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Campo da pesquisa: ambulatório de mastologia do Hospital das Clínicas (hc/

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CAPÍTULO 3 PRINCÍPIOS TEÓRICO-METODOLÓGICOS

3.1 Campo da pesquisa: ambulatório de mastologia do Hospital das Clínicas (hc/

O Programa de Mastologia da Faculdade de Medicina (UFG), localizado no Hospital das Clínicas da UFG/ EBSERH, teve seu início em 1993 para atender a demanda de usuárias com patologia mamária que procuravam o Hospital, coordenado pelo Prof. Dr. Ruffo de Freitas Júnior. O atendimento contava em seu início, somente com um ambulatório em Mastologia. Com crescimento do serviço, bem como o aumento da demanda, com relação à formação de profissionais especialistas em Mastologia; assim no ano de 2007, foi implantado o Programa de Residência Médica em Mastologia.

Já no ano de 2016, foi inaugurado o Centro Avançado de Diagnóstico da Mama (CORA), em parceria com Instituto Avon, UFG e demais parceiros, tendo objetivo reduzir o índice de mortalidade de mulheres por câncer de mama no Estado de Goiás uma vez que conta com aparelhos de última geração.

Atualmente, os atendimentos são realizados por uma equipe multidisciplinar composta por: assistente social, médicos, enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas e acadêmicos de diversas áreas da saúde.

O Programa é constituído da seguinte maneira: Atendimento ambulatorial, prestado desde a admissão do paciente, com especial atenção as pessoas com câncer de mama, durante todo o tratamento, estendido inclusive ao domicílio, sendo atendidas cerca de 750 usuárias por mês, totalizando aproximadamente 9.000 atendimentos por ano, destes atendimentos. São diagnosticados em média 120 casos de câncer de mama por ano, com faixa etária entre 25 a 90 anos. Entre outros anos de 1993 a 2015 foram diagnosticados e tratados ao longo dos anos mais de 1500 mulheres e 10 homens com a referida doença.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) as mulheres a maioria da população brasileira e as principais usuárias do SUS. A previsão do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer da mama é o tipo de câncer que mais acomete as mulheres no Brasil, excluindo o câncer de pele não melanoma. A Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil (INCA, 2014), válida para

os anos de 2014 e 2015, previu 57.120 casos de câncer da mama, com risco estimado de 52 casos a cada 100 mil mulheres.

No ano de 2015, neste mesmo ambulatório foram diagnosticados 127 casos de câncer de mama, e 18 mulheres com idade até 40 anos, fato este preocupante uma vez que estão “fora” do grupo que tem direito a fazer a mamografia pelo SUS. De acordo com a Legislação em vigor a partir dos 40 quando se tem casos na família, o que não tem sido frequente e estas mulheres mesmo percebendo “algo errado” em suas mamas muitas vezes não são ouvidas nas unidades básicas de saúde, nem sequer examinadas e acabam chegando ao Programa com diagnóstico tardio o que compromete muito o tratamento.

No Programa de Mastologia são desenvolvidos ainda: programas e projetos em pesquisa acadêmica e clínica relacionada às enfermidades da mama; prevenção primária e rastreamento do câncer de mama; tratamento oncológico, cirúrgico e reabilitação.

A equipe multidisciplinar realiza esporadicamente visitas domiciliares de apoio as usuárias, fornecendo orientação, informação visando adesão e manutenção no seguimento do tratamento. Com o respaldo do trabalho desenvolvido pela equipe multiprofissional na sala de espera e também no atendimento diário, tem-se o mínimo de perda das pacientes com neoplasia mamária. Desta forma, a visão multidisciplinar visa sempre o bem estar da mulher, de forma humanizada e personalizada, e a garantia de direitos além de aumentar a aderência aos diversos momentos do tratamento. Os estudos são realizados cotidianamente por Assistente Social, Psicóloga e Enfermeiras, sem a presença de médicos residentes.

As usuárias atendidas neste ambulatório têm como via de acesso o Sistema de Regulação, que a partir das solicitações referenciadas pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS) dos diversos municípios goianos encaminhando as pacientes para acompanhamento especializado com mastologistas. Conforme o perfil assistencial do HC, que tem como marca as ações de maior complexidade, as principais situações atendidas neste ambulatório envolvem o tratamento quimioterápico, cirúrgico com acompanhamento mensal, trimestral, semestral e anual das usuárias diagnosticadas com câncer de mama, sendo estas, atendidas sistematicamente por quase toda equipe mencionada acima, com exceção da nutrição e fisioterapia que atendem de acordo com a necessidade de cada paciente.

ambulatório, sendo preferencialmente o primeiro atendimento realizado logo após a confirmação do diagnóstico, o que nem sempre é possível devido questões emocionais da usuária e até mesmo a recusa deste atendimento naquele momento. Neste primeiro atendimento é realizada a entrevista social, feitas orientações e encaminhamentos previdenciários e assistenciais.

Mensalmente, na última sexta-feira do mês são realizadas reuniões com temas que visem maior participação destas mulheres em espaços de debates como Conselhos locais, associações, em relação a seus direitos, resgate de autoestima é proporcionado momentos de lazer/passeios e atividades ao ar livre. Ressalta-se que estas atividades são desenvolvidas pela Assistente Social e Psicóloga do Programa. É realizada ainda pelo Serviço Social busca ativa de pacientes em perda de segmento visando não comprometer o tratamento uma vez que o tempo é primordial para cura da doença.

Os trabalhos sociais têm sido outro importante foco do Programa de Mastologia com ações educativas promovidas com as usuárias do ambulatório, realizadas no grupo de convivência, com os membros da Associação dos Portadores de Câncer de Mama do HC (APCAM) que é uma entidade sem fins lucrativos, que tem como finalidade fundamental auxiliar os seus membros, pacientes portadores de Câncer de Mama, nos aspectos biopsicosociais. Esta associação é mantida através de doações de pessoas física ou jurídica, entidades públicas, governamentais e não governamentais que, sensibilizadas e conscientes com seu papel humano e social na prevenção e promoção da saúde, procuram apoiá-la de alguma forma.

Outro índice elevado é o grande percentual de mulheres atendidas no Programa de Mastologia do HC, que não são seguradas pelo Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), trabalham na informalidade ou são donas de casa (sem rendimentos), e ao terem o diagnóstico da doença, e atendendo os critérios da LOAS, recorrendo ao benefício como forma de prover os mínimos sociais e manter suas necessidades básicas, posto que durante o tratamento quimioterápico cirúrgico e radioterápico, ocorre o acompanhamento durante cinco anos, em que na maioria das vezes é indicado uso de medicamento como forma de prevenção de recidiva do câncer. Desta forma, no primeiro ano de tratamento da doença, a mulher fica impossibilitada de exercer suas funções laborativas.

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