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Caracterização da Água da Chuva

EXEMPLO VII: DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE ÁGUA CINZA I ENUNCIADO

III SISTEMA PREDIAL DE ÁGUA PLUVIAL

4.3 Caracterização da Água da Chuva

Semelhante ao comentado para a água cinza é fundamental a caracterização da água da chuva a ser utilizada, tanto para o projeto quanto para o monitoramento. No entanto, não havendo a caracterização da água da chuva específica que será utilizada, podem ser utilizados dados de bibliografia.

Quanto aos parâmetros físicos e químicos, conforme Tabela abaixo, para a água pluvial foram observados reduzidos valores de cor, tubidez, DQO e DBO quando comparados aos valores encontrados para água cinza. No entanto, os valores de cor e turbidez ultrapassam os limites estabelecidos pelos critérios, impondo-se assim a necessidade de tratamento. O pH é próximo do neutro e a concentração de oxigênio dissolvido é significativa. No entanto, as concentrações de coliformes são expressivas indicando a necessidade da desinfecção dessas águas.

Observar que apenas valores de pH e DBO atendem os critérios para uso urbano. A água pluvial, por sua vez, apresenta melhores condições de aproveitamento, em termos qualitativos, que a água cinza. Porém, o uso da água pluvial não pode ser indiscriminado pois a mesma requer também tratamento, em especial para a remoção de microrganismos patogênicos. Além disso, é importante ter atenção para o fato que a água pluvial não pode ser utilizada sem a observância dos critérios quantitativos.

Estudos recentes apontam para a preocupação de que, se a população começar a armazenar água pluvial sem as devidas orientações, significativos impactos poderão ocorrer sobre o ciclo hidrológico, a ponto de, por exemplo, ser inviabilizado o retorno da água pluvial para os fluxos subterrâneos. Certamente, isso causaria impacto negativo aos próprios mananciais de água subterrânea, além daqueles superficiais. No entanto, essa utilização deve ser feita com atenção ao fato que a caracterização adotada da bibliografia deve ser significativamente similar com relação às fontes de água da chuva e usos previstos. Na tabela a seguir, constam dados sobre características da água da chuva já apresentadas nesse texto, no entanto com o incremento de critérios para utilização desta água.

Tabela: Síntese dos Resultados para Água da Chuva e Critérios Qualitativos

Características Observadas Critérios para

Uso Urbano Parâmetros Telha

Amianto

Telha

Cerâmica Terraço ACH 1 ACH2 ANA 2005 USEPA 2004 pH 6,38 6,22 5,72 7.48 7,0 6 - 9 6 – 9 DBO (mg/l) 3,9 9,67 11,88 2,5  10,0  10,0 SST (mg/l) 2.85 30  5,0 Turbidez (NTU) 4,35 3,83 6,19 4.56 1,6  2,0  2,0 Colif. Totais (NPM/100 ml) 1,6.103 9,5.102 8,9.103 2.82x103 > 70 Colif. Fecal (NPM/100 ml) 1,7.103 6,2.101 7,3.103 1.54x101 ND ND OD (mg/l) 7,10 7,29 5,8 20 DQO (mg/l) 3,42 28,32 30,60 9.80 Temperatura Cor (UC) 37,00 25,64 85,67 24.87 52,5  10

1 PETERS (2006); 2 MAY apud SAUTCHUK et al (2005)

Observa-se ser uma água de melhor qualidade que a água cinza, todavia não é dispensável o tratamento, haja vista as significativas concentrações de cor e coliformes. Desta forma, processos físicos, ou até químicos, para remoção de cor serão necessários, assim como processos de desinfecção, estes podendo ser físicos ou químicos.

4.4 Concepção e Projeto

Inicialmente cabe destacar que a respectiva norma de referência no Brasil é intitulada Água da

Chuva: Aproveitamento de Coberturas em Áreas Urbanas para Fins não Potáveis, NBR 15527.

Com relação a configuração básica de um sistema de aproveitamento de água da chuva, a mesma consta da área de captação (telhado, laje, piso), dos sistemas de condução de água (calhas, condutores verticais e condutores horizontais), da unidade de tratamento da água (reservatório de autolimpeza, filtros desinfecção) e do reservatório de acumulação. Pode ainda ser necessário um sistema de recalque, o reservatório superior e a rede de distribuição.

Características da área de captação, como as dimensões, forma e rugosidade, associadas as características hidrológicas locais como a intensidade pluviométrica e o período de retorno, permitem estimar a vazão a ser captada.

Estimada a vazão, é possível dimensionar o sistema de condução. Já o dimensionamento do reservatório igualmente requer o conhecimento da vazão estimada, assim como da demanda de água da chuva prevista. Neste sentido podem ser utilizados métodos onde a demanda é considerada constante ou o método onde se adota o máximo intervalo de dias secos, por exemplo.

Referente a unidade de tratamento de água, faz-se necessária inicialmente a avaliação da qualidade da água da chuva. Conforme já comentado, existe uma série de dados sobre a qualidade da água da chuva quando coletada em estações apropriadas. Por exemplo, em regiões onde existe poluição atmosférica, ocorre a acidificação da água da chuva podendo o pH atingir valores em torno de 4,0. Pouco conhecimento publicado há sobre a qualidade da água da chuva após o contato com a área de captação, uma vez que esta consta de um potencial meio poluidor da água. Ou seja, a água pode adquirir substâncias causadoras de contaminação, entre outras características desfavoráveis.

Portanto, fatores como a acidificação da água da chuva, associados à possibilidade de infecção de contaminantes no contato da mesma com as áreas de captação, implicam na necessidade de unidades apropriadas de tratamento desta água. O reservatório de autolimpeza pode ser considerado como uma unidade deste tipo, pois possibilita o descarte do volume inicial da água que literalmente lava a área de captação. O filtro de areia, por sua vez, é uma alternativa ao reservatório de autolimpeza, pois contribui para remoção de cor e turbidez da água. Já a desinfecção é importantíssima para a remoção dos agentes patogênicos, os quais são oriundos das áreas de captação ou dos próprios reservatórios de acumulação, que são meios próprios para o desenvolvimento de microorganismos. Como agentes desinfetantes, pode ser previsto o cloro e a radiação ultravioleta, de forma semelhante a água cinza. Quanto a necessidade do sistema recalque, do reservatório superior e rede de distribuição cabem aqui as mesmas observações tecidas para a água cinza.

Figura: Esquema demonstrativo do sistema de aproveitamento de água de chuva apenas com pré-tratamento.

Formas construtivas de sistemas de aproveitamento de água de chuva. Fonte: Herrmann e Schmida, 1999.

4.5 Dimensionamento

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