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A) CONCEITO E DEFINIÇÃO

Como já referido acima, Campos municipais – é um campo gerido sobretudo pelo município. Deverá estar a seu cargo a construção, posse e exploração do campo, no entanto os municípios têm vindo a privatizar alguns destes elementos. (Richardson, 2002)

São campos de golfe públicos as infraestruturas desportivas destinadas à prática do golfe, construídos em terreno do domínio público ou adquirido por um município para esse efeito, com financiamento primordialmente público. O acesso a estes é aberto a todos os que cumpram os requisitos de utilização estabelecidos pela entidade gestora da instalação, sendo esta o próprio município ou instituto a ele pertencente, podendo ainda ser a gestão entregue a entidade privada, através de contrato de concessão, outorgado pelo município. (FPG, 2002)

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B) TIPOLOGIAS DE CAMPOS DE GOLFE PÚBLICOS

A maioria dos campos de golfe públicos, são os clássicos 18 ou 9 buracos, precedidos de uma outra hierarquia de equipamentos, cobertos ou ao ar livre para a iniciação da modalidade. As principais estruturas para a prática do golfe são:

Equipamento urbano de iniciação – de baixo custo, situado no centro da cidade, ou muito próximo, de fácil aceso, podendo ser instalado num edifício devoluto, salas de parques industriais desativados, etc., assente num modelo de gestão pública.

Equipamento urbano para treino – Podendo ou não, estar associado ao equipamento anterior, vocacionado para jogadores em formação ou já iniciados na modalidade. Beneficiando de grande acessibilidade, estes equipamentos oferecem o que podemos designar de pequeno jogo. Preferencialmente, estarão instalados em espaços verdes, solos desativados, parques, etc., funcionando como instrumento de requalificação urbana.

Percursos periurbanos – Rústicos de 9 ou 18 buracos, com um tratamento simples, aproveitando ao máximo a oferta natural do terreno e do espaço. Com equipamentos logísticos, ‘Clubhouse’, balneários, arrecadação, etc., de dimensão adequada e grande funcionalidade. De gestão pública, este equipamento já se pode situar a uma relativa distância do agregado urbano, permitindo o acesso em viatura pessoal ou transporte público.

Equipamentos com percursos clássicos de 9 ou 18 buracos de natureza privada, comerciais ou turísticos – Infraestruturas completamente apetrechadas, de resposta qualitativa, abertas ou não ou público, segundo o regime associativo ou puramente comercial. Grandes espaços, podendo responder às exigências do ato competitivo. (FPG, 2002)

Os equipamentos apresentados, poderão assim desenvolver-se em:

Instalação coberta – Sala de dimensão média, com equipamento amovível (rede para impacto de bolas, tees em piso sintético, putting green sintético, com um, dois ou três buracos). Localizável em pavilhões escolares, ginásios, caves, etc., é particularmente destinada à iniciação e prática.

Instalação de ar livre – Implantada numa superfície de 3 a 4 hectares, com um corredor de 80 a 100 m de largura e 200 a 250m de comprimento. Conhecida como driving range, no qual poderão ainda ser acoplados um putting green, um bunker e outras situações de treino. Este equipamento, na zona de

driving range, poderá oferecer entre 15 a 50 lugares de batimento de bolas.

Percursos pitch & putt – Espaço de treino e aperfeiçoamento de jogo curto, podendo estar associado aos equipamentos anteriores. Desenvolve-se numa superfície de 2 a 5 ha, e integra 6 ou 9 buracos, curtos, de 50 a 90 m de comprimento cada.

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Percurso compacto urbano de 9 buracos – Este equipamento permite já situações de treino e jogo. Integra percursos curtos de 60 a 228 m (par 3) e vários buracos de 235 m (par4). No total, o percurso poderá ter um par 27 a 33. É um equipamento de grande impacto, baixo custo, desenvolvendo-se numa área de 5 a 10 ha.

Percurso clássico de 9 ou 18 buracos – Desenvolve-se este equipamento num espaço que irá dos 30 aos 60-70 ha, permitindo todas as situações que vão desde o ensino, aprendizagem, aperfeiçoamento, treino e competição, formal e recreativa e alta competição no jogo do golfe. (FPG, 2002)

C) PRINCÍPIOS DE PROJETO DE UM CAMPO DE GOLFE MUNICIPAL

Existem vários fatores a considerar no projeto de um campo de golfe municipal. A escolha do terreno é um fator importante, nomeadamente a área que vai depender do tipo de campo a construir, mas também a possibilidade de expansão do campo, no caso de campos de 9 buracos e também a proximidade do local a grandes aglomerados populacionais. Também o tipo de solo é um fator importante, pois uma boa escolha deste evita gastos desnecessários na posterior manutenção. A água é necessária para a rega e volume necessário estará dependente da localização geográfica, da época do ano e do tipo de relva. Os fatores físicos do terreno também contribuem para a beleza do campo, como uma morfologia mais ondulada, a presença de água à superfície, presença de vegetação ou alguns acidentes no terreno. Existem outros fatores periféricos que também devem ser tidos em conta no momento de escolher o terreno, como a infra-estruturas disponíveis (água, electricidade, esgotos, etc…); os edifícios existentes, pois é sensato a utilização de edifícios já existentes para atendimento ou apoio ao funcionamento em vez de construir de novo; e também a envolvente ao local, devendo evitar-se zonas barulhentas, poluídas, excessivamente húmidas ou onde existam maus cheiros. (FPG, 2002)

O processo de licenciamento, para um campo de golfe, sendo este uma obra da iniciativa das autarquias locais, passa pelas seguintes fases:

1. Aprovação da administração central, (art.º 37º do Dec.-Lei nº 555/99, de 16 de Dezembro, revogado pelo Dec.-Lei nº 177/2001, de 4 de Junho).

2. Parecer da Direção Regional do Ambiente e do Ordenamento do Território e Autorização da assembleia municipal, (nº3 do art.º 7º do Dec.-Lei555/99, de 16 de Dezembro, revogado pelo Dec.-Lei nº 177/2001, de 4 de Junho).

3. Requisição de autorização prévia de localização à comissão de coordenação regional (CCR), (art.º 9º do Dec.-Lei nº 317/97, de 25 de Novembro).

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4. Discussão pública (nº5 do art.º 7º do Dec-Lei nº 555/99, de 16 de Dezembro, revogado peço Dec-Lei nº 177/2001, de 4 de Junho).

5. Parecer do Instituto Nacional do Desporto (arts.º 12º e 13º do Dec-Lei nº 317/97, de 25 de Novembro) 6. Apresentação de um Estudo de Impacto Ambiental (arts.º 12º, 13º, 14º, 16º, 18º e 20º do Dec-Lei nº

69/2000, de 3 de Maio).

7. Licença de funcionamento (arts.º 14º e 15º do Dec-Lei nº 317/97, de 25 de Novembro). 8. Vistoria (art.º 16º do Dec-Lei nº 317/97, de 25 de Novembro)

9. Alvará de licença de funcionamento (arts.º 17º e 18º do Dec-Lei nº 317/97, de 25 de Novembro). (FPG, 2002)

Aquando do planeamento do campo de golfe, torna-se necessário prever espaços destinados ao parqueamento do equipamento de manutenção (tratores, cortadores de relva, semeadoras, etc.), ao armazenamento de produtos vários, adubos, sementes, oficinas mecânicas para manutenção e reparação de equipamentos, etc. Serão igualmente incluídos espaços de receção, salas de serviços, balneários, vestiários, salas para equipamentos desportivos, etc.

Destes últimos, um mínimo se torna necessário estabelecer:

 Secretariado

 Receção e uma zona polivalente para afixação de informação e eventualmente de venda de artigos de golfe.

 Sala social com bar e pequena restauração

 Vestuários e sanitários

 Arrecadações para equipamentos de jogo e outros objetos

Local para armazenamento de trolleys (FPG, 2002)

D) EXEMPLOS DE CAMPOS DE GOLFE MUNICIPAIS EM PORTUGAL

I) JAMOR

Segundo Luís Macedo da Federação Portuguesa de Golfe, a 10 de Outubro de 2012, em resposta ao mail enviado a pedir informações sobre o campo de golfe do Jamor, o campo é constituído por 9 buracos. A implementação destes 9 buracos e zonas de treino, ocupam uma área de 23 hectares.

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Imagem 1 - Campo de treino do Jamor (fonte: João Rocha) Imagem 2 - Posições de batida de bola do Jamor (fonte: João Rocha) Encontram-se neste momento a funcionar o campo de treino (driving range) e a zona de treino para jogo curto (putting green e chipping green). O campo de reino conta com 25 posições para tacar e um comprimento total de 270 metros.

Segundo este “ A adesão tem sido fantástica quer aos dias de semana quer aos fim-de-semana. As horas de ponta durante a semana são à hora do almoço e ao fim do dia. Durante o fim de semana, a hora de ponta é todo o dia, excepto hora de almoço.

II) CANTANHEDE

A Academia Municipal de Golfe de Cantanhede, encontra-se inserida no Complexo Desportivo de Cantanhede. Com uma área total de 5,2 hectares, a Academia Municipal de Golfe de Cantanhede é constituída por um campo de 9 buracos de Pitch & Putt, uma zona de treino e ensino e por um ClubHouse. A zona de ensino e treino está dividida em três áreas distintas.

1. Putting Green, onde se pode treinar e aprender as técnicas de putting e de chipping.

2. Pitching green onde se pode treinar e aprender o pitching e a tacada na areia (bunker) e também treinar o

putting e o chipping.

3.Mini driving range, onde se aprende e treina a técnica de swing. (Pato, 2011)

A zona de jogo é constituída por um campo de 9 buracos de Pitch & Putt, onde as distâncias variam entre os 50 metros e os 90 metros. Os quatro primeiros buracos têm dois tees de saída o que permite disponibilizar aos jogadores três percursos com distâncias diferentes: O percurso Marialva com 1460 metros, o percurso Pedra com 1330 metros e o percurso Vinho com 1200 metros, sendo este último considerado o percurso oficial para competições de Pitch & Putt. (Pato, 2011)

A Academia Municipal de Golfe de Cantanhede encontra-se aberta ao público todos os dias da semana, em horários definidos pelo Município de Cantanhede. Procurando ir de encontro à procura existente e ao período de luz natural existente em cada época do ano. A instalação possui um horário de Verão, de Abril a Setembro, e um horário de Inverno, de Outubro a Março. (Pato, 2011)

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De forma a frequentar a Academia Municipal de Golfe de Cantanhede a população poderá realizar uma utilização livre, mediante cumprimento dos pré-requisitos estabelecidos em regulamento próprio, ou através de aulas de iniciação ou aperfeiçoamento, com marcação prévia. (Pato, 2011)

Situa-se numa localização estratégica, equidistante dos grandes centros populacionais de Aveiro, Coimbra e Figueira da Foz. O seu privilegiado acesso, através dos escassos quilómetros que o separam dos acessos da A1, A14 e A17 são fatores que potenciam significativamente a afluência de praticantes ocasionais ou regulares oriundos de outros concelhos. (Pato, 2011)

III) CIDADE UNIVERSITÁRIA

A construção da Academia de Golfe do Estádio Universitário de Lisboa (AGEUL) corresponde à 3.ª e última fase do Plano de Ordenamento do Estádio Universitário de Lisboa (EUL), estando implantada num terreno com cerca de 7 hectares, localizado na zona Oeste deste Complexo Desportivo Universitário, fazendo fronteira por um lado com os grandes campos de jogos nº 5, 6 e 7 e Centro de Ténis, e por outro com a pista de corrida contínua. (EUL, 2009)

O empreendimento da AGEUL é constituído por um Driving-

Range com 44 posições, a qual tem anexo um percurso de 6

buracos de par 3 (Pitch & Putt) com tees em relva artificial e

greens em relva natural, 10 obstáculos de areia (bunkers), um

grande putting green e espaço para treino de jogo curto. (EUL, 2009)

O percurso de 6 buracos tem uma dimensão que pode variar entre os 510 e os 550 metros, aproximadamente. Com exceção

para os buracos 1 e 4, cujos comprimentos máximos ultrapassam os 100 metros, todos os outros têm comprimentos inferiores aos 100 metros. A sua adaptação à configuração natural do terreno, permite oferecer uma boa variabilidade de situações de prática para pancadas de aproximação às seis zonas de finalização, com voltas completas em tempos que poderão ser inferiores aos 60 minutos. (EUL, 2009)

A zona de Driving-Range tem um piso térreo, com 22 posições para batimento de pancadas, e cobertura em terraço para um segundo piso ao ar livre com mais 22 posições de batimento. Este equipamento prevê ainda uma sala para estudo e análise de situações, bem como uma boa iluminação para a zona de batimentos, permitindo atividade em dias de condições climatéricas adversas e à noite. Este empreendimento incluirá ainda um ClubHouse, cujo edifício terá a seguinte constituição:

Fig. 16 - Esquema do campo de golfe da cidade universitária (EUL, 2009)

50 Ana Filipa Ferreira 14%

10%

53% 23%

População residente segundo grupos etários

0 - 14 anos 15 - 24 anos 25 - 64 anos 65 ou mais anos  Restaurante / Snack-bar;  Instalações sanitárias;

 Balneários Masculinos e Femininos;

 Loja para venda de equipamentos desportivos;

 Áreas Técnicas (EUL, 2009)

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