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3 TRABALHOS ANTERIORES

4.1 Estudos petrográficos do albita granito de núcleo com criolita disseminada

4.2.1 Características gerais

O DCM é formado por um conjunto de corpos de criolita maciça, que ocorrem desde a cota (+)78 m até a cota (-)163 m, concentrados em duas zonas principais: Zona Criolítica A (ZCA), entre as cotas (+)78 m e (-)36 m, e Zona Criolítica B (ZCB), entre as cotas (-)10 m e (-)163 m (Figura 4). Entre as cotas (+)82 m e (+)55 m ocorrem corpos esparsos que podem representar uma terceira zona, quase totalmente erodida, denominada Zona Criolítica Zero.

Nos testemunhos de sondagem (efetuada verticalmente e sem coleta de testemunhos orientados), os ângulos de contato entre os corpos de criolita e a encaixante são variados, permitindo supor a presença de corpos desde horizontais até fortemente inclinados. As correlações laterais entre os diversos furos sugerem, entretanto, tratar-se predominantemente de corpos sub-horizontais com contatos irregulares. Neste sentido, observa-se que as projeções em plano horizontal das duas zonas criolíticas (Figura 10) não indicam nenhuma direção preferencial. Mesmo assim, a presença de veios inclinados e zonas de stockwork não pode ser descartada, podendo ser significativa. No topo da ZCA, na sua parte central, os corpos de criolita são horizontais a sub- horizontais. Afastando-se da zona central, eles têm mergulhos de 10º a 20º para os 4 quadrantes configurando uma forma de cogumelo. Nas demais porções, os corpos são sub-horizontais, com extensão de até 300 m e possança de até 30 m, e têm maior continuidade lateral na base da ZCA e no topo da ZCB. A maior concentração de corpos situa-se parte mediana da Zona B.

As formas das zonas criolíticas obtidas pelo modelamento (Figura 11) correspondem à forma que envelopa o minério economicamente explorável. Nos diversos perfis efetuados, a ZCA é a mais irregular, tanto lateralmente como verticalmente. No AGN, os teores de Sn, Nb, Ta decrescem de forma linear com a profundidade. O teor de corte do Sn, por exemplo, é de 0,1%, situando-se, em média, na cota (+)50 m. No entorno do DCM, as curvas de isoteor do Sn permanecem sub- horizontais (Figura 11B). Entretanto, as curvas do Nb (Figura 11A), acompanhadas pelo Ta (Figura 11C), aprofundam-se de forma muito destacada na região do DCM, onde a curva de 0,1% do Nb situa-se na cota (-)100 m (porção mediana da ZCB). No conjunto de perfis, constata-se a existência de enriquecimentos localizados de Nb e Ta em meio

às zonas criolíticas e uma tendência de maiores concentrações de Nb em profundidade ocorrerem na parte NE do DCM. As zonas criolíticas não exercem influência nas curvas de isoteores do U e Th.

A maior parte da ZCA encontra-se encaixada no AGN. Na sua parte inferior, ocorrem intercalações do granito hipersolvus albitizado, na forma de lentes interdigitadas, com espessuras que variam entre 5 m a 10 m, acompanhando a base da ZCA e o topo da ZCB. Neste local, o contato entre o GH e AGN é marcado pela ocorrência de fenocristais de feldspato alcalino do GH no AGN, constituindo prováveis relictos do primeiro no segundo. Observa-se albitização no GH e, em alguns casos, o contato entre os granitos é marcado por concentrações elevadas de criolita e zircão. No AGN intercalado nas zonas criolíticas, a albita en échequier é mais abundante e configura-se uma zonação vertical marcada pelo enriquecimento e maior desenvolvimento deste mineral em profundidade. Também ocorrem maiores concentrações de criolita disseminada (Figura 12A e 12B), atingindo até 50% do volume. A criolita disseminada é do tipo caramelo (ver abaixo), em cristais de dimensões entre 0,15 a 1,0 mm, em geral interdigitados com as micas. O GH que ocorre na base do DCM delimita o depósito, onde criolita, zircão, pirocloro e cassiterita tornam-se esparsos a ausentes. Neste local, o GH encontra-se intensamente alterado por processos hidrotermais, ocorrendo concentrações de mica branca e fluorita.

O DCM é bordejado por uma “auréola pegmatóide” (Costi 2000) no seu topo e laterais, sendo pouco desenvolvida ou inexistente na base. A auréola tem espessura de 0,5 m até 30 m e localmente interdigita-se com os corpos de criolita. É constituída por lentes irregulares a amendoadas de feldspato alcalino mesopertítico associado a quartzo leitoso e hialino (Figuras 12C, D, E) e, em menor proporção, por concentrações maciças de micas escuras, por criolita, galena e xenotima, sendo estes dois últimos de ocorrência mais localizada. No presente estudo, constatou-se que a galena e uma parte da criolita ocorrem em veios discordantes da auréola e que esta pode ser anterior ao DCM.

A criolita dos corpos maciços pode ser de três tipos (índices de cores em itálico). O índice de cores segue a classificação de Goddard et al. 1975. A criolita nucleada (Figuras 12I, 12J) tem a borda variando do marrom amarelado escuro (10 YR

4/2) ao marrom escuro (5YR 2/2) e o núcleo cinza claro médio (N 6), tipicamente forma

os cristais mais euédricos e mais desenvolvidos dos veios. A criolita caramelo (Figura 12F, 12H), com cores do marrom amarelado escuro (10 YR 4/2) ao marrom escuro (5YR

2/2), ocorre formando uma massa maciça que englobando os cristais de criolita

A criolita branca (Figura 12K) tem uma cor cinza muito claro (N 8) e pode ser muito translúcida, mais freqüentemente, é composta por aglomerados de indivíduos finos, bem cristalizados, adquirindo um aspecto sacaroidal, localmente pode ser maciça, por vezes ocorrem feições que se assemelham a linhas de crescimento conferindo um aspecto incipientemente bandado.

O contato entre os corpos de criolita e a rocha encaixante ocorre de três formas. Pode ser marcado por uma auréola de mica branca e zircão (Figura 12F) com espessura de até 3 cm, localmente com forte oxidação da encaixante. Pode ser marcado por concentrações de biotita, criolita e zircão disseminados na encaixante (Figura 12G). Ou pode ser uma linha de contato definida com protuberâncias da criolita maciça na encaixante. Em lâmina petrográfica, são nítidas as feições de corrosão do quartzo e feldspato (mais notadamente a albita en échequier) da encaixante pela criolita da borda do veio maciço.

Na parte superior do DCM, ocorre criolita caramelo e, subordinadamente, criolita nucleada. Nos corpos intermediários, criolita caramelo (aqui mais clara) e criolita nucleada ocorrem em iguais proporções. Na parte inferior, a criolita nucleada é predominante, a criolita caramelo é ainda mais clara e, somente aqui, ocorre a criolita branca. Na base da ZCB ocorrem alguns corpos constituídos aparentemente só por criolita branca, com possança de até 2,20 m. Em alguns destes corpos ocorre fluorita associada (Figura 11L) e a encaixante é fortemente alterada.