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O município de Salvador, local onde a pesquisa foi realizada, capital do Estado da Bahia está localizado na Região Litorânea do Estado, sendo um dos municípios da Baía de Todos os Santos. A população corresponde a 2.440.828 hab., sendo 2439823 (99,96%) residentes da área urbana (dados preliminares do Censo 2000- IBGE).

A cidade apresenta como "vocação econômica" atividades ligadas principalmente ao setor terciário, tendo os serviços ligados ao turismo e ao comércio as maiores concentrações de mão-de-obra (site da Prefeitura Municipal de Salvador, 2000). Os serviços de saúde, encontram-se em processo de municipalização, tendo suas atividades coordenadas pela Secretaria Municipal de Saúde. Este processo de reorganização do SUS, apresenta os serviços descentralizados em Distritos Sanitários, Cabula- Beiru, Subúrbio- Ferroviário, Brotas, Cazajeiras, Pau da Lima, São Caetano, Itapagipe, Itapuã, Centro Histórico, Liberdade, Boca do Rio e Barra/Rio Vermelho (Ferreira, 1996, p.57).

Esta pesquisa apresentou como "locus" o Distrito Sanitário Barra/Rio Vermelho, espaço de operacionalização de estratégias de integração das atividades de ensino, pesquisa e extensão da Universidade Federal da Bahia, mediante convênio entre esta instituição de ensino e a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia.

Esse Distrito abrange 4(quatro) regiões administrativas da cidade de Salvador, contando com Centros de Saúde tipo III, Unidade de Saúde Mental, Centro de Atenção Especial (CAE III), Postos de Saúde, Centro de Estudos de Saúde do Trabalhador - CESAT e Centro de Tratamento de Abuso de Drogas - CETAD, além de hospitais classificados como geral e de emergência. A área concentra, ainda, muitos equipamentos de alta densidade tecnológica (consultórios, clínicas, hospitais gerais) pertencentes ao setor privado, contratado e credenciado do SUS.

Essas unidades articulam-se, entre si, de acordo com a Resolução CIS- BA/03/88 que orienta os mecanismos de “Referência e de Contra-Referência” dos usuários. Entretanto, este sistema apresenta-se pouco efetivo na realidade estudada. A população não tem garantia de atendimento, tanto na unidade de saúde de referência do bairro, como nas externas. O retorno ao centro não assegura que será atendido pelo(a) mesmo(a) profissional que encaminhou, logo produz uma "quebra' na continuidade da assistência.

Essa situação reflete os problemas enfrentados pela Secretária Municipal de Saúde em relação à municipalização e descentralização do sistema. A falta de infra-estrutura e de pessoal no distrito e unidade de saúde dificulta a implementação da prática, mesmo que de acordo com Nascimento (2000, p.97), as unidades do bairro ofertem

"...assistência clínica geral; assistência à saúde do idoso; assistência à saúde da mulher; assistência à saúde da (o) adolescente, e da criança; controle de hipertensão arterial; assistência odontológica e farmacêutica. Além disso, dispõem de serviço de Vigilância Epidemiológica".

No Distrito, situa-se, ainda, um complexo universitário composto das Escolas de Enfermagem e de Nutrição; das Faculdades de Medicina, Odontologia, Veterinária e Farmácia; do Instituto de Ciências da Saúde e do Instituto de Saúde Coletiva da UFBA. Todas estas instituições de ensino superior utilizam-no como laboratório para o desenvolvimento de atividades de ensino, pesquisa e extensão (incluindo assistência).

Entre os centros de saúde deste distrito está o 9º Centro do Nordeste de Amaralina. Este bairro situa-se numa área urbana limitada em seus três lados pelo Parque da Cidade, a Avenida (do Vale) Juracy Magalhães Júnior e as Avenidas Visconde de Itaboray, Manuel Dias da Silva e Amaralina (Figura- 1 e Mapa- 1). Sua constituição corresponde ao Vale das Pedrinhas (porção baixa), Santa Cruz e, parte da Chapada do Rio Vermelho (Nascimento, 2000).

Assim, para esta conformação, é comum agentes de um centro serem responsáveis por um lado da rua e outro de centro diferente ser responsável pelo lado oposto. Além desse fato, lado ou ruas transversais não são cobertas pelo PACS pois, de acordo com o Distrito, apenas 30% do bairro está inserido. Há promessas de ampliação e contratação de mais ACS, mas até o momento do término do estudo isto não havia se dado.

A partir dos dados coletados por ACS e registrados no Consolidado das Famílias Cadastradas do ano de 2000, mês outubro- Modelo Geral, a comunidade cadastrada pelo Programa corresponde, aproximadamente, a 3374 famílias, sendo atendidas pelos (as) agentes, em torno de 1653 homens e 1721 mulheres, nas diversas faixas etárias. Os domicílios destas famílias

apresentam-se concentrados no tipo de casa de tijolo/ adobe (3353), contudo existem algumas construções em taipa revestida (6), madeira (5) e material aproveitado (5).

O abastecimento de água dá-se por meio da rede pública, com 3293 ligações domiciliares, outras formas não identificadas (80) e uma família retira água de poço ou nascente. O tratamento de água, em sua maioria, é a filtração (2437), além de alguns cadastros referirem fervura (214) e cloração (57). Todavia, mesmo com os trabalhos desenvolvidos pelo Projeto Baía Azul, existem 666 casas que não apresentam tratamento para a água consumida.

A coleta de lixo é realizada pela Prefeitura Municipal, através de empresa contratada, abrangendo 3341 domicílios. Em algumas situações o lixo é deixado a céu aberto (30) e, em um dos domicílios, realiza-se a queima ou é enterrado. O sistema de esgotamento sanitário atende 3278 domicílios, encontrando-se, também, fossa (43) e esgoto a céu aberto (53). A grande maioria dos domicílios possui energia elétrica, tendo sua origem regulamentada por serviço prestado pela empresa, responsável ou adquirida através de "gatos".

Nas famílias cadastradas, as principais causas de morbidade são a hipertensão e diabetes. Entretanto, há alguns casos de tuberculose e hanseniase e, apesar do trabalho diário e próximo dos ACS, são dificilmente informados pelos familiares.