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2 PERCURSOS TEÓRICOS

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

Essa investigação foi desenvolvida na perspectiva da abordagem metodológica qualitativa. Assim, Triviños e Neto (2004) caracterizam o termo qualitativo como um conjunto de pressupostos e procedimentos com o objetivo de interpretar e compreender as representações e os significados peculiares que sujeitos atribuem às suas práticas cotidianas.

A problematização desta pesquisa ancorou-se numa pergunta que tratava de buscar: que dimensões pedagógicas são expressas (OU NÃO) através do registro dos Diários de Aula das professoras de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental? Os objetivos estabelecidos foram: identificar que dimensões se fazem presentes nos registros dos Diários de Aula elaborados pelos sujeitos da pesquisa; analisar as dimensões presentes nos Diários de Aula; apontar alternativas pedagógicas para utilização dos diários de aula como instrumento de reflexão sobre a prática docente.

Além da problematização e dos objetivos, outro aspecto fundamental em uma pesquisa investigativa são as questões norteadoras que seguem: Os professores têm o hábito de registrar o seu trabalho? Os professores fazem registros sobre seu trabalho? De que forma os professores registram o desenvolvimento de sua aula? Os professores apontam os aspectos negativos de sua experiência em sala de aula? De que forma os professores utilizam os registros para sua qualificação?

A abordagem qualitativa, conforme Ludke e André (1986) tem sua fonte direta de dados no ambiente natural sendo o pesquisador o instrumento essencial, supondo o contato direto do pesquisador com o ambiente e o caso a pesquisar, mediante intenso trabalho de campo. Constitui-se a partir da ideia de que há uma relação eficaz e indestrutível entre o mundo real e a subjetividade do sujeito e que por isso não pode ser abordada em números. Segundo Triviños (1987),

o pesquisador qualitativo, que considera a participação do sujeito como um dos elementos de seu fazer científico, apóia-se em técnicas e métodos que

reúnem características sui generis, que ressaltam sua implicação e da pessoa que fornece as informações (p. 138).

Nesse sentido, fundamentada por este paradigma é que se fará a análise de conteúdo (BARDIN, 2010) das entrevistas semi-estruturadas e dos registros dos Diários de Aula das professoras de Educação Infantil e Anos Iniciais do Ensino Fundamental investigadas nesse estudo. Nas palavras de Chizzotti (1998)

o conhecimento não se reduz a um rol de dados isolados, conectados por uma teoria explicativa; o sujeito observador é parte integrante do processo de conhecimento e interpreta os fenômenos, atribuindo-lhes um significado. O objeto não é um dado inerte e neutro; está possuído de significados e relações que sujeitos concretos criam em suas ações (p. 79).

Na pesquisa qualitativa salienta-se que o pesquisador precisa ter clareza no momento de suas inferências ao classificar os conceitos, codificar, bem como categorizar os dados obtidos. Por isso, esta pesquisa se constituirá na coleta de dados obtidos a partir das entrevistas e dos Diários de Aula, não se configurando num processo acumulativo e linear, mas sim numa perspectiva de investigação qualitativa onde os dados serão analisados pelo método de análise de conteúdos, segundo Bardin (2010).

Na pesquisa de abordagem qualitativa tem-se a entrevista como um dos instrumentos básicos para a coleta de dados. A entrevista pode ser estruturada ou semi- estruturada. Triviños (1987) afirma que “a entrevista estruturada, ou fechada, pode ser um meio do qual precisamos para obter as certezas que nos permitem avançar em nossas investigações” (p.137).A entrevista também pode se constituir numa conversação entre duas ou mais pessoas sobre uma temática específica a ser pesquisada pelo entrevistador. Nessa pesquisa, adoto a entrevista semi-estruturada, explicitada por Triviños e Neto (2004),

quando o instrumento de coleta está pensado para obter informações de questões concretas, previamente definidas pelo pesquisador, e, ao mesmo tempo, permite que se realizem explorações não-previstas, oferecendo liberdade ao entrevistado para dissertar sobre o tema ou abordar aspectos que sejam relevantes sobre o que pensa (p. 74).

Assim, a entrevista proporciona a aquisição de várias informações dos sujeitos entrevistados a respeito de uma temática ou problema em específico. Ao tratar deste instrumento de pesquisa, Ludke & André (1986) apontam como sendo um dos

principais instrumentos e técnica de trabalho do pesquisador nas diferentes áreas de pesquisa. A entrevista permite ainda uma aproximação entre entrevistador e entrevistado, estabelecendo uma relação interativa que vai permeando-a; nas palavras de Ludke & André (1986): “na entrevista, a relação que se cria é de interação, havendo uma atmosfera de influência recíproca entre quem pergunta e quem responde” (p. 33).

Assim como a entrevista, os Diários de Aula também são considerados uma rica fonte na coleta de dados, pois a partir deles se têm inúmeros dados e informações manifestas ou latentes. Cabe à análise de conteúdo (BARDIN, 2010) desvendar o que está subjacente nos diários coletados. Ao referir-se às metodologias qualitativas, Zabalza (2004) aponta os diários de aula como instrumentos básicos para uma pesquisa. Como ele mesmo afirma,

no entanto são muito menos freqüentes as referências explícitas a tê-lo usado, e inclusive, quando se faz tais referências, não vêm acompanhadas pelo esclarecimento de que tipo de uso se faz do diário e como se abordou a informação que proporciona (p. 31).

De acordo com o mesmo autor, os diários se tornam um espaço narrativo do que pensam os professores acerca da sua prática pedagógica. E é nesse sentido que ainda complementa dizendo que: “o que se pretende explorar por meio do diário é, estritamente, o que figura nele como expressão da versão que o professor dá de sua própria atuação em aula e da perspectiva pessoal da qual a enfrenta” (ZABALZA, 2004, p. 41). Nesta perspectiva, os diários de aula das professoras serão, juntamente com a entrevista semi-estruturada, os instrumentos da coleta de dados desta pesquisa cuja interpretação dos dados se dará a partir da análise de conteúdo, seguindo as três etapas organizadas por Bardin (2010):

a) A pré-análise é a fase de organização propriamente dita, através da leitura flutuante e a classificação dos materiais recolhidos. É necessário que haja descarte ou ajustes dos dados obtidos nos diários ou das entrevistas. Além disso, também serão levantadas as hipóteses iniciais, para serem posteriormente confrontadas.

b) A exploração do material é uma “fase longa e fastidiosa, consiste essencialmente em operações de codificação, decomposição ou enumeração, em função de regras previamente formuladas” (BARDIN, 2010, 127).

c) O tratamento dos resultados, que deixam de ser brutos a ser significativos e válidos. Nesta fase são pensadas e organizadas as categorizações. Umas

determinadas a priori, como as dimensões pedagógicas e outras a posteriori, conforme dados obtidos a partir da análise dos diários e respostas das entrevistas.

3.2 SUJEITOS DA PESQUISA.

Os sujeitos da pesquisa estão cursando Pedagogia, em uma determinada instituição de ensino superior do Vale dos Sinos; são oriundos de diferentes realidades e contextos escolares e não atuam no mesmo município. Os nomes usados nesta pesquisa são fictícios, para preservar o anonimato dos sujeitos.

Um dos propósitos estabelecidos neste estudo é o de verificar, a partir das análises dos diários de aula, que dimensões estão presentes nos registros elaborados pelas professoras de Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental pertencente a essa investigação. Significa dirigir o olhar sobre os aspectos pedagógicos (objetivos, descritivos e subjetivos) envolvidos nessa escrita, com vistas a incentivar a reflexão das mesmas sobre a própria prática pedagógica diária. Fizeram parte desta pesquisa as professoras/alunas que estão exercendo a função de professora titular da turma, conforme expõe o quadro abaixo.

Quadro 1 – Tabela de informações

Sujeitos da pesquisa Atuação

Professora Maria Educação Infantil – Maternal 2 – (faixa etária de 2 a 4 anos) Professora Emília Educação Infantil – (faixa etária 3 anos)

Professora Ana 4º ano – Ensino Fundamental

Professora Sofia 5º ano – Ensino Fundamental

Fonte: da Autora (2011)

3.3 ÉTICA DA PESQUISA

A presente pesquisa foi tratada e encaminhada com todo rigor, atendendo tanto às normas do Comitê Científico FACED/PUCRS, quanto às normatizações de documentos solicitados pelo CEP/PUCRS. Foram encaminhados os documentos necessários para apresentação do projeto à Instituição à qual os sujeitos de pesquisa