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Para analisar o giro das empresas, o estudo apresentou dois ativos importantes e que possuem influência direta no caixa, o faturamento e o volume de estoque.

Quanto ao faturamento, os resultados da pesquisa podem ser visualizados no Quadro 4: Quadro 4 - Média de faturamento das MPEs

Média de faturamento mensal Porcentagem

Menos de R$ 5.000,00 24,40% Entre R$ 5.000,00 e R$ 10.000,00 16,70% Entre R$ 11.000,00 e R$ 20.000,00 16,70% Entre R$ 21.000,00 e R$ 30.000,00 24,40% Mais de R$ 30.000,00 17,40% Não sei 2,60% Fonte: A autora, 2019.

Os índices de faturamento são muito importantes para a gestão financeira, pois é através do conhecimento desse ativo que a empresa pode elaborar seu orçamento de vendas. A pesquisa demonstrou nos resultados que os micro e pequenos empresários possuem faturamentos distintos, em que (41,10%) estão na faixa de até R$ 10.000,00 mês, outros (41,10%) na faixa de R$ 11.000,00 até R$ 30.000,00 e apenas (17,40%) com faturamento mensal superior a R$ 30.000,00. Pode-se notar, que embora as empresas possuam como característica em comum o mesmo segmento e mesma marca para revenda, os faturamentos são bem distintos.

O faturamento é um dos fatores que podem levar as empresas estudadas ao endividamento, pois em casos de baixo faturamento associado a altos custos fixos, estoque acumulado, e falta de capital de giro, o caixa pode ficar comprometido e na falta de dinheiro,

gerar atrasos nos pagamentos das obrigações, como a de fornecedores, financiamentos e impostos. O estudo demostrou que a maioria das empresas do grupo possuem faturamento modesto característico de uma micro empresa, conforme aborda Azevedo e Leone (2011 apud Soihet, 2008).

Outro ativo importante para o giro das empresas estudadas são os estoques, fator que pode contribuir com as dificuldades financeiras das empresas. O estoque é um ativo da empresa que pode gerar receitas, mas a geração de receitas em cima desses estoques deve ser rápida, pois manter estoque por muito tempo além dos custos de manutenção, corresponde a um valor que poderia estar rendendo de outras formas. O segmento das empresas estudadas não caracteriza- se por acumulo de estoque, pois a compra do fornecedor deve ser feita somente após a venda concretizada ao cliente final. Pelo menos é a essa a ideia de negócio proposta pela empresa fabricante a seus distribuidores. Entretanto, o resultado da pesquisa não foi de encontro com o que a fabricante orienta, conforme visualizado o Gráfico 1:

Gráfico 1- Valor médio que empresa possui em estoque

Fonte: A autora, 2019.

Como pode-se visualizar, das empresas do grupo (29,1%) não possuem estoque, ou seja, indica que efetuam a compra do fornecedor somente após o fechamento da venda com o cliente final. Já o percentual encontrado de (70,9%) que afirmam possuir estoque, geram uma contradição quanto ao modelo de negócio proposto pela empresa fornecedora dos produtos de revenda, que orienta seus distribuidores a efetuar a compra após a efetiva concretização da venda ao cliente final. Esse resultado pode estar relacionado diretamente com o próprio modelo de premiações que a fabricante utiliza, pois considera o valor da compra e não do efetivo pagamento, ou seja, pode haver nos resultados, micro e pequenos empresários que efetuam

compras do fornecedor para bater metas e serem premiados no mês, mas que não necessariamente venderam o produto ao consumidor final, e por este motivo, vai estocando.

O excesso de estoque pode prejudicar o fluxo de caixa e impactar no giro, e é preocupante para a saúde financeira da empresa, pois de acordo SEBRAE (2016), é uma das causas mais recorrentes para o endividamento, e representam segundo Donato et. al (2007 apud Lambert 1998) parte significativa dos ativos da empresa, pois em excesso reduzem a lucratividade da empresa, devido aos custos indiretos associados à manutenção do estoque, como custos com impostos, seguros, espaço para armazenagem, obsolescência e avarias.

Outro fator que impacta diretamente no caixa da empresa, e que necessita atenção, são as formas mais frequentes de recebimento dos clientes, pois a quantidade de parcelas, bem como o prazo concedido, atinge diretamente o fluxo de caixa e pode influenciar no endividamento da empresa. Na pesquisa, encontrou-se os seguintes resultados que podem ser visualizados no Quadro 5:

Quadro 5 - Métodos de recebimento

Método de recebimento Frequência

Venda com cheque parcelado 25%

Venda à vista (dinheiro, crédito, débito ou cheque) 25%

Venda com boleto parcelado 24%

Venda no cartão de crédito parcelado 16%

Venda com nota promissória 9%

Fonte: A autora, 2019.

Nota-se, que entre os métodos mais utilizados nas operações de vendas, estão à venda com cheque pré-datado parcelado, seguido por venda à vista e boleto parcelado. Vendas realizadas com cheque pré-datado e boleto parcelado podem não ser atraentes para o fluxo de caixa dos empresários que não possuem capital para giro, pois o empresário precisa pagar o fornecedor antes de receber pela venda, fator agravante para o endividamento. Entretanto, é fator decisivo em uma venda a forma de pagamento escolhida pelo consumidor final, que vai decidir pela forma que atenda ao seu orçamento. Ou seja, é muito mais difícil a condição de recebimento da venda ser ditada pelo pequeno empresário de acordo com o que seu caixa necessita naquele momento. Por este motivo, em casos de fluxo de caixa comprometido, mesmo sendo mais atrativo para a saúde financeira da empresa receber à vista, é o consumidor final que acaba decidindo. Esse resultado vai de encontro com o que Ferronato (2011) traz como uma das dificuldades que as MPEs enfrentam, pois são condicionadas as condições de

pagamento impostas pelo fornecedor, que são em sua maioria de curto prazo, e associa-se ao longo prazo que o consumidor final exige, fator que compromete a liquidez do negócio.

Por outro lado, as vendas parceladas que incidem em cobrança de juros pelo prazo, se tornam atraentes para aquelas empresas que possuem um fluxo de caixa sólido e que conseguem sustentar o cliente sem prejudicar o seu giro, pois além do valor do bem, ainda recebem percentual de juros sobre ele.

Para conhecer os prazos de recebimento, foi perguntado aos integrantes se em caso de venda parcelada, qual o intervalo de tempo mais frequente para recebimento da primeira parcela, onde obteve-se uma resposta de (66%) para recebimento em até 30 dias, seguido por 60 e 90 dias (24%), e mais de 90 dias (10%).

Após conhecer as formas de recebimento pelas vendas, é redundante analisar as formas mais utilizadas para compra do fornecedor, com intuito de verificar quanto do negócio está sendo financiado por recursos de terceiros (fornecedor) e o se o prazo imposto pelo fornecedor é atraente para o fluxo de caixa dos empresários. No Quadro 6 os dados obtidos na pesquisa: Quadro 6 - Método de pagamento ao fornecedor

Método de pagamento mais utilizado ao fornecedor

Ocorrência mais frequente

Pagamento à prazo - entre (20 dias/30 dias) pago com depósito na data de

vencimento 32%

Pagamento à prazo com cheques de clientes (terceiros) 25%

Pagamento à vista - no ato da compra já paga 24%

Parcelado no boleto com juros de compra a prazo (até 10x) 19%

Fonte: A autora, 2019.

Dentre os métodos de pagamento, o mais frequente é o pagamento a prazo em 20 dias para clientes da região sul, e prazo de pagamento de 30 dias para clientes das demais regiões do país, resultando em (32%) das compras, seguido pelo pagamento com cheque de terceiros (25%), pagamento a vista (24%) e (19%) com boleto parcelado com acréscimo de juros.

Ao analisar as respostas, notou-se que entre os integrantes que responderam vender ao consumidor final no método de pagamento cheque parcelado, houve um percentual de (65%) que respondeu que compra do fornecedor com cheque de clientes, ou seja, esses gestores repassam a responsabilidade de receber os cheques de seus clientes para a empresa fornecedora, como forma de pagamento pelos produtos adquiridos, que são liquidados no momento em que

os cheques são repassados. A empresa fornecedora cobra juros pelo recebimento dos cheques parcelados, devido ao prazo de recebimento, que vai depender da quantidade de parcelas. Como pode-se perceber, nesse tipo de operação o fornecedor indiretamente está financiando a venda realizada pelo distribuidor ao cliente final, que no curto prazo teve sua obrigação financeira liquidada ao oferecer cheques pré-datados de terceiros, mas que diminuiu sua margem de lucro devido ao pagamento de juros.

Outro resultado que impacta no giro é referente as compras e vendas à vista. Nota-se que a maior parte dos empreendedores são da região sul, com participação de (87%), e que (32%) dos respondentes fazem compras do fornecedor com prazo de pagamento de até 30 dias, ou seja, quando a venda é realizada a vista ao consumidor final, o empresário da região sul ainda possui margem de 20 dias para pagar o fornecedor, o que é muito conveniente para o fluxo de caixa, já que está tendo sua operação 100% sustentada pelo fornecedor.

Ao analisar as respostas, percebe-se que o microempresário pode obter vantagens para o caixa quando consegue financiar suas operações com capital de terceiros (fornecedor), nos casos de vendas recebidas a vista, e pagas ao fornecedor com prazo de até 30 dias.

Por outro lado, nos casos de vendas e compras com cheques pré-datados, a margem de lucro diminui, mas em troca, tem a obrigação financeira com o fornecedor liquidada no curto prazo, mesmo assumindo riscos de gerar nova obrigação financeira no médio e longo prazo caso o cheque do cliente não possua fundos.

Em situações de empresas com boa saúde financeira, as vendas para o consumidor final a prazo geram maiores vantagens devido aos juros cobrados, e as ofertas de diversas condições de pagamento facilitam o fechamento da venda. Além dessa vantagem no longo prazo, a curto prazo o fornecedor oferece desconto de 3% para pagamentos até o vencimento.

O empreendedor deve estar ciente que ao financiar o cliente final deve possuir giro suficiente para sustentar o pagamento ao fornecedor e demais custos e despesas da empresa até que receba o montante acrescido de juros no longo prazo. A parcela de empresas que não detém de capital próprio para o giro do caixa precisa estar atenta a toda operação de compra e venda, pois possuem maior chance de se se tornarem inadimplentes e se endividar.

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