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Capítulo 4 | Bases teóricas para a geração de um modelo de análise

4.7 Características funcionais

a. Aspectos importantes para a análise de AGCs | sketch maps

Os AGCs abordados nesta dissertação são do tipo sketch maps, ou seja, uma espécie informal de mapas produzidos geralmente por não- especialistas. Estes sketch maps possuem uma linguagem particular (oriundas das descrições verbais, de aspectos espaciais e de

101 características da linguagem diagramática), e Siegel & White (1975) apontam certas características presentes nos mapas cognitivos, aqui adaptados para a produção de sketch maps, tanto em relação aos componentes gráficos como ao processo de aprendizado espacial. Essas características são divididas no que os autores chamam de

conhecimento, existindo três níveis essenciais para a construção de um mapa cognitivo.

Segundo Siegel & White (1975), os conhecimentos sobre pontos de referências (marcos) é caracterizada pela habilidade de reconhecer pontos de referências com um pequeno entendimento das rotas ao redor deste marco, sendo a definição de pontos de referência configurações únicas dos eventos percebidos que identificam os começos e fins, e que também servem para manter-se no curso desejado (SIEGEL & WHITE,

1975).

O conhecimento sobre rotas envolve locações e grupamentos sem conhecimento da estrutura geral espacial. Siegel & White (1975) definem rota como o que está entre o ponto de referência inicial (partida) e o ponto de referência final (chegada). Mas entre dois pontos de referência podem existir várias rotas conhecidas ou não e

representadas ou não pelo produtor do APC.

Siegel & White (1975) argumentam também sobre o conhecimento de configuração. Este conhecimento torna possível inventar novas rotas, se necessário. Estes autores consideram que este conhecimento pode ser uma junção dos conhecimentos de pontos de referências e de rotas, porém há vários graus de complexidade desta junção. Esta habilidade é também designada como conhecimento de superfície, sendo

caracterizado pela habilidade de generalizar além das rotas aprendidas e localizar objetos sem pontos de referências. Desta forma, este tipo de conhecimento exige um maior grau de experiência ou de interação com o ambiente.

Sendo assim, este modelo de análise baseia-se na quebra do sketch map em pequenas unidades. Cada componente gráfico deve ser avaliado levando em consideração não só sua relevância gráfica, mas

102 também funcional. E não apenas avaliando componentes gráficos

enquanto unidade, mas também em relação às outras partes. a. (i) As representações gráficas e os Mapas Cognitivos

De acordo com Hirtle & Heidorn (1993), há três importantes níveis das construções espaciais. O primeiro nível é o espaço tri-dimensional, que, em muitos casos, pode ser aproximado com exatidão da superfície bi- dimensional. O segundo nível é a descrição do ambiente, que pode ser espacial, como um mapa; lingüística, como uma descrição verbal; ou uma combinação de ambos, espacial e lingüística (verbal), como um mapa com anotações. Em muitos casos, as pessoas interagem com o espaço real ou com a descrição do ambiente, mas não com os dois ao mesmo tempo. E é no terceiro nível que a representação mental do espaço é criada, mas essa construção pode passar pelos níveis 1, 2 e ir para o nível 3 ou apenas ir do nível 1 para o nível 3.

Dentro desses níveis, Lynch (1960) criou uma taxonomia para os mapas cognitivos que consiste em: ponto de referência (marcos), caminho (rota), nós, distrito, borda e limite. Esta linha de pesquisa parte de uma

cuidadosa análise em laboratório de como se estruturam essas divisões de pontos de referência (HOLYOAK & MAH, 1982), caminhos (rotas) (MCNAMARA, ALTARRIBA, BENDELE, JOHNSON & CLAYTON, 1989)

superfície (HIRTLE & JONIDES, 1985) e outras estruturas físicas e cognitivas, como princípios organizadores dos mapas

cognitivos.

b. Pontos de Referência

Como já foi dito anteriormente, o conhecimentos sobre pontos de referências (marcos) se relaciona com a capadidade de identificar marcos com um pequeno entendimento das rotas ao redor deste marco. Segundo Siegel & White (1975), os pontos de referência são

predominantemente visuais.

c. Rotas

Segundo Siegel & White (1975) o conhecimento sobre rotas está relacionado à identificação do que está entre o ponto de

103 referência inicial e o final.

d. Conhecimento de Configuração ou de Superfície

Siegel & White (1975) argumentam também sobre o conhecimento de configuração, que seria, por exemplo, o contorno de um país (ex.: a bota italiana). E este conhecimento torna possível inventar novas rotas se necessário. Estes autores consideram que este conhecimento poderia ser uma junção dos conhecimentos de pontos de referências e de rotas, porém há vários graus de complexidade desta junção. Esta habilidade é também designada como conhecimento de superfície, sendo

caracterizado pela habilidade de generalizar além das rotas aprendidas e localizar objetos sem pontos de referências. Desta forma, este tipo de conhecimento exige um maior grau de experiência ou de interação com o ambiente.

d.(i) Como os níveis funcionam e interagem

Segundo Hirtle & Heidorn (1993), evidências experimentais afirmam que a noção desses três níveis é distinta e de certa forma hierárquica, ou seja, primeiro vem a aquisição de pontos de referência, seguida do conhecimento de rotas e finalmente o de superfície (SHEMYAKIN,1962). Há ainda uma corrente de pesquisadores que acredita que o

conhecimento de superfície pode ser adquirido antes mesmo que o de rotas, através do aprendizado com mapas (GÄRLING, BÖÖK &

ERGEZEN,

1982; MOAR & CARLETON, 1982; STERN & LEISER, 1988).

Segundo Hart Moore (1973) apud Anderson (1980), existem evidências experimentais do desenvolvimento dos mapas cognitivos em crianças. Num primeiro estágio, existem os chamados mapas de rotas, que depois evoluem para mapas de superfície (survey maps). Os adultos geralmente mostram a mesma seqüência no aprendizado de uma nova área.

Segundo Matlin (2004), mapa de rotas é uma pequena área apreendida que indica lugares específicos, mas não contém informações tri-

dimensionais. É apenas um mapa puro de rota. Se sua rota do local 1 ao local 2 está bloqueada, você não terá uma idéia geral de onde o local 2

104 está, então você estará inapto a tomar outra decisão e obter sucesso. Igualmente, se você conhece duas rotas de uma área, você não terá idéia se essas rotas formam um ângulo de 90º ou de 120º graus. Porém, um mapa de superfície contém todas estas informações.

Neste capítulo foram expostos os três pilares que sustentam o modelo analítico proposto: os aspectos de ordem gráfica, funcional e os aspectos de ordem cognitiva. Este modelo então trata da junção de teorias da Psicologia Cognitiva Espacial, do modelo analítico de Coutinho (1998) e das proposições de ordem cognitiva que se refletem graficamente de Darras (1996).

O próximo capítulo tem como objetivo descrever a metodologia adotada neste projeto, bem como o Design experimental, o perfil dos sujeitos e características a serem observadas nas sessões de desenho.

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Capítulo

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