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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.2. Características morfogênicas

Os dados referentes às características morfogênicas, em função dos resíduos e do tipo de perfilho, estão apresentados nas Tabelas 3 e 4. Não houve interação entre tratamento e tipo de perfilho para as variáveis estudadas, exceto para taxa de aparecimento de folhas (TAP), que está apresentada na Tabela 4.

A análise de variância para a taxa de alongamento foliar (TAF) não apresentou diferença significativa entre tratamentos (P>0,05) e entre tipos de perfilho (P>0,05) (Tabela 3). Este resultado está de acordo com os de CARVALHO e DAMASCENO (1996), que não encontraram variação na TAF, quando comparados perfilhos basilares de corte alto com os de corte baixo, para o Pennisetum purpureum cv. Roxo de Botucatu. GOMIDE (1997), em trabalho com cultivares de Panicum maximum, incluindo a cultivar Tanzânia, encontrou valores superiores aos verificados neste experimento para a TAF, registrando valores no crescimento de rebrota de 6,61 e 7,33 cm/dia.perfilho, para perfilho principal e primário, respectivamente. Valores superiores também foram encontrados por PINTO (1993) em estudo com capim-guiné (6,0 cm/dia.perfilhos). Deve-se levar em consideração que esses trabalhos foram conduzidos em casa de vegetação, o que permite o controle parcial das condições climáticas, principalmente no tocante à disponibilidade de água para as plantas. Entretanto, BERETTA et al. (1999), avaliando capim-tanzânia nos períodos seco e chuvoso, encontraram valores inferiores, para a TAF, aos registrados na Tabela 3, com média de 1,13 e 1,54 cm/dia.perfilho, respectivamente, na seca e nas águas.

De posse destas informações, é possível constatar a grande variabilidade da TAF entre espécies e cultivares. Além desta característica, a TAF apresenta respostas sensíveis aos fatores ambientais − temperatura, nutrição mineral, água e pastejo (NORRIS e THOMAS, 1982; BARTHRAM e GRANT, 1984). Provavelmente, os valores encontrados neste experimento poderiam ter sido mais elevados, se o déficit hídrico, ocorrido no período, não tivesse sido tão acentuado.

Tabela 3 - Valores médios para taxa de alongamento foliar (TAF), duração de alongamento foliar (DAL), taxa de senescência (TS) e comprimento final de folha (CF), em função do tipo de perfilho e do resíduo forrageiro pós-pastejo

Tipo de perfilho Resíduo

Novo Reman. Pr>F Alto Baixo Pr>F

TAF (cm.dia/perfilho) 1,865 2,005 0,5728 1,984 1,887 0,6422 DAL (dias) 7,3 8,9 0,0280 9,2 7,1 0,0003 TS (cm.dia/perfilho) 1,182 1,399 0,2690 1,336 1,244 0,7535 CF (cm) 20,94 29,20 0,0064 26,75 23,39 0,3289

A DAL apresentou diferenças significativas para tratamento (P<0,01) e tipo de perfilho (P<0,05) (Tabela 3). A menor duração de alongamento foliar no resíduo baixo pode ser atribuída ao menor comprimento final de folhas neste tratamento. Outra hipótese é que pastejos mais intensos, nos quais ocorre menor seletividade, promovem maior remoção de tecidos de folhas e pseudocolmo (PARSONS, 1988), o qual implicaria em pseudocolmos menores. Dessa forma, a distância percorrida pela folha do meristema apical até a extremidade do pseudocolmo seria menor, justificando assim rápido alongamento de folhas e, conseqüentemente, menor DAL.

A DAL em relação ao tipo de perfilho parece seguir o mesmo comportamento apresentado para os resíduos, em que perfilhos novos tiveram menor DAL em relação aos remanescentes (Tabela 3), provavelmente pelos mesmos motivos citados acima.

CORSI et al. (1994) encontraram valores de até 15,85 dias para DAL em Brachiaria decumbens, os quais foram superiores aos deste experimento. Em outro experimento conduzido por OLIVEIRA (1999) com capim tifton-85, a duração de alongamento foliar aumentou em função do nível de inserção da folha, com valores médios para DAL de 12 dias, no 10o nível de inserção de folha.

A taxa de senescência não apresentou diferença significativa entre resíduos e tipo de perfilho (P>0,05) (Tabela 3). Entretanto, o processo de

senescência para perfilhos remanescentes, nos dois resíduos, ocorreu somente nas folhas que não foram totalmente removidas pelos animais, ou seja, folhas com algum grau de desfolha, não sendo verificada nas folhas que apareceram durante o experimento. Assim, a senescência foi verificada logo nas primeiras semanas após o pastejo. No perfilho novo, o processo de senescência deu-se a partir do início de terceira semana de rebrota, que pode ser atribuído ao sombreamento das folhas inferiores.

Os valores encontrados no presente experimento foram superiores aos encontrados por ALMEIDA et al. (1997), porém apresentaram o mesmo comportamento, em que a TS não foi influenciada pela oferta de forragem, que está diretamente relacionada com o resíduo forrageiro pós-pastejo.

O comprimento médio de folhas (CF) por perfilho aos 35 dias não apresentou diferenças significativas entre tratamentos (P>0,05), porém diferiu (P<0,01) entre tipos de perfilho (Tabela 3), registrando-se maior comprimento no perfilho remanescente. As diferenças no CF podem ser atribuídas aos valores de TAP, em que maiores valores para TAP tendem a produzir maior número de folhas curtas por perfilho e incremento no número de perfilhos. Em contrapartida, baixas TAP tendem a produzir menor número de folhas, porém mais longas, e menor número de perfilhos (LEMAIRE e AGNUSDEI, 1999). Segundo esses autores, o comprimento médio de folhas completamente expandidas também é influenciado pela taxa de alongamento de folhas e pela duração de alongamento foliar.

Para a taxa de aparecimento de folhas (TAP), houve interação (P<0,05) entre tratamento e tipo de perfilho. Dessa forma, a TAP no perfilho novo foi maior no resíduo baixo, quando comparado com resíduo alto. No perfilho remanescente, observou-se o mesmo comportamento, no qual a TAP foi maior no resíduo baixo (Tabela 4). Este tipo de resposta está em concordância com PARSONS et al. (1991), que, trabalhando em pastagem consorciada de azevém perene e trevo branco, constataram que, à medida que a altura de corte aumentou de 3 para 9 cm, a TAP decresceu no azevém perene, porém manteve-se constante no trevo branco. Em contrapartida, HUME (1991), estudando Bromus wildenowi e duas espécies de Lolium, encontrou reduções nos valores de TAP, na medida em que se aumentava a altura de cortes.

Tabela 4 - Taxa de aparecimento de folhas por perfilhos (TAP) de perfilhos novos e remanescentes nos resíduos alto e baixo

Perfilho novo Perfilho remanescente R. Alto R. Baixo R. Alto R. Baixo TAP

(folhas.dia/perfilho) 0,144 b

0,182a 0,152b 0,171a

Médias seguidas de mesma letra dentro de cada tipo de perfilho não diferem pelo teste F (P>0,01).

A razão para maiores taxas de aparecimento de folhas no resíduo baixo e nos perfilhos novos pode ser explicada pelo menor tamanho de folhas e menor comprimento de pseudocolmo, como explicado anteriormente. ALEXANDRINO et al. (1999) verificaram aumento na TAP em cortes mais freqüentes, atribuindo este comportamento também ao menor tamanho de pseudocolmo.

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