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3.2 A EMPRESA ESTUDADA

3.2.1 Característica da empresa

Conforme mencionado anteriormente, a rede de distribuição logística do setor é bastante complexa e a empresa estudada é um exemplo representativo disso. A empresa está presente em diversos países e atende clientes ao redor do mundo. No Brasil, a empresa conta com fábricas próprias e algumas contratadas (na maior parte fornecedores que trabalham principalmente no ramo de embalagem de produtos) e possui vários centros de distribuição distribuídos pelo país.

A Figura 3.5 abaixo mostra o escopo da rede de distribuição logística da empresa no Brasil.

Figura 3.5 - Rede de distribuição logística da empresa no Brasil.

Como pode ser visto na Figura 3.5 a empresa conta com quatro fábricas próprias (Fábricas 1, 2,3 e 4), as quais podem ainda possuir empresas contratadas prestando serviço para as mesmas. Estas fábricas também são supridas por numerosos fornecedores, sendo que um mesmo fornecedor pode atender mais de uma fábrica ou ser exclusivo. Além disso, ainda podem existir fornecedores de outros países e as importações de matérias-primas ou produtos podem chegar através dos portos (Portos 1 e 2, conforme indicado na Figura 3.5). As fábricas enviam seus produtos para oito centros de distribuição (CD 1, 2, 3, 4, 5 e 6) e (CD ext. 1 e 2), sendo que um deles funciona apenas para armazenagem (não vende produtos a clientes, apenas transfere mercadorias para outros CDs em função de questões fiscais e tributárias adotadas pela empresa) e dois são contratados (externos) e apenas são utilizados quando existe restrição de capacidade nos demais.

Os centros de distribuição podem vender ou não produtos diretamente a clientes de atacado ou varejo, alguns funcionam apenas como armazém. Além disso, alguns clientes são atendidos exclusivamente por um CD ou por vários deles. Também, existe a atividade de importação e exportação de produto final que acontece nos centros de distribuição para os portos. É importante considerar que todo este fluxo de produtos pode acontecer de forma inversa, ou seja, tudo que é enviado também pode ser recebido de volta. Em resumo, esta cadeia é bastante complexa, mas é composta basicamente por fornecedores, fábricas, portos, centros de distribuição e clientes, sendo que cada um destes componentes tem a sua importância e um papel fundamental na cadeia como um todo.

Para aumentar ainda mais a complexidade desta operação, a empresa estudada trabalha com uma grande variedade de produtos que podem ser fabricados nas plantas do Brasil ou podem ser importados das plantas da empresa em outros países. Estes produtos são divididos em função de suas características comuns em grupos de produtos e atualmente no Brasil conta com 8 grupos de produtos, os quais por questão de preservação dos interesses da empresa são tratados neste trabalho como A, B, C, D, E, F, G e H. Além disso, cada grupo de produto possui vários produtos que na empresa são tratados pelo termo SKU (Stock Keeping Unit) que é a referência que designa cada item de acordo com sua forma de apresentação, tamanho, forma, cor ou outras caraterísticas, sendo que um inventário de SKU significa o número de códigos e referências diferentes de produtos que a empresa possui. A empresa estudada apresenta em média para cada grupo 50 SKUs ativos, ou seja, disponíveis para venda, fora os SKUs remanescentes, inativos e pré-ativos (ainda em desenvolvimento).

Assim como todas as empresas do setor de bens de consumo não duráveis, a empresa estudada também é bastante influenciada pela concentração de vendas no final do período. A

Tabela 3.3 a seguir, mostra como as vendas se comportam semanalmente durante o mês traçando um comparativo de alguns países onde a empresa atua, no caso, um país da América do Norte, dois países da América do Sul que são parceiros comerciais do Brasil e o próprio Brasil. A tabela apresenta o percentual de embarques (faturamentos de produtos) feitos ao longo do mês de outubro de 2014 e no final apresenta a média dos países. Nota-se que, o volume de produtos faturados aumenta consideravelmente ao longo das semanas e que o maior volume acontece na última semana do mês, ou seja, existe um pico de faturamento. Também, é possível notar que o Brasil comparado com os demais países, apresenta um pico de faturamento mais acentuado, chegando a ultrapassar 50% do total faturado no mês apenas na última semana.

Tabela 3.3 - Percentual de pedidos faturados semanalmente durante um mês nos países da América Latina.

Faturamentos Semanais

Do dia 01/out 06/out 13/out 20/out 27/out

Até o dia 05/out 12/out 19/out 26/out 31/out

Semana 1 2 3 4 5

País da América do Norte 13,0% 17,3% 21,9% 21,3% 26,5%

Brasil 4,3% 8,8% 12,3% 22,2% 52,5%

País 1 da América do Sul 12,1% 18,6% 16,4% 21,2% 31,7%

País 2 da América do Sul 9,4% 14,1% 21,0% 20,2% 35,3%

Média 9,7% 14,7% 17,9% 21,23% 36,5%

Fonte: Dados coletados pelo autor durante visita na empresa, 2014.

Adicional a isso, a empresa estudada possui algumas características específicas em relação às vendas e o atendimento da demanda que são importantes para o problema em questão. Na empresa, é possível o não atendimento total da demanda, ou seja, a falta de estoque no centro de distribuição implica em não atendimento de alguns pedidos.

Também é aceito que os clientes emitam pedidos em quantidades acima da previsão da demanda semanal ou mensal, ou seja, é permitido ficar com pedido em aberto no sistema e existir a falta de produto. Desta forma, é como se o estoque ficasse negativo até receber mais produto. Teoricamente, pedidos acima da previsão da demanda deveriam ser uma exceção ou casos particulares de negociação com cliente, uma vez que as previsões de vendas realizadas pela empresa deveriam garantir acuracidade nos números. No entanto, na prática, a falta de produto e pedidos acima da previsão da demanda são situações que acontecem com certa frequência.