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3.3 Design e a Micro e Pequena Empresa

3.3.1 Caracterização da Micro e Pequena Empresa

Não existe no mundo uma homogeneização de conceitos para a categorização e conceituação das MPEs, uma vez que cada país utiliza uma tipologia diferente de acordo com as suas particularidades (SALES; SOUZA NETO, 2004).

No Brasil, esta classificação é definida pela Lei Geral da MPE (BRASIL, 2006). De acordo com essa lei, a microempresa (ME) é aquela que possui receita bruta anual igual ou inferior a R$ 360.000,00 e a empresa de pequeno porte (EPP) é aquela que possui renda bruta anual maior que R$ 360.000,00 e igual ou inferior a R$ 3.600.000,00.

Além dessa, o Sebrae utiliza uma definição em função do número de pessoas empregadas e do setor de atividade econômica, conforme o quadro a seguir (SEBRAE, 2013b) (Quadro 7).

 

PORTE SETORES

Indústria Comércio e Serviços

Microempresa até 19 pessoas ocupadas até 9 pessoas ocupadas Pequena Empresa de 20 a 99 pessoas ocupadas de 10 a 49 pessoas ocupadas Quadro 7 - Classificação das MPEs

As MPEs são consideradas um objeto de estudo complexo e de elevada heterogeneidade, observada em termos tecnológicos, financeiros, humanos e materiais. Contudo, elas compartilham características que as diferenciam das grandes empresas (TAVARES; ANTONIALLI; CASTRO, 2010).

Tavares, Antonialli e Castro (2010) apontam como as principais características das MPEs:

a) A importância do empreendedor como elemento central da empresa; b) A baixa profissionalização e utilização limitada de práticas gerenciais; c) A configuração tecnológica defasada;

d) A multifuncionalidade e baixa qualificação da mão-de-obra; e) A dificuldade de acesso a informações e novas tecnologias; f) A escassez de recursos financeiros;

g) O fraco poder de negociação; h) A atuação em mercados pequenos;

i) O uso de sistemas de informações simples e pouco eficientes.

Os autores reúnem essas características de gestão em 3 (três) categorias gerais: a) autonomia e centralização, b) gestão incompleta e escassez de recursos e c) pouca influência sobre o ambiente (TAVARES; ANTONIALLI; CASTRO, 2010).

A primeira categoria diz respeito ao empresário, em razão das MPEs serem caracterizadas por uma gestão centralizada e autocrática, sinalizada por meio de uma racionalidade econômica e fatores culturais e familiares próprios do gestor em comando (TAVARES; ANTONIALLI; CASTRO, 2010). A segunda categoria justifica-se pela dificuldade enfrentada pelas MPEs em relação à gestão de recursos, seja na racionalização de recursos internos ou na obtenção de recursos críticos, de custo elevado (TAVARES; ANTONIALLI; CASTRO, 2010).

Exatamente pela dificuldade descrita anteriormente, que emerge o tema da última categoria, a pouca influência sobre o ambiente, ou seja, as MPEs possuem dificuldade em aproveitar muitas oportunidades percebidas no mercado pois estão restritas a mercados

marginais ou localizados (nichos). Além disso, elas possuem pouco poder de negociação com fornecedores e clientes (TAVARES; ANTONIALLI; CASTRO, 2010).

O IBGE também pontuou as características gerais das MPEs. Porém, o foco do seu estudo foi sobre as MEs e EPPs nas atividades de comércio e prestação de serviços (IBGE, 2003). Assim, foram elencadas as seguintes características:

a) Baixo volume de capital;

b) Altas taxas de natalidade e mortalidade;

c) Presença significativa de proprietários, sócios e funcionários com laços familiares; d) Centralização do poder decisório;

e) Não distinção, em termos contábeis e financeiros, da pessoa física do proprietário da pessoa jurídica, empresa;

f) Registros contábeis pouco adequados;

g) Contratação de mão-de-obra realizada diretamente; h) Baixa qualificação da mão-de-obra;

i) Pouco investimento em inovação tecnológica;

j) Dificuldade de acesso a financiamento de capital de giro;

k) Relação de complementaridade e subordinação com as empresas de grande porte.

Desta forma, é possível notar que as características elencadas tanto por Tavares, Antonialli e Castro (2010), quanto pelo IBGE (2003), se assemelham no que diz respeito, principalmente, à dificuldade de recursos financeiros, poder centralizado na figura do gestor, defasagem em relação à configuração tecnológica, qualificação de mão-de-obra e a questão da sua atuação no mercado em relação às grandes corporações.

Apesar de a maior parte dessas características apontarem dificuldades à sobrevivência da MPE, no Brasil o empreendedorismo vem crescendo muito nos últimos anos, contando com cerca de 9 (nove) milhões de MPEs, representando mais da metade dos empregos formais no país e 27% do PIB (Produto Interior Bruto) brasileiro (SEBRAE, 2014).

Um estudo realizado pelo Sebrae com o objetivo de apresentar uma caracterização das MPEs revelou o aumento da sua importância na economia brasileira. No período entre 2009 e 2011, contatou-se que, no setor de serviços, as MPEs representaram 98,1% do número de

empresas, empregando 43,5% da mão-de-obra. No setor de comércio, elas representavam 99,2% do número de empresas e empregaram 69,5% do pessoal ocupado no setor (SEBRAE, 2014).

De acordo com o estudo, embora as grandes empresas tenham um forte poder de influência no capitalismo moderno, as MPEs têm o seu lugar garantido, principalmente no que diz respeito às atividades de comércio e serviço, onde as economias de escala não sejam tão significativas, como acontece nos setores industriais (SEBRAE, 2014).

Além disso, a promulgação da Lei Geral das MPEs, que instituiu a diminuição da carga tributária visando o aumento da formalidade, teve um papel relevante no sentido de proporcionar a inclusão do micro e pequeno empresário no sistema financeiro nacional (LEMES JÚNIOR, 2010).

Takeshy (2002) também argumenta em favor das MPEs em relação às economias de escala. O autor declara que, quando comparadas às organizações de grande porte, as MPEs são mais ágeis e conseguem atender o cliente de forma mais personalizada, além de fazer com que seus colaboradores atinjam níveis mais elevados de envolvimento e motivação, pois seu porte permite que eles se identifiquem com maior facilidade à empresa e possam perceber o resultado do seu trabalho (TAKESHY, 2002).

Por outro lado, em favor dos grandes conglomerados, está a sua capacidade de investimento em pesquisa e desenvolvimento (TAKESHY, 2002). De acordo com Lemes Júnior (2010), a dificuldade da MPE em inovar se deve, em geral, à baixa capacidade de investimento, que são muitas vezes realizados com recursos do próprio empresário ou de familiares e amigos.

Neste contexto, o design, especialmente o design gráfico, apresenta-se como uma oportunidade de inovação para a pequena empresa, uma vez que não necessita de um investimento alto, possui baixo risco e os resultados da sua aplicação podem ser identificados de forma rápida (POTTER et al.,1999; BRUCE; COOPER; VAZQUEZ, 1999; BRUCE; POTTER; ROY, 1995). Assim, é apresentado a seguir estudos que tratam da questão do design nas MPEs.

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