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Características históricas e sociais da comunidade analisada

No documento PR VANESSA APARECIDA DEON (páginas 66-71)

4. NÓS/A GENTE EM GUARAPUAVA

4.1 Características históricas e sociais da comunidade analisada

O município de Guarapuava, PR, está localizado na região sul do Brasil e no centro- sul do estado do Paraná, no terceiro planalto31, chamado Planalto de Guarapuava. É cortado pelo entroncamento rodoviário da BR 27732, que liga a região de Curitiba a Foz do Iguaçu e aos países do Mercosul, pela PR33 460, ligando também a região Centro-Sul do Paraná à região norte do estado. Segundo os dados do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES/2015)34, é o maior município do estado do Paraná, com uma extensão territorial de 3.178.649 Km2, distribuídos em cinco distritos: Palmeirinha, Guará, Guairacá, Atalaia e Entre Rios, além da Sede.

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A zona de capeamento Areníto-Basáltico corresponde ao grande derrame mesozóico de rochas eruptivas básicas que, no território paranaense, apresenta-se como o Terceiro Planalto Paranaense, ou Planalto Areníto- Basáltico e abrange cerca de 2/3 do território paranaense. Esta unidade desenvolve-se como um conjunto de relevos planálticos, com inclinação geral para oeste-noroeste e subdivididos pelos principais afluentes do rio Paraná,atingindo altitudes médias de cimeira de 1100 a 1250 m, na Serra da Esperança, declinando para altitudes entre 220 e 300 metros na calha do rio Paraná. Disponível em: http://www.mineropar.pr.gov.br/arquivos/File/2_Geral/Geomorfologia/Atlas_Geomorforlogico_Parana_2006.pdf . Acesso em: 12.10.2015.As principais cidades situadas sobre o Terceiro Planalto são: Londrina, Maringá, Foz do Iguaçu, Cascavel, Campo Mourão, Pato Branco, Paranavaí, União da Vitória, Guarapuava e Umuarama. Disponível em: https://geovest.files.wordpress.com/2012/09/parana.pdf. Acesso em 12.10.2015.

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A nomenclatura das rodovias é definida pela sigla BR, que significa que a rodovia é federal, seguida por três algarismos. O primeiro algarismo indica a categoria da rodovia, de acordo com as definições estabelecidas no Plano Nacional de Viação. Os dois outros algarismos definem a posição, a partir da orientação geral da rodovia, relativamente à Capital Federal e aos limites do País (Norte, Sul, Leste e Oeste). Disponível em: http://www.dnit.gov.br/rodovias/rodovias-federais/nomeclatura-das-rodovias-federais. Acesso em 12.10.2015. 33

As rodovias do estado do Paraná começam com o prefixo PR, seguido de um número que indica a classificação: 0 para rodovias que partem de Curitiba para outros pontos do estado, 1 para estradas que cortam o Paraná no sentido Norte-Sul, 2 para Leste-Oeste, 3 para Noroeste-Sudeste e Nordeste-Sudoeste. No caso das PRs que iniciam com 4,5 e 6, são aquelas que ligam pontos importantes de interesse estadual. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/voce-sabe-como-e-definido-o-nome-de-uma-rodovia. Acesso em: 12.10.2015.

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Disponível em: http://www.ipardes.gov.br/cadernos/MontaCadPdf1.php?Municipio=85000. Acesso em 27.09.2015.

Conforme o CENSO de 2010, o município de Guarapuava possui aproximadamente 170.000 habitantes e é considerada a cidade polo da região Centro-Sul, dispondo de vários serviços públicos estaduais e federais para atender toda a região.

De acordo com Marcondes (1998) há muito tempo antes de chegarem à Guarapuava os europeus, essa terra era habitada por índios, tudo era uma imensa área silvestre. Os índios viviam da pesca e da caça de animais e nessa região havia muitos animais selvagens, entre eles se destacava o lobo guará, por isso, os índios chamavam essa região de GUARÁ (lobo), PUAVA (bravo). Mais tarde, os portugueses também chamaram essa região de Guarapuava. Segundo a autora, o nome Guarapuava é de origem tupi, e acredita-se que foi dado pelos índios guarani, já que eles falavam o tupi-guarani.

A história do município de Guarapuava iniciou-se, de acordo com o Paraná Blog35, a partir da expansão territorial em solo americano pelos portugueses e espanhóis. Conforme determinado pelo Tratado de Tordesilhas todo o território do centro-oeste do estado do Paraná deveria ser de comando espanhol.

Segundo Marcondes (1998), para tomar posse do Oeste paranaense que pertencia à Espanha de acordo com o Tratado de Tordesilhas, foi enviado Dom Alvár Nuñes Cabeza de Vaca, que no ano de 1541 fundou a Província de Vera, que abrangia todo o território guarapuavano, Santa Catarina e o rio Iguaçu.

De acordo com o Blog Paraná, durante o período em que a coroa espanhola dominou o território português, ocorreu um grande número de invasões rumo ao interior do continente a partir da província de São Paulo, expandindo os limites territoriais portugueses. Mas, com a dissolução da União Ibérica e o fim da Dinastia Filipina, sob o efeito da ameaça expansionista portuguesa, houve a reformulação do acordo entre os dois países, por meio do Tratado de Madri, que redefiniu as fronteiras das colônias. Dessa forma, a região de Guarapuava continuou sem a presença do domínio europeu até o início do século XIX, quando a coroa portuguesa determinou a organização de uma expedição para ocupar a região e, por meio de seu povoamento, garantir a nova fronteira com a Espanha. A Expedição de Conquista e Povoamento dos Campos de Guarapuava foi comandada por Diogo Pinto de Azevedo Portugal, no ano de 1810.

Os primeiros povoadores de Guarapuava foram os portugueses ou seus descendentes que residiam em São Paulo, onde exploravam a pecuária e, por motivos políticos, haviam se transferido para a 5a Comarca do Paraná,

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Blog Paraná. Disponível em: http://www.guarapuava.parana.blog.br/historia-de-guarapuava/. Acesso em 01.06.2015.

Campos de Curitiba, São José dos Pinhais, Castro e Palmeira. Quando a Real Expedição Colonizadora veio para Guarapuava em 1810, apresentaram-se como sesmeiros ou posseiros. (MARCONDES, 1998, p.68)

Instalaram-se, no território, as primeiras tropas, seus familiares e povoadores, com aproximadamente 300 famílias. Entre 1812 e 1859, segundo Marcondes (1998), os portugueses trouxeram suas famílias, seu dinheiro, seus escravos, sua cultura, sua língua, seus costumes e a religião católica, dando início à Sociedade Tradicional Campeira, baseada na propriedade familiar e na mão de obra escrava. Além disso, Guarapuava foi a primeira localidade brasileira a receber condenados ao degredo, pela justiça.

Guarapuava surgiu oficialmente com a assinatura formal de instalação da Freguesia de Nossa Senhora de Belém, em 9 de dezembro de 1819, ano em que foi fundada a Catedral, inicialmente chamada Igreja Fortaleza. Mas, somente em 1841 a construção da Matriz começou, adotando o estilo barroco e tendo como base a planta feita pelo Padre Chagas. A Catedral de Nossa Senhora de Belém foi um ponto referencial importante para a sociedade da época. No ano de 1852, o povoado Nossa Senhora de Belém foi elevado à categoria de Vila e, em 1859, foi criada a comarca de Guarapuava. A Vila Nossa Senhora de Belém recebeu foro de cidade no dia 12 de abril de 1871.

Guarapuava foi formada por uma grande diversidade étnica. Inicialmente era povoada pelos indígenas da Tribo Guarani, logo em seguida vieram fazendeiros e comerciantes de origem portuguesa e espanhola que saíram dos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro. Também foram trazidos africanos para trabalhar nas fazendas. Além disso, instalaram-se na região, imigrantes alemães, italianos, poloneses e ucranianos.

De acordo com Marcondes (1998, p.90), desde que foi instalada em 1953, a Câmara Municipal de Guarapuava empenhou-se em trazer imigrantes para o plantio de trigo. Em 1855 vieram residir em Guarapuava os imigrantes franceses que contribuíram para o progresso das artes como a música, a pintura, o teatro e as letras, com professores de línguas. Na culinária, implementaram pratos e bebidas finas como licores, vinhos, champanhe. No lazer, trouxeram os concertos, reuniões literárias, as danças de salão e as etiquetas.

Segundo a autora, no final do século XIX, alguns italianos e descendentes se fixaram em Guarapuava, muitos dos descendentes vieram do Rio Grande do Sul ou de Santa Catarina. A presença deles contribuiu para o desenvolvimento da agricultura com a produção de frutas e hortaliças, na produção de vinhos, queijos, salames e também de pizzas, entre outros. Foram eles que introduziram as festas de primeira comunhão e no lazer tiro ao alvo e jogo de “bocha”.

Somente em 1896 chegaram os ucranianos em Guarapuava, e foram os primeiros imigrantes que trouxeram a tradição agrícola, pois eram tradicionais produtores de trigo e cultivaram trigo, centeio, batatinha, cevada, milho, feijão e arroz. Integraram-se na extração da erva-mate. Através da religião conservaram sua língua.

Os austríacos e poloneses chegaram a partir de 1901, dedicados à terra, os poloneses muito contribuíram para o desenvolvimento da agricultura em Guarapuava. Na década de 50, chegaram a Guarapuava os descendentes de japoneses com objetivo de cultivar produtos hortigranjeiros. Em 1963 eles iniciaram a cultura das batatas por essa região ser alta e de clima frio. Na culinária, os japoneses trouxeram pratos típicos como o sukiyaki, o sashimi, entre outros. No esporte, os japoneses contribuíram com o judô, o atletismo e o Karatê. Para preservar as suas raízes, eles fundaram a Associação Cultural e Esportiva de Guarapuava e também criaram uma escola de língua japonesa.

Desde o início do século também ocorreu a imigração de árabes e sírio-libaneses em Guarapuava, a atividade deles era o comércio, vendiam tecidos, armas e secos e molhados. Além disso, trouxeram a sua cultura milenar na culinária, especialmente com pratos típicos como o quibe. Na arte trouxeram a dança do ventre, o artesanato e tecidos. Atualmente os sírio-libaneses atuam no comércio guarapuavano.

Quanto aos indígenas, esses foram praticamente exterminados no processo de colonização e restaram apenas alguns vestígios de sua cultura. Atualmente, há uma reserva em Guarapuava e várias outras na região. Os africanos foram trazidos para trabalhar nas fazendas da região e em Guarapuava foi fundado o único quilombo do Paraná, o Paiol das Telhas. Os imigrantes alemães, os chamados suábios do Danúbio36, são um povo de etnia e cultura germânicas que, a partir de 1720, emigraram do sudoeste da atual Alemanha para o sudeste da Europa (ex-Iugoslávia, Romênia e Hungria, que na época integravam o Império Austríaco, de cultura germânica). Durante o período da Segunda Guerra, os suábios fugiram para a Áustria, onde passaram vários anos em abrigos para refugiados. Foram concedidas a eles, áreas ao sul de Guarapuava, entre os rios Pinhão e Jordão, formando o distrito de Entre Rios. A população do distrito conserva até hoje a cultura e a tradição alemã, principalmente o idioma, sendo que o local, por sua aparência arquitetônica, se assemelha muito com regiões rurais da Alemanha e do norte dos Estados Unidos. As primeiras famílias foram também fundadoras da Cooperativa Agrária Mista Entre Rios, considerada uma das maiores cooperativas agropecuárias do Paraná. O Distrito de Entre Rios é considerado um dos maiores

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Informações obtidas do site da Associação Amigos da Vila Suévia (SOAVISU). Disponível em: http://www.soavisu.com.br/suabios-do-danubio/. Acesso em 01.08.2015.

do Brasil, com aproximadamente 10 mil habitantes nas colônias Vitória, Socorro, Samambaia, Cachoeira e Jordãozinho.

O município de Guarapuava, segundo o Portal de Guarapuava37

, limita-se ao norte com o município de Turvo, ao sul com o município de Pinhão, a oeste com Candói, Cantagalo e a leste com Prudentópolis, Inácio Martins. Está localizado a 247 km da capital Curitiba, a 361 km do porto de Paranaguá e a 389 km da tríplice fronteira em Foz do Iguaçu. O território de Guarapuava já foi um dos maiores municípios do Brasil em extensão territorial, ocupando mais da metade de todo o estado do Paraná, a partir da região central até o oeste, além de todo oeste de Santa Catarina. O município fazia fronteira com o Paraguai, pelas barrancas do rio Paraná e com a Argentina, através do rio Iguaçu, além do Rio Grande do Sul. A seguir, apresentamos o mapa 1 com a localização de Guarapuava.

Mapa 1 - Mapa de Guarapuava e região

Fonte: IBGE 201538

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Disponível em: http://portaldeguarapuava.com.br. Acesso em: 27.09.2015. 38

No documento PR VANESSA APARECIDA DEON (páginas 66-71)