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6. RESULTADOS

6.1 CARACTERÍSTICAS DOS PACIENTES

Para compor o grupo HPB foram selecionados 118 pacientes entre 43 e 89 anos, com o diagnóstico de HPB, com volume prostático estimado por ecografia abdominal acima de 30g e que foram submetidos à cirurgia de HPB no HCPA. O grupo CaP inclui 119 pacientes com idades entre 50 e 85 anos, com diagnóstico de câncer de próstata comprovado por exame anatomopatológico e que foram

submetidos à cirurgia por CaP no HCPA. Dentre os pacientes do grupo CaP, 81 possuíam diagnóstico de câncer de próstata confirmado na peça cirúrgica e no fragmento utilizado neste estudo e 38 pacientes possuíam diagnóstico confirmado apenas na peça cirúrgica. As amostras incluídas em cada um dos grupos foram selecionadas conforme ilustrado na Figura 6.

Figura 6. Fluxograma das amostras utilizadas para compor o grupo HPB e CaP do estudo.

As características da população estudada estão descritas na Tabela 1. Resultados referentes à idade e aos níveis de PSA pré-operatório dos pacientes estão demonstrados como mediana e intervalo interquartil. Informações acerca da cor ou raça e uso de terapias medicamentosas para tratamento de sintomas e progressão de HPB ou CaP previamente à data da cirurgia são descritas em sua frequência absoluta e relativa para cada um dos grupos.

A cor ou raça dos participantes foi obtida através da autodeclaração, de acordo com o sistema classificatório proposto pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em uma das cinco categorias existentes: branca, preta, parda,

Idade e PSA estão representados como mediana e intervalo interquartil; O nível sérico de PSA foi avaliado pelo teste de Mann-Whitney para amostras independentes e foi considerado diferença significativa quando p < 0,05.

*Grupo CaP diferiu significativamente do grupo HPB.

amarela ou indígena (PETRUCCELLI; SABOIA, 2013).

Tabela 1. Características dos pacientes.

Os níveis de PSA antes da cirurgia foram significativamente maiores (p<0,0001) no grupo CaP quando comparados ao grupo HPB. Apesar da mediana de idade ser um pouco maior no grupo HPB (69 anos versus 67 anos no grupo CaP), não houve diferença significativa entre os grupos (p=0,0904).

O grupo CaP e o grupo HPB são formados, majoritariamente, por homens autodeclarados brancos (80,7% e 89,0%, respectivamente). Na segunda posição encontram-se os homens autodeclarados de cor ou raça preta, seguidos pela população parda de pacientes. Apenas um paciente, pertencente ao grupo HPB, autodeclarou-se pertencente à cor ou raça amarela e, em nenhum dos dois grupos, houve participantes autodeclarados indígenas. A distribuição dos pacientes por cor ou raça não apresentou diferença significativa entre os grupos para nenhuma das cinco categorias. CaP (n=119) HPB (n=118) ρ Idade (anos) 67 (62 – 71) 69 (63 – 73) 0,0904 PSA (ng/dL) 9,60 (5,95 – 17,40) * 4,34 (1,97 – 7,02) < 0,0001 Cor ou raça (nº de pacientes e %) Branca 96 (80,7%) 105 (89,0%) 0,7358 Preta 12 (10,1%) 7 (5,9%) 0,9473 Parda 11 (9,2%) 5 (4,2%) 0,9074 Amarela - 1 (0,9%) 0,9999 Indígena - - - Tratamento pré-operatório (nº de pacientes e %) Sim 37 (31,0%) 80 (67,8%) Não 70 (58,8%) 35 (29,7%) Sem informações 12 (10,2%) 3 (2,5%)

A realização de terapia medicamentosa previamente à cirurgia foi mais frequente no grupo de pacientes com HPB em relação ao grupo CaP. A maioria dos pacientes (67,8%) que compõem o grupo HPB fazia, anteriormente à cirurgia, tratamento farmacológico para os sintomas e prevenção da progressão da doença hiperplásica benigna. Dentre as possibilidades de tratamento para HPB, a combinação entre doxazosina e finasterida foi o protocolo mais utilizado pelos pacientes (51,3%) que fizeram algum tipo de tratamento pré-operatório. O uso de doxazosina ou finasterida isoladamente ficou como segunda e terceira opções terapêuticas, respectivamente (33,8% e 5%), para tratamento da HPB. Apenas um integrante do grupo CaP utilizou acetato de abiraterona, clássica terapia de supressão androgênica, enquanto os demais, considerando os pacientes que realizavam algum tipo de tratamento previamente à cirurgia, fizeram uso de doxazosina.

O tipo histológico do tumor apresentado por todos os pacientes do grupo CaP foi adenocarcinoma. A caracterização do grupo CaP (Tabela 2) também considerou o escore de Gleason dos fragmentos coletados, ou da peça cirúrgica principal, e a presença de doença extraprostática, visto que há vários estudos demonstrando correlação entre o escore de Gleason e doença intra e extraprostática (CALVETE et al., 2003; CASTER et al., 2015; NISHIMOTO et al., 2008).

Tabela 2. Caracterização do grupo CaP quanto ao escore de Gleason e invasão tumoral regional e metastática. Nº de pacientes (%) (n=119) Escore de Gleason 6 (3+3) 30 (25,2%) 7 (3+4) 39 (32,8%) 7 (4+3) 26 (21,8%) 8 (4+4) 10 (8,4%) 9 (4+5) 11 (9,2%) 9 (5+4) 3 (2,5%) Doença extraprostática Sim 49 (41,2%) Não 66 (55,2% Não informado 4 (3,4%)

a Porcentagem em relação ao total de pacientes com doença extraprostática (n=49); b Porcentagem em relação ao total de pacientes com doença intraprostática (n=66);

Dentre os pacientes do grupo CaP, o escore de Gleason 7(3+4) foi o mais prevalente, seguido pelos escores de Gleason 6(3+3) e 7(4+3) (32,8%, 25,2% e 21,8% respectivamente). Somente 24 pacientes (20,2%), dentre os 119 que compõem o grupo CaP, apresentaram tumor prostático de alto grau, ou seja, tumores com escore de Gleason entre 8 e 10, os quais são considerados pouco diferenciados e bastante agressivos. Carcinomas classificados nessa faixa da escala de Gleason apresentam 75% de chances de se disseminarem para além da próstata em 10 anos, afetando demais órgãos e a sobrevida do paciente acometido (INCA, 2002; LEKSHMY; PREMA, 2019).

A relação entre o escore de Gleason e a presenBça de doenças extraprostática ou intraprostática foi avaliada em 115 dos 119 pacientes do grupo CaP e evidenciou interação significativa (p<0,0001). Os pacientes com tumores prostáticos classificados com escores de Gleason 7(4+3) foram os mais afetados por tumores que não são confinados à próstata (Tabela 3 e Figura 7). Por doença extraprostática considerou-se a invasão regional do tumor e metástase à distância. Três, dos 49 pacientes com doença extraprostática, apresentaram metástase óssea, sendo que, em um deles, o diagnóstico da metástase ocorreu um ano após a cirurgia por CaP. O escore de Gleason desses pacientes era 7(4+3), 8(4+4) e 9(4+5).

Tabela 3. Distribuição entre escore de Gleason e presença de doença extra e intraprostática nos pacientes do grupo CaP.

Escore de Gleason Doença extraprostática

N de pacientes (%a) Doença intraprostática N de pacientes (%b) 6 (3+3) 6 (12,2%) 24 (36,4%) 7 (3+4) 8 (16,3%) 31 (47%) 7 (4+3) 18 (36,7%) 7 (10,6%) 8 (4+4) 6 (12,2%) 3 (4,5%) 9 (4+5) 9 (18,4%) 1 (1,5%)

6.2 GENOTIPAGEM E SEQUENCIAMENTO DAS LINHAGENS

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