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As características pessoais incorporam factores demográficos (idade, sexo, factores genéticos,...), o estado de saúde, conhecimentos, atitudes, características da personalidade, comportamentos (Dishman e Sallis, 1994; Bouchard e col., 1997), historial de actividade e

estado psicológico (Dishman, 1990) do indivíduo, que podem influenciar os hábitos de exercício físico e AF.

A importância destes determinantes, que têm origem no indivíduo, reside na capacidade de identificar as variáveis pessoais ou da população que podem ser alvo das intervenções que procuram o aumento da AF, ou que podem descrever impedimentos ou factores de resistência das pessoas perante as mesmas (Dishman, 1990).

Estes determinantes permitem classificar a pessoa como sendo receptiva ou não às referidas intervenções (Dishman, 1990). Como estas visam mudanças pessoais, podem ser mais eficazes se auxiliarem os indivíduos a sentirem-se bem consigo próprios, ao invés de se centrarem exclusivamente no conhecimento sobre os benefícios para a saúde da AF e do exercício (Dishman e Sallis, 1994).

Segundo estes autores, as pessoas mais propensas a aderir regularmente a exercícios espontâneos possuem mais habilitações literárias, são auto-motivadas e possuem capacidades de comportamento para planearem um programa de exercício e se prepararem para eventuais recaídas.

As pessoas activas tendem a esperar e acreditar que é benéfico para a sua saúde a prática de exercício, mas sentimentos positivos provenientes da actividade parecem ser mais importantes do que as crenças. Embora sejam detentoras de mais conhecimentos sobre o exercício, ainda não está esclarecido se tal conhecimento é um antecedente ou uma consequência do envolvimento (Dishman e Sallis, 1994). Por sua vez, as pessoas que pretendem ser activas mas permanecem sedentárias apresentam ausência de habilidades auto-regulatórias tais como, o estabelecer de objectivos racionais, auto-monitorização do comportamento e auto-reforço de um comportamento válido que as motivem para a prática da actividade (Dishman, 1990).

Algumas teorias do comportamento humano defendem que aumentando a ocorrência de outros comportamentos que partilham precursores, ambientes, ou benefícios comuns com a AF facilitarão incrementos nos níveis desta. Assim, um comportamento novo ou modificado persiste mais facilmente quando vários comportamentos facilitam ou

são compatíveis uns com os outros e são conduzidos por um conjunto comum de estímulos e reforços ambientais. Exemplo disto é o facto de apesar da vivência desportiva na infância poder ser um agente na socialização dos papeis adultos, também pode ser ultrapassado por outras influências de carácter pessoal e ambiental que exerçam um efeito mais imediato nessa fase. Para além disso, é difícil separar as influências comportamentais

aprendidas pelo envolvimento no desporto (por exemplo: habilidades e interesses) da influência de outras características pessoais que possam mediar o envolvimento desportivo na juventude e os padrões de exercício do adulto (Dishman, 1990; Dishman e Sallis, 1994).

Considerar o historial desportivo de cada um como determinante da AF do adulto, incita a Educação e os serviços de Saúde Pública a realizarem um investimento na AF, exercício e aptidão física das crianças. As descobertas nesta área são importantes, pois constituem um desafio para que campos de estudo preocupados com as questões da Saúde Pública avancem com conhecimento acerca dos determinantes dos padrões de AF entre as crianças e os jovens, e acerca de como estes podem estar relacionados com os determinantes e padrões de actividade dos adultos (Dishman, 1990).

É ainda importante saber se os constructos psicológicos de cariz estável ou transitório são determinantes causais da AF. Porque estes constructos podem reflectir o historial de comportamentos do passado que existe no presente, oferecem garantias para previsões mais precisas da AF do que os determinantes até aqui considerados. Quer sejam hereditários ou aprendidos, alguns constructos psicológicos (por exemplo, factores de personalidade como o temperamento) são vistos como traços que são relativamente resistentes às influências, nomeadamente às ambientais, enquanto outros (por exemplo, atitudes, crenças, valores, expectativas e intenções) são dispositivos comportamentais mais susceptíveis à mudança.

Outros determinantes na orientação intrínseca de um indivíduo para ser ou não fisicamente activo são os factores genéticos. Actualmente existe alguma literatura sobre este tema em que é patente a forte influência dos factores de natureza genética sobre os níveis de AF habitual dos indivíduos (ver Bouchard e col., 1997; Maia e col., 2001). Beunen e Thomis (1999) efectuaram uma revisão de literatura sobre os determinantes da AF de cariz genético e verificaram a existência de coeficientes de heritabilidade para a participação em desporto entre 0.35-0.83 e para a AF diária entre 0.29-0.62. Valores mais ou menos equivalentes foram encontrados por Kaprio e col. (1981), ao estimarem que 62% da variação total da AF se deve a efeitos genéticos. Assim, a propensão para se ser fisicamente activo também é influenciada pelo genótipo (Pérusse e col, 1989). No entanto, devemos ter sempre presente que a AF é um comportamento complexo de natureza multifactorial, pelo que não deve ser analisado apenas por um dos factores que o determinam mas antes, num contexto mais globalizante contemplando as influências genéticas, do envolvimento comum e envolvimento único de cada sujeito.

Por sua vez, os factores relacionados com o conhecimento, atitudes, valores e crenças da população, são mais receptivos à educação e campanhas de persuasão concebidas para alterar comportamentos de saúde. Apesar do conhecimento e da crença nos benefícios para a saúde resultantes da AF motivarem para um envolvimento inicial e para o regresso após pausa da actividade, os sentimentos de prazer e de bem-estar parecem ser motivos mais fortes para a prática contínua de AF.

As campanhas de educação podem surtir mais efeito no incremento da AF se dissiparem a informação incorrecta que pode ser desmotivadora da prática de AF em alguns grupos, se o conhecimento acerca do objectivo eficaz e sobre as habilidades comportamentais for reforçado por experiências de sucesso ou modelos que demonstrem as habilidades, estratégias eficazes para ultrapassar obstáculos, e benefícios desejados.