• Nenhum resultado encontrado

Caracterização da indústria farmacêutica mundial

2. A INDÚSTRIA DE MEDICAMENTOS

2.1. Caracterização da indústria farmacêutica mundial

Considerando os valores acumulados, no período de fevereiro de 2001 a janeiro de 2002, a indústria farmacêutica brasileira situa-se na 10.a posição no ranking por faturamento, sendo precedido, em ordem crescente, pelos EUA, Japão, Alemanha, França, Itália, Reino Unido, Canadá, Espanha e México. A Tabela 1 mostra o faturamento em bilhões de dólares e a participação dos principais países neste mercado.

Internacionalmente, a indústria farmacêutica apresenta um número relativamente reduzido de grandes empresas na área químico-farmacêutica e um elevado número de pequenas e médias firmas atuando nesse setor de maneira complementar. Estima-se que as 100 maiores empresas no mundo sejam responsáveis pela produção de aproximadamente 90% dos produtos farmacêuticos para consumo humano (BERMUDEZ, 1995).

Tabela 1 - Vendas totais acumuladas em dólares no mercado farmacêutico du- rante o período de fevereiro de 2001 a janeiro de 2002 dos princi- pais países e suas respectivas participações percentuais

País (US$ bilhões) Vendas Participação (%)

AMÉRICA DO NORTE 140,2 54,47 Estados Unidos 133,9 52,02 Canadá 6,3 2,44 EUROPA 54,0 21,00 Alemanha 15,3 5,94 França 13,8 5,36 Itália 9,7 3,77 Reino Unido 9,5 3,70 Espanha 5,7 2,21 JAPÃO 47,4 18,41 AMÉRICA LATINA 12,9 4,98 México 5,7 2,21 Brasil 4,1 1,60 Argentina 3,1 1,20 AUSTRÁLIA/NOVA ZELÂNDIA 2,9 1,13

Total de vendas - países selecionados 257,4

Fonte: Elaborado a partir de www.sindusfarma.com.br.

Considerando-se a participação no mercado das 10 maiores empresas não se evidencia o alto grau de concentração por produto, correspondendo o faturamento destas a 43,39% do mercado, conforme Tabela 2. As empresas Glaxo Wellcome e Smithkline Beecham, após a fusão, passaram a deter 7% do mercado, em valor de vendas. Pfizer e Warner Lambert, da mesma forma, após a fusão passaram a segunda posição no ranking, com 6,9% do mercado mundial. Na terceira posição encontra-se a Merck & Co., participando no mercado com 4,4%, sendo seguida pela Bristol Meyers e Novartis, que detém, respectivamente, 4% e 3,95% do mercado farmacêutico mundial.

Tabela 2 - Participação de mercados das 10 maiores empresas farmacêuticas no mundo em 2000

Empresa Participação de mercado (%)

Glaxo Wellcome + Smithkline 7,00

Pfizer + Warner Lambert 6,90

Merck & Co. 4,40

Astra Zeneca 4,35

Bristol Meyers Squibb 4,00

Novartis 3,95

Aventis 3,85

Johnson & Johnson 2,84

American Home Products 3,10

Pharmacia Upjohn + Searle 3,00

Total das 10 maiores 43,39

Fonte: Adaptado de HANSECLEVER (2002).

Quanto ao número de compradores, nos países mais desenvolvidos há a formação de grandes monopsônios5 – estrutura caracterizada pela existência de um grande comprador de determinado produto no mercado. Sendo a compra de medicamentos efetuada em sua grande parte, pelo Estado, cabe ao sistema público de saúde fornecer os medicamentos à população ou praticar alguma forma de reembolso. Há casos, ainda, em que a compra é efetuada por instituições privadas que são responsáveis pelo total, ou por parcela, das despesas com medicamentos de seus segurados.

Nos países menos desenvolvidos não se caracteriza o monopsônio dada a existência de diferentes e isolados grupos demandantes, como exemplo: Sistema Público de Saúde; planos privados de saúde; cooperativas de saúde; hospitais privados e o consumidor não coberto por nenhum plano de saúde que adquire medicamentos com recursos próprios. A aquisição de medicamentos é realizada de forma isolada, o que caracteriza poder nulo para

5

Estrutura de mercado em que um único comprador, ou grupo de compradores, atuando como um todo, concentra em suas mãos a totalidade da compra de determinado produto, não obstante se defronte com grande número de vendedores deste produto (PINDYCK e RUBINFELD, 1996).

negociação e determinação de preços junto às empresas produtoras (REGO, 2000).

Para os farmoquímicos observa-se a integração das empresas produtoras de medicamentos com a produção de fármacos, nos países desenvolvidos. Nos países em desenvolvimento, as empresas importam da matriz grande parcela dos fármacos utilizados como matéria-prima para a produção de medicamentos. No Brasil, no caso dos medicamentos fitoterápicos, as empresas adquirem as matérias-primas tanto de empresas nacionais quanto de internacionais, além de importarem da matriz o produto acabado.

A distribuição da produção se realiza via rede própria de distribuição ou por intermédio de distribuidores terceirizados, tanto em nível internacional, quanto nacional.

Em relação à segmentação do mercado, a indústria de medicamentos pode ser caracterizada a partir de diferentes classificações, a saber: classificação por matéria-prima; por proteção patentária; pelo caráter de essencialidade em termos de saúde pública; por restrições a dispensação.

Em relação à matéria-prima: têm-se os farmoquímicos, os fitoterápicos e os biotecnológicos, definidos anteriormente.

No tocante a proteção patentária, refere-se à legislação de propriedade industrial com a segmentação em produtos patenteados, comercializados com um nome comercial ou marca e aqueles cuja patente já expirou, comercializados via nome do princípio ativo, chamados de genéricos, ou por um nome comercial , medicamento de marca. Segundo HANSECLEVER (2002), tal distinção é encontrada na literatura internacional, sendo denominada

branded product o medicamento patenteado encontrado no mercado sob um

nome de marca; branded generics, refere-se aquele também vendido sob um nome comercial, cuja patente já tenha expirado; e generics que é comercializado utilizando-se o nome do princípio ativo.

No caso dos medicamentos patenteados há ainda outra distinção referente ao primeiro medicamento introduzido no país com determinada indicação terapêutica sendo conhecido como medicamento inovador (no Brasil, o medicamento inovador é considerado medicamento de referência) e a um segundo também patenteado, introduzido no mercado após o inovador

apresentando mecanismo de atuação semelhantes ao original, denominado me

too.

Outro critério utilizado para segmentação do mercado refere-se às necessidades e base da saúde pública, ou seja, ao caráter de essencialidade dos medicamentos. Assim, medicamentos essenciais são aqueles considerados básicos e indispensáveis para atender a maioria dos problemas de saúde da população (Portaria 3.916/98). Têm-se, ainda, os medicamentos para a atenção básica, que são aqueles necessários a prestação do elenco de ações e procedimentos compreendidos na atenção básica de saúde, além dos medicamentos órfãos, que são aqueles utilizados em doenças raras, cuja dispensação atende a casos específicos (Portaria 3.916/98).

Para o presente trabalho, a segmentação de mercado mais significativa refere-se àquela baseada em restrições a dispensação, classificando os medicamentos como éticos e não éticos (ou de venda livre). Medicamentos não éticos ou medicamentos de venda livre são aqueles cuja dispensação (venda em farmácias e drogarias, etc.) não requer prescrição por profissional habilitado - o médico prescreve; o farmacêutico dispensa (www.cff.org.br/legis/ legis.html). Não necessitam de receita, sendo, portanto, de venda livre. Identificados ainda como medicamentos populares ou OTC's (Over The

Counter - Venda no Balcão, traduzido como Venda Livre no Balcão). No Brasil,

a grande maioria dos medicamentos fitoterápicos é classificada como de venda livre.

Medicamentos éticos são aqueles cuja dispensação exige a prescrição por profissional habilitado, sendo tarjados, ou seja, requerem receita médica para consumo. De uma forma simples, pode-se afirmar que os medicamentos de tarja vermelha somente podem ser dispensados sob prescrição médica, ou seja, com a apresentação da receita; já os medicamentos de tarja preta, referem-se a princípios ativos caracterizados por elevada taxa de risco para consumo, denominados medicamentos “controlados”, cuja dispensação somente deve ocorrer com a apresentação da receita e retenção desta pelos estabelecimentos dispensadores.

2.2. A indústria farmacêutica brasileira

Documentos relacionados