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4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EM ESTUDO

Tomando como ponto de partida a hierarquização descendente da divisão político-administrativa do Brasil, a área de estudo, definida pela bacia hidrográfica do rio Jucu (BHRJ) (Figura 3), encontra-se inserida na região Sudeste do país, no estado do Espírito Santo e Macrorregião de Planejamento Metropolitana. Esta última agrupa-se em cinco microrregiões, das quais duas, compostas por 14 municípios, são parcialmente ocupadas pela unidade de estudo; seis desses municípios são abrangidos pela bacia, sendo estes: Domingos Martins e Marechal Floriano na Microrregião Sudoeste Serrana e Viana, Vila Velha, Cariacica e Guarapari na Microrregião Metropolitana. Os municípios de Domingos Martins, Marechal Floriano e Viana encontram-se completamente inseridos nessa bacia (IJSN, 2011).

Componente da Região Hidrográfica Atlântico Sudeste, o rio Jucu drena a Bacia de nível 4 e código 7.714, classificada pelo sistema de Otto Pfafstetter, composta de nove sub-bacias de nível 5, a saber: rio Barcelos; ribeirão Tijuco Preto; rio Galo; rio Jucu Braço Sul; ribeirão Peixe Verde, rio Jacarandá; rio Camboapina; rio Marinho; e Foz do Rio Jucu. Estes por sua vez recebem 65 tributários de nível 6

segundo esse mesmo sistema de classificação (IJSN, 2014).

O curso d’água principal da BHRJ, conhecido como Jucu Braço Norte, tem extensão de 169 km, com nascente situada a sudoeste do Parque Estadual de Pedra Azul, em Domingos Martins, e a noroeste do distrito de Castelinho (Vargem Alta), apresentando altitude de 1.221 m. Trata-se de uma bacia exorréica, com foz desaguando no Oceano Atlântico na praia Barra do Jucu, em Vila Velha. Do total de 169 km de extensão do curso d’água principal, 126 km situam-se no trecho intitulado Braço Norte, sendo o restante corresponde à extensão da confluência dos Braços Norte e Sul até a sua foz. Na década de 50, o já extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento – DNOS realizou o desvio do rio Formate, outrora um dos principais afluentes do rio Jucu, o qual passou a constituir uma bacia independente. Assim, com base no que era originalmente, o rio Jucu apresenta seu curso atual bastante modificado (IJSN, 2014).

Figura 3 – Localização da unidade de estudo.

Fonte: o autor

Em referência geoespacial, a BHRJ localiza-se entre as coordenadas UTM mín. E: 276.759 e máx. E: 364.059 m, e mín. N: 7.770.580 e máx. N: 7.724.730 m,

compreendendo uma área de drenagem, projetada em plano horizontal, de 2.125 km², área real (com base no declive) de 2.239 km², perímetro de 447 km, altitude máxima de 1.888 m e mínima de -10 m.

Quanto à fitofisionomias do Bioma Mata Atlântica, na qual a BHRJ está inserida, é predominante a cobertura por Floresta Ombrófila Densa (Floresta Tropical Pluvial), estendendo-se quase que pela totalidade da área, sendo descontinuada na região central da bacia por uma faixa transversal de Floresta Ombrófila Aberta (Faciações da Floresta Ombrófila Densa) (BRASIL, 2012).

Devido à forte variação do relevo, diversidade orográfica (altitude, forma, orientação das encostas, etc), continentalidade e maritimidade, essa bacia é dotada de alta heterogeneidade climática, segundo a classificação de Köppen-Geiger (PEEL; FINLAYSON; MCMAHON, 2007). Dois tipos de clima são coincidentes à região, o clima quente e úmido e o tropical de altitude (mesotérmico), os quais se enquadram nas categorias Tropical Úmido com Estação Chuvosa no Verão e Seca no Inverno (Aw), Tropical Úmido sem Estação Seca Pronunciada (Am), e subtipos Brando Úmido (Cfa) e Brando de Inverno Seco (Cwa) (HABTEC, 1997a; PEEL; FINLAYSON; MCMAHON, 2007).

Os registros climáticos mostram grande variação na amplitude de temperatura ao longo do perfil altitudinal da bacia. Devido às chuvas orográficas, os índices pluviométricos da região serrana são mais elevados quando comparados ao litoral. No domínio serrano, a pluviosidade média anual pode variar de 1.200 a 2.000 mm, enquanto no litoral oscila entre 1.100 a 1.300 mm. As maiores vazões ocorrem com maior frequência no mês de dezembro, e a época de estiagem corresponde aos meses de julho a setembro (ANA, 2012).

O tipo de solo predominante na área é o Latossolo Vermelho-Amarelo, ocupando quase que a totalidade da bacia. Ocorrem ainda solos do tipo Cambissolo Háplico na região norte e sudoeste da bacia, Neossolo Flúvico nas regiões mais baixas do relevo, e manchas de Neossolo Litólico e Argissolo Vermelho Amarelo respectivamente em áreas compreendidas pelos municípios de Guarapari e Cariacica.

O uso do solo na bacia é majoritariamente agropecuário. As várias pequenas indústrias estão localizadas principalmente em Viana, Cariacica e Vila Velha, sendo a maioria considerada como potencialmente poluidoras. O rio Jucu possui potencial hidráulico para a geração de energia, tendo recebido em 1909 a primeira hidrelétrica

do Estado, a Pequena Central Hidrelétrica – PCH denominada Jucu, situada no tributário Jucu Braço Sul no município de Domingo Martins (ESCELSA, 2014), com área de drenagem de 387 km², e mais recentemente, recebe a implantação da PCH Pedreira, com área de drenagem de 93 km² instalada no rio Jucu Braço Norte, no Distrito de Paraju, município de Domingos Martins (HABTEC, 1997a; ESPÍRITO SANTO, 2012).

Os principais usos das águas dessa bacia são: abastecimento urbano, industrial, doméstico e rural; geração de energia; dessedentação de animais; diluição de efluentes; irrigação; recreação; pesca; e manutenção de biodiversidade fluvial (ANA, 2012). Dentre os principais fatores de degradação dos recursos hídricos cita-se: cargas elevadas de esgotos domésticos; escoamento superficial de áreas urbanas e rurais; efluentes industriais; chorume; despejo de lixo; efluentes e resíduos de atividades agropecuárias; processos erosivos generalizados; retificação; canalização e dragagem de cursos de água; ocupação de margens de rios e lagoas; retiradas de matas marginais e extração de areia. Já quanto aos principais impactos observados destacam-se: barramento; poluição orgânica das águas e sedimentação; adição de substâncias tóxicas; metais pesados e óleo nas águas; represamento de rios; modificação de traçados e seções de canais fluviais; elevação da turbidez e assoreamento da calha; destruição de várzeas sazonalmente inundadas; lagos e alagadiços marginais; diminuição/eliminação de matas marginais dos cursos d’água; presença de lixo flutuante; e enchentes. Por fim, os principais problemas quanto ao uso do solo são: assoreamento; desmatamento; queimadas; uso de agrotóxicos e ocupação desordenada de suas margens (ANA, 2012).

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