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CAPÍTULO IV – ASPECTOS ECONÔMICOS E DO MERCADO DE TRABALHO DE SANTA CATARINA

4.4 Características da população catarinense

4.4.1 PEA

A estrutura do mercado de trabalho e a formação da força produtiva catarinense estão ligadas às mudanças ocorridas na economia brasileira no século XX, mais precisamente a partir de 1970, uma vez que se intensificou o processo de crescimento da população urbana em detrimento da população rural. O esgotamento da fronteira agrícola constituiu um excedente de população no meio urbano, via migração, que foi alocado principalmente, na indústria de transformação.

Nos últimos anos ficou claro que a indústria de transformação não está conseguindo absorver o excedente de mão-de-obra vindo do setor primário. A contração e a modernização dessas atividades, como é o caso do complexo carbonífero na região Sul e a intensificação da automação da atividade agrícola, respectivamente, está contribuindo para que haja em Santa Catarina uma parcela excedente que não está alocada no mercado formal de trabalho.

Tabela 3: Distribuição da PEA absoluta e da PEA relativa de Santa Catarina segundo gênero no

período de 1991 a 2002.

MASCULINO FEMININO

Ano

Absoluto % Absoluto % TOTAL

1991 1.308.434 66,19 668.445 33,81 1.976.879 1992 1.447.758 60,14 959.700 39,86 2.407.458 1993 1.473.080 60,24 972.306 39,76 2.445.386 1994 nd nd nd nd nd 1995 1.545.973 58,73 1.086.292 41,27 2.632.265 1996 1.494.526 59,49 1.017.654 40,51 2.512.180 1997 1.528.557 60,06 1.016.424 39,94 2.544.981 1998 1.543.949 57,49 1.141.860 42,51 2.685.809 1999 1.639.038 58,31 1.171.975 41,69 2.811.013 2000 1.590.196 59,28 1.092.159 40,72 2.682.355 2001 1.698.845 57,85 1.237.815 42,15 2.936.660 2002 1.728.429 56,84 1.312.445 43,16 3.040.874 Cresc total(%) 32,10 96,33 53,8

FONTE: Síntese Estatística/IBGE e Censo Demográfico/IBGE. Crescimento Total=(Freqüência 1991/Freqüência 2002)*100.

Na distribuição da população economicamente ativa de Santa Catarina no período de 1991 a 2002, segundo a tabela 3, identifica-se o comportamento das pessoas ocupadas ou desocupadas na semana de referência da pesquisa no Estado de Santa Catarina e que estão disponíveis para atender formalmente e informalmente a demanda produtiva. É possível verificar, também, como se comportou ao longo da década de 1990 a PEA catarinense, podendo identificar-se possíveis momentos de aceleração e desaceleração da PEA.

Fica evidente que a população economicamente ativa de Santa Catarina teve um incremento médio 96.727 de pessoas ao ano no intervalo de 1991 a 2002. Isto significa dizer que Santa Catarina assistiu, neste período, a um aumento significativo de pessoas trabalhando, no mercado formal e informal, ou procurando emprego. Em 1991 o Estado tinha uma PEA total de 1.976.879 pessoas. Já em 2002 esse número passa 3.040.874 pessoas. Isso mostra que a população economicamente ativa do Estado cresceu no período cerca de 53,8%.Neste intervalo de tempo é possível notar que a distribuição da PEA está composta em sua maioria pelo gênero masculino. No início da década percebe-se uma participação relativa de 66,19% para o gênero masculino e 33,81% para o gênero feminino. Porém, em 2002 verifica-se a redução da taxa de participação do gênero masculino para 56,84% e aumento da taxa de participação do gênero feminino para 43,16%.

Fica claro ainda que no período houve uma disposição maior do gênero feminino para engajar-se no mercado de trabalho. De fato há um crescimento maior para esse gênero na PEA em comparação com o gênero masculino, pois o feminino teve um crescimento total de PEA de 96,33% de 1991 a 2002 enquanto o masculino cresceu um total de 32,10% no mesmo período.

De acordo com Barros et al (2001, p. 07), a diferença na inserção de homens e mulheres com mesmas características produtivas no mercado de trabalho podem ocorrer por três motivos: pelo tempo para trabalhar em atividades realmente laborais (mulheres demandam mais tempo para cuidar dos filhos ou para fazer atividades domésticas); pela discriminação salarial pura e simples entre homens e mulheres (na hipótese onde a mulher é remunerada com valores menores) e pela condição de que podem diferir quanto ao estoque de capital, sendo vistos como diferentes fatores de produção.

4.4.2 PIA e PNEA

Na década de 1990, através da tabela 4, que mostra a distribuição da PIA e PNEA e a taxa de participação PEA/PIA e PNEA/PIA, observa-se que houve um aumento significativo da proporção PEA/PIA, que passou de 56% em 1991 para 66,1% em 2002. Isto significa que no decorrer do período um maior número de pessoas passaram da condição de não economicamente ativas para a de economicamente ativa. Houve uma diminuição das pessoas inativas ou afastadas por desalento.

Tabela 4: Distribuição da PIA, PNEA e da taxa relativa PEA/PIA e PNEA/PIA de Santa

Catarina no período de 1991 a 2002.

Ano PIA PNEA % PEA/PIA % PNEA/PIA

1991 3.528.673 1.551.794 56,0 44,0 1992 3.653.173 1.239.473 65,9 33,9 1993 3.699.086 1.252.530 66,1 33,9 1994 nd nd 1995 3.845.441 1.210.890 68,5 31,5 1996 3.942.193 1.422.973 63,7 36,1 1997 3.953.011 1.408.030 64,4 35,6 1998 4.090.936 1.405.127 65,7 34,3 1999 4.174.356 1.363.343 67,3 32,7 2000 4.374.244 1.691.889 61,3 38,7 2001 - - - - 2002 4.598.953 1.558.079 66,1 33,9 Crescimento Total (%) 30,01 40,2

FONTE: Síntese Estatística/IBGE e Censo Demográfico/IBGE. Participação %PEA/PIA e %PNEA/PIA=Freqüência PEA e PNEAn/PIAn.

Crescimento Total = (Freqüência 2002/Freqüência 1991) * 100.

Percebe-se claramente pela tabela 4, que no intervalo 1991-2002 houve um aumento dos indivíduos em idade ativa que estão dispostos a praticar alguma atividade produtiva ou participar do mercado de trabalho. Isso reflete as condições econômicas encontradas no período, como a redução da renda do trabalhador e o aumento da taxa de desemprego6.

6 Segundo a análise de Carcanholo (2003, p. 13), “nos anos 90 os sinais de desestruturação do mercado de trabalho tornaram-se ainda mais evidentes. Observa-se nessa década um movimento de desassalariamento, provocado fundamentalmente pela eliminação dos empregos com registro, que representavam 38,3% da PEA ao final da década de 80 e chegam a 26,5% em 1999. Chama a atenção também a forte elevação do indicador de precarização, que passa de 35,6% da PEA em 1991 para 42,7% em 1995, e 48,9% em 1999. Deve-se notar que, embora todos os componentes do indicador tenham contribuído para a sua elevação, o item desempregado o fez em maior proporção. Desassalariamento, precarização e desemprego parecem ter sido as palavras de ordem na implantação do projeto neoliberal para o mercado de trabalho no Brasil dos anos 90”.

Fica claro através da tabela 4 que a PIA catarinense passa de 3.528.673 pessoas em 1991 para 4.598.953 pessoas em 2002. Isso significa uma taxa de incremento total da ordem de 30,01%, o que eqüivale a um aumento da participação absoluta da ordem 1.070.280 pessoas em idade ativa.

A PNEA obteve um incremento de 6.285 pessoas, o que eqüivale a uma taxa de incremento total no período da ordem da 40,2%. Já a taxa de participação PNEA/PIA passa de 44% em 1991 para 33,9% em 2002. Isso demonstra de que mais pessoas capacitadas ao trabalho estão se dispondo a trabalhar.

A taxa de participação PEA/PIA, também denominada de taxa de atividade, mostra o percentual de pessoas em idade ativa que participam no mercado de trabalho como pessoas ocupadas ou desocupadas. Verifica-se que a taxa de participação PEA/PIA aumentou no período de 1991 a 2002. Em 1991 observa-se uma participação relativa de 56%, enquanto em 2002 esse valor se amplia para 66,1%.