1 REVISÃO TEÓRICA
1.1 Aspectos Conceituais, Normativos e Legais sobre Resíduos
1.1.4 Características dos Resíduos Perigosos de Laboratórios
1.1.4 Características dos Resíduos Perigosos de Laboratórios
Os resíduos perigosos podem ser substâncias químicas simples ou uma mistura de
várias substâncias, geralmente referindo-se a materiais que são desprezados quando o
produtor não pode dar-lhes outra utilização, sendo considerados perigosos porque supõe-se
um perigo potencial para a saúde do homem e dos ecossistemas devido à natureza e
quantidade, e que requer técnicas de manejo especiais (ENVIRONMENT CANADA,
1999).
Quando uma substância é perigosa em um país, será de igual magnitude em outro,
uma vez que o perigo está relacionado com uma propriedade da substância, como a
inflamabilidade ou a toxicidade, enquanto o risco depende do grau de dano que poderia
causar a partir do perigo que consideramos aceitável (FUNDACIÓN EUROPEA PARA
LA MEJORA DE LAS CONDICIONES DE VIDA Y DE TRABAJO, 1998).
No caso dos laboratórios químicos (Figura 2), pode-se ter uma série de resíduos,
solventes, compostos orgânicos, inorgânicos, radioativos e metais pesados que, na maioria,
são compostos resultantes e excedentes dos experimentos que acabam ficando guardados
por décadas, sem rotulagem, tornando-se assim um passivo ambiental. Devemos levar em
consideração, também, os resíduos impregnados de substâncias químicas provenientes da
água de lavagem de pisos, bancadas, equipamentos, vidraria e capelas e os produtos
químicos com data de validade vencida.
Figura 2: Laboratórios químicos nas universidades
Fonte: Adaptado de SASSIOTTO, 2005.
Os riscos químicos são produzidos por produtos ou resíduos químicos, manipulados
ou não pelo trabalhador e que podem alterar sua constituição. A maior parte destas
LABORATÓRIOS QUÍMICOS
NAS UNIVERSIDADES
Reagentes
Vencidos
Aulas Práticas para
Graduação e
Pós-graduação
RESÍDUOS
Pesquisa e
Desenvolvimento
Projeto
Produção
Embalagens
Vazias
Contaminadas
s
Lavagem
em Geral
substâncias possui características tóxicas constituindo em ameaça a vida do trabalhador e
podem ser encontradas sob os estados físicos da matéria: sólido, líquido e gasoso
(CARLSON, 2007). De acordo com Haddad (2003) as principais classes de riscos
químicos são:
Explosivos
O explosivo é uma substância que é submetida a uma transformação química
extremamente rápida, produzindo simultaneamente grandes quantidades de gases e calor.
Devido ao calor, os gases liberados, por exemplo, nitrogênio, oxigênio, monóxido de
carbono, dióxido de carbono e vapor d’água, expandem-se a altíssimas velocidades
provocando o deslocamento do ar circunvizinho, gerando um aumento de pressão acima da
pressão atmosférica normal (sobrepressão). Muitas das substâncias pertencentes a esta
classe são sensíveis ao calor, choque e fricção, como por exemplo, azida de chumbo ou
nitreto de chumbo - Pb(N
3)
2e o fulminato de mercúrio ou cianato de mercúrio II –
Hg(CNO)
2. Já outros produtos desta mesma classe, necessitam de um intensificador para
explodirem.
Gases
No estado gasoso a matéria tem forma e volume variáveis. A força de repulsão
entre as moléculas é maior do que a de coesão. Os gases são caracterizados por
apresentarem baixa densidade e capacidade de se moverem livremente. Diferentemente dos
líquidos e sólidos, os gases expandem-se e contraem-se facilmente quando alteradas a
pressão e/ou temperatura.
Gases Criogênicos
Esse tipo de gás para ser liquefeito deve ser refrigerado a temperatura inferior a –
150ºC. Exemplos de gases criogênicos e suas respectivas temperaturas de ebulição:
Hidrogênio (-253ºC), Oxigênio (- 183ºC), Metano (-161ºC). Os gases criogênicos, devido a
baixa temperatura, poderão provocar severas queimaduras ao tecido, conhecidas por
enregelamento, quando do contato com o líquido ou mesmo com o vapor.
Produtos Inflamáveis
Esta classe abrange todas as substâncias que podem se inflamar na presença de uma
fonte de ignição, em contato com o ar ou com a água, e que não estão classificadas como
explosivos.
Oxidantes e Peróxidos Orgânicos
Um oxidante é um material que libera oxigênio rapidamente para sustentar a
combustão dos materiais orgânicos. Outra definição semelhante afirma que o oxidante é
um material que gera oxigênio à temperatura ambiente, ou quando levemente aquecido.
Assim, pode-se verificar que ambas as definições afirmam que o oxigênio é sempre
liberado por um agente oxidante. Apesar da grande maioria das substâncias oxidantes não
serem inflamáveis, o simples contato delas com produtos combustíveis pode gerar um
incêndio, mesmo sem a presença de fontes de ignição.
Já os peróxidos orgânicos são agentes de alto poder oxidante, sendo que destes, a
maioria é irritante para olhos, pele, mucosas e garganta. Os produtos dessa subclasse,
apresenta a estrutura – O – O – e podem ser considerados derivados do peróxido de
hidrogênio (H
2O
2), onde um ou ambos os átomos de hidrogênio foram substituídos por
radicais orgânicos. Assim, como os oxidantes, os peróxidos orgânicos são termicamente
instáveis e podem sofrer decomposição exotérmica e auto-acelerável, criando o risco de
explosão. Esses produtos são também sensíveis a choque e atrito.
Substâncias Tóxicas
São substâncias capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana se ingeridas,
inaladas ou por contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades. As vias pelas quais
os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso organismo são três: inalação,
absorção cutânea e ingestão.
Corrosivos
São substâncias que apresentam uma severa taxa de corrosão ao aço.
Evidentemente, tais materiais são capazes de provocar danos também aos tecidos humanos.
Basicamente, existem dois principais grupos de materiais que apresentam essas
propriedades, e são conhecidos por ácidos e bases.
Ácidos, segundo Arrhenius, são substâncias que em contato com a água liberam
íons H+, provocando alterações de pH para a faixa de 0 (zero) a 7 (sete). As bases, segundo
Arrhenius, são substâncias que em contato com a água, liberam íons OH-, provocando
alterações de pH para a faixa de 7 (sete) a 14 (quatorze). Como exemplo de produtos desta
classe pode-se citar o ácido sulfúrico, ácido clorídrico, hidróxido de sódio e hidróxido de
potássio, entre outros.
Segundo a Portaria SSST nº 25 da Norma Regulamentadora nº 9 do Ministério do
Trabalho e Emprego, consideram-se agentes químicos as substâncias, compostos ou
produtos que possam penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras,
fumos, névoas, neblinas, gases ou vapores, ou que, pela natureza da atividade de
exposição, possam ter contato ou ser absorvido pelo organismo através da pele ou por
ingestão (BRASIL, 1994).
O risco para a saúde ocupacional está vinculado principalmente ao incorreto
manejo dos resíduos associados às falhas no acondicionamento e segregação dos materiais
sem utilização de proteção mecânica, podendo provocar acidentes graves.
Todos os riscos associados a um incorreto gerenciamento de produtos químicos
podem ser minimizados se os geradores respeitarem regras simples de manuseio,
respeitando a Informação de Segurança de Produto Químico (FISPQ’s) dos produtos. A
legislação brasileira exige que os fabricantes e distribuidores de produtos químicos
forneçam aos usuários de seus produtos, as FISPQ, contendo no mínimo as informações
estabelecidas na NBR 14.725 da ABNT.
No documento
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(páginas 48-52)