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Caracterização das infra-estruturas humanas e rede de biodiversidade

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE RESULTADOS

4.1. Caracterização da área de estudo: a Região Norte

4.1.5. Caracterização das infra-estruturas humanas e rede de biodiversidade

Ao abordar os processos de desenvolvimento e construção e os seus impactos sobre os habitats naturais, verifica-se que estes ocorrem ao longo de todo o seu período de vida. Estes impactos são detectáveis durante os processos associados à extracção de matéria- prima e produção de energia, aquisição de materiais, fabricação, construção, operação, manutenção e por fim a demolição e o destino dado aos resíduos por ela provocados (Taylor et al., 2009). A indústria da construção constitui um dos maiores e mais activos sectores em toda a Europa. Esta actividade consume mais matérias-primas do que qualquer outra actividade económica, consome também elevadas quantidades de energia e os resíduos de construção (Torgal e Jalali, 2007).

As implicações da actividade humana sobre os sistemas naturais estão representadas fundamentalmente através do fenómeno de impactos ambientais. Sendo assim entendem-se como impactos ambientais todas as alterações das propriedades física, química, biológica e das condições de vida do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria e energia resultante das actividades humanas que, directa ou indirectamente, afectam a saúde, a segurança, o bem-estar da população, as actividades sociais e económicas, a biota, as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e a qualidade dos recursos ambientais (Silva et al., 2006; GEOMA, 2012).

Apesar das pessoas fazerem parte do ecossistema é frequente pensar-se na interacção Homem-Ambiente como uma interacção entre o sistema social humano e o resto do ecossistema. Desta forma o sistema social é um conceito central da Ecologia Humana tendo em conta que as actividades humanas que apresentam um grande impacto nos ecossistemas são fortemente influenciados pela sociedade onde as pessoas vivem (Marten, 1992). É neste contexto que surge o conceito de Pegada Ecológica como um instrumento capaz de revelar quanto de área produtiva de terra e de mar do planeta é necessário para fornecer os recursos e assimilar os resíduos gerados pelas actividades humanas, de maneira a dar resposta á busca de uma vida satisfatória para todos, em consonância com a capacidade regenerativa da natureza (Cidin e Silva, 2004).

Actualmente verifica-se que os impactos ambientais negativos provocados pelas actividades humanas têm aumentado de maneira intensa, provocando a distribuição dos ecossistemas (Silva et al., 2006; GEOMA, 2012), sendo que estes se têm verificado em várias vertentes das actividades realizadas pelo homem.

No que diz respeito á construção de rodovias sabe-se que os transportes estão enquadrados entre os diversos factores que influenciam o bem-estar da população. Pode-se afirmar que os mesmos corroboram de forma positiva, considerando que atendam a uma eficiência no planeamento, infra-estrutura, gerenciamento de veículos, mobilidade, conforto e acessibilidade, logo, proporcionando melhorias na qualidade de vida (Costa e Paes, 2009). Contudo, a expansão da rede de infra-estruturas de transporte, particularmente as rodoviárias tem apresentado ser, em larga medida, das principais fontes de problemas ambientais.

“Cerca de 40% do território da Região está coberto por um estatuto de conservação da natureza e dos seus recursos, sendo este aspecto determinante para a definição de qualquer estratégia regional de desenvolvimento. O Norte rural apresenta-se como um espaço multifuncional, onde três novas tendências se destacam: a complementaridade e substituibilidade entre agricultura, floresta e turismo rural, a regressão global dos usos agro-florestais e a expansão de incultos. No que concerne aos recursos hídricos, embora em Portugal a água seja relativamente abundante, mais de metade da água disponível provém de rios originários em Espanha. A Região do Norte é a zona do País em que os recursos hídricos são mais abundantes, devido aos diversos rios existentes na Região e à elevada precipitação média anual. Apesar de tudo, existe uma larga margem de progresso, caso seja possível implementar medidas de reforço da capacidade de infiltração das águas e de retenção dos recursos hídricos.” (Norte2015,

2006).

Figura 22- Área de Ocupação da Rede de Áreas Protegidas e Rede Natura 20000 na Região Norte de

Portugal.

Se as infra-estruturas de transportes constituem em si um factor gerador de problemas ambientais, é nos territórios insulares, de ecossistemas extremamente frágeis, que esse fenómeno ganha particular relevância (Fernandes et al., 2007). Os grandes benefícios oferecidos constituem um conflito com a necessidade de uso adequado do ambiente tendo em conta que a fase de implantação de rodovias envolve actividades como a mobilização, instalação do estaleiro de obra, implantação da obra e a sua desmobilização, e consequentemente estas actividades provocam desmatamentos, terraplenagens, exploração de jazidas, entre outros impactos (Costa e Paes, 2009).

“A Região Norte apresenta uma rede de Itinerários Principais e Complementares

equilibrada, embora estejam ainda por concluir 880 Km de estradas face ao previsto no Plano Rodoviário Nacional 2000. Mais de metade da população da Região encontra-se servida pela rede ferroviária, tendo-se concluído nos últimos anos importantes remodelações de infra-estrutura. A região detém um dos maiores aeroportos da Península Ibérica, cujo conjunto de trabalhos de expansão, já realizados e previstos,

permite garantir um crescimento potencial do tráfego de passageiros.” (Norte2015,

2006).

Figura 23- Infra-estruturas Humanas - Região Norte de Portugal.

Os efeitos produzidos pelas infra-estruturas dividem-se em dois momentos distintos: a fase de construção/reabilitação e a fase de exploração. As actividades de correcção dos declives, dos raios de curvatura, do alargamento da via, da construção e reabilitação de aquedutos dão lugar a movimentos de terra, desflorestação e decapagem. A regularização e a compactação da plataforma, a execução das camadas de base e de desgaste, as obras acessórias e os trânsitos de máquinas, na fase de construção, são as principais intervenções, das quais resultaram impactes significativos para o ambiente, manifestando-se sobretudo na qualidade do ar, da fauna, da flora e da paisagem assim como o aumento do nível de ruido. Na fase de exploração o impacto mais significativo é a emissão de contaminantes atmosféricos como monóxido e dióxido de carbono (C0 e C02), óxidos de azoto (NOx), os hidrocarbonetos (HC), o dióxido de enxofre (SO2),

compostos de chumbo, provenientes dos processos de combustão de veículos automóveis, afectando excessivamente a vida dos animais, das populações e a

vegetação, com maior impacto nas áreas atravessadas pela obra. Nesta fase também o ruido tem impacto significativo (Fernandes et al., 2007).

4.2. A Rede Ecológica da Região Norte

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