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Caracterização das alfaces produzidas e das hortas

3 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Caracterização das alfaces produzidas e das hortas

A partir das entrevistas semiestruturadas realizadas com um dos/as responsáveis pelas atividades de horticultura em cada local de produção, obteve-se as seguintes informações sobre os locais estudados. A Horta do Cafezal está situada em um terreno pedregoso, com elevado declive, ao lado de uma creche e atrás da Associação Comunitária da Vila Santana do Cafezal. A área onde a horta está localizada possui alta incidência dos raios solares durante todo o dia, característica residencial, tráfego baixo a moderado de carros, motos e micro-ônibus, sendo inexistentes as atividades industriais nas proximidades. A formação da Horta do Cafezal ocorreu no ano de 2005 e antes da sua implantação o terreno era considerado baldio e utilizado como depósito clandestino de entulhos. Eram comuns as reclamações feitas pelos vizinhos e funcionários da creche referentes à existência de animais peçonhentos, como cobra e escorpião. Além disso, o terreno era considerado foco de vetores da dengue. A produção da Horta do Cafezal é composta por frutas, hortaliças convencionais e não convencionais, ervas medicinais, raízes e tubérculos. Os alimentos produzidos são destinados à subsistência das famílias dos agricultores urbanos envolvidos nas atividades da horta, comercialização para a comunidade local a preços inferiores aos de mercado e também doação. Segundo o responsável pela horta, a irrigação das hortaliças foi realizada com água tratada pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (COPASA) na frequência de duas vezes ao dia. Para o cultivo da alface foi utilizado insumos naturais, provenientes do esterco de vaca e terra de minhocário, assim como a utilização de calcário para diminuir a acidez do solo.

O Jardim Produtivo possui uma área verde, plana, de 3.500 m2, cedida pela Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PMBH), propícia às práticas de AU e considerada, na tipologia dos planejadores urbanos, como vazio urbano. A região onde esta unidade produtiva está situada possui característica residencial, com ausência de atividade industrial nas proximidades. Essa região recebe alta incidência dos raios solares durante todo o dia, possui tráfego moderado de veículos e conta com o atendimento de

três linhas de ônibus municipais. Atualmente as atividades de horticultura são realizadas por seis moradores locais, sendo que cinco estão envolvidos desde o início das atividades do CCF e um, se integrou a equipe no decorrer das atividades. O Jardim Produtivo foi criado em 2008 e antes de sua implantação o terreno era considerado baldio e propriedade da PMBH. A sua produção é composta por hortaliças convencionais e não convencionais, frutas, ervas medicinais, raízes e tubérculos. A produção é comercializada com a comunidade local no próprio Jardim Produtivo e também, regularmente, com duas escolas da região, Escola Municipal Antônio Mourão Guimarães e Escola Municipal Dulce Maria Homem. A irrigação das culturas é feita com água tratada da COPASA na frequência média de duas vezes ao dia e o cultivo é realizado com utilização de composto natural (elaborado com esterco de vaca, cama de galinha e capim seco) e mineral, a partir do uso de calcário e fosfato.

O CMAUF é um centro de referência em AU, sendo desenvolvido em 2010 pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Contagem a partir da Coordenadoria de Segurança Alimentar Nutricional e Abastecimento por meio de convênio com a Associação Betel de Assistência Social. O Centro abriga também o primeiro banco de hortaliças não convencionais da área urbana da RMBH, que conta com mudas e/ou sementes de espécies como, ora-pro-nobis, azedinha, feijão de metro, bedroega, bertalha, vinagreira dentre outras. Um dos objetivos do CMAUF é difundir o cultivo e o consumo das hortaliças tradicionais e melhorar a dieta familiar, além de oportunizar o aumento de renda familiar. Antes da existência do CMAUF, o terreno era utilizado como depósito de entulho, sendo uma propriedade privada. Está situado na região industrial do Município de Contagem, em região que possui um intenso tráfego de veículos, principalmente aqueles de grande porte, caminhões, carretas e ônibus e muita poeira particulada. O CMAUF encontra-se próximo de um dos pontos de distribuição de mercadorias da Central de Abastecimento de Minas Gerais (CEASA- MG). A área verde do local possui uma ampla biodiversidade e incidência moderada de raios solares nos canteiros, amenizada pela existência de muros ao redor do local e árvores frutíferas que geram sombras no início da tarde. A produção do CMAUF também é composta por frutas, hortaliças convencionais e não convencionais, ervas medicinais, raízes e tubérculos. A produção é destinada ao consumo próprio dos funcionários, doação para o abrigo de crianças localizado na região, além de fim pedagógico e cultural. Assim como as outras duas iniciativas de AU, a irrigação é

realizada com água tratada pela COPASA. O cultivo é feito com biocompostagem (elaborada a partir de restos de alimentos, vegetais secos e esterco de boi), não se utiliza fertilizantes e defensivos agrícolas artificiais.

Após 43 dias do transplante, as alfaces cultivadas no Jardim Produtivo já tinham alcançado desenvolvimento adequado para o comércio e consumo, assim, foi realizada a coleta das três cultivares no dia 29 de setembro de 2011 (Figura 12). Ao contrário do Jardim Produtivo, as alfaces das demais hortas ainda não haviam alcançado o estádio adequado à comercialização e consumo, dessa forma, visando a padronização do estádio final de crescimento das mesmas, as amostras tiveram que ser coletadas em diferentes tempos após o transplante para os respectivos canteiros. As alfaces produzidas no CMAUF não apresentaram crescimento semelhante ao observado naquelas do Jardim Produtivo, e tiveram que ser coletadas em tamanho inferior, após 63 dias da realização do transplante ao canteiro, no dia 24 de outubro de 2011, uma vez que algumas iniciaram o processo de pendoamento (Figura 13).

Figura 12. Cultivo de alface do Jardim Produtivo. À frente tem-se a cultivar Baba de Verão e ao fundo a cultivar Romana Branca de Paris.

Figura 13. Cultivo de alface do Centro Metropolitano de Agricultura Urbana e Familiar em início de pendoamento. À frente tem-se a cultivar Regina, no meio, Romana Branca de Paris e ao fundo, Baba de Verão.

Inicialmente as alfaces produzidas na Horta do Cafezal apresentaram crescimento irregular entre as cultivares, percebeu crescimento mais acelerado da Romana Branca de Paris, seguida pela Regina de Verão e Baba de Verão. Foi levantada a hipótese das alfaces terem sido transplantadas próximas a uma cerca viva de ora-pro-nobis que impedia a incidência regular dos raios do Sol em todas as amostras. No entanto, as culturas Regina e Baba de Verão apresentaram aceleração do seu desenvolvimento, sendo que após 70 dias do transplante para o respectivo canteiro, na data 26 de outubro de 2011, as três cultivares apresentaram características de desenvolvimento adequado à comercialização e consumo.

4.2 Teores de metais traço (cobre, cádmio e chumbo) em diferentes