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MODELO ANALÍTICO DA DISSERTAÇÃO

CAPACIDADE TECNOLOGICA

Indivíduos – conhecimento tácito

atividades desenvolvidas na organização no longo do tempo. Os sistemas organizacionais estão constituídos pelas rotinas, procedimentos operacionais e manuais de instrução que especificam a forma como deve ser desenvolvida a atividade empresarial. Em quanto aos produtos e serviços são o fim pelo qual existe a empresa, constituindo-se na parte mais visível da capacidade tecnológica (FIGUEIREIDO, 2005).

A interação e integração dos anteriores componentes dentro do contexto empresarial vai assegurar a transformação do conhecimento tácito, na criação de novos produtos, estratégias gerenciais e de produção inovadoras que vão criar a base ao desenvolvimento econômico em economias emergentes. Segundo Figueiredo (2001) a acumulação de capacidades tecnológicas em organizações atuantes em economias emergentes ou empresas em industrialização recente é a base ao desenvolvimento econômico devido a que em quanto este tipo de indústrias precisa acumular capacidades tecnológicas por meio de processos de aprendizado, as indústrias atuantes em países desenvolvidos apresentam capacidades tecnológicas inovadoras que definem a fronteira tecnológica desenvolvendo atividades de tipo mais complexo.

Dada a clareza do conceito para descrever a trajetória de acumulação de capacidades tecnológicas, está será a definição usada na presente dissertação, levando em conta que o conceito tem sido adaptado para economias emergentes por meio de diferentes trabalhos empíricos como Ariffin & Figueiredo (2003), Figueiredo (2003), Tacla (2002), Souza (2002), Ariffin (2000) entre outros.

3.2.2 Modelo de análise para mensurar as capacidades tecnológicas

Comumente a literatura tem apresentado indicadores convencionais baseados em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e patentes para medir capacidades tecnológicas tanto em empresas como em países. Embora estes indicadores apresentem uma perspectiva agregada da atividade econômica, em economias emergentes tem um forte limitante segundo argumentado por Figueiredo (2001, 2003b), Dutrénit (2000), Arifin (2000) e Bell e Pavitt (1993).

Alguma das limitações expressadas pelos autores, refere-se ao fato, que os indicadores anteriormente mencionados não conseguem registrar os avanços tecnológicos presentes nos diferentes setores industriais e economias onde os esforços em P&D não são o eixo central para o desenvolvimento. Neste tipo de economias as atividades inovadoras estão presentes e são acumuladas nas atividades desenvolvidas pelas diferentes áreas e departamentos que conformam a estrutura organizacional.

No que concerne à mensuração de capacidades tecnológicas a partir de patentes internacionais à economias emergentes acontece uma situação similar. As atividades desenvolvidas nestes países não permitem registrar novos produtos no mercado dos Estados Unidos com a mesma freqüência que o fazem os paises tecnologicamente avançados, onde existem níveis profundos de P&D.

Outra limitante dos indicadores convencionais é sua característica estática. Ou seja, a capacidade tecnológica é medida num momento preciso sem levar em conta a trajetória tecnológica de acumulação.

Identificando as limitantes da aplicação dos indicadores convencionais para economias emergentes e como resposta à preencher o faltante existente na literatura em quanto à mensuração de capacidades tecnológicas Bell e Pavitt (1995) adaptou de Lall (1992) uma métrica que estabelece funções tecnológicas por coluna em quanto o grau de dificuldade é estabelecido por linha. O grau de complexidade apresentado na estrutura matricial é gradual, o que permite identificar as capacidades tecnológicas com alto grau de precisão para empresas atuantes em economias emergentes.

O modelo registra a descrição das capacidades tecnológicas adquiridas pelas empresas desde o nível básico ou rotinario, até as atividades complexas ou inovadoras. Figueiredo (2001) afirma que a utilização do modelo reflete as atividades tecnológicas das organizações, sendo possível adaptá-la para diferentes setores industriais.

O modelo aplicado nesta dissertação baseia-se na estrutura desenvolvida por Figueiredo (2001), adaptada de Lall (1992). As funções foram estabelecidas à indústria de celulose

e papel segundo as características e tecnologias presentes no setor. Foram definidas quatro tipos de funções tecnológicas, segundo apresenta a Tabela 3.1 e a Tabela 3.2. As tabelas descrevem o modelo analítico dispondo em colunas as quatro funções definidas para o setor: projeto, processo, produto e equipamentos de processo. As atividades foram categorizadas segundo o nível de complexidade durante a fase de execução, sendo possível à empresa atingir níveis de complexidade maior sem ter passado pelo nível imediatamente anterior (BELL e PAVITT, 1995; FIGUEIREDO, 2003). Cada uma das células estabelece o nível de complexidade das atividades referentes ao desenvolvimento das funções a fim de que cada empresa seja avaliada, conseguindo-se determinar o nível de capacidade que possui.

3.2.3 Modelo descritivo à mensuração de capacidade tecnológica nesta dissertação.

O modelo aplicado para mensurar as capacidades tecnológicas nas empresas do setor celulose e papel, corresponde à adaptação do modelo de Figueiredo (2001). Como será apresentado foram elaboradas duas métricas correspondentes ao segmento de celulose e seguidamente ao segmento de papel. A métrica de celulose será aplicada à Aracruz e VCP, em quanto a métrica de papel será aplicada para Klabin.

3.2.3.1 Capacidade tecnológica na indústria de celulose

Concordando com Figueiredo (2001), a Tabela 3.1 apresenta as funções tecnológicas e as atividades desenvolvidas pelas indústrias cujo fim é a produção de celulose. O modelo está composto por 6 níveis de complexidade. Para as funções projetos e processo, são três os níveis de capacidade de rotina e três os referentes a capacidades inovadoras, já na função produto e equipamento se estabelecem 4 níveis de atividade inovadora.

Tabela 3.1 – Modelo descritivo para mensurar ás capacidades tecnológicas na indústria de celulose

Funções Tecnológicas Níveis de

Competência Gestão de Projetos Atividades Relacionadas à Produto Processo e Organização da Produção Equipamentos de Processo ATIVIDADE DE ROTINA

Nível 1 Básico

Definição e coordenação de projetos de curta duração e mono disciplinares (simples) sob assistência externa. Em geral projetos relacionados com engenharia de suporte.

Gestão do projeto realizada pelo fornecedor.

Capacidade de fornecimento de celulose conforme especificações usuais de mercado.

Cumprimento de rotinas de qualidade.

Coordenação e execução da produção rotineira em toda a planta a partir de madeiras inicialmente projetadas para uso (por exemplo, eucalipto e/ou pinus)

Implementação e controle de processos de qualidade (por exemplo, PCP e CQ) em atendimento da segurança ambiental.

Operacionalização do equipamento à base de especificações do fornecedor. Execução de manutenções corretivas críticas ou não com base em supervisão de fornecedor.

Nível 2 Renovado

Identificação das etapas para integração na gestão de projetos (por exemplo, formalização, escopo preliminar, gerenciamento, execução, monitoramento e controle).

Aplicação da gestão de projetos em forma básica para projetos simples.

Elaboração de produtos conforme a normas internacionais de gestão da qualidade (por exemplo, ISO 9001).

Participação no mercado de exportação.

Padronização de processos

Avaliação e aplicação de corretivos sob as etapas do processo de produção com assessoria externa (fornecedor). Atendimento a requisitos à obtenção de certificações internacionais de gestão da qualidade (por exemplo, ISO 9001, ISO 14000)

Implementação e execução de manutenção preventiva e preditiva, com atendimento a requisitos de certificação internacional (por exemplo, ISO 9001).