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4.1- LOCALIZAÇÃO E ACESSO

Em Minas Gerais, a área de estudo situa-se na região centro- sul do estado. Esta, insere-se nos domínios do Quadrilátero Ferrífero, em uma importante região montana de grande extensão conhecida geologicamente como sinclinal Moeda (figura 4.1). As drenagens que partem do interior do sinclinal Moeda fluem para duas bacias principais: a do ribeirão do Peixe situada ao norte e a do ribeirão Mata Porcos, posicionada ao sul dessa estrutura (SINDIEXTRA, 2008). A bacia hidrográfica do ribeirão Mata Porcos, está localizada nos municípios de Itabirito (59,8%) e Ouro Preto (40,2%). Para o presente estudo, foi delimitada toda a área de drenagem à montante da comunidade rural de ribeirão do Eixo, correspondente ao alto curso da bacia. Este é o território onde as minas desenvolvem suas atividades, conforme será abordado mais adiante.

O alto curso da bacia do ribeirão Mata Porcos pertence totalmente ao município Itabirito, compreendido entre as latitudes 20°13’45’’ e 20°21’44’’ S e longitudes 45°58’15’’ e 43º52’43’’ W (figura 4.1). A região está inserida em duas cartas topográficas da série IBGE na escala 1:50.000: as Folhas Rio Acima (IBGE, 1977) e Itabirito (IBGE, 1985).

O acesso à região norte da bacia pode ser feito a partir da cidade de Ouro Preto, seguindo pela BR-356 (Rodovia dos Inconfidentes) até o Posto Policial Rodoviário, já no município de Itabirito. Nesse local, é necessário orientar-se pela placa de indicação Mina do Pico, seguindo as demais sinalizações até atingir a Mineração SAFM (antiga Mina Ponto Verde) e Mineração Herculano. É possível ter acesso a oeste pela BR-040 que faz a ligação entre a capital Belo Horizonte e o Rio de Janeiro, nas proximidades do trevo para o município de Moeda, em uma distância aproximada de 55 km partindo de Belo Horizonte. Para tanto, é preciso se dirigir ao trevo de acesso próprio para a Mineração Herculano. Ao sul, é possível chegar pela mesma rodovia, seguindo em direção ao distrito de Ribeirão do Eixo. A maior parte dos acessos no interior da bacia é feita por estradas não pavimentadas, destinadas ao escoamento da produção mineral da região (figura 4.1).

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Figura 4.1- Mapa de localização da área de estudo, alto curso da bacia do ribeirão Mata Porcos (montante da

comunidade rural de Ribeirão do Eixo).

4.2- CLIMA E HIDROGRAFIA

Segundo a classificação climática de Köppen, a região apresenta o tipo Cwb, clima mesotérmico com temperaturas moderadas, verão quente e chuvoso e inverno frio e seco (Vale, 2010). O regime de chuvas na bacia hidrográfica foi caracterizado por meio dos hietogramas de precipitação

Comunidade de Ribeirão do Eixo

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um dos principais tributários do rio São Francisco. Sua nascente principal localiza-se no município de Ouro Preto, numa altitude de aproximadamente 1.500 m. Toda a bacia do Velhas compreende uma área de 29.173 Km2, onde estão localizados 51 municípios que abrigam uma população de aproximadamente 4,8 milhões de habitantes (Camargos, 2005).

O alto curso da bacia do ribeirão Mata Porcos, delimitado a montante da comunidade de Ribeirão do Eixo, possui uma área total de 7.550,11 ha. Dessa maneira, as demais descrições que seguem ao longo do trabalho sempre fazem referência a esta área. Para a caracterização da rede de drenagem foi estabelecida a carta de hierarquização de canais (figura 4.4) proposta por Strahler (1957).

Os principais cursos d’água onde se localizam as atividades de mineração são, a saber: o ribeirão do Silva, o córrego Benevides e o ribeirão Arêdes (figura 4.4). As descrições e a localização detalhada das respectivas atividades de mineração serão descritas no item 4.6 deste capítulo.

O ribeirão do Silva se estende na direção norte-sul ao longo de toda a área de estudo. É a principal drenagem do alto curso da bacia, coletando as contribuições de todos os outros córregos. Na sua cabeceira, encontra-se um depósito de caulim com atividade de lavra a céu aberto. Este ribeirão recebe ao sul de suas nascentes a drenagem de duas barragens de rejeito, pertencentes a uma planta de beneficiamento de minério de ferro, posicionada no divisor de águas entre o ribeirão do Silva e o córrego Benevides (figura 4.4).

O córrego Benevides localiza-se a oeste do ribeirão Arêdes e a leste do ribeirão do Silva, sendo que suas águas vertem para o ribeirão do Silva. Este recebe a contribuição de outra barragem

rejeito, que pertence ao mesmo empreendimento de minério de ferro mencionado no parágrafo anterior

(figura 4.4).

O ribeirão Arêdes, situado a sudeste da área, é o principal córrego que coleta todo o escoamento superficial de uma mina de minério de ferro recentemente licenciada, cujas operações de beneficiamento não envolvem a disposição de rejeito nessa bacia. Tanto a jazida como o beneficiamento primário encontram-se na bacia do ribeirão Arêdes. Este, assim como o córrego Benevides, drena para o ribeirão do Silva (figura 4.4).

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Figura 4.4- Mapa da área de estudo com os principais tributários do alto curso do ribeirão Mata Porcos

hierarquizados conforme Strahler (1957). As cores na rede de drenagem representam as diferentes ordens dos canais.

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4.3- USO, OCUPAÇÃO E COBERTURA VEGETAL

Desde o início da ocupação das terras das Minas Gerais em fins do século XVII, o Pico do Itabirito, localizado ao norte da região de estudo, serviu como marco geográfico e referencial de orientação para os caminhos descobertos pelos bandeirantes. Os caminhos já eram frequentados por tribos indígenas, habitantes iniciais dessa região. Aponta a memória coletiva local para a presença da tribo dos Aredês, grupo indígena habitante da Cadeia do Espinhaço na altura das cabeceiras do rio das Velhas, que podem ter sido os primeiros povoadores da região de Itabirito. Um dos cursos d’água na região recebe a denominação dessa tribo, chamado de ribeirão Arêdes (figura 4.4 e 4.5). Outras referências aos indígenas também são encontradas no local em nomes de outros mananciais, como por exemplo, o córrego do Bugre, cujo significado remete a uma denominação genérica para os índios (Guimarães, 2010).

A ocupação do local onde hoje se situa a sede do município de Itabirito e seu domínio deu-se por volta de 1709, com referências à instalação de lavras e capelas nas localidades hoje conhecidas como Acuruí, Rio de Pedras e do próprio Pico de Itabirito. Estes povoamentos são contemporâneos às primeiras explorações auríferas em Minas Gerais. A partir das vertentes do sinclinal Moeda, nos arredores do Pico, surgiu o arraial de Nossa Senhora da Boa Viagem de Itabira (hoje Itabirito). Nas margens do ribeirão Arêdes e de seus tributários, desenvolveu-se uma pequena localidade mineradora, chamada de Cata Branca do Arêdes, onde foi erguida uma capela em honra de São Sebastião, hoje em ruínas no local (Guimarães 2010). Pela sua importância e significado histórico-arqueológico, a área hoje constitui-se como uma unidade de conservação da natureza.

Figura 4.5- Ruínas do antigo núcleo minerador de Arêdes, localizado no interior da área de estudo. a) senzala; b)

capela São Sebastião e altar de rocha; c) ruínas de moradia.

As atividades de mineração do ouro estenderam-se pelos séculos XVIII até meados do século XIX, quando foram registradas as evidências da diminuição dos rendimentos das lavras e faiscações em Minas Gerais. Com um desmoronamento da galeria principal da Mina de Cata Branca (a principal da região) as atividades da empresa proprietária Brazilian Company foram precocemente encerradas em 1844, iniciando-se um expressivo desaquecimento econômico na região. Houve então o completo abandono do povoamento de Arêdes e redondezas e de sua atividade mineradora. No entanto, época da

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instalação da Estrada de Ferro Dom Pedro II, a abertura de empresas de siderurgia, tecidos e couro associados ao consequente crescimento da população, inicia-se uma nova fase de Itabirito que, aos poucos, adquiriu feição industrial (Gerdau Açominas, 2007).

No alto curso da bacia do ribeirão Mata Porcos, a partir da instalação das empresas siderúrgicas nas redondezas e início da exploração do minério de ferro (final do século XIX e ao longo do século XX), os terrenos no local foram valorizados e novamente explorados, datando das décadas de 1950 e 1960 as primeiras concessões de lavra (DNPM, 2012). Dessa época, existe documentado o primeiro registro do desmatamento da região (alto curso da bacia do ribeirão Mata Porcos), para a produção de carvão vegetal e abastecimento da Usina Queiroz Júnior no município de Itabirito. As áreas que não possuíam interesse mineral deram origem a pastagens para a criação de gado. Nos locais onde a condição permitia a ocupação urbana, foram desenvolvidos loteamentos (Fundação João Pinheiro, 1976).

A delimitação das classes atuais de uso, ocupação e vegetação foi realizada por técnicas de sensoriamento remoto, pois não foram localizadas informações em escala adequada para a área de estudo. Utilizou-se, para tanto, a classificação supervisionada por máxima verossimilhança da imagem de satélite.

As classes obtidas, a descrição sucinta bem como cada área correspondente a cada uma delas estão sintetizadas na tabela 4.1 e podem ser visualizadas na figura 4.6.

Tabela 4.1- Classes de uso e ocupação com nome, descrição e área na bacia.

Nome da classe Descrição sucinta Área (ha)

Formação florestal Vegetação predominantemente de porte arbóreo, matas de galeria.

1.379,10

Campo sujo

Campo aberto com poucas espécies arbóreas em meio a cobertura herbácea e de gramíneas, campos ferruginosos e vegetação rupícola.

3.285,26

Campo limpo Campo aberto com cobertura predominantemente formada por gramíneas e herbáceas, coberturas com vegetação inexpressiva.

1.444,19 Eucalipto e

culturas

Eucalipto e culturas em diferentes estágios de crescimento. 94,89 Mineração e

estradas

Áreas de lavra e beneficiamento de minério de ferro, estradas asfaltadas e vicinais, edificações, cobertura exposta de material predominantemente de composição ferruginosa.

426,97

Cobertura exposta

Áreas de lavra de outros minérios (caulim), feições erosivas, edificações antrópicas (condomínios e adensamento urbano), áreas rurais (pasto), cobertura exposta de material de alta reflectância.

249,94

Água Corpos d'água naturais e artificiais 9,65

Outros Áreas queimadas, afloramentos rochosos, sombras e pixels não classificados.

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Figura 4.6- Mapa da área de estudo com a delimitação do uso, ocupação e cobertura vegetal. As classes estão

representadas por cores diferentes e foram obtidas por técnicas de processamento digital de imagens de sensoriamento remoto. A descrição encontra-se na tabela 4.1.

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4.4- GEOMORFOLOGIA

O Quadrilátero Ferrífero é uma região conspícua, onde raízes de estruturas metassedimentares proterozóicas, apresentando feições de um relevo jovem, encontram-se em destaque sobre rochas cristalinas do Arqueano (Barbosa, 1980). Os quartzitos e itabiritos constituem o substrato das terras altas, os xistos e filitos compreendem o substrato das terras de altitude mediana e as terras baixas estão moldadas sobre granito-gnaisses (Harder & Chamberlin, 1915). Espacialmente, as terras altas constituem um conjunto de cristas e superfícies erosivas soerguidas que possuem uma forma grosseiramente quadrangular, daí a denominação de quadrilátero (Varajão et al., 2009).

O alto curso da bacia do ribeirão Mata Porcos insere-se totalmente no contexto de uma megafeiçao morfoestrutural cuja configuração apresenta-se como uma dobra de geometria sinclinal. Conhecida como sinclinal da Moeda, esta estrutura estende-se com traço axial de orientação N45W inicial, desde a conexão com a Serra do Curral (limite norte do Quadrilátero Ferrífero) por aproximados 40 km de extensão ao sul, sendo que a partir de sua porção central, este se orienta para N-S (Silva, 1999). A conformação do relevo no sinclinal Moeda configura-se em dois compartimentos principais: o das bordas do Sinclinal e o compartimento interior.

Nas bordas (abas da dobra) encontram-se cristas e cumeadas onde também se localizam as maiores altitudes (até 1578 m no Pico de Itabirito) com declividades superiores a 20 % (figuras 4.7 e 4.8). As partes mais elevadas sustentam-se pelos quartzitos e itabiritos (por vezes capeados pela canga) com vertentes íngremes e paredões de rocha, onde situam-se as lavras de minério de ferro. Nestas elevações destacam-se os divisores leste-oeste do alto curso da bacia do ribeirão Mata Porcos. O divisor oeste é conhecido como Serra da Moeda em toda sua extensão, sendo o divisor leste, conhecido localmente como Serra das Serrinhas (SINDIEXTRA, 2008).

No interior do sinclinal Moeda, ocupado pelos xistos e filitos, evidenciam-se as menores altitudes (em torno de 1300 m) e as declividades menos acentuadas (figuras 4.7 e 4.8). Estas são caracterizadas por colinas amplas e suaves, de geometria convexa, com topos arredondados e aplainados correspondendo ao relevo mais dissecado. (Dantas, 2005).

A configuração do relevo e a declividade de uma bacia hidrográfica são importantes instrumentos de gestão ambiental. Nas vertentes mais íngremes e com as maiores altitudes (bordas do sinclinal) existe a maior susceptibilidade de ravinamentos e de movimentos de massa. Contudo, nas encostas menos declivosas (interior do sinclinal) voçorocamentos de grande profundidade e extensão podem se associar as características geológicas e geomorfológicas do terreno (Dantas, 2005).

A obtenção das cartas de hipsometria e declividade foram trabalhadas a partir de um modelo digital de terreno, obtido a partir das curvas de nível na escala de 1.50.000.

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Figura 4.7- Mapa hipsométrico da área de estudo com a delimitação das classes de altitudes. O mapa exibe em

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Figura 4.8- Mapa de declividades da área de estudo com a delimitação de diferentes classes. O mapa exibe em

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4.5- GEOLOGIA REGIONAL E LOCAL

O Quadrilátero Ferrífero (QF) é uma importante província mineral do Brasil, localizado na porção central do Estado de Minas Gerais, estendendo-se por uma área de aproximadamente 7.200 km² na borda sul do Cráton São Francisco (figura 4.9). Seus limites são bem marcados: ao norte, a Serra do Curral, limite sul da cidade de Belo Horizonte, capital do Estado de Minas Gerais; a oeste, a Serra da Moeda, paralela a rodovia BR-040 que liga Belo Horizonte a cidade do Rio de Janeiro; ao sul, a Serra do Ouro Branco e a leste a Serra do Caraça (Alkmim & Marshak, 1998; Dorr, 1969). Geotectonicamente, o Quadrilátero Ferrífero posiciona-se no extremo sul do Cráton São Francisco (Almeida, 1977). Com uma história geológica complexa e marcada por diversos eventos tectônicos- vulcânicos, o QF corresponde a um grande bloco de estruturas do pré-cambriano, sendo sua conformação atual resultante da conjunção de muitas variáveis como estrutura, litologia, epirogênese, variações climáticas e erosão diferencial (Varajão et al., 2009). A variedade litológica no Quadrilátero Ferrífero propiciou o desenvolvimento de ecossistemas diferenciados, alguns deles com endemismos de espécies, intercalados na exuberante paisagem formada por vales, cristas, serras e baixadas.

Figura 4.9- Mapa geológico simplificado do quadrilátero ferrífero. Adaptado de: Alkmim & Marshak (1998).

A geologia e litoestratigrafia do QF foram descritas em detalhe pelas equipes do Serviço Geológico Norte Americano – USGS e do Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM entre 1946 e 1963, compilando trabalhos anteriores de Derby (1906) & Harder & Chamberlin (1915). Os estudos de cartografia foram então organizados e publicados por Dorr et al. (1957) & Dorr (1969), e têm se mantido, com pequena modificação na coluna estratigráfica proposta, até os dias de hoje.

Sinclinal Moeda: área

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Segundo Alkmim & Marshak (1998), cinco unidades geológicas principais são reconhecidas no contexto estratigráfico do QF: o embasamento cristalino arqueano, disposto em domos circundados pelas unidades supracrustais; o Supergrupo Rio das Velhas, uma sequência arqueana do tipo “greenstone belt”; o Supergrupo Minas, formado por sequências metassedimentares de idade paleo e mesoproterozóicas; o Grupo Itacolomi; as rochas intrusivas pós Minas e as coberturas sedimentares recentes do Cenozóico.

Na área de estudo (figura 4.10) destacam as rochas do Supergrupo Minas, cujo valor econômico deve-se principalmente as jazidas de ferro que possui. Compreende uma sequencia metassedimentar de idade paleoproterozóica, tendo sido dividido, da base para o topo, nos grupos Caraça, Itabira, Piracicaba e Sabará (figura 4.10), sendo que, este último, não está representado no local.

O Grupo Caraça, sequencia clástica basal, compreende duas formações, da base para o topo: Moeda, constituída por quartzitos sericíticos finos a grossos com lentes de filitos gradando a metaconglomerados; e, Batatal, constituída basicamente por filitos sericíticos e grafitosos e, subordinadamente, itabiritos, dolomitos e cherts (Noce, 1995). Contudo, a presença do grupo Caraça na área de estudo é pouco expressiva (aproximadamente 2% em relação à área total) e se detém as bordas do sinclinal moeda.

O Grupo Itabira, sequência metassedimentar química intermediária, é dividido da base para o topo nas formações: Cauê, constituída, principalmente, por itabiritos, itabiritos anfibolíticos, itabiritos dolomíticos e lentes de quartzito, filito, dolomito e horizontes manganesíferos; e, Gandarela, constituída por rochas dolomíticas e ainda itabiritos, e filitos dolomíticos e filitos (Dorr, 1969).

As rochas do Grupo Piracicaba têm grande expressão na área de estudo (aproximadamente 54% em relação à área total), cobrindo grande parte da zona de calha do sinclinal Moeda. Constitui-se numa sequência metasedimentar terrígena sendo subdividido, da base para o topo, nas formações: Cercadinho, Fecho do Funil, Taboões e Barreiro. Destaca-se, porém, as formações Cercadinho e Fecho do funil como as mais expressivas localmente. A Formação Cercadinho, unidade basal do grupo Piracicaba, foi descrita por Pomerene (1958) nas imediações do córrego de mesmo nome, ao sul da cidade de Belo Horizonte. É caracterizada pela alternância de quartzitos e filitos, frequentemente ferruginosos. Possui espessura variada entre 400 metros na região do platô Moeda (Dorr, 1969). A Formação Fecho do Funil foi inicialmente nomeada e descrita por Simmons (1958) na quadrícula de mesmo nome. É uma das menos resistentes aos processos intempéricos e possui espessura de aproximadamente 300 metros no platô Moeda, onde o ribeirão Mata Porcos esculpiu um cânion profundo e íngreme proporcionando bons afloramentos nesta sequência. É constituída por filitos, filitos dolomíticos, lentes de dolomito e mármore impuro. As lentes de dolomito possuem em média 30 metros de espessura, geralmente associadas à base da Formação (embora possam ocorrer em

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qualquer lugar), e centenas de metros de comprimento (Dorr, 1969). As sequências superiores estão representadas Formação Taboões, é compreendida por quartzitos finos e maciços localmente manganesíferos. A Formação Barreiro, é constituída por filitos e filitos grafitosos.

O Grupo Sabará constituído por filitos, xistos, xistos cloríticos, metagravaucas, quartzitos, e, subordinadamente, metatufos, metacherts e formação ferrífera (Dorr, 1969; Noce, 1995).

O Grupo Itacolomi é restrito às porções sudeste e sul do QF, sendo constituído por quartzitos, quartzitos conglomeráticos e lentes de conglomerados com seixos de itabirito, filito,quartzito e quartzo de veio.

As coberturas recentes são formadas por aluviões, colúvios, cangas e lateritas. Destaca-se na

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