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CARACTERIZAÇÃO DA BACIA DO RIO DÃO

2.1. Elementos Básicos

2.1.1. Localização geográfica

O Rio Dão é o principal afluente da margem direita do Rio Mondego, com nascente em Eirado (próximo de Aguiar da Beira) a uma altitude aproximada de 840 m, em que a linha de água principal percorre ao longo de 92 km, até que desagua no Rio Mondego à cota média de 120 m (cota variável, controlada pela Barragem da Aguieira- PBH-Rio Mondego, 2000).

A Bacia do Rio Dão desenvolve-se na parte norte da Zona Centro do País (Figura 2.1) desde as imediações do marco geodésico de Cabesteiros, junto à povoação de Barranha, na freguesia de Eirado, no concelho de Aguiar da Beira (distrito da Guarda), percorrendo vários concelhos até confluir com o Rio Mondego na albufeira da Barragem da Aguieira (imediações de Santa Comba Dão (no distrito de Viseu)

Figura 2.1 – Enquadramento regional da área em estudo. Esboço da Bacia do Rio Dão. Adaptado de Mapa Escolar de Portugal (2011).

Modelo geohidráulico das águas sulfúreas da Bacia do Rio Dão

17 O Rio Dão percorre ao longo do seu curso, por entre o “Planalto Beirão”, de montante para jusante, os concelhos de Aguiar da Beira, Sátão, Penalva do Castelo, Fornos de Algodres, Mangualde, Nelas, Viseu, Carregal do Sal, Tondela e Santa Comba Dão (Figura 2.2).

Figura 2.2 – Enquadramento administrativo do território da Bacia do Rio Dão. Esboço sem escala. Adaptado de Carvalho e Cardoso (2004).

Em termos de acessibilidades, na região do Dão é possível aceder às principais povoações através de rede rodoviária de Estradas Municipais e de várias Estradas Nacionais de relevância: o IP3, a N234, N229, além de que a zona central da bacia pode também ser acedida pela A25 (direção OE).

Destaca-se ainda a acessibilidade da envolvente em termos ferroviários, uma vez que na margem esquerda (junto à zona limite) desenvolve-se a linha da Beira Alta que faz ligação entre o entroncamento ferroviário da Pampilhosa (perto de Coimbra) até Vilar Formoso, permitindo o acesso através das estações de Mortágua (pouco a sul da zona de jusante), Santa Comba Dão, Carregal do Sal, Nelas, Mangualde e Fornos de Algodres (zona de montante).

2.1.2. Geomorfologia

2.1.2.1. Enquadramento geomorfológico regional

Conforme referenciado o Rio Dão é afluente da margem direita do Rio Mondego (Dec. Reg. n.º 9/2002), que se nasce na zona de Aguiar da Beira, na fronteira com a bacia do Rio Távora (que converge para norte, para o Rio Douro).

Em termos de infraestruturas de escoamento (Figura 2.2), no Rio Dão destaca-se a existência de duas barragens que condicionam o escoamento da bacia: a de Fagilde (na proximidade de Viseu) e a da Aguieira (na foz do Rio Dão com o Rio Mondego). No Rio Dinha (junto à povoação de Mosteiro de Fráguas) foi construída uma infraestrutura de armazenamento de água, com o

Mosteiro de Fráguas

B. Fagilde

objetivo de capacitar a rede de abastecimento público para os concelhos de Carregal do Sal, Tondela, Santa Comba Dão e Mortágua.

Em termos regionais, a Bacia do Rio Dão geomorfologicamente situa-se na Zona Centro – Ibérica onde ocorrem a maioria das águas sulfúreas (Figura 2.3). A área em estudo enquadra- se entre os acidentes de Bragança-Unhais da Serra e Verin-Penacova de orientação NNE-SSW, identificando-se desde já como grandes unidades geomorfológicas na envolvente: a Serra da Lousã, Açor e Estrela (a Sul), as Serras da Freita, Caramulo e Buçaco (a Oeste) e pelas Serras de Montemuro, Leomil e Lapa (Norte).

Figura 2.3 – Enquadramento geomorfológico da envolvente à Bacia do Rio Dão: a) Zonas paleogeográficas e tectónicas; b) Unidades geológicas com a distribuição das águas minerais sulfúreas alcalinas. Adaptado de Morais (2012).

Morfologicamente a bacia está inserida no Maciço Antigo em que o relevo caracteriza-se por áreas aplanadas e por fortes declives em que encaixam as principais linhas de água (POAA, 2005). Ainda que o relevo atual seja condicionado pela litologia e pela ação dos agentes erosivos, os impulsos tectónicos, em especial os reativados durante a colisão Bética, estarão na origem do delineamento do relevo atual (Ferreira, 2000).

A Bacia do Rio Dão pertence à grande superfície de aplanação localizada entre as Serras do Caramulo e da Estrela que foi rasgada profundamente pelos vales dos rios Mondego e Dão, em que os percursos são praticamente paralelos. São vales estreitos e encaixados, orientados

Terrenos Alóctones Zona Centro-Ibérica

1 Trás-os-Montes 2 Douro-Beiras

Escala

Orlas Meso-Cenozóicas e Bacias Terciárias Formações Ante-Mesozóicas metasedimentares

Rochas magmáticas com predomínio de granitos Paleozóicos a) b) Porto Valença Guarda Viseu Aveiro Bragança

● Nascente de água sulfúrea alcalina

Orla Ocidental Zona de Ossa Morena

Modelo geohidráulico das águas sulfúreas da Bacia do Rio Dão

19 segundo a direção NE-SW (Teixeira et. al., 1961). A bacia apresenta uma forma alongada, de relevo acentuado, com perímetro aproximado de 325 km (Dec. Reg. n.º 9/2002).

Ferrari de Almeida (2010) indica o Rio Dão como sendo um rio típico de planalto, ainda que sem grandes declives à semelhança dos afluentes da margem direita do Mondego. O ponto mais elevado de toda a bacia situa-se à cota de 1055 m, a norte de Tondela, sendo que a sua bacia drena uma área cerca de 1378 km2, sendo que a linha de água principal com

comprimento de 92 km, vence um desnível máximo da ordem de 800 m (Figura 2.4), o que em termos globais os declives são suaves para sudoeste, na ordem de 1 % para a linha de água e de cerca de 7% para os declives da bacia (Dec. Reg. n.º 9/2002).

O Rio Dão é classificado como Grau 3 segundo a classificação de Strahler (Figura 2.5), e tem como principais linhas de água que lhe afluem na margem direita a Ribeira de Coja, o Rio Satão, o Rio Dinha, o Rio Pavia e o Rio Criz, na margem esquerda a rede de drenagem não é tão desenvolvida, destacando-se apenas o Rio Carapito (Figura 2.4).

Quanto à tectónica, o vale do Rio Dão é condicionado pela Falha do Rio Dão (POOA, 2005) de orientação NE-SW, por entre os vales das Serras do Caramulo (parte oeste da Bacia) e o complexo montanhoso da Serra da Estrela (vertente poente), numa trajetória semi-parelela à do Rio Mondego.

A rede de drenagem é composta por linhas de água com troços retilíneos, que adotam direções preferenciais NNE-SSW, N-S, NE- SW e NW-SE, coincidentes com os principais estruturas tectónicas: Falha de Penacova-Régua-Verin e Falha do Rio Dão (LNEG- LGM, 2010). Na bacia em estudo registam-se várias nascentes de águas sulfúreas em que a sua localização (junto às suas margens) indiciará que a estrutura do Rio Dão contribuirá para a ressurgência da água à superfície. Ao longo da bacia, de montante para jusante ocorrem as seguintes nascentes de água de sulfúrea: Cavaca (Rio Coja); Sezures /Campina (Rio Dão); Alcafache (Rio Dão), Sangemil (Rio Dão) e Granjal (Rio Dão).

Uma particularidade que dificultou a observação de outras ressurgências é o fato dos maciços graníticos se apresentarem por vezes muito alterados (e com vegetação frondosa) dissimulando a possível existência de outras nascentes (inclusive na envolvente das nascentes conhecidas).

Em geral, as águas sulfúreas surgem associadas a falhas hercínias que condicionam a circulação e promovendo a ascensão dos recursos (DGMSG, 1970). Além de que Calado (2001) e Morais (2012) referenciam a possibilidade de ocorrência de uma extensa fratura ao longo da Bacia do Rio Dão, de direção global N45ºE (NE-SW), com alguns ressaltos, mas com continuidade na horizontal, que provavelmente provocará a ascensão das águas sulfúreas.

Figura 2.4 – Enquadramento geomorfológico da Bacia do Rio Dão, em mapa à escala  1/230 000 (a partir de extrato das Cartas n.º 3 e 4 do IGeoE,2005).

Bacia

Hidrográfica do