulheres adultas trabalham sozinhas ou com ajuda de mulheres mais jovens. Às vezes, mulheres adultas de diferentes unidades domésticas se reúnem para cozinhar, assistir novelas ou fazer tratamentos de cosmética tais como fazer as

unhas e ajeitar o cabelo. Temos observado que há uma forte circulação de crianças e mulheres

de umas casas para outras, e tal circulação encontra-se condicionada por esquemas de parentesco, amizade e vizinhança, a partir dos quais acontece uma variada gama de troca de favores. Tal troca não se estabelece num esquema de absoluta igualdade. Por exemplo, duas mulheres, com diferentes graus de inserção na rede social da comunidade, podem arranjar o seguinte acordo: enquanto uma limpa a sua casa ou cuida das crianças, a outra leva encomendas para parentes distantes que moram em outras localidades, ou traz um produto específico que não se encontra na comunidade. A maioria das mulheres e alguns homens também se reúnem uma vez na semana para “fazer feira”, ou seja, fazer as compras na feira

de Parelhas, e são transportados por um caminhão da prefeitura até o local, onde se abastecem de feijão, carne, verduras, legumes, frutas, e outros produtos alimentícios, mas também de roupas e instrumentos de trabalho agrícola.

As festas da comunidade de Boa Vista são conhecidas em toda a região. As datas festivas da comunidade são quatro, e aqui nos referimos àqueles eventos que são organizados localmente e cujo festejo é publico: A festa de Nossa Senhora do Rosário, no dia 12 de Outubro, a festa de João Pedro, no dia 15 de Julho, a festa da Consciência Negra, no dia 22 de Novembro, e o Natal, no dia 24 de Dezembro. As festas acontecem na quadra, sendo normalmente organizadas a partir de apresentações artísticas locais, discurso das autoridades (locais e estaduais), comidas (a comida é gratuita, e também é frequente ver barracas de venda

de comidas e bebidas no perímetro do espaço citado) e dança com um grupo musical convidado que toca forrós ou pagodes. As festas começam de dia e acabam perto do amanhecer. Os ciclos festivos podem durar vários dias.

Muitos homens adultos e alguns jovens da comunidade trabalham na “cerâmica”, fábricas de olaria, e também na agricultura. O espaço onde plantam é o roçado, cuja posse é comunitáriamas que encontra-se dividido internamente por acordos tradicionais relativos à filiação. Assim, muitos homens e também mulheres costumam cultivar seu espaço no roçado e ali plantam milho, feijão, melancia e outras espécies vegetais. Segundo várias pessoas entrevistadas, o roçado não tem mais a importância que tinha antigamente, quando as famílias cultivavam várias especies vegetais (especialmente salsa e coentro), e as vendiam nos povoados vizinhos. Porém, ainda hoje o roçado constitui uma atividade econômica de

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