Canadá

São dois projetos a serem considerados: O Remote Community Services Telecentre (RCST) foi idealizado para testar e desenvolver o conceito de telecentros multifuncionais sem fio em localidades remotas e rurais, com foco em serviços de educação e saúde; mas também para o suporte ao desenvolvimento rural, pequenos negócios e acesso a serviços de comunicação e informação; e o Kitimat Community Skills Centre (KCSC), com o objetivo de prover essa comunidade remota do nordeste do país, formada por mais de 50 grupos étnicos distintos, de meios de acesso à educação e treinamento.

2.8.3.1 Remote Community Services Telecentre (RCST)

O RCST serviu de modelo para outros projetos de telecentros em função de seu sucesso, demonstrando uma crescente demanda pelo uso de tecnologias de rede entre pelas comunidades rurais e entre estas. Utilizando conexão por satélite, o projeto-piloto, com 6 localidades atendidas, recebeu avaliação positiva de mais de 88% dos usuários (SHEPPARD, 2001). Portal: <http://project.smartlabrador.ca/>.

• Acesso – O RCST funciona normalmente das 8 às 23 horas e sob demanda nos finais de semana.

• Alianças estratégicas – O resultado dependeu, em boa parte, das alianças estabelecidas entre os gestores, as comunidades, organizações e empresas.

• Avaliações –.Várias e periódicas avaliações foram realizadas no projeto RCST, incluindo o desenvolvimento de: avaliações focalizadas, técnicas e ferramentas para suporte ao processo de avaliação, protocolos para entrevistas, formulários de coleta de opiniões de usuários e análise estatística de dados de uso.

• Custeio – O RSCT contou com orçamento de Can$ 2 milhões para a sua implantação até 2000, contando com o apoio de instituições locais para seu sustento e localização inicial, com projeção para se tornar auto-sustentável no longo-prazo, operando como uma rede comercial e cobrando tarifas por serviços prestados.

• Equipe – Planejado para contar integralmente com o apoio da comunidade, por meio de voluntários, verificou-se a dificuldade de manter os níveis de atendimento adequados apenas com o uso de voluntários.

• Gestão – O projeto RCST possui um Comitê de Gestão formado por representantes dos parceiros que se reúne mensalmente. O processo de gestão é auxiliado por dois outros comitês, formados por grupos de usuários-chave e provedores dos setores de educação e saúde.

• Localização – Os pontos de acesso ao satélite dos RCST foram implementados nos hospitais locais ou em clínicas, a partir dos quais foram sendo criados novos pontos de acesso a serviços público e educação.

• Pessoal – As equipes do RCST foram inicialmente formadas por funcionários dos parceiros do projeto, de acordo com o papel de cada um. Embora previsse a adoção plena do voluntariado, a carga de trabalho crescente fez com que se estabelecesse a necessidade de contratação dos coordenadores locais. Foram definidas três políticas de treinamento (inicial, semanal e eventual).

• Publicidade – O RCST utilizou a Internet como veículo principal de comunicação e publicidade, complementado por uma política de apresentação em eventos nacionais e internacionais.

• Serviços – A permanente adaptação e adequação dos serviços às demandas e necessidades das comunidades locais e aos interesses dos patrocinadores e financiadores do projeto foi um fator crucial para assegurar a viabilidade do mesmo. • Tecnologia – O RCST tem como ponto chave de sua tecnologia o uso de banda de

satélite sob demanda (de 19,2 Kbps a 2Mbps), baseado em IP, o que permitiu flexibilidade no atendimento das necessidades, complementado por equipamento de videoconferência de alta qualidade, periféricos para telemedicina, educação à distância, colaboração e um número considerável de estações para acesso à Internet.

2.8.3.2 Kitimat Community Skills Centre (KCSC)

O projeto piloto do KCSC se tornou um importante elo da comunidade com o mundo, tornando-se plenamente viável e se constituindo em um importante modelo de integração de comunidades remotas. Os projetos daí derivados já não obtiveram o mesmo sucesso (HARTIG, 2001). Portal : <http://www.kcsc.bc.ca/index.htm>. Os fatores considerados mais importantes para os resultados foram:

• Acesso – O KCSC permanece aberto das 8 às 22 horas, mas permite o acesso a alguns serviços em regime de 24 horas por meio de um smart-card que dá acesso às instalações aos usuários autorizados.

• Alianças estratégicas – O resultado dependeu, em boa parte, das alianças estabelecidas entre os gestores, as comunidades, organizações e empresas.

• Avaliações – Já no KCSC não foi estabelecido um processo estruturado de avaliação, por falta de recursos, implicando na adoção de uma política de qualidade baseada na opinião imediata do usuário.

• Custeio – O KCSC iniciou suas operações com base em dotações públicas e em 6 anos se tornou auto-sustentável, cobrando pelos serviços prestados para a comunidade local, para as empresas e para o governo. Dos outros 20 telecentros montados com base no modelo do KCSC, onde foi estabelecido o prazo de 5 anos para se tornarem sustentáveis, apenas 7 não foram extintos ou absorvidos.

• Gestão – O KCSC opera como uma sociedade sem fins lucrativos de propriedade da comunidade e operada em uma base de recuperação de custos. Subordina-se a um quadro de 11 diretores representantes de vários setores econômicos, sociais e do governo.

• Localização – O KCSC já contava com verba para a construção do edifício sede, que precisou ser ampliado posteriormente, em função da demanda.

• Pessoal – O KCSC utiliza exclusivamente mão-de-obra contratada, contando com um gerente, um assistente administrativo em tempo integral e um assistente de finanças em período parcial, além de quatro consultores. O treinamento é visto como essencial e é realizado esporadicamente.

• Publicidade – O KCSC utiliza a publicidade de forma intensiva e extensiva, valendo- se de jornais, rádio, televisão e outros meios para comunicar e estimular o uso dos serviços do telecentro. A publicidade é considerada essencial para o sucesso do telecentro.

• Serviços – A adequação dos serviços às necessidades das comunidades locais e aos interesses dos patrocinadores e financiadores do projeto foi um fator crucial para assegurar a viabilidade do mesmo.

• Tecnologia – O KCSC foi equipado para ensino à distância via satélite (bandas C e Ku) com vídeo em uma via e áudio em duas vias, vídeo de 60 polegadas, sala de videoconferência e laboratório de informática, que evoluiu para a criação de uma rede

com salas de ensino em outras 3 cidades, além de laboratórios de tecnologia, línguas, engenharia e outros.