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2 O DIREITO AO ENVELHECIMENTO DÍGNO

3.4 Características dos Conselhos de Direito da

Os conselhos do idoso devem ser criados, assim como os demais conselhos, por lei ordinária, com a necessidade de um anteprojeto elaborado e discutido em fóruns de debate, o qual deve ser encaminhado e considerado pelo Executivo e pelo Legislativo, que o transforma em projeto de lei e o retorna ao Executivo para ser sancionado.

São regidos pelo regime de paridade e devem se constituir de igual número de representantes governamentais e não governamentais, com representantes que mantenham afinidade com as questões do idoso e que falem pelo sujeito coletivo que representam. A definição quantitativa dos membros de um conselho pode ser alterada de localidade para localidade, devendo estar citada no regimento interno. Dependendo do porte do município e da organização da sociedade civil, sugere-se que o conselho tenha entre dez e catorze membros, com mandato de dois anos, admitindo-se uma recondução, com alternância entre os representantes governamentais e os não governamentais.

Os representantes da sociedade civil devem ser eleitos a partir de uma assembléia, ou de um fórum especialmente convocado para tal fim, com ampla divulgação da data, horário e local em que o evento ocorrerá, assim como das regras para inscrição, votação e escolha dos candidatos, apuração dos votos e divulgação do resultado. Cabe à sociedade e ao poder público acompanhar as atividades do conselho e o desempenho de seus conselheiros, exigindo empenho e compromisso em seus trabalhos.

Os conselhos devem integrar uma secretaria, seja nacional, estadual ou municipal, que lhe dará apoio estrutural e funcional, não devendo haver para o conselho qualquer condição de subordinação. Sua função é ser um espaço público, de participação, de crítica, de fiscalização, de construção e de deliberação, indiferente às intromissões e desejos particulares.

Os principais objetivos dos Conselhos de Direito da Pessoa Idosa, segundo Pereira (2005, p. 30), são:

a) defender os direitos da pessoa idosa previstos em lei; b) exercer o controle democrático das ações e omissões do poder público e da sociedade referentes aos direitos e ao bem- estar dos idosos;

c) zelar pelo cumprimento dos princípios da descentralização político-administrativa e da participação popular, bem como pela realização efetiva do comando único das ações

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governamentais e não governamentais, na área dos idosos, em todas as Unidades da Federação (UF);

d) exercer intermediação estratégica entre os demais mecanismos de participação democrática, com os quais compõe a cadeia gestora da política e dos planos de ação para os idosos.

De acordo com Pereira (2005, p. 31), conforme a legislação que rege esses espaços, compete aos conselhos do idoso, em todas as suas esferas:

a) convocar, ordinariamente, a cada três anos, e extraordinariamente, quando se fizer necessário, a conferência do idoso, nas respectivas unidades da Federação. A realização dessas conferências deverá obedecer à seguinte sistemática: as conferências municipais encaminham propostas e recomendações para as conferências estaduais e estas, para a conferência nacional, que se realizará em Brasília, com a participação de delegados de todos os estados;

b) aprovar, tendo como referência as propostas e as recomendações das conferências, a Política do Idoso ou os planos de ação elaborados pelos órgãos gestores estaduais, municipais e distrital;

c) apreciar/solicitar/apresentar a proposta orçamentária anual e plurianual e suas eventuais alterações, elaborada pelo órgão gestor, zelando pela inclusão dessa proposta nos orçamentos governamentais, observadas as diretrizes orçamentárias;

d) indicar prioridades para a programação e para a execução orçamentária e financeira do Fundo de Apoio e Assistência ao Idoso;

e) orientar e controlar a gestão do Fundo de Apoio e Assistência ao Idoso;

f) conhecer o exato montante de recursos destinados ao apoio e à assistência ao idoso nas diferentes áreas sociais (educação, saúde, trabalho, assistência social, transporte, cultura, lazer, turismo, desporto, planejamento urbano), assim como a sua aplicação;

g) acompanhar o planejamento e avaliar a execução das políticas de apoio e assistência ao idoso;

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h) propor às referidas áreas sociais estudos e pesquisas que objetivem a melhoria do atendimento das diferenciadas necessidades da pessoa idosa;

i) normatizar as ações e regular a prestação de benefícios, serviços, programas e projetos de natureza pública e privada na área do idoso;

j) normatizar a celebração de acordos, convênios e similares entre o órgão gestor e as entidades públicas e privadas de atendimento ao idoso, fiscalizando a sua execução;

h) propor e incentivar a realização de campanhas e de outras medidas de divulgação do conhecimento a respeito das particularidades e dos direitos da pessoa idosa;

l) receber e encaminhar aos órgãos competentes petições e denúncias de violações dos direitos do idoso, formuladas por qualquer pessoa ou entidade;

m) fiscalizar, de forma sistemática e contínua e de par com o Ministério Público, com a vigilância sanitária e com outros órgãos previstos em lei, o cumprimento do Estatuto do Idoso.

A participação está firmemente atrelada à democracia, constituindo uma relação de poder entre o Estado e a sociedade. O Brasil está aprendendo ao longo dos anos a ser participativo. A participação foi essencial para a implementação e o aprimoramento das políticas para o envelhecimento. Os Conselhos de Direito das Pessoas Idosas foram implantados aos níveis nacional, estadual e municipal, como um espaço participativo, mesmo reconhecendo que nem sempre a sociedade civil consegue expressar seus desejos ou compreender os desejos expostos para discussão. As limitações dos Conselhos de Direito dos Idosos são semelhantes às de outros conselhos, com o agravante da inexistência de mecanismos consolidados de discussão.

77 CAPÍTULO 4 – PERFIL DE ATUAÇÃO DOS CONSELHOS DE DIREITO DA PESSOA IDOSA NO BRASIL

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