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Caracterização da Clínica da Dor do Hospital A

O Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil foi criado em 1923 pelo Professor Doutor Francisco Gentil (Cirurgião), localiza-se em Lisboa, na Praça de Espanha, na Rua Professor Lima Bastos. Dedica-se à luta organizada contra o cancro e à prestação de cuidados de saúde diferenciados.

A Clínica de Dor é uma Unidade Multidisciplinar de Dor, pioneira em Portugal. Fica situada no Instituto Português de Oncologia de Lisboa, Francisco Gentil, no Pavilhão Central no 3º piso. Teve início em 1978, fundada pelo Dr º José Portela - Anestesista.

A Clínica de Dor assegura consultas diárias e uma consulta multidisciplinar semanal. Efetua tratamentos programados, duas vezes por semana, em sala apropriada para o efeito. Tem instalações próprias e exclusivas, com sala para consultas, sala para tratamentos e quatro camas para apoio dos doentes em Hospital de Dia. Tem uma linha telefónica direta para doentes e familiares das 8h30 às 16:00 horas.

A Estrutura do serviço é composta por Consulta de Dor e Hospital de Dia (sala de tratamentos). A consulta funciona diariamente, realizando-se à 4ª feira uma consulta de grupo. O Hospital de Dia funciona diariamente para atendimento não programado, como sejam: injeções; pensos; colocação de infusoras ou analgesia controlada pelo doente através de via subcutânea, endovenosa ou epidural; avaliação de sinais vitais e, duas vezes fixa por semana, à 3ª e 6ª feira, para a realização de técnicas antiálgicas invasivas (bloqueios nervosos).

A Equipa Multidisciplinar é composta por:

▪ 7 Enfermeiros (inclui a Enfermeira Coordenadora)

▪ 4 Anestesistas (incluindo a atual Diretora do Serviço)

▪ 1 Fisiatra

▪ 1 Neurologista

▪ 1 Psicóloga Clínica

▪ 1 Psiquiatra

▪ 1 Secretária de Unidade

▪ 2 Assistentes operacionais

Os principais objetivos da Unidade de Dor são:

▪ Apoiar, em termos de diagnóstico, doentes portadores de dor crónica, em particular oncológica, da instituição ou a ela referenciados;

▪ Estabelecer protocolos de atuação no alívio da dor, nas vertentes física, psíquica e/ou comportamental.

Espaço Físico:

1Sala de Tratamentos/Gabinete de Consulta; 2 Gabinetes de Consulta; 1 Gabinete de Enfermagem; 1 Gabinete de Psicologia Clínica; 1 Quarto; 1 Secretariado; 1 gabinete da Diretora do Serviço, 1 Gabinete da Enfermeira Coordenadora; 1Copa; 2 WC.

Acesso à Consulta:

• Envio do doente através de médicos da instituição, o que representa a grande maioria dos doentes atendidos.

• Envio do doente por médicos externos, através do gabinete de referenciação hospitalar, o doente neste caso deverá ser portador de um termo de responsabilidade e de informação clínica detalhada do médico que o envia.

Diagnósticos Oncológicos mais frequentes (por ordem decrescente):

Tumores da cabeça e pescoço e otorrino; tumores. Ginecológicos; tumores da Mama;

metástases ósseas; tumores do foro genito-urinário; tumores Gastrointestinais;

tumores do foro Dermatológico (melanomas) e tumores do foro hematológico.

Diagnósticos Não Oncológicos mais frequentes nos doentes oncológicos e não oncológicos: Patologia osteoarticular; nevralgia do trigémio; nevralgia pós - herpética e algodistrofia reflexa.

Funcionamento das Consultas: No que se refere às consultas, para uma maior facilidade de funcionamento, são classificadas em:

o Consultas de 1ª vez o Consultas de seguimento

Na Consulta de 1ª vez, o doente é atendido pela enfermeira que estabelece o primeiro contacto e realiza a entrevista de enfermagem. Nesta entrevista para além dos dados pessoais do doente, alguns deles importantes na vivência da dor pelo mesmo, antecedentes pessoais e terapêuticos em curso, é realizada a história da Dor do doente com avaliação das principais características da sua dor: fatores temporais, tipo, duração; fatores de alívio/exacerbação e intensidade. Para a avaliação da intensidade da dor é utilizada a “Short Form” do Brief Pain Inventory (escala multidimensional de avaliação da Dor), que avalia através de escalas numéricas a intensidade mínima, média e máxima de dor na última semana e no momento exato de aplicação da escala, bem como a interferência da dor nas atividades de vida e no

humor da pessoa. Averigua-se, ainda, as estratégias que o doente já utilizou para a redução da dor e os resultados obtidos, que vão ser uma informação importante para a estratégia terapêutica a estabelecer. É registada a dor do doente.

Depois da entrevista de enfermagem, segue-se a consulta de psicologia, só estão presentes o doente oncológico e psicólogo, de forma a assegurar a privacidade do doente. Nesta consulta é efetuada uma avaliação psicológica do doente com aplicação de um teste de qualidade de vida.

Após a colheita de dados elaborada pelo enfermeiro, o doente é avaliado pelo médico (anestesista). O enfermeiro está presente na consulta esclarecendo dúvidas e efetua os ensinos oportunos, relacionados com a necessidade de cumprir rigorosamente a terapêutica, os possíveis efeitos secundários dos medicamentos e ainda faz os encaminhamentos necessários. De salientar, a presença dos familiares nesta consulta com participação ativa na tomada de decisão.

Nas consultas de seguimento, processa-se a reavaliação do doente pela equipa multidisciplinar, de forma individualizada. O enfermeiro, para além de estar presente na consulta e realizar os ensinos necessários, identifica, habitualmente, antes do início desta, qualquer alteração com o quadro álgico ou de outro nível, que possa ter surgido e interfira na vivência da dor do doente. Articula com os recursos necessários intra ou extra equipa, para resolver a situação. As medidas terapêuticas utilizadas para alívio da dor desta população alvo é diversificada, são elas: medidas farmacológicas e não farmacológicas.

A Terapêutica Farmacológica pode ser constituída por terapêutica médica conservadora, de acordo com o proposto pela escada analgésica da OMS para o tratamento da dor crónica oncológica. Atualmente, existe disponível uma enorme gama de terapêutica analgésica para controlo da dor, sendo as técnicas invasivas aplicadas de forma mais seletiva. No entanto, para dores muito localizadas e/ou que cedam mal à terapêutica conservadora, há necessidade de se utilizarem técnicas mais invasivas. É o caso da colocação de seringas infusoras ou de PCA por via Subcutânea, Endovenosa ou Epidural para melhor controlo da dor, e a realização de determinados tipos de Bloqueios Nervosos. A medida não farmacológica mais utilizada nesta unidade é a Estimulação Eléctrica Transcutânea (TENS), eficaz em dores neuropáticas (dores por lesão total e/ou parcial do Sistema Nervoso) Exemplos:

Nevralgia pós-herpética, nevralgia do trigémeo ou nevralgia facial atípica.

Na clínica da dor, maioritariamente, as medidas utilizadas para controlar a dor são as farmacológicas.

Para além destas medidas de alívio da dor foi evidente nesta Unidade de Dor a presença efetiva dos enfermeiros e anestesista, a escuta ativa e o toque, medidas tão importantes para o alívio da dor dos doentes.

A clínica de dor para além das consultas presenciais dispõe de um atendimento telefónico, através de uma linha direta. É uma mais valia para os doentes e familiares/cuidadores, e é assegurada pelo enfermeiro. Em cada dia é escalado um enfermeiro que fica responsável pelo atendimento desta linha no período de 2ª a 6ª feira das 8h30 às 16:00h. Este contacto é deveras segurizante, na medida em que há possibilidade de esclarecimento de dúvidas, de ajustes terapêuticos relacionados com o descontrolo do quadro álgico ou com efeitos secundários da medicação. As alterações de terapêutica necessárias são comunicadas ao anestesista e são efetuados os reajustes. Foi possível observar que muitos dos contactos telefónicos são importantes no apoio emocional a doentes e prestadores de cuidados. Existe uma relação de confiança entre enfermeiros e os doentes/cuidadores, alguns dos doentes são seguidos nesta clínica há vários anos.

A Clínica de Dor oferece cuidados de excelência ao doente oncológico com dor e à sua família. Adequado às necessidades no alívio da dor, é um serviço bem organizado, e com uma resposta relativamente célere.

APENDICE III. Documento sobre as intervenções de enfermagem do