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Os dados demonstrados neste capítulo referem-se a 106 idosos com 60 anos e mais, funcionalmente independentes e não institucionalizados, vinculados a grupos de terceira idade da cidade do Natal-RN. A amostra foi composta por 53 indivíduos com hipossalivação, constatada através de sialometrias não estimulada e estimulada. O grupo controle foi composto por 53 idosos que não apresentaram hipossalivação em nenhuma das duas condições.

A distribuição dos dados relativos às sialometrias de ambos os grupos encontra-se na figura 2

Controle Caso

Grupo a que pertence

0,60 0,50 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 Taxa de fl ux o sali var nã o es ti mu lado 57 88 Controle Caso

Grupo a que pertence

4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 Taxa de flux o sal iv ar e sti mula do 74

Figura 2 – Distribuição dos valores de sialometrias não estimulada e estimulada de idosos

A partir da observação da figura 2, a distribuição dos dados para sialometria não estimulada apresenta uma menor variabilidade nos dois grupos estudados, quando comparados com a sialometria estimulada. Portanto, deduz-se que o fluxo salivar não estimulado variou menos quando comparado com o fluxo estimulado, tanto no grupo controle como no grupo caso.

Para a sialometria não estimulada verificou-se uma mediana de 0,07 no grupo caso, 25% dos quais apresentaram fluxo salivar de 0,06 mL/min ou menos. No grupo controle, o valor da mediana foi de 0,17 e pelo menos 25% dos indivíduos apresentando fluxo salivar de 0,14 mL/min ou menos.

Para a sialometria estimulada, observou-se uma mediana de 0,40 no grupo caso com 25% destes apresentando fluxo salivar de 0,28mL/min ou menos. No grupo controle, o valor da mediana foi de 1,12 e pelo menos 25% dos indivíduos apresentaram valores de secreção salivar de 0,7 mL/min ou menos.

Analisando-se a mediana e os quartis nos dois grupos, verificou-se, no grupo caso, uma pequena variação na distribuição dos dados, indicando que fluxo salivar neste grupo teve pequena variação. Para o grupo controle, observou-se que o fluxo salivar variou consideravelmente quando comparado com o grupo caso.

Na busca por possíveis fatores de risco à hipossalivação investigou-se as características relativas às condições sócio-econômico-demográficas, condições de saúde geral e medicamentos, dieta, hábitos e condições de saúde bucal.

A descrição das características sócio-econômico-demográficas representativas dessa população encontra-se na tabela 1.

Tabela 1- Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis e freqüências absolutas e

relativas segundo as variáveis independentes representativas das condições sócio-econômico- demográficas de idosos funcionalmente independentes e não institucionalizados. Natal-RN, 2007.

Variáveis X

_

± dp Mediana Q25 -Q75

Idade (em anos) 68,19 ± 5,62 68,00 64,00 - 71,25

Renda 615,07 ± 556,53 350,00 350,00 - 700,00 Escolaridade 3,4 ± 3,42 3,00 0,00 - 5,00 Densidade domiciliar 0,65 ± 0,37 0,52 0,40 - 0,87 Categorias n(%) Masculino 2(1,9) Sexo Feminino 104(98,1) Não casado 69(65,1) Estado civil Casado 37(34,9) Profissões domésticas 75(70,8) Profissão Profissões não domésticas 31(29,2) Não própria 12(11,3) Moradia Própria 94(88,7) Não 91(85,8) Posse de automóvel Sim 15(14,2)

De acordo com a tabela 1, depreende-se que a população estudada apresenta uma média de idade de 68 anos, situando-se na primeira década da terceira idade, representada quase exclusivamente por pessoas do sexo feminino, com baixos graus de escolaridade e renda. Quase dois terços dessas pessoas idosas são viúvas, divorciadas ou solteiras e, neste estudo, foram agrupadas na categoria denominada não casados.

Em relação à profissão, a maioria dessas pessoas exercia atividades ligadas ao ambiente doméstico. Outras profissões como pedreiro, ajudante de servente, agricultor, auxiliar de enfermagem, professor, comerciante, artesão e auxiliar de serviços gerais, entre outras, estiveram representadas nessa população.

Como as atividades profissionais dessas pessoas eram muito variadas e muitas delas estavam ligadas ao ambiente doméstico, como, por exemplo, empregada doméstica, cozinheira e profissionais do lar, fez-se necessária uma recategorização em duas categorias profissionais. Essas profissões foram denominadas profissões domésticas, e aquelas realizadas fora do ambiente doméstico, profissões não domésticas. A primeira refere-se às atividades realizadas exclusivamente no ambiente do lar, enquanto a segunda diz respeito a atividades que tradicionalmente são realizadas fora do ambiente doméstico, incluindo também aquelas originadas no lar, mas que podem ser exercidas, também, fora dele, como lavadeira, cozinheira e costureira.

Quase 90% dessas pessoas possuíam moradia própria, e apenas uma pequena parcela residia em imóvel ainda em aquisição, cedido, alugado, ou ainda viviam com parentes mais próximos, agrupados na categoria moradia não própria. A densidade domiciliar foi baixa, situando-se em 0,5 pessoas por cômodo, e essas residências em quase sua totalidade tinham cobertura de paredes. Aproximadamente 86% não possuíam automóvel.

Já no que se refere à caracterização da amostra em relação à saúde geral, esta foi representada por variáveis quantitativas e qualitativas relacionadas a doenças referidas, uso e tempo de medicação, número de medicação diária e índice de massa corpórea.

A descrição das características das condições de saúde geral da população estudada encontra-se na tabela 2.

Tabela 2 - Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis e freqüências absolutas e

relativas segundo as variáveis independentes relacionadas a problemas de saúde geral e medicação em idosos funcionalmente independentes e não institucionalizados. Natal-RN, 2007.

Variáveis X

_

± dp Mediana Q25 – Q75

Tempo (em anos) que toma medicação 6,61 ± 8,20 3,50 0,88 – 10,00

Número de medicamentos diários 1,8 ± 1,57 2,00 1,00 - 2,00

Índice de massa corpórea 26,98 ± 5,44 26,40 22,80 – 31,05

Categorias n(%)

Não 7(6,6)

Problemas de saúde

Sim 99(93,4)

Não 22(20,8)

Toma medicação Diariamente

Sim 84(79,2)

Não 29(27,4)

Doenças do coração e circulatórias

Sim 77(72,6) Não 85(80,2) Diabetes Sim 21(19,8) Não 61(57,5) Doenças osteoarticulares Sim 45(42,5) Não 98(92,5) Doenças endócrinas Sim 8(7,5) Não 75(70,8) Outras doenças Sim 31(29,2)

De acordo com a tabela 2, relacionada aos problemas de saúde, verifica-se que a população estudada, em sua maioria, convive com a presença de doenças ou algum sintoma isolado e faz uso de medicação diariamente.

As doenças referidas pelos idosos foram agrupadas em 4 categorias: doenças circulatórias ou do coração, diabetes, doenças osteoarticulares, doenças endócrinas e outras doenças.

As doenças mais prevalentes nesses idosos foram as relacionadas ao coração e circulatórias, seguidas pelas osteoarticulares.

Doenças como neoplasias, tuberculose, alergias, hipercolesterolemia, glaucoma, labirintite, distúrbios de comportamento psiquiátricos, distúrbios gastrointestinais e sintomas isolados como dores nas pernas e braços foram agrupadas dentro da categoria outras doenças e apareceu como a terceira categoria de doenças mais prevalente na amostra. O diabetes, apesar de representar um distúrbio endócrino, foi considerado isoladamente por ser uma doença de maior prevalência nessa faixa etária, por apresentar complicações a longo prazo com severos danos à saúde e qualidade de vida e também porque estudos têm relatado sua implicação na xerostomia e na hipossalivação. Neste estudo, o diabetes foi referido por 19,8 % dos idosos. As doenças endócrinas representaram menos que 10% na amostra e, por esse motivo, esta e outras variáveis que se apresentaram nessa condição foram excluídas quando da realização da análise bivariada.

A população em estudo faz uso contínuo de medicação, em média, há mais de seis anos e utiliza dois medicamentos diários.

A medicação utilizada pela população de estudo foi classificada em 16 grupos de

medicamentos, conforme mostra a figura 3.

Medicação diária usada por idosos funcionalmente independentes e não institucionalizados. Natal-RN, 2006.

0 10 20 30 40 50 60 Antia lérgico s Redu tores dese creçã o ácido gástric a Ginkg o bilob a Vit.e el ementos essenc iais Antin eoplásic os Ansiol íticos Antire umátic os Hipoco lester olemi antes Anticoa gulan tes Hormô nios Anti-i squêm icoscor onarian os Antidep ressiv os Inibido resde reabs orção óssea Hipoglic emian tes Diuréti cos Anti-h iperte nsivos G ru p o de m e di c am e nto s ( % )

Figura 3 – Medicação diária usada por idosos funcionalmente independentes e não

institucionalizados. Natal-RN, 2007.

Ao observar a figura 3, depreende-se que o grupo dos anti-hipertensivos foi o medicamento mais utilizado, seguido pelos diuréticos, hipoglicemiantes e inibidores de reabsorção óssea.

No que se refere ao Índice de Massa Corpórea (IMC), este apresentou-se levemente acima dos valores tidos como normais, que estabelece a faixa entre 18,5 e 25 como parâmetros de normalidade62. Para a análise bivariada, indivíduos com IMC abaixo e acima dos limites normais foram incluídos na categoria fora do peso.

Outro conjunto de variáveis analisado nesse estudo foi composto por variáveis relacionadas ao fato de se estar ou não em dieta e restrição alimentar. (restrição alimentar refere-se aos alimentos ou grupos de alimentos em restrição ou supressão por recomendação médica).

A descrição das características da dieta dessa população, com relação à restrição alimentar, encontra-se na tabela 3.

Tabela 3 – Valores absolutos e percentuais de freqüências absolutas e relativas para as

variáveis independentes relacionadas à dieta de idosos funcionalmente independentes e não institucionalizados. Natal-RN, 2007.

Variável Categoria n (%)

Dieta alimentar NãoSim 29 (27,4) 77 (72,6)

Restrição a sal NãoSim 44 (41,5) 62 (58,5)

Restrição a doces NãoSim 59 (55,7) 47 (44,3)

Restrição a massas NãoSim 60 (56,6) 46 (43,4)

Restrição a frituras NãoSim 47 (44,3) 59 (55,7) Restrição a carnes vermelhas NãoSim 100 (94,3) 6 (5,7) Restrição a conservas NãoSim 105 (99,1) 1 (0,9)

Como se pode observar, a maioria da população estudada encontrava-se em dieta alimentar. Em relação aos grupos de alimentos em restrição, observa-se que a maior restrição foi ao sal, seguida das frituras, não havendo praticamente diferenças na restrição a doces e massas.

A descrição das características da população em relação aos hábitos do tabagismo e do etilismo dessa população encontra-se na tabela 4.

Tabela 4 – Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis e freqüências absolutas e

relativas segundo hábitos relacionados ao tabagismo e ao etilismo em idosos funcionalmente independentes e não institucionalizados. Natal-RN, 2007.

Variável ± dp Mediana Q25 -Q75

Tempo que fuma 41,94 ± 19,71 49,5 30,00 - 58,00

Nº de cigarros que

fuma ao dia 5,73 ± 4,97 3,00 3,00 - 10,00

Tempo que fumou 32,93 ± 19,32 31,00 15,00 - 50,00

Tempo que deixou de

fumar 18,29 ±14,27 19,00 4,00 - 30,00

Nº de cigarros que fumava ao dia

9,61 ± 12,23 4,50 2,75 - 10,00

Tempo que bebeu 16,94 ± 16,36 15,00 3,00 - 30,00

Tempo que deixou de beber

20,69 ± 12,71 20,00 11,50 - 29,25

Categoria n(%)

Fumo atual Não

Sim 91(85,8)15(14,2) Fuma cigarro

industrializado NãoSim 7(46,7)8(53,3)

Fuma cachimbo Não

Sim 9(60)6(40)

Fuma cigarro de fumo

de rolo NãoSim 14(93,3) 1(6,7)

Fumo passado Não

Sim 60(56,6)46(43,4) Fumou cigarro industrializado Não Sim 21(44,7) 26(55,3)

Fumou cachimbo Não

Sim

29(63) 17(37) Fumou cigarro de fumo

de rolo Não Sim 41(89,1) 5(10,9) Consumo de álcool atual Não Sim 103(97,2) 3(2,8) Consumo de álcool

passado NãoSim 90(86,5)14(13,5)

X

_

Em relação ao hábito do tabagismo atual, verificou-se que apenas uma pequena parcela dessa população ainda mantém o hábito. Entretanto, essas pessoas fumam há muitos anos, embora a freqüência média diária tenha sido considerada baixa. Não houve diferenças

significativas de prevalências em relação ao tipo de fumo quando se considera cigarro industrializado e cachimbo. Já quanto ao uso de cigarro de fumo de rolo, este foi muito baixo.

Investigando-se a história passada de tabagismo, constatou-se que quase metade da população em estudo revelou a presença do hábito em algum momento de suas vidas, tendo fumado durante um tempo relativamente longo e uma freqüência diária média de quase 10 vezes.

O hábito do etilismo atual esteve presente apenas numa pequena parcela da população, apresentando-se inexpressivo.

A história passado do etilismo demonstra que não é comum o hábito nesta população, com apenas 13,5% de relatos de consumo de álcool, esporadicamente, na grande maioria das vezes em reuniões sociais.

Em relação à saúde bucal, apenas as variáveis independentes relacionadas à presença de dentes e uso de prótese foram investigadas.

A descrição das características em relação aos hábitos relacionados à saúde bucal dessa população encontra-se na tabela 5.

Tabela 5 – Valores de médias, desvios-padrão, medianas, quartis e freqüências absolutas e

relativas segundo as variáveis independentes relacionadas à saúde bucal de idosos funcionalmente independentes. Natal-RN, 2007.

Variável Categoria X

_

± dp Mediana Q25 Q75

Nº de dentes presentes 3,98 ± 6,14 0,00 0,00 7,00

n(%)

Uso de prótese NãoSim 28(26,4)78(73,6) Uso de prótese superior NãoSim 28(26,4)78(73,6) Uso de prótese inferior NãoSim 64(60,4)42(39,6)

PPR c/

grampos 4(5,1) Prótese total 72(92,3) Tipo de prótese superior

PPR s/

grampos 2(2,6) PPR c/

grampos 4(9,5) Tipo de prótese inferior

Prótese total 38(90,5) Nota: PPR prótese parcial removível

Em relação ao número de dentes presentes, verificou-se que esses idosos apresentavam, em média, quatro dentes, sendo que pelo menos metade dessas pessoas eram edêntulas e, em sua maioria, usavam prótese total superior. O uso de prótese inferior foi mais baixo, predominando também o uso de prótese total.

5.2 Associação entre as variáveis independentes estudadas e

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