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EDITAL DE CONVOCAÇÃO PARA HABILITAÇÃO DE CREDORES PARA A FASE DE LIQUIDAÇÃO E CUMPRIMENTO DE SENTENÇA

PRAZO DE 30 (TRINTA) DIAS

O DOUTOR SAMUEL DE CASTRO BARBOSA MELO, Juiz Federal Substituto da Vara acima referida,

FAZ SABER aos que o presente edital virem ou dele tiverem conhecimento e interessar possa que, perante este Juízo e Secretaria da Segunda Vara Federal, processam-se os termos de uma Ação Civil Pública nº 0005221- 80.2011.403.6103, promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face de LUIZ SHUNJI OGATA (CPF nº 093.925.298-80), com endereço na Rua Aurora, nº 701 - Vila São Paulo - Mogi das Cruzes - SP, e LUIZ SHUNJI OGATA JACAREÍ ME, (CNPJ nº 58.671.280/0001-40), empresa individual de LUIZ SHUNJI OGATA, com endereço na Praça Conde Frontim, nº 19 - 1º andar - centro - Jacareí - SP. Após regular processamento, foi proferida sentença na data de 13 de dezembro de 2011, disponibilizada no Diário Eletrônico da Justiça Federal do dia 16/12/2011, com trânsito em julgado na data de 29/03/2012, cujo inteiro teor segue adiante transcrito: Vistos em sentença. I - RELATÓRIO Trata-se de ação civil pública, com pedido de antecipação dos efeitos da tutela, ajuizada pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL em face de LUIZ SHUNJI OGATA JACAREÍ ME (Apoio Assessoria Contábil) e LUIZ SHUNJI OGATA, na qual pretende sejam os réus compelidos à cessarem o exercício da atividade nociva, qual seja, envio de correspondências aos consumidores de caráter intimidatório, na cobrança de dívida consubstanciada em título privado, utilizando-se indevidamente o nome da União e da Receita Federal, lhes atribuindo falsas competências para assumir o polo ativo da relação jurídica cambiária, em razão de

inadimplemento. A parte autora requer seja os réus condenados ao ressarcimento dos danos causados aos

consumidores, bem como ao pagamento de uma indenização à União pela utilização sem autorização de seu nome e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, no importe de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais).Aduz a parte autora que o empresário individual - Luiz Shunji Ogata Jacareí ME (Apoio Assessoria Contábil), no exercício de sua atividade econômica, teria enviado a diversos consumidores correspondências de caráter intimidatório, na cobrança de dívidas consubstanciadas em títulos de crédito (cheques), utilizando-se, indevidamente, do nome da União e da Receita Federal do Brasil, para constranger os devedores ao adimplemento de suas dívidas. Juntou documentos às fls. 09/61. A União peticionou às fls. 70/77, requerendo a intervenção no feito, na qualidade de assistente litisconsorcial do Ministério Público Federal, o que foi deferido por este juízo (fl. 85). Deferida a antecipação dos efeitos da tutela, consoante decisão de fls. 81/86, determinando-se que os réus abstenham de enviar qualquer correspondência relativa à cobrança de títulos privados, utilizando-se do nome da União Federal ou da Receita Federal do Brasil. Citado (fl. 101), os réus deixaram transcorrer o prazo legal, não tendo oferecido contestação (fl. 103). À fl. 104, decretou-se a revelia do réu. Autos conclusos para sentença em 05/12/2011. É o relatório. Fundamento e decido. II - FUNDAMENTAÇÃO Nos termos do artigo 330, incisos I e II, o julgamento antecipado da lide é possível, porquanto a questão de mérito, sendo de direito e de fato, depende unicamente de prova documental, sendo desnecessária a designação de audiência de instrução e julgamento, além do mais, em face da revelia do réu, os fatos aduzidos pelo órgão ministerial restaram incontroversos. Passo ao exame das questões preliminares. 1. Preliminares 1.1 Competência do Juízo Na defesa de interesses transindividuais

divisíveis de âmbito local, como no caso dos autos, a competência será determinada em razão do foro do local do dano, ressalvada a competência da Justiça Federal, nos termos do art. 21 da Lei nº 7.347/85 c/c arts. 90 e 93, inciso I, da Lei nº 8.078/90. Em decorrência da revogação da Súmula nº 183 do STJ (compete ao juiz estadual, nas comarcas que não sejam sede de vara da Justiça Federal, processar e julgar ação civil pública, ainda que a União figure no processo), bem como em virtude do disposto no art. 109, inciso I, da CR/88, a jurisprudência firmou o entendimento de que compete aos juízes federais processar e julgar as ações coletivas em que seja interessada a União. Dessarte, a presença da União e do Ministério Público Federal na relação jurídica processual determina a competência da Justiça Federal, e, por conseguinte, deste juízo. 1.2 Legitimidade Ativa Ad Causum Entende-se por legitimidade para a causa a pertinência subjetiva existente entre os sujeitos da relação jurídica processual e os sujeitos que figuram em um dos pólos da relação jurídica de direito material deduzida em juízo. Na ação civil pública, o pedido deduzido em juízo por um dos legitimados visa não apenas à satisfação do interesse do autor, mas de todo o grupo lesado, desta forma, os legitimados ativos zelam por interesses transindividuais de todo o grupo, classe ou categoria de pessoas, os quais não estariam legitimados a defender, a não ser por expressa

autorização legal. O microssistema das tutelas coletivas, em especial o art. 5º, caput, da Lei nº 7.347/85; art. 82, inciso I, da Lei nº 8.078/90; e art. 6º, inciso VII, alínea d, e inciso XII, da LC nº 75/93, conferiu legitimidade ao Ministério Público Federal para a defesa de quaisquer interesses transindividuais (difusos, coletivos e individuais homogêneos). No que tange à defesa dos interesses individuais homogêneos, nas matérias atinentes às relações de consumo, entendo que a iniciativa do órgão ministerial somente pode ocorrer quando presente a efetiva

conveniência social em sua atuação, uma vez que nos interesses individuais homogêneos os titulares são pessoas determinadas ou determináveis e o objeto da pretensão é divisível. Tal legitimação para a causa deve ser aferida em razão da natureza da relação jurídica, a repercussão social do dano perante à coletividade e o interesse social no regular funcionamento do sistema econômico, social ou jurídico. Enfim, se no caso concreto a defesa coletiva de interesses transindividuais assumir relevância social, o Ministérito Público estará legitimado a propor a ação civil pública correspondente. O Código de Defesa do Consumidor, elaborado em cumprimento à previsão constitucional inserta no art. 48 do ADCT, com fundamento no art. 5º, inciso XXXII, da CR/88, que estabelece a defesa do consumidor como um direito fundamental, e no art. 170, inciso IV, da CR/88, que elege a defesa do consumidor como princípio da atividade econômica, atribui às normas de proteção e defesa do consumidor o caráter cogente, derrogando, portanto, a liberdade contratual para ajustá-las aos parâmetros da lei. Os arts. 1º, 81 e 82 do CDC permitem inferir a legitimidade processual extraordinária do Ministério Público Federal, em

substituição ao grupo de consumidores lesados, tendo em vista a expressão para coletividade das matérias afetas às relações de consumo, como no caso dos autos. Nesse sentido é o entendimento do C. STJ:DIREITO DO CONSUMIDOR E PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO NO RECURSO ESPECIAL. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA. MINISTÉRIO

PÚBLICO. CONTRATOS DE FINANCIAMENTO CELEBRADOS NO ÂMBITO DO SFH. DIREITOS INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. CDC.- O Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública que cuida de direitos individuais homogêneos protegidos pelo Código de Defesa do Consumidor. Negado provimento ao agravo no recurso especial. (AgRg no REsp 633.470/CE, Rel. Min. NANCY

ANDRIGHI,TERCEIRA TURMA, DJ 19/12/2005) AÇÃO CIVIL PÚBLICA. AÇÃO COLETIVA.

MINISTÉRIO PÚBLICO. LEGITIMIDADE. INTERESSES INDIVIDUAIS HOMOGÊNEOS. CLÁUSULAS ABUSIVAS. O Ministério Público tem legitimidade para promover ação coletiva em defesa de interesses

individuais homogêneos quando existente interesse social compatível com a finalidade da instituição. Nulidade de cláusulas constantes de contratos de adesão sobre correção monetária de prestações para a aquisição de imóveis, que seriam contrárias à legislação em vigor. Art. 81, parágrafo único III e art. 82, I, da Lei nº 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor). Precedentes. Recurso conhecido e provido.(REsp 168.859/RJ, Rel. Min. RUY ROSADO DE AGUIAR, QUARTA TURMA, DJ 23/8/1999)Dessa feita, o Ministério Público Federal detém legitimidade para figurar no polo ativo da relação processual. Ressalto que, no que tange à intervenção da União, já deferida por este juízo, é pertinente, uma vez que a legitimação ativa para a propositura de ações civis públicas é concorrente e disjuntiva, sendo possível a sua intervenção ulterior - ou seja, após ajuizada a demanda -, na qualidade de assistente litisconsorcial do Ministério Público Federal. 1.3 Do Requisito Objetivo Intrínseco de Validade, Da Ilegitimidade Ad Causum do Ministério Público Federal, e da Inadequação da Via Eleita em Relação ao Pedido Item d.2 O requisito intrínseco de validade constitui pressuposto processual objetivo de validade da relação processual, atinente ao respeito ao formalismo processual. A petição inicial deve revelar, além do pedido e dos sujeitos da relação processual, a exposição dos fatos e dos fundamentos jurídicos do pedido (causa de pedir remota e próxima). Deve, assim, o autor expor, em sua petição inicial, todo o quadro fático necessário à obtenção do efeito jurídico perseguido, ou seja, demonstrar os fatos que fundamentam a sua

pretensão. Os defeitos vinculados à causa de pedir e ao pedido implicam a inépcia da petição inicial, uma vez que dificultam o julgamento do mérito da causa. Sem pedido ou causa de pedir é impossível ao magistrado ter conhecimento dos limites da demanda, e, por conseguinte, dos limites de sua atuação, além de gerar prejuízos ao exercício do direito de defesa do réu. Em análise à petição inicial, denoto que o pedido formulado pelo autor para que seja o réu condenado, no exercício de sua atividade econômica organizada, ao pagamento de uma indenização à União pela utilização sem autorização, portanto, indevida, do nome da União e da Secretaria da Receita Federal do Brasil, no valor de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais) é inepto, vez que não houve exposição dos fundamentos fáticos e jurídicos (conduta - comissão ou omissão, resultado danoso e nexo de causalidade) que dão ensejo à pretensão do autor. À fl. 06, no item 30, consta apenas que (...) resta indiscutível o direito dos consumidores à reparação dos danos causados nos termos dos dispositivos supra transcritos, bem como indiscutível o dever de indenizar por parte da empresa ré ao Estado, valor que deverá ser revertido ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, tendo em vista a utilização indevida do nome de órgãos federais, assim como a fixação de astreintes em condenação a obrigação de não fazer. Ora, não há correlação entre esses fundamentos fáticos e o pedido

deduzindo na inicial no item d.2, porquanto naquele busca-se a condenação do réu à reparação de danos causados ao Estado, cujo produto de eventual condenação terá como destino o Fundo de Defesa dos Direitos Difusos; ao passo que neste, a pretensão é de indenizar diretamente a União pelos prejuízos sofridos, no valor de R$

grupo de consumidores lesados, bem como indenizá-los pelos danos sofridos, o que demonstra a

transinvidualidade do direito defendido nesta demanda, sendo que a pretensão de indenizar a União por eventuais prejuízos por ela sofridos deve ser objeto de demanda individual, vez que envolve interesse individual divisível e pessoa determinada, razão pela qual reputo inadequada esta via procedimental. Ressalto, ainda, que o Ministério Público Federal não detém legitimação extraordinária para deduzir em juízo pedido de reparação pelos danos (morais ou materiais) sofridos pela União, enquanto pessoa jurídica de direito público interno, em lide de natureza individual, vez que este ente político tem personalidade jurídica própria para deduzir, em juízo, pretensão em face do réu desta ação. O Parquet tem legitimidade para toda e qualquer demanda que vise à defesa de interesses transindividuais. Tratando-se de interesses individuais, inviável a sua defesa por intermédio de ação civil pública. Ora, o pedido de reparação dos danos causados à imagem da União, não envolve proteção de interesse de natureza difusa ou coletiva, mas sim individual. Destaco que o art. 131 da Constituição Federal outorgou à Advocacia Geral da União a competência para representá-la judicialmente e extrajudicialmente; para exercer a consultoria jurídica e asseessoramento do Poder Executivo; bem como para defender, em juízo, os seus interesses. Nesse sentido já se manifestou o C. STJ (grifei):EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM RECURSO ESPECIAL - AÇÃO CIVIL PÚBLICA AJUIZADA CONTRA JUÍZES FEDERAIS E SERVIDORES PÚBLICOS DO TRF DA 2ª REGIÃO VISANDO À RESTITUIÇÃO DE VALORES SUPOSTAMENTE PAGOS A MAIOR A TÍTULO DE GRATIFICAÇÃO NATALINA - ILEGITIMIDADE ATIVA DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL - ALEGADA OMISSÃO E CONTRADIÇÃO DA DECISÃO EMBARGADA - AUSÊNCIA DE EIVA NO JULGADO - PRETENSÃO DE EFEITOS INFRINGENTES. Não há, na decisão atacada, qualquer omissão, contradição ou obscuridade, pois apreciada toda a matéria recursal devolvida. Restou firmado no acórdão embargado o entendimento de que, conquanto a jurisprudência deste Sodalício seja pacífica no sentido de que o Ministério Público tem legitimidade para propor ação civil pública na hipótese de dano ao erário, não há, no caso em apreço, qualquer interesse difuso ou coletivo a amparar a legitimidade do Ministério Público Federal para a propositura da presente ação civil pública. Decidiu-se, ainda, que a competência para representar a União é da Advocacia Pública. Nítido é o caráter modificativo que o embargante, inconformado, busca com a oposição destes embargos declaratórios, uma vez que pretende ver reexaminada e decidida a controvérsia de acordo com sua tese. A omissão, contradição e obscuridade suscetíveis de serem afastadas por meio de embargos declaratórios são as contidas entre os próprios termos do dispositivo ou entre a fundamentação e a conclusão do acórdão embargado. Com a valoração da matéria debatida, houve tomada de posição contrária aos interesses do embargante.

Inexistentes as eivas apontadas (obscuridade, contradição ou omissão), não cabe a reapreciação da matéria em embargos declaratórios. Embargos de declaração rejeitados. (EDcl no REsp 673.135/RJ, Rel. Ministro FRANCIULLI NETTO, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/08/2005, DJ 06/02/2006, p. 253) Por sua vez, a manifestação da União às fls. 70/76, reforçando o pedido de indenização por danos morais sofridos em razão da conduta do réu, não pode ser discutida nos autos desta ação civil pública, que tem caráter nitidamente coletivo, devendo tal pretensão ser perseguida em ação individual. Por fim, verifico incongruência entre a fundamentação adotada pelo Parquet na p

etição inicial, especificamente em relação ao item 30, e o pedido deduzido no item d.2. Deve-se distinguir o seguinte: nas ações coletivas que versem sobre direitos indivisíveis (difusos ou coletivos), o produto da indenização será destinado ao fundo do art. 13 da Lei nº 7.347/85, que deverá ser usado em proveito da coletividade; já nas ações coletivas que versem sobre direito disponível (interesses individuais homogêneos), o dinheiro será destinado diretamente aos próprios lesados. Ora, se o caso em testilha tem por objeto a proteção dos interesses individuais homogêneos de consumidores determinados ou determináveis, não há que se falar em indenização em favor do Fundo de Defesa dos Direitos Difusos, mas sim aos lesados. Dessa feita, o pedido formulado no item d.2 da petição inicial deve ser extinto sem resolução de mérito (art. 267, inciso VI, c/c art. 295, I, todos do CPC).2. Mérito 2.1 Da Relação de Consumo Na presente ação coletiva, o Ministério Público Federal busca a cessação da atividade nociva praticada pelo empresário individual LUIZ SHUNJI OGATA JACAREÍ ME (Apoio Assessoria), que enviou correspondências de caráter intimidatório a diversos consumidores, na cobrança de dívidas substanciadas em títulos de crédito (cheques), utilizando-se, indevidamente, o nome da União e da Receita Federal do Brasil. Às fls. 13 e 29 dos autos encontram-se cópias das mencionadas correspondências enviadas aos consumidores, as quais trazem os seguintes dizeres:utilizando-nos da abertura dada pelo governo federal para que nossa empresa possa abater cheques sem provisão de fundos no imposto de renda, estamos comunicando aos clientes devedores que não estiverem com acordos feitos, mesmo que parcelados, terão seus cheques enviados à Receita Federal (Lei 10.522 - 19/07/2002), e á partir desta data o credor passará a ser o governo federal.O devedor terá seu cheque inscrito no CADIN (Cadastro de Inadimplentes da Receita Federal), que automaticamente, envia ao SPC e SERASA, alertamos que os débitos com a União não prescrevem (não caducam);Será cancelado o CPF, Títulos de Eleitores, passaporte e o CPF sendo cancelado, impedirá à renovação da CNH;Poderá ter bloqueio na restituição de imposto de renda;Bloqueio de saldos de conta corrente ou

poupança, mesmo oriundo de salários e benefícios;Obstrução de recebimentos de heranças ou inventários;Averiguação através de abertura de processo administrativo relativo ao I.R do titular e

cônjuge;Impedimento de: serviços ligados ao INSS e outros órgãos federais; participação em concursos públicos; recebimentos de prêmios em loterias; inscrição em benefícios federais como pacotes habitacionais entre outros. A empresa ré tem por atividade realizar a cobrança dos valores incorporados nos títulos de crédito (cheques)

emitidos por pessoas físicas ou jurídicas, que não foram compensados em razão da ausência de fundos disponíveis no banco sacado.Trata-se, portanto, de típica relação de consumo, na qual os emitentes dos cheques são os

consumidores, destinatários finais fáticos e econômicos dos serviços prestados pelo fornecedor (empresário individual), que desenvolve, habitual e profissionalmente, atividade econômica no mercado de consumo de natureza creditícia. A Política Nacional de Relação de Consumo, norteada pelos princípios da vulnerabilidade do consumidor no mercado de consumo, da proteção à boa-fé objetiva, da confiança, do equilíbrio e da transparência nas relações de consumo, tem, dentre os seus objetivos, coibir e reprimir todos os abusos praticados no mercado de consumo que possam gerar prejuízos aos consumidores.O art. 6º do CDC elenca como direito do consumidor a proteção contra a publicidade enganosa e abusivia, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como conta práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços.Por sua vez, o art. 42 do CDC veda ao fornecedor praticar qualquer conduta que exponha o consumidor, ainda que inadimplente, a ridículo ou submeta-o a qualquer tipo de constrangimento ou ameaça. A utilização, na cobrança de dívidas, de ameaça, coação, constrangimento físico ou moral, afirmações falsas, incorretas ou enganosas ou de qualquer outro

procedimento que exponha o consumidor injustificadamente, a ridículo ou interfira com seu trabalho, descanso ou lazer, constitui crime tipificado no art. 71 do CDC, cuja pena é de detenção de três meses a um ano e multa. Pois bem. A defesa do consumidor, tratada na Constituição Federal como direito fundamental e princípio da ordem econômica, é também tutelada pelo estatuto consumerista, que tem o caráter de norma de ordem pública (cogente) e visa resguardar os valores básicos e fundamentais da ordem jurídica do Estado Social. O CDC assegura a todos os consumidores um direito de proteção, fruto do princípio da confiança, bem como o respeito à sua dignidade, honra (objetiva e subjetiva) e imagem, que constituem valores tutelados pela ordem constitucional vigente. A relação de consumo tem natureza jurídica híbrica, porquanto sofre as influências do regime privatístico e publicista, devendo as partes da relação, em especial o fornecedor, adotar comportamentos que não impliquem risco ou lesão aos bens jurídicos tutelados pela ordem constitucional. Os documentos juntados às fls. 13 e 29, corroborados pelo depoimento pessoal do consumidor Renato Guisard Pereira colhido nos autos do Inquérito Civil (fl. 31) e pela manifestação do próprio réu à fl. 52, demonstram a prática de condutas pelo réu que visa

constranger, indevidamente, os consumidores ao cumprimento de suas obrigações pecuniárias, em desprezo aos valores tutelados constitucionalmente (dignidade da pessoa humana, imagem, honra).A conduta do réu de utilizar o nome da União Federal e da Receita Federal do Brasil para garantir o adimplemento das dívidas contraídas pelos consumidores caracteriza-se como abusiva, uma vez que coloca o consumidor em situação de extrema

desvantagem e fragilidade, tratando-se de verdadeiro meio ilícito de coerção. Ora, à luz dos art. 1º a 7º da Lei nº 10.522/02, a inclusão das pessoas físicas ou jurídicas no CADIN (Cadastro Informativo dos créditos não quitados do setor público federal) somente pode ser feita pela Secretaria da Receita Federal do Brasil, nos casos de não pagamento de obrigações pecuniárias vencidas para com órgãos e entidades da Administração Pública Federal, direta ou indireta; de suspensão ou cancelamento de CPF, e de inaptidão de CGC. Dessarte, deve ser cessada tal atividade nociva praticada pelo empresário individual Luiz Shunji Ogata Jacareí ME, sob pena de colocar em risco à proteção integral dos consumidores. 2.2 Dos Danos causados aos consumidores Tratando-se de danos causados pelo prestador de serviços aos consumidores, a responsabilidade é objetiva, ou seja, independe da existência de