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5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

5.1 Análise dos cinco melhores e cinco piores do IDMM

5.1.3 Canarana

O município localiza-se na mesoregião nordeste, microregião de Canarana, possuí atualmente uma população estimada de 19.948 habitantes (IBGE 2014). A população encontra-se distribuída em uma área de 10.882,40 km², com uma densidade demográfica de 1,72hab/km², o PIB per capita a preços correntes (2012) foi de R$34.023,95 acima da média do Estado.

Figura 6 - Biograma das três dimensões do IDMM do município de Canarana - 2011

Fonte: Elaboração própria, com dados das três dimensões do IDMM (2015).

O índice de desenvolvimento multidimensional IDMM obtido para o município foi 75,58 o que conferiu a terceira posição neste indicador. A maior contribuição vem da dimensão ambiental, com índice de 81,04, seguida da político-institucional que alcançou 76,87, e da socioeconômica, com índice de 75,58. A figura 6, ilustra a situação das três dimensões que compõem o índice, observa-se bom desempenho e equilíbrio entre as dimensões. O bom desempenho da dimensão ambiental, foi influenciado pelas contribuições positivas nas subdimensões saneamento básico e preservação ambiental, em especial as variáveis coleta de lixo domiciliar que possuí boa cobertura no município, e a relação da área desmatada no município nos últimos 10 anos em relação a área desmatada no Estado, demonstrando força na dimensão ambiental.

Importante constar para esta análise, a localização geográfica do município, criado no traçado da expedição Roncador Xingu, possuí uma parte de seu território no Parque Indígena do Xingu. Destacando-se que, todas as nascentes situadas no município formam o rio Xingu e por este motivo há um engajamento para que as nascentes sejam preservadas e ou recuperadas (RIBEIRO, 2013). Apesar de ser pequena a parte do Parque dentro do município, a presença institucional indígena tem representação no seu território. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI), sediado no município, é responsável por atender todos os demais municípios que fazem parte do Parque, sendo previsto o controle social por meio dos Conselhos Indígenas de Saúde,

que garantem ao menos na legislação, a participação dos indígenas na gestão dos DSEI`s, com reuniões periódicas organizadas pelos gestores dos DSEI`s. Esta forma de gestão, estimula o capital social local e favorece a discussão, inclusive das questões ambientais. Observa-se atualmente ações de preservação ambiental e proteção dos povos indígenas, com articulação de vários atores locais em conjunto com a atuação ONG´s, que promovem ações integradas e geralmente possuem como ponto de apoio instituições sediadas no município.

A dimensão político institucional também contribuí positivamente para o índice, o município alcançou em 2011 a 21ª posição no IGFM do TCE-MT, com destaque positivo para os índices de liquidez e investimento, ensejando ações de controle somente no indicador custo da dívida. A subdimensão participação apresenta resultados favoráveis, demonstrando que o município oportuniza o desenvolvimento do capital social via conselhos municipais.

Os primeiros movimentos no sentido de povoamento iniciaram em 1972 com a elaboração de um anteprojeto de colonização iniciado pelo pastor Norberto Schwantes, por meio de uma cooperativa para pequenos agricultores provenientes do Sul do país, sendo o que o próprio pastor luterano que escolheu o nome para o município. Canarana é o nome de um capim da Amazônia, que , a exemplo de Nova Canaã do Norte, também faz alusão a Canaã – Terra Prometida, assim foi batizada a localidade, sendo elevado a categoria de município em 1979, com território desmembrado do município de Barra do Garças.

O movimento de colonização privado enfrentou dificuldades, tendo em vista que, a política governamental que providenciou a vinda dos agricultores, não disponibilizou infraestrutura e apoio (RIBEIRO, 2013). As famílias vieram em busca de terras, fugindo da escassez destas no Sul, porém cientes da necessidade do pagamento de seus lotes no Estado de Mato Grosso. As dificuldades enfrentadas pelos colonizadores pode ter sido fator explicativo para o desempenho político institucional atualmente registrado pelo IDMM. Para North (1992), os costumes, os modelos mentais do mundo social reforçam a trajetória, com implicações no desenvolvimento econômico. Putnam (1996), sobre os condicionantes do modo como às instituições públicas e sociais passam a atuar no presente, indica que as tradições formadas no passado acabam atuando como determinantes do modo como elas se organizam e atuam no contexto sócio-cultural regional. E ainda acerca da participação social, na suposição básica de que membros de associações tendem a ser politicamente e socialmente mais ativos, demonstra-se

como fator explicativo na medida em que se relaciona à cultura do associativismo e cooperação existentes no município.

A dimensão socioeconômica, proveniente do IDHM alcançou o índice de 69, 30, 56ª posição no Estado, classificado como médio, na composição do índice a maior participação é longevidade, seguido de renda e educação. Em análise do desempenho sob a ótica do VAB, observa-se que a atividade que mais contribui foi o setor serviços, com 59,55% de participação, a atividade agropecuária participa com 34,30% do VAB e vem se fortalecendo recentemente, já inaugurando o município como mais um expoente do “agronegócio” no Estado. Na análise do anexo O, que contém o número de empresas e empregos gerados por setores econômicos, observa-se que o setor agricultura, possuía em 2011, 288 empresas que ofertaram 1.181 empregos, a atividade conseguiu gerar grande número de empregos no município, quase na mesma proporção do comércio e serviços. O que pode demonstrar ainda certo grau de desconcentração nesta atividade por enquanto, ou mesmo a permanência de pequenas e médias propriedades.

O setor industrial é o que possuí menor representação na ordem de 6,15% do VAB, e possuía em 2011, 49 empresas, que geraram 179 empregos, com destaque na Construção civil, Alimentos e bebidas, Indústria de minerais não metálicos e metalúrgica, de acordo com dados da RAIS. O setor indústria no município possuí potencial em ofertar empregos.

Considerando que a dimensão mais forte para o município foi a ambiental, e diante da importância da preservação ambiental no contexto atual, e tendo como fator o papel da agropecuária no contexto econômico do município, acredita-se que devem continuar merecendo a atenção a médio e longo prazo, os aspectos acerca do uso de agrotóxicos, erosão do solo, contaminação de nascentes e do solo por produtos químicos bem como a própria proteção de nascentes, que poderiam piorar os desempenhos em outras dimensões futuramente, em especial no que se refere a saúde da população e a proteção das nascentes dos rios que compõem o Parque do Xingu.

Assim, diante das subdimensões da sustentabilidade indicadas por Sachs (1993), das relações entre o porvir das sociedades e a evolução da biosfera, prudência ecológica e bom uso da natureza, vale ressaltar as considerações de Sen (2010), no contexto da análise do desenvolvimento que contempla a dimensão político-institucional, que não pode prescindir de uma perspectiva do papel das liberdades dos indivíduos caracterizadas particularmente pela

expansão das capacidades “capabilities’ das pessoas em levar o tipo de vida que elas valorizam, sendo que tais capacidades que podem ser aumentadas tanto pelas políticas públicas, como também, por outro lado, as políticas públicas podem ser influenciadas pelo uso efetivo das capacidades participativas do povo.

Por fim, após análise do município concluí-se que o desempenho ambiental contribuiu favoravelmente para os resultados do IDMM, seguido do político institucional e na sequência da dimensão socioeconômica, porém existe certo equilíbrio entre os resultados obtidos entre as dimensões do desenvolvimento.