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6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.2 CARACTERIZAÇÃO DAS ÁGUAS DE SUPERFÍCIE E FUNDO DA

A média, o desvio padrão e a faixa de variação dos parâmetros físico- químicos: temperatura da água, nitrato e fosfato monitorados na estação fixa oceanográfica Ilha do Cabo Frio pelo IEAPM semanalmente durante o período de setembro/03 a janeiro/05 estão apresentados na Tabela 8. Os resultados indicaram uma grande variabilidade destes parâmetros associada a uma grande alteração destes parâmetros em curta escala de tempo de uma semana.

TABELA 8 – Parâmetros físico-químicos monitorados na Estação Fixa Oceanográfica Ilha do Cabo Frio.

Parâmetros Hidrólogicos Média ± Desvio Padrão Variação ( Mínimo – Máximo) Temperatura (º C) Superfície 22,4 ± 1,6 18,2 - 26,6 Fundo 22,1 ± 1,9 15,8 - 25,4 Nitrato (µM.L -1) Superfície 0,46 ± 0,42 0 - 2,21 Fundo 0,48 ± 0,44 0,03 - 2,27 Fosfato (µM.L -1) Superfície 0,21 ± 0,11 0 - 0,79 Fundo 0,25 ± 0,14 0,07 - 1,08

A temperatura média da água de superfície foi ligeiramente maior que a de fundo (Tabela 8). Apesar da baixa profundidade média na estação fixa de coleta de 6,0 m, o que poderia favorecer os processos de mistura de águas e propiciar desta forma condições hidrológicas homogêneas na coluna d'água, observa-se a ocorrência de massas d'água mais frias em profundidade (FIGURA 12). Valentin et al, 1986 verificaram um comportamento sazonal na variação da temperatura da água na região, que foi dependente dos períodos de ressurgência e subsidência da ACAS, sendo observada a ocorrência mais freqüente das águas mais frias nos meses de primavera e verão. A entrada de água mais fria pelas zonas mais profundas da enseada de Arraial do Cabo influenciando a hidrologia da área foi verificada anteriormente por VALENTIN et al, 1975 e as flutuações provocadas

nos parâmetros hidrológicos foram relacionadas ao pulso da ressurgência na região exterior da enseada.

A figura 12 apresenta a variação temporal da temperatura da água superficial e de fundo monitorada no período de setembro/03 a janeiro/05. Os círculos azuis na figura representam os meses onde foi realizada a coleta de plâncton em águas frias de fundo com temperaturas abaixo de 20° C.

FIGURA 12 - Variação temporal da temperatura da água no período de setembro/03 a janeiro/05. 10,0 12,0 14,0 16,0 18,0 20,0 22,0 24,0 26,0 28,0

set/03 out/03 nov/03dez/03 jan/04 fev/04mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04dez/04 jan/05

T em pe ra tu ra d a ág ua (C ) Superfície Fundo

As águas de superfície apresentaram teores ligeiramente mais baixos de nitrato que as de fundo (FIGURA 13) e podem estar relacionadas com um consumo deste nutriente pelos produtores primários que se concentram nos estratos mais rasos da coluna d`água ( BAUMGARTEN; POZZA, 2001 ). As maiores concentrações de nitrato ocorreram no mesmo período de ocorrência das águas frias (círculos azuis) e significam que estão associadas à entrada das águas frias da ressurgência que penetram na enseada. Durante um evento de ressurgência no lado externo da ilha do Cabo Frio com águas atingindo concentrações de nitrato de 8 µM.L-1, foi registrado para as águas superficiais

no interior da enseada valores de nitrato não ultrapassando 1 µM.L-1

(VALENTIN et al,1975).

A maior amplitude dos valores do nitrato registrada no período de estudo pode estar relacionada a uma maior troca entre as águas do interior e exterior da baía e também a maior intensidade dos níveis de nitrato das águas de ressurgência. Os valores do nitrato podem alcançar 14 µM.L-1 no ponto de

ressurgência máxima situado no lado oeste ( Ponta do Focinho – figura 6) da ilha do Cabo Frio ( VALENTIN et al, 1986).

A figura 13 apresenta a variação temporal das concentrações de nitrato da água superficial e de fundo monitorada no período de setembro/03 a janeiro/05. Os círculos azuis representam os meses onde a região foi banhada pelas águas frias que penetram na enseada via circulação de fundo.

FIGURA 13 - Variação temporal da concentração do nitrato no período de setembro/03 a janeiro/05. 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5

set/03 out/03 nov/03 dez/03 jan/04 fev/04 mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04dez/04 jan/05

N itr at o ( u M /L ) Superfície Fundo

A concentração média de fosfato das águas superficiais foi menor que as de fundo (FIGURA 14) semelhantemente como o que foi observado com as concentrações do nitrato. O fósforo juntamente com o nitrato são importantes sais nutrientes para os produtores primários e são consumidos nos períodos de floração do fitoplâncton (BAUMGARTEN; POZZA, 2001).

FIGURA 14 - Variação temporal da concentração do fosfato no período de setembro/03 a janeiro/05. 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2

set/03 out/03 nov/03dez/03 jan/04 fev/04mar/04 abr/04 mai/04 jun/04 jul/04 ago/04 set/04 out/04 nov/04dez/04 jan/05

Fo sf at o ( u at g/ L ) Superfície Fundo

Observando a figura 14, existe também uma correspondência temporal entre os pulsos de nitrato e fosfato, o que sugere que o aporte de ambos os nutrientes são governados pela entrada de água mais fria da ressurgência do exterior para o interior da enseada.

Os efeitos de um afloramento da ACAS apresentaram-se de maneira atenuada com relação aos teores de nutrientes na área de estudo, sendo mais provável que as florações fitoplânctonicas ocorram no exterior para em seguida penetrarem na enseada. As regiões externas e internas da enseada constituem um mesmo ecossistema planctônico, e a ressurgência rompe o equilíbrio com

respostas imediatas ao nível de parâmetros hidrológicos e planctônicos ( VALENTIN et al, 1986, 1987).

A análise gráfica do comportamento do nitrato e fosfato através da ocorrência das maiores concentrações desses nutrientes nos períodos de incidência das águas mais frias na estação de coleta do plâncton possibilitou a caracterização do plâncton presente nas águas da enseada de Arraial do Cabo nos meses de janeiro/04, fevereiro/04, maio/04, agosto/04 e janeiro/05 como amostras representativas das águas da enseada de Arraial do Cabo sob influência da ressurgência.

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