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Características das Dificuldades de Aprendizagem

No documento É Tobias e não Todias...certo? (páginas 32-35)

Capítulo I – Enquadramento teórico

1. Abordagem às Dificuldades de Aprendizagem Específicas (DAE)

1.2. Características das Dificuldades de Aprendizagem

Apesar das crianças com DAE serem um grupo bastante heterogéneo, apresentam em comum algumas características gerais a níveis cognitivos, emocionais e sociais (Fonseca, 1999).

Para além destes indivíduos manifestarem, ao longo de todo o seu percurso académico, determinadas dificuldades ao nível das diferentes áreas de aprendizagem e desenvolvimento, visíveis nas dificuldades na expressão e compreensão oral e escrita, na leitura e na aritmética – cálculo mental, apresentam outros problemas, mais comuns, do que noutras crianças sem dificuldades, que se relacionam com a receção, a organização e a apropriação do que lhes é transmitido (problemas de memória e de perceção – processamento) e problemas ao nível da informação e da explanação dos conteúdos (fala, leitura, escrita) (Correia, 1997; Fonseca, 1999, cit. por Cruz, 2009).

Como demonstra o Quadro 1 – Características/Classificação das DAE, atualmente, representam-se as caracteristicas das DAE em seis categorias:

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Quadro 1: Características/Classificação das DAE. Fonte:1

Para além destas categorias acima identificadas, as crianças com DAE podem ainda apresentar outras caracteristicas como: a Hiperatividade; Problemas Percetivo- Motores; Instabilidades emocionais (comportamentos emocionais entusiásticos e súbitos, sem razões evidentes); Défices de coordenação geral (coordenação motora bastante medíocre); Desordens de atenção (períodos pequenos de atenção); Desordens de memorização e de pensamento; Desordens de audição e da linguagem; Impulsividade; “Dificuldades de aprendizagem” ao nível da leitura, da escrita, da soletração e aritmética, e, por último, não menos importante, alguns sinais neurológicos difusos (Clements, 1996, cit. por Cruz, 2009).

1 Adaptado de Correia, 2004 (cit. por Cruz, 2009)

Categorias Características

Auditivo- linguística

Problemas de perceção frequentes, levando a criança a deter determinadas dificuldades ao nível da execução e compreensão das informações que lhe são transmitidas. Não sendo, assim, um problema de subtileza auditiva (a criança ouve bem), mas sim de compreensão/perceção da informação que é transmitida.

Visuo-espacial

Engloba diversas características tais como: a incapacidade para compreender a cor; para diferenciar estímulos essenciais de secundários, e para visualizar orientações no espaço.

Deste modo, aquelas crianças que apresentam problemas nas relações espaciais e direcionais têm, habitualmente, dificuldades na leitura, em especial na leitura das letras” b” e “d” e “p” e “ q” (reversões – em forma de espelho).

Motora

Apresenta DA ligadas à área motora, manifestando problemas de coordenação global ou fina ou mesmo de ambas, originando dificuldades ao nível da escrita, bem como problemas posteriores no manuseamento dos utensílios de escrita (lápis, teclado do computador, entre outros).

Organizacional

Manifesta problemas quanto à organização do princípio, meio e fim de uma tarefa. Verificando-se, ainda, algumas dificuldades em resumir e organizar a informação num documento, provocando, na maioria dos casos, o impedimento da realização de Trabalhos de casa, apresentações orais, e outras tarefas escolares.

Académica

É uma das categorias e características mais comuns no seio das DA. As crianças tanto apresentam problemas ao nível da área da matemática, como podem ser dotadas nesta mesma área e terem problemas austeros na área da leitura ou da escrita (ou em ambas).

Sócio -emocional

Dificuldades no cumprimento de normas sociais (Tomada de vez – esperar pelo momento de falar) e de interpretações das expressões faciais, o que faz com que o aluno seja muitas vezes incapaz de desempenhar tarefas apropriadas à sua idade cronológica e mental.

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Atendendo a estas características e à forma como estas vão emergindo, é fundamental o papel que a escola e os agentes educacinais podem desempenhar no despiste destas situações. Assim, a partir do momento em que a criança tem contacto com a escola e manifesta determinadas características, sendo estas cognitivas, psicomotoras e socio afetivas, deve ser, segundo Fonseca (2008), crucial que todos os docentes e profissionais de ensino consigam identificar todos os sinais de risco tão característicos destas crianças com NEE. Segundo o mesmo autor, este considera que o diagnóstico precoce no Pré-escolar ou até mesmo no 1º. Ciclo do Ensino Básico constitui uma das estratégias principais de antecipação para a minimização e redução dos efeitos derivados de qualquer dificuldade de aprendizagem, visto que nas idades mais baixas a plasticidade e flexibilidade cerebral é muito superior, proporcionando uma intervenção muito mais gratificante e recompensadora, tendo consequências bastante significativas e positivas nas aprendizagens posteriores de cada criança.

É neste sentido que Fonseca (2014) nos apresenta alguns dos indícios mais relevantes a ter em conta no Pré-escolar e no 1º. Ciclo do Ensino Básico.

No que diz respeito ao Pré-escolar são de realçar aspetos, tais como: dificuldades acrescidas nas áreas de expressão plástica e linguística (dificuldades em comunicar), dificuldades constantes em identificar as letras do próprio nome; lapsos de memória (esquecimento); fragilidades em expressar e enumerar determinadas características pertencentes a vários objetos; grandes obstáculos nas contagens mais elementares (raciocínio matemático irrisório), dificuldades em concentrar a sua atenção, entre outras.

Ao nível do 1º Ciclo do Ensino Básico, o mesmo autor faz referência a comportamentos mais acrescidos, como grande oposição em frequentar a escola, desinteresse constante por todas as áreas de aprendizagem, mais concretamente áreas que proporcionem o diálogo/comunicação, a leitura, a escrita e a aritmética, dificuldades de identificação de letras e da produção oral das mesmas, pequenos períodos de concentração, problemas a níveis motores e de organização temporal e espacial (falta de orientação).

Por último, e tendo em conta todas as características e sinais de alerta que foram sendo mencionados, as avaliações globais e sistemáticas de crianças com DAE devem ter um cariz multi e transdisciplinar, incluindo as componentes médicas, psicológicas e pedagógicas de todos os profissionais especializados, no sentido de modificar e de evidenciar as várias dificuldades sentidas e ultrapassadas pelas crianças ao longo de todo o ano letivo (Lopes 2008; Fonseca, 2014).

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1.3. Dificuldades de Aprendizagem Específicas: Dislexia, Disgrafia,

No documento É Tobias e não Todias...certo? (páginas 32-35)