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Definidos os locais de coleta de dados, iniciei o delineamento da pesquisa que segundo Prodanov (2013) se aproximou do modelo qualitativo exploratório, caracterizado por um planejamento flexível e que permita o estudo do tema sob diversos ângulos e aspectos

como o levantamento bibliográfico e entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado. Nessa modalidade, assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.

Esse tipo de abordagem é interessante quando a pesquisa na área de interesse se encontra na fase preliminar, tendo por finalidade construir uma maior familiaridade com um problema, contribuindo para um melhor delineamento e para o desenvolvimento de novos tipos de enfoque na área (PRODANOV, 2013).

A pesquisa também teve em um dos dois eventos um caráter de intervenção ao comparar modelos explicativos dos professores antes e depois do evento formativo coordenado pelo próprio pesquisador.

Quanto ao método de coleta de dados, esse não foi previamente definido, uma vez que se esperava que as propostas surgissem dentro do grupo e não como imposição de um pesquisador.

Entretanto, duas abordagens principais (registro em áudio e questionário) foram pensadas a fim de se que se pudesse coletar algum dado mesmo se o os participantes não tivessem alguma ideia em conjunto.

O primeiro dispositivo de coleta a ser discutido são os questionários. Esses materiais foram pensados para situações onde houvesse bastante tempo para promover a formação com os docentes (pois ambos os questionários eram relativamente extensos) e uma boa relação de confiança entre o pesquisador e os demais participantes, a fim de que esses não entendessem os questionários como alguma forma de avaliação de desempenho. Tais condições foram encontradas no evento descrito no item IV.2.

O questionário foi dividido em duas partes (QI e QII, disponíveis respectivamente nos apêndices II e V). A primeira parte, teve por objetivo traçar o perfil dos participantes antes do evento, destacando o grau de ensino em que davam aula, o quanto acreditavam que entendiam os conceitos de cladística e evolução, o quanto relacionavam esses para com outros temas e o que esperavam do evento de formação, tendo por base o trabalho realizado em Rodarte (2015).

A segunda parte (Q.II) apresentava as mesmas perguntas do primeiro questionário acrescidas de questões baseadas em Gregory (2008) e Meisel (2010), cujo objetivo era

identificar a utilização de fundamentos do modelo filogenético em respostas de caráter objetivo.

Esse segundo questionário foi pensado para ser entregue ao final de um evento, assim poderia apontar para o modelo do professor de entender e utilizar a sistemática filogenética logo após o evento. O fato de possuir sua primeira parte muito semelhante ao Q.I, possibilitaria correlações entre as respostas caso um questionário fosse entregue no início e outro no final do evento.

Optou-se por não adicionar questões relacionadas a fundamentos da cladística em Q.I para evitar uma interpretação que se aproximasse muito de uma pesquisa experimental de grupo único, uma vez que para essa abordagem metodológica seria necessário um maior número de questões.

O tempo disponibilizado pelas instituições e o entendimento de que um questionário longo o suficiente para apresentar dados consistentes para uma análise experimental, levaram- me a acreditar que tal abordagem não seria adequada para a forma com a qual o evento estava sendo pensado, de maneira que optei por trabalhar diretamente as repostas relativas à opiniões dos professores.

Embora seja importante destacar que a opinião apresentada no questionário é enviesada, uma vez que estar em uma OT tematizada por cladística, oferecido pela DE, respondendo a um questionário de um pesquisador da área de ensino de sistemática possa desencorajar os participantes a marcar que esta área de ensino não é importante, assumi que a opinião do docente não possa ser desconsiderada.

Os dados obtidos nessa pesquisa devem ser entendidos como subjetivos, não sendo trivial que não tenham esse caráter, desde que essa subjetividade seja interpretada da forma mais adequada possível.

Entendo que embora as respostas apresentadas nos questionários não sirvam para confirmar/comprovar perspectivas de professores, se forem entendidas como fruto de um contexto específico e bem definido, representam opinião da qual se pode retirar dados.

Para a verificação dos dados, realizei uma análise quantitativa nas questões objetivas, organizando-as em gráficos a fim de facilitar a observação dos dados. Já entre as questões dissertativas, optei por utilizar a análise de conteúdo do tipo temática baseada em Franco

(2005), com a qual pude quantificar a frequência de cada descritor e analisar qualitativamente a relação com a questão em que foram mencionados, para identificar se teria uma ligação para com o evento de formação no qual foi produzido.

A análise do tipo temática foi utilizada uma vez que em Franco (2005), o “tema” é identificado como a melhor unidade de registro em estudos que lidem com opiniões, expectativas, valores, conceitos, atitudes e crenças, sendo esses elementos partes fundamentais do que se buscou nos questionários.

O segundo dispositivo previamente planejado para a coleta de dados foi a gravação em áudio. O único requisito necessário para a utilização desse método era uma confiança mutua entre o pesquisador e os demais participantes, de forma que o dispositivo foi utilizado em ambos os eventos.

Para a gravação foi utilizado um smartphone com função de gravação de áudio. O dispositivo foi colocado sobre a mesa de participantes durante a discussão com o pesquisador ou coordenadores de núcleo pedagógico, mas também foi carregado para perto de interlocutores específicos durante debates mais abertos (como o transcrito nos itens 3, 9 e 10 do apêndice 1) a fim de se captar melhor o áudio da discussão.

Durante a atividade foi pensado em conjunto com os participantes a possibilidade de fotografar as produções dos docentes durante a atividade “sistemática das coisas” (apêndice VII). Utilizando a câmera do celular obtive o registro visual apresentado no capítulo V deste trabalho.

Um último fator antes de seguir para a descrição dos eventos foi a passagem da pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) por envolver seres humanos. O projeto foi aprovado recebendo o número de Certificado de Apresentação para Apreciação Ética (CAAE) 66954316.6.0000.5404. Um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (Apêndice VIII) foi gerado para ser entregue aos participantes antes do evento, assegurando e esclarecendo direitos e deveres dos participantes da pesquisa.

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