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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

5.3 Características dos frutos

As características dos frutos dos dois cultivos foram avaliadas através dos parâmetros: diâmetro, espessura da casca, peso, sólidos solúveis (°Brix), produtividade, ovos de helmintos e coliformes.

Não foi detectado presença de coliformes e ovos de helmintos nos frutos analisados. Diante dos resultados expressos no primeiro plantio observamos que os tratamentos A2-25% e A3-50% produziram frutos maiores e mais pesados em relação aos outros dois tratamentos. Os valores do diâmetro, peso e produtividade para os tratamentos A1-0% e A4-100% foram próximos entre si, ficando em média 20,3 cm, 5,15 kg, e 12,01 t/ha, respectivamente, para o tratamento A1-0% e de 20,7 cm, 5,23 kg e 12,2 t/ha, para o tratamento A4- 100%.

Erdem & Yuksel (2003), avaliaram o cultivo de melancia em um clima semiárido na Turquia, com irrigação realizada com água de abastecimento com sistema por gotejamento e espaçamento de 1,20m x 1,00m, encontrando valores médios de peso, grau °Brix e espessura da casca de respectivamente 6,2kg, 9,4 °Brix e 1,4cm.

No primeiro plantio o tratamento sem adubação (A1-0%) obteve valores menores de peso, diâmetro e maior valor de espessura da casca; no entanto, o valor de °Brix foram próximos aos dos demais tratamentos. Já o tratamento com 100% da adubação (A4-100%) mostrou valores de espessura de casca menores, tendo uma maior área da polpa do fruto.

38 O conhecimento dos valores gastos com fertilizantes em cada tratamento (TAB. 15) torna o tratamento A2-25% mais atrativo segundo resultados das características de produção no primeiro plantio.

Na TAB. 16 segue os resultados da caracterização dos frutos obtidos no primeiro plantio, assim como, a avaliação da diferença significativa entre as médias, obtidas a partir do teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 16- Resultados de análises nos frutos do primeiro plantio

Tratamentos Diâmetro (cm) Espessura da casca

(mm)

Peso

(kg) solúveis(°Brix) Sólido Produtividade (t/ha)

A1-0%

Média 20,03a 10NS 5,15b 6,63ab 12,01

Desv Pad 2,01 0,82 1,39 1,30 1,39

CV 10% 8% 27% 21% 27%

A2-25%

Média 22,71b 9NS 6,01ab 6,7a 14,02

Desv Pad 1,26 0,89 0,58 1,28 0,58 CV 5% 10% 10% 19% 10% A3-50% Média 22,82b 9NS 6,27a 5,2b 14,6 Desv Pad 1,55 0,71 0,73 1,07 0,73 CV 7% 8% 12% 21% 12% A4-100%

Média 20,7a 6NS 5,23ab 6,57ab 12,2

Desv Pad 1,4 0,76 0,43 1,24 0,43

CV 7% 13% 8% 19% 8%

Médias com a mesma letra não diferem pelo teste de Tukey (P>0,05); NS= Diferença não significativa.

No segundo plantio o tratamento A2-25% mostrou valores de diâmetro, peso e produtividade maiores que os dos demais tratamentos, sendo a média de 21,98 cm de diâmetro, 5,64 kg de peso e produtividade de 13,14 t/ha. O tratamento A1-0% mostrou valor de 7,22 °Brix; entretanto, menores valores de peso e produtividade, de 3,74 kg e 8,7 t/ha, além de resultado insatisfatório de espessura da casca, de 11,15 mm.

Feitosa et al. (2009) realizaram o plantio de melancia com esgoto doméstico tratado por lagoas de estabilização e utilizando irrigação por gotejamento. Encontraram valores de sólidos dissolvidos de 7,9, 7,5 e 9,5 °Brix, sendo os tratamentos, respectivamente, efluente e 100% da adubação

39 necessária, efluente sem adubação e efluente e 50% da adubação. Ainda foi realizado um tratamento com água de abastecimento e a adubação necessária, obtendo-se o valor de 8,9 °Brix.

Rego et al. (2005), avaliaram diferentes níveis de adubação na irrigação da melancia, utilizando esgoto oriundo de lagoa de estabilização e encontrou valores de produtividade de 16,3 t/ha quando irrigado sem adubação, 23,1 t/ha com 50% da adubação recomendada e 19,4 t/ha com a adubação recomendada. Quando usaram água de abastecimento na irrigação, encontraram produtividade de 16,3 t/ha, o sistema de irrigação era por sulcos..

Assim como no primeiro plantio, o tratamento A2-25% mostrou valores mais atrativos levando em consideração os custos com fertilizantes (TAB. 15). Na Figura 10 é apresentado o gráfico com os resultados das características do segundo plantio.

Na TAB. 17 estão os resultados das características dos frutos no segundo plantio, assim como a diferença significativa entre as médias, obtidas através do teste de Tukey a 5% de probabilidade.

Tabela 17- Resultados das características dos frutos no segundo plantio

Tratamentos Diâmetro (cm) Espessura da casca (mm) Peso (kg) Sólidos solúveis (°Brix) Produtividade (t/ha) A1-0%

Média 19,5a 11,15a 3,74a 7,22NS 8,7

Desv Pad 0,56 0,33 0,54 0,49 0,54 CV 3% 3% 14% 7% 14% A2-25% Média 21,98b 8,5b 5,64b 6,92NS 13,14 Desv Pad 1,43 0,43 0,97 0,86 0,97 CV 7% 5% 17% 12% 17% A3-50%

Média 19,52a 8,5b 4,36a 7,22NS 10,15

Desv Pad 1,22 2,04 0,57 1,14 0,57

CV 6% 24% 13% 16% 13%

A4-100%

Média 20,02ab 8b 4,74ab 6,82NS 11,04

Desv Pad 1,30 0,10 0,44 2,05 0,44

CV 6% 1% 9% 30% 9%

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5.3.1Comparação entre médias (avaliação estatística)

Os dados experimentais foram avaliados mediante análise de variância e comparação de médias pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.

5.3.1.1 Primeiro plantio

Em relação ao diâmetro os maiores são dos tratamentos A2-25% e A3- 50%, não tendo diferença significativa entre eles, no entanto, em comparação com os dois menores valores (A4-100% e A1-0%), houve sim diferença significativa. Sendo assim, o tratamento A2-25% torna-se mais atrativo, por proporcionar um uso menor de fertilizantes que o tratamento A3-50%.

Os valores de peso obtidos nos frutos do primeiro plantio mostraram apenas diferença significativa entre os tratamentos, A1-0% e A3-50% que obtiveram a média de 5,15 kg e 6,27 kg respectivamente. Os melhores pesos foram obtidos pelos tratamentos A2-25% e A3-50% e estatisticamente não mostraram diferença significativa. O tratamento A2-25% é mais atrativo devido a economia com adubo.

Os valores maiores de sólidos solúveis foram dos tratamentos A1-0%, A2-25% e A4-100%, não havendo diferença significativa entre eles. O tratamento A1-0% não utiliza a adubação e obteve valores atrativos de sólidos solúveis.

A análise estatística não mostrou diferença significativa nos resultados de espessura da casca.

Diante da avaliação estatística verificamos que o tratamento A2-25% é mais viável em dois parâmetros (diâmetro e peso), e que o tratamento sem a utilização da adubação (A1-0%) é mais viável quando em relação a sólidos solúveis.

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5.3.1.2 Segundo plantio

Os maiores diâmetros foram dos tratamentos A2-25% e A4-100%, não havendo diferença significativa entre eles. O tratamento A2-25% é mais atrativo devido a menor gastos com fertilizantes.

Assim como o diâmetro os melhores valores de peso foram obtidos nos tratamentos A2-25% e A4-100%, onde novamente não demonstra diferença significativa, ainda sendo o tratamento A2-25% melhor devido a menores gastos com adubos.

Diferente que no primeiro plantio, os resultados de sólidos solúveis foram semelhantes em todos os tratamentos do segundo plantio.

Os tratamentos A2-25%, A3-50% e A4-100%, obtiveram valores menores e semelhantes de espessura da casca.

6.0 CONCLUSÕES

O uso da irrigação por gotejamento no reúso do esgoto oriundo do UASB deve ser realizado com alguns cuidados, principalmente em relação a entupimento dos gotejadores, sendo necessária uma boa manutenção do sistema de tratamento e irrigação.

A característica do esgoto usado na irrigação está de acordo com as recomendações de riscos de salinidade e sodicidade. Mesmo com ausência de ovos de helmintos, o contato do efluente com trabalhadores pode oferecer riscos devido à quantidade de coliformes presentes.

O uso do esgoto tratado oriundo do reator UASB foi capaz de acumular fósforo, potássio, ferro e cobre, na superfície do solo. Além disso o uso do efluente na irrigação ocasionou numa diminuição do pH do solo.

O reúso do esgoto na irrigação da melancia não contaminou os frutos obtidos, com os mesmos estando livres de ovos de helmintos e coliformes.

Quando no uso do esgoto na irrigação da melancia sem realizar a adubação (tratamento A1-0%), são produzidos frutos menores e com maior espessura da casca, podendo ser viável dependendo do mercado consumidor,

42 devido a concentração de sólidos solúveis (°Brix) ser próximo a tratamentos com uso do fertilizante.

O tratamento utilizando 25% da adubação recomendada pelo IPA (1998) obteve frutos maiores e maior produtividade, obtendo peso diâmetro e produtividade de 6,01kg, 22,71cm e 14,02t/ha respectivamente no primeiro plantio e de 5,64kg, 21,98cm e 13,14t/ha respectivamente no segundo plantio. Quando obteve valores menores que os demais tratamentos, a avaliação estatística não mostrou diferença significativa entre as médias. Isso torna o tratamento mais atrativo devido a fornecer uma economia nos custos com fertilizantes quando comparado aos tratamentos A3-50% e A4-100%.

Os valores de produtividades obtidos em todos os tratamentos de ambos os plantios, foram abaixo da média do nordeste que é de 17,8t/ha (Santos et

al., 2004).

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