• Nenhum resultado encontrado

Caracterização da Profissão de AAE

CAPÍTULO V – ANÁLISE DOS DADOS

2- Caracterização da Profissão de AAE

Se o tema anterior se revelou importante para a compreensão do ambiente vivido na escola e para melhor percebermos as interacções que ocorrem entre os alunos, muitas vezes despoletadoras de acções de violência nos espaços de recreio, a temática que agora nos propomos tratar reveste-se de grande importância para os objectivos que traçámos para a nossa investigação.

Recordemos alguns dos objectivos que nos propusemos responder:

a) Pretendíamos saber se os AAE têm a responsabilidade da supervisão dos espaços de recreio.

b) Pretendíamos conhecer o papel do Conselho Executivo na clarificação das competências dos AAE.

Utilizando um conjunto diversificado de técnicas de recolha de dados, que enunciámos a seu tempo nos aspectos metodológicos, recolhemos um conjunto de informações que estruturámos no tema supracitado. Dentro deste tema, considerámos relevantes os seguintes domínios: Representações da Profissão, Funções Desempenhadas e Atribuição de Funções.

Através da análise dos dados recolhidos, procurámos conhecer melhor os estereótipos associados à profissão de AAE e responder aos dois objectivos anteriormente enunciados.

2.1- Representações da Profissão

Organizámos a informação recolhida neste domínio em torno de duas categorias:

Representações Positivas e Representações Negativas. Através destas categorias

procurámos ver as representações que os AAE têm sobre a sua profissão.

No que respeita aos aspectos positivos da profissão, referenciados pelos AAE, estes estão associados às interacções que os actores podem desenvolver com os alunos. A possibilidade de os ajudar no seu processo de crescimento, é relatada pelos nossos

entrevistados. O sentimento maternal e paternal também está presente em algumas das afirmações.

Para além das interacções com os discentes, surgem-nos ainda referenciadas as relações interpessoais que a profissão propicia com professores:

“Os positivos é, principalmente, nós podermos ajudar os miúdos, com qualquer coisa que eles necessitem, vá lá, e ajudar inclusive os professores, também (…)” (E3).

“(…) os jovens, e nós criamos com eles, vá lá, uma certa proximidade e até de amizade, não é, que se calhar é bom, porque comunica-se de uma maneira mais aberta, mais à vontade. Portanto há uma proximidade maior entre funcionário e aluno, ou professor e aluno” (E2).

“(…) gosto de trabalhar com as crianças, acho que… são … no meu ponto de vista são mais honestas que os adultos, dizem aquilo que pensam (…) também porque tenho dois filhos um com 16 e outra com 12, não é. Talvez também me ajude um bocado a compreender … a compreender a situação (atitudes dos alunos)” (E1).

Surge também alguém que revela alguma “mágoa” pelo facto de não estar a desenvolver uma outra profissão (docência), considerada como tendo atributos semelhantes, sempre associada ao gosto pelo trabalho com públicos mais jovens:

“Sempre foi uma área que me fascinou, se os meus pais não me tivessem levado para o estrangeiro., portanto… teria … aspirado a ser professora” (E1).

A profissão também é vista pelos actores exteriores a ela, como sendo importante para o acompanhamento dos jovens durante os períodos sem aulas:

“A percepção que se tem é a da importância da acção dos funcionários AAE, que desempenham, de facto, funções importantes dentro da escola, até porque os alunos têm muito tempo em que não estão em aulas e têm que ser acompanhados por alguém (…)” (E5).

No que concerne às Representações Negativas, são ainda as relações interpessoais a merecerem algum reparo por parte dos actores. A linguagem imprópria que os alunos utilizam, fruto dos tempos que correm, e a falta de respeito destes para com os adultos,

apesar de se tratarem de situações circunscritas a um núcleo restrito de alunos, são apontadas como um dos factores negativos da profissão:

“(…) os mais negativos é na educação dos alunos. São muito mais rebeldes. Também podem ser mais independentes… mas são mais rebeldes, mais mal-educados, não têm tanta… não têm aquela preocupação de ser educados para com os professores, quanto mais com os funcionários (…)” (E4).

“Há o aspecto negativo … de uma meia dúzia…e felizmente é só uma meia dúzia que são mais rebeldes” (E1).

“(…) aspectos negativos que tem o nosso trabalho, isto é, vá lá, mal criação dos miúdos, é assim que se pode dizer, ou má educação dos miúdos, que hoje em dia é muito maior que antigamente” (E3).

Uma outra dificuldade sentida por estes actores sociais, aparece alicerçada na falta de apoio que alguns alunos têm por parte dos pais, denotando, também, algum distanciamento face ao trabalho desenvolvido na escola:

“O nosso papel é complicado se os pais… Eu penso que é assim: o papel dos pais é fundamental porque se os pais não dão a educação necessária aos filhos, nós aqui não temos hipótese” (E3).

Apesar dos aspectos negativos, existe a percepção das mudanças que têm ocorrido na sociedade e dos desafios que se colocam no exercício de funções:

“(…) é, de facto, um desafio muito grande, muito grande, para sabermos lidar cada dia com os alunos, porque eles são todos diferentes (…)” (E2).

2.2- Funções Desempenhadas

Que funções desempenham os AAE no decurso do seu dia de trabalho? Através da clarificação deste assunto, procurámos saber as tarefas que são desenvolvidas por estes actores no exercício das suas funções e perceber se nestas se encontram as tarefas de supervisão dos recreios da escola. Mediante as respostas dadas pelos nossos actores, definimos as seguintes categorias: Supervisão, Limpeza, Manutenção e Outras Funções.

Começaríamos por referir que a versatilidade constitui a matriz da profissão. De facto, estes actores têm que desenvolver mecanismos de adaptação às mais diversas actividades que surgem na escola. Anualmente são atribuídas funções aos AAE que podem ser distintas das do ano anterior, havendo, em determinados sectores, alguma rotatividade entre os funcionários.

Para além desta constante mudança de funções de ano para ano, constatámos que há funcionários que durante o dia de trabalho efectuam diversas tarefas, incluindo nestas, a substituição dos colegas quando estes se encontram na hora de almoço. Apesar da disparidade de actividades que se podem desenvolver ao longo do dia, existem determinadas tarefas agregadas aos cargos atribuídos, que são predominantes. Também se constata pela análise do Quadro III (cf. metodologia, pág. 151) que alguns funcionários estão adstritos a determinados sectores específicos.

Perante esta diversidade, podemos inferir que o trabalho executado ao longo do dia está condicionado pela ocorrência de diversos acontecimentos e imponderáveis como seja, por exemplo, a ausência de um colega de profissão:

“(…) encaixamos nos lugares consoante temos o horário mais parecido com a pessoa que está a faltar. (…) por exemplo falta a minha colega do portão, normalmente sou eu que a vou substituir. (…) de três em três semanas ajudo a minha colega no bufete, no intervalo” (E1).

Ou a necessidade de responder à solicitação de algum docente ou de algum colega:

“(…) dou apoio aqui no piso de baixo, se o professor chamar, se for preciso levar um miúdo à tutoria. (…) E depois há sempre coisas que aparecem, uma professora que chama porque aconteceu-lhe isto, ou não se atreve a abrir uma porta, uma colega que me chama porque, por várias… (coisas)” (E3).

Ou ainda a urgência em acompanhar um aluno ao hospital:

“(…) quase sempre sou eu que os acompanho ao hospital quando eles aqui se magoam e já tenho vindo do hospital às 7:30 da noite com eles” (E1).

Verifica-se, ainda, o desempenho de funções associadas à preservação e manutenção dos espaços da escola:

“(…) quando é cortar a relva vou ajudar o meu colega que anda a cortar a relva, apanhar as ervitas (…) a rega quando é de verão, também ajudo” (E1).

“(…) há serviços para fazer lá fora, em termos de jardinagem ou isso, eu vou lá para fora, fazer jardinagem” (E3).

Outra actividade reveladora da diversidade de tarefas desempenhadas, está relacionada com o serviço de manutenção. Conforme podemos verificar pelo Quadro III (cf. pág. 151), os serviços de manutenção da escola estão a cargo dos dois funcionários de sexo masculino, numa lógica de divisão social do trabalho baseada no género. Estes AAE procuram suprir a falta de um funcionário que desempenhe esta função específica.

Esta indispensabilidade de “reconfiguração” de tarefas surgiu, segundo os actores, na sequência da reforma de um colega que até então desempenhava essas funções. Verificou- se, assim, a extinção de um lugar para o quadro de pessoal, de que resultou a necessidade de encontrar alguém que assegurasse as tarefas de manutenção:

“O meu papel aqui que me é incutido é ser polivalente, só que eu estou a fazer funções além disso. Por exemplo, trabalhos de manutenção” (E3).

Pelo que já expusemos, constata-se que existe um conjunto de funcionários que estão ligados a um sector específico, enquanto outros têm a responsabilidade de desempenhar um conjunto diversificado de tarefas. Para além da voz dos actores, esta ideia também pode ser corroborada pela análise do Quadro III (cf. pág. 151):

“Nós temos funcionários que estão afectos a um serviço – à reprografia, à papelaria, à biblioteca, etc., etc. – e temos funcionários que não têm nenhum serviço em particular, ou seja, eles tanto podem estar a fazer serviço de vigilância, como podem estar a substituir um qualquer funcionário que esteja a faltar de um desses serviços que exige permanência no posto, como podem ir ajudar no bar, se for caso disso, se houver necessidade, pelo número de alunos que estão naquele momento no bar, (…) podem ir também ajudar nos audiovisuais… Digamos que têm essa, têm que ter essa polivalência” (E7).

Uma das grandes alterações que tem ocorrido relativamente aos estereótipos da profissão de AAE, está relacionada com as funções de limpeza. Nesta escola, por exemplo, a limpeza está a cargo de uma empresa privada contratada para o efeito. Apesar disso, os AAE continuam a assumir a responsabilidade de, nos momentos em que decorrem as actividades escolares, efectuar a limpeza de algum espaço caso a situação assim o exija:

“(…) e verifico mais uma vez as casas de banho” (E1).

“(…) embora, portanto, tenha que fazer alguma limpeza” (E2).

Por último, debruçar-nos-emos sobre a categoria Supervisão, que dividimos nas subcategorias recreio, corredores, portão e refeitório.

A análise dos dados permitiu-nos constatar que na escola EB 2/3 do nosso estudo os AAE têm a seu cargo a tarefa de supervisão dos recreios. Para além da supervisão dos recreios, os AAE também têm a responsabilidade de efectuar a supervisão noutros espaços, como sejam os corredores, o refeitório e o portão. Podemos extrair esta conclusão através do cruzamento dos diversos dados recolhidos.

A primeira vez em que constatámos que os AAE desempenham esta tarefa, resultou das nossas observações:

Observação efectuada no intervalo das 10:00 às 10:20 do dia 15/03/2007:

“Os alunos saem “apressados” para aproveitar todos os segundos do intervalo. As bolas começam a saltitar no alcatrão que reveste o pátio. As interjeições entre os alunos ganham relevo. Correm em direcção aos campos projectando a bola à sua frente. As “equipas” organizam-se rapidamente, a bola não permanece muito tempo junto ao pé porque logo surge outro colega que a tenta “roubar” e, antes que tal aconteça, sai o passe para outro elemento da equipa. De repente, vislumbro uma AAE junto ao campo. Vai gesticulando e pronunciando algumas palavras para os alunos (imperceptível para mim porque estou afastado), mas nota-se que vai acompanhando o decurso do jogo e das acções dos alunos.

Quando olho para outro lado, apercebo-me que outra AAE circula a um ritmo acelerado, calcorreando rapidamente o espaço de recreio onde me encontro, em direcção à parte posterior do edifício. Outra AAE surge neste espaço, de bata vestida, distinguindo-se, assim, dos restantes elementos que se encontram nesta zona. Vai andando lado-a-lado com algumas alunas com quem vai conversando para, posteriormente, continuar o seu percurso noutra direcção.

As mesas de ping-pong, situadas no espaço coberto, estão ocupadas por alunos que se encontram a jogar, encontrando-se ladeados por outros colegas que os observam atentamente.

Entretanto, no recinto, surge outro AAE, este do sexo masculino, que vai andando pelo recreio, observando os discentes que estão neste espaço.

Também mudo de lugar, dirijo-me para o espaço posterior da escola e vejo alguns alunos entretidos nos campos a jogar basquetebol, enquanto outros se encontram sentados nos bancos existentes no pátio. Por vezes ouvem-se algumas interjeições menos apropriadas, vulgos “palavrões”: “passa c…”.

Mas, nem todos estão a jogar, alguns estão a comer - é hora do lanche da manhã - outros, em grupinhos, vão circulando à volta da escola. Enquanto alguns se sentam no chão, encostados ao edifício, verifico que um grupo se encontra por baixo de uma das árvores situada na zona envolvente. Há empurrões, um elemento fica no chão enquanto o outro, por cima, tem gestos de quem está a utilizar a força: trata-se apenas de uma brincadeira, o colega levanta-se, há risos e parece que tudo está bem. Noutra zona, vejo uns alunos a correr transportando outros às “cavalitas”.

Continuo a minha observação. Sento-me num banco para escrever umas linhas no meu “caderno de apontamentos”. Continuo a ver alguns dos funcionários que tanto estão neste lado como desaparecem para, posteriormente, voltarem a aparecer neste espaço.

Um aluno aproxima-se de mim e sobre o meu ombro tenta ver o que estou a fazer. Parece estar acompanhado de uma colega que se mantém mais distante. Viro-me, olho para ele e ouço:

-“Olá”.

- “Olá”, respondo, “estás bom?” - “Sim”.

- Então que andas a fazer?” pergunto. - “ A brincar”, responde o aluno.

O aluno afasta-se em direcção à relva e começa a dar cambalhotas. - “Então as tuas notas, foram boas?” atiro.

- “Não!”

- “Mas neste período estás melhor?!”

- “Não, piorei!”, diz sem se deter junto a mim. Junta-se à colega e lá continuam a andar pela Escola.

Toca para entrar. Os alunos começam a dirigir-se para o interior do edifício. O pátio vai ficando sem alunos, mas ainda se vêem os AAE que vão circulando atentos ao que se passa à sua volta.

Alguns alunos parecem indiferentes ao som da campainha e continuam nos campos, junto aos balneários, a jogar basquetebol. Surge um adulto que se dirige para aquele espaço e vêem-se alguns alunos a correr em sua direcção ao mesmo tempo que vão gritando “professor, professor…” Afinal aguardavam pelo docente de Educação Física… a aula não tardará em começar”.

Observação efectuada no intervalo das 15:05 às 15:20 do dia 20/03/2007:

“Dirijo-me para o exterior do edifício, do lado da entrada principal, às 15:02. Continuo sem caderno de anotações.

Logo depois houve-se o toque de saída. A mesma azáfama dos momentos anteriores. Bolas a saltitar, corridas, grupos de alunos a deambular pelo recreio, gritam, correm, pulam, por vezes empurram-se. Os jogos já decorrem. Está uma tarde fria apesar do sol que vai raiando. Verifico que o funcionário que está ao portão se aproxima mais do edifício e vai olhando para as interacções que acontecem com os alunos no campo de futebol.

Vou-me aproximando da zona de acesso para os alunos, junto às mesas de ping-pong. Lá estão as mesas ocupadas. Os alunos vão jogando e, por vezes, soltando expressões nada apropriadas. Não vislumbro qualquer AAE. Vou olhando para o campo de jogos. De repente vejo uma AAE, de bata grená, a deslocar-se para o campo de futebol. Um aluno vai ter com ela e ambos param a conversar. Enquanto conversa, a AAE vai olhando à sua volta.

Desloco-me para o interior do edifício, para a zona de acesso ao refeitório e às salas de aula. Não encontro qualquer funcionária. Alguns alunos também estão por ali. Dois estão a brincar, empurram-se agarrados entre si. Algumas meninas estão sentadas num estreito muro de uma floreira, a conversar. Atravesso o corredor e dirijo-me para a zona posterior do recreio. Há alunos a circular, enquanto se encontram a jogar nos campos de basquetebol e de voleibol. Não encontro AAE nesta zona. As interacções dos alunos são invariavelmente as mesmas. Vão circulando em grupos, alguns estão a comer enquanto circulam, outros vão falando ao telemóvel…

Três alunas dirigem-se a mim e pedem para me colocar uma questão. Anui. “Queríamos saber o que anda aqui a fazer? Será que podemos saber?” A brincar fui-lhes dizendo que estava a ver se gostava da escola para decidir se queria ir para lá trabalhar, tomar conta dos alunos. Elas, sorrindo retorquiram “vai ter que tomar conta dos rapazes da nossa turma porque eles é que gostam de andar sempre a arranjar problemas.” De que turma são?, perguntei. “Do 6º C. É a turma mais mal comportada.” Não parece!, disse eu. “O sr nem sabe, mas os rapazes estão sempre a arranjar problemas. Bem, vamos embora, Xau.” E lá seguiram pelo pátio fora.

Volto para o espaço de recreio situado à frente. Quando chego à zona interior, encontro o funcionário que estava no portão. Dirige-se a mim e pergunta-me quem sou porque, dizia, eu tinha entrado com outro professor e aos visitantes costumavam entregar um cartão de visitante para colocar na lapela. Expliquei-lhe que era professor e estava ali com autorização do Presidente do Conselho Executivo. Expliquei-lhe que por estar autorizado não necessitava do cartão.

Prossegui o meu percurso para o exterior, circulando do lado da entrada principal. Lá andava a AAE junto ao campo. Toca para entrar. Os alunos dirigem-se para o interior. O mesmo se passa com a AAE. A “avalancha humana” vai passando… após o que me dirijo, novamente, para área interior de acesso às salas. Vejo dois AAE nesta zona, enquanto os últimos miúdos se dirigem para as salas”.

As participações a que tivemos acesso e que fomos referenciando quando abordámos o ambiente disciplinar na escola, também confirmam a conclusão a que chegámos.

Pela análise do quadro III (cf. pág. 151), verificamos que há 6 AAE desta escola a quem estão atribuídas tarefas no âmbito da “polivalência”. Esta designação, conforme vimos anteriormente, determina que os funcionários desempenhem um conjunto de tarefas diversificadas, nas quais se encontra a função de vigilância.

Através da voz dos actores, expressa nas entrevistas realizadas, são patentes as acções de vigilância desenvolvida nos diferentes locais da escola. Por exemplo no recreio:

“(…)a minha principal (função) é vigilância” (E2).

“(…) a polivalência impõe vigilância, não é? nós sabemos. (…) nós saímos da porta e no fundo com o olhar conseguimos abranger toda aquela zona. (…) a minha colega que está na portaria tem visibilidade ali na zona dos campos” (E1).

“Nos intervalos pára, para fazer a vigilância. (…) os polivalentes, vá lá, têm esse papel, de fazer a vigilância, no exterior” (E3).

Outra local onde se efectua a supervisão é nos corredores, conforme se infere pelo relato da observação que anteriormente transcrevemos. A presença nos corredores serve, também, para prestar apoio aos docentes caso haja solicitações para o efeito:

“(…) normalmente também estou aqui nesta zona (corredor), se algum professor necessita de qualquer material, toca à campainha e portanto damos assistência (…)” (E1).

Também a supervisão no portão é uma tarefa que os AAE cumprem. A supervisão neste local é considerada importante, por permitir o controlo das entradas e saídas dos alunos e impedir o livre acesso de elementos estranhos à escola:

“(…) depois vou para o portão, portanto, que é um portão que abre… para ajudar à saída e à entrada dos meninos à uma e meia. (…) no portão também tem que se ter os olhinhos abertos, que eles de vez em quando saltam o gradeamento” (E1).

“(…) quando entro vou para o portão, faço trabalho de portaria, “X tempo”, principalmente até aos miúdos entrarem” (E3).

A supervisão no refeitório que, conforme vimos quando analisámos o ambiente disciplinar na escola, também é um local propenso a comportamentos “disruptivos”:

“Ao meio-dia estou na fila da cantina” (E1).

“(…) outro fica mais ali nas filas a controlar (…)” (E3).

Distinto é o caso da coordenadora do pessoal AAE. A especificidade do cargo que desempenha, acaba por determinar uma missão mais abrangente, não deixando, no entanto, de efectuar serviço de vigilância aos alunos:

“Durante o dia vigio também os alunos, não só os funcionários, entretanto enquanto vou vigiando os funcionários vou vigiando os alunos e se está tudo correcto, no bufete e tudo isso, é mais uma vigilância sobre o trabalho que têm que fazer. Passo mais tempo nesta zona dos alunos (corredor). Só estou realmente hora e meia ao telefone, enquanto a D. “Maria” vai almoçar. (…) Da uma e meia às três o meu lugar é lá (substituindo a AAE). De resto ando sempre por aí” (E4).

Também os testemunhos dos professores entrevistados confirmam que na escola onde desenvolvemos o nosso estudo os AAE desempenham funções de supervisão:

“Sobretudo como professor de educação física que passa muito tempo no exterior. A ideia que tenho é que os funcionários, alguns, circulam pelo exterior e pelos espaços comuns da escola com