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4. Resultados

4.4 Estudo Quantitativo: análise dos questionários

4.4.1 Caracterização das Percepções

Nesta primeira parte, foram analisadas as respostas de uma forma única, onde o interesse era verificar, independentemente de qual Força pertença, as opiniões dos militares que atuam na área.

A Tabela nº 7 ilustra as percepções contextuais dos participantes, da amostra total, acerca das FFAA no cenário internacional e outras considerações mais gerais.

Tabela 7. Percepções contextuais das Forças Armadas: análise considerando a amostra total. Discordo Fortemente Discordo Nem discordo, nem concordo Concordo Concordo Fortemente Sem Opinião N(%) N(%) N(%) N(%) N(%) N(%)

1. O Brasil possui um papel de líder geopolítico regional no seu entorno estratégico na América do Sul.

1(2.7) 0(0) 2(5.4) 12(32.4) 22(59.5) 0(0) 2. As Forças Armadas brasileiras possuem boa

imagem dentro do cenário internacional nas operações sob a égide das Nações Unidas.

0(0) 0(0) 0(0) 14(37.8) 23(62.2) 0(0) 3. Possuir Forças Armadas bem equipadas e

adestradas é importante para o Brasil manter a posição de líder geopolítico regional na América do Sul.

0(0) 0(0) 0(0) 9(24.3) 28(75.7) 0(0)

4. O Brasil deve investir na melhoria dos equipamentos de defesa com projetos de grande vulto das Forças Armadas.

0(0) 0(0) 0(0) 12(32.4) 25(67.6) 0(0) 5. O Brasil tem demonstrado capacidade

financeira para investir em equipamento de defesa adquiridos nos projetos de grande vulto nas Forças Armadas.

1(2.7) 11(29.7) 9(24.3) 14(37.8) 2(5.4) 0(0)

6. O Brasil tem capacidade financeira para vir a fazer novos investimentos em equipamentos de defesa por meios dos projetos de grande vulto nas Forças Armadas.

2(5.4) 6(16.2) 8(21.6) 18(48.6) 3(8.1) 0(0)

7. A recente aquisição dos Caças Gripen NG da Suécia, pela Força Aérea Brasileira, foi um passo importante para a modernização da mesma.

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8. A transferência de tecnologia é um aspecto fundamental para manter as Forças Armadas brasileiras tecnologicamente avançadas.

0(0) 0(0) 0(0) 7(18.9) 30(81.1) 0(0) 9. A transferência de tecnologia nos acordos de

aquisição de equipamentos para os projetos de grande vulto da Suécia para o Brasil potencializa a indústria de defesa brasileira.

0(0) 0(0) 0(0) 10(27.0) 26(70.3) 1(2.7)

10. Manter as transferências de tecnologias nos possíveis futuros acordos comerciais entre Brasil e Suécia é desejável em qualquer futuro acordo.

0(0) 0(0) 1(2.7) 13(35.1) 23(62.2) 0(0)

11. O Brasil e as Forças Armadas brasileiras podem ter muitos ganhos tecnológicos com os acordos bilaterais com a Suécia no ramo da indústria bélica.

0(0) 0(0) 1(2.7) 12(32.4) 22(59.5) 2(5.4)

Mais especificamente, em relação à questão de liderança regional (questão1), apenas 3 respondentes não optaram por “Concordo” e “Concordo Fortemente”, demonstrando, que embora não seja unanimidade, mas a grande maioria acredita nesse papel de líder que o Brasil possui na América do Sul. A seguir, todos os participantes pontuaram entre “Concordo” e “Concordo Fortemente” para questões relacionadas com a boa imagem das Forças Armadas brasileiras nas operações sob a égide das Nações Unidas, com a importância destas se encontrarem bem equipadas e adestradas para manter a posição de líder geopolítico, bem como de investir na melhoria dos equipamentos de defesa com projetos de grande vulto (>50% das respostas em “Concordo Fortemente” – questões 2 e 3). Verificou- se ainda a concordância dos participantes em questões relacionadas com a transferência de tecnologia quer como um aspecto fundamental para o avanço tecnológico, quer como um meio de potenciar a indústria de defesa brasileira, conteúdo da questão 4.

O maior nível de desacordo verificou-se nas questões 5 e 6, relacionadas com a capacidade financeira do Brasil de investir ou vir a investir em equipamento de defesa. 32.4% e 21.6% dos participantes, respetivamente para as questões 5 e 6, não concordaram com a existência de capacidade para esse investimento atribuindo classificações entre “Discordo Fortemente” e “Discordo”. Estas questões foram igualmente as que geraram maior nível de indecisão registando frequências superiores a 20% na categoria “Nem discordo, nem concordo”. Particularmente para a questão 5, a amplitude interquartil foi superior a 1 (IQR=2) demonstrando grande dispersão nas respostas fornecidas pelos participantes, ou seja, pouco consenso entre os respondentes.

Na questão que se refere ao contrato realizado pela FAB para aquisição do caça Gripen, questão 7, somente 3 participantes sinalizaram “Nem discordo, e nem concordo” quando afirma-se que

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foi um passo muito importante para a modernização daquela força, os demais respondentes concordam e mais de 78% concordam fortemente.

Nas questões referentes à importância do avanço tecnológico e da transferência de tecnologia nos contratos de OCE, questões de 8 à 11, quase 100% das respostas estavam entre “Concordo” e “Concordo Fortemente”, com destaque que este último orbitou entre 59,5% à 70,3% das respostas.

A Tabela nº 8, a seguir apresentada, ilustra as percepções dos participantes acerca das Operações de Crédito Externo (OCE), especificamente, e de outros itens que possam influenciar as futuras OCE.

Tabela 8. Percepções das Operações de Crédito Externo: análise considerando a amostra total. Discordo Fortemente Discordo Nem discordo, nem concordo Concordo Concordo Fortemente Sem Opinião N(%) N(%) N(%) N(%) N(%) N(%) 1. As Operações de Crédito Externo para financiamento de aquisição de equipamento de defesa para projetos de grande vulto são mais vantajosas para o Brasil que o financiamento por meio do orçamento próprio das Forças Armadas.

0(0) 1(2.7) 8(21.6) 12(32.4) 12(32.4) 4(10.8)

2. A Operação de Crédito Externo (OCE) contratada para adquirir os Caças Gripen NG trouxe, a priori, grandes avanços tecnológicos para a indústria bélica brasileira.

0(0) 2(5.4) 3(8.1) 15(40.5) 11(29.7) 6(16.2)

3. A OCE contratada para adquirir os Caças Gripen NG foi vantajosa para a administração pública.

0(0) 1(2.7) 4(10.8) 12(32.4) 13(35.1) 7(18.9)

4. A OCE é um instrumento importante para que as Forças Armadas consigam prosseguir com seus projetos de grande vulto.

0(0) 0(0) 3(8.1) 15(40.5) 19(51.4) 0(0)

5. As OCE evitam a descontinuidade nos projetos a longo prazo por falta de recursos orçamentários.

0(0) 0(0) 5(13.5) 14(37.8) 16(43.2) 2(5.4)

6. As OCE dão confiabilidade aos credores por não serem consideradas como dívida pública externa do país e possuírem garantias do Estado

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Brasileiro na celebração dos contratos.

7. O risco-Brasil influencia negativamente uma OCE, mesmo sendo o tomador uma das Forças Singulares das Forças Armadas.

0(0) 1(2.7) 1(2.7) 14(37.8) 17(45.9) 3(8.1)

8. O fato de já existir uma OCE de sucesso entre o Brasil e a Suécia favorece a celebração de outros contratos de aquisição de material de defesa para o Exército.

0(0) 0(0) 3(8.1) 22(59.5) 12(32.4) 0(0)

9. Situação político-econômica do Brasil influencia diretamente nas taxas de juros cobradas nas diversas OCE realizadas pelo governo brasileiro, inclusive quando o tomador são as Forças Armadas.

0(0) 0(0) 4(10.8) 11(29.7) 20(54.1) 2(5.4)

10. Quando a parte brasileira a figurar no contrato é uma das 3 Forças Singulares, ou mesmo o Ministério da Defesa, há uma tendência clara do crescimento da confiabilidade por parte do contratado.

0(0) 2(5.4) 8(21.6) 16(43.2) 10(27.0) 1(2.7)

11. A celebração de contratos baseados em variação cambial é influenciada pela instabilidade político-econômica do Brasil.

0(0) 1(2.7) 2(5.4) 16(43.2) 16(43.2) 1(2.7)

12. A celebração de contratos baseados em variação cambial gera grande incerteza acerca dos recursos necessários para fazer face aos pagamentos futuros e custo efetivo do equipamento do que quando expressos em reais

0(0) 2(5.4) 3(8.1) 16(43.2) 15(40.5) 1(2.7)

13. Utilizar moeda local (Coroa Sueca) nas OCE de longo prazo é uma boa alternativa face a contratos expressos em dólares para estabilizar os pagamentos futuros quando transformados na moeda Brasileira.

1(2.7) 5(13.5) 7(18.9) 8(21.6) 6(16.2) 10(27.0)

14. Utilizar as variadas moedas do FMI (que inclui as moedas de referência mundial e reflete melhor as condições da economia mundial) nas OCE de longo prazo é uma boa alternativa face ao dólar para estabilizar os pagamentos futuros quando expressos em Real.

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15. A gestão das OCE deveria utilizar instrumentos de gestão do risco cambial para estabilizar o valor dos pagamentos futuros quando transformados em reais e ficar menos dependente das condições da economia mundial.

0(0) 0(0) 3(8.1) 17(45.9) 13(35.1) 4(10.8)

16. A gestão das OCE deveria utilizar instrumentos de gestão do risco cambial para estabilizar o valor dos pagamentos futuros quando transformados em reais e ficar menos dependente das condições da economia nacional.

0(0) 0(0) 4(10.8) 13(35.1) 16(43.2) 4(10.8)

17. A gestão das OCE deve utilizar mecanismos de gestão do risco cambial de forma a fixar o valor dos pagamentos futuros em reais e não se expor a variação cambial.

0(0) 0(0) 6(16.2) 13(35.1) 15(40.5) 3(8.1)

18. Atualmente a gestão das OCE já utiliza mecanismos de gestão do risco cambial de forma a fixar o valor dos pagamentos futuros em reais e reduzir a exposição a variação cambia.

1(2.7) 2(5.4) 5(13.5) 7(18.9) 6(16.2) 15(40.5)

19. As condições acordadas na OCE dos Caças Gripen NG fazem com que as Forças Armadas brasileiras deem preferência a celebrar novos acordos com a Suécia, em relação a outros países, que possuam material semelhante.

1(2.7) 4(10.8) 5(13.5) 15(40.5) 9(24.3) 3(8.1)

No geral, verificou-se uma grande dispersão nas respostas. A amplitude interquartil variou entre 1 e 2. As questões 1, 10, 14, 18 e 19 foram as que registaram maior dispersão (IQR=2).

Na questão 1, relacionada com o fato das OCE serem mais vantajosas para financiamento de aquisição de equipamento de defesa, mesmo com grande dispersão, mais de 60% das respostas incidiram em uma das categorias “Concordo” ou “Concordo Fortemente”. Nas questões 2 e 3, especificamente relacionadas às vantagens trazidas pelo contrato de OCE do caça Gripen, praticamente 70% dos respondentes concordam ou concordam fortemente com essas assertivas; os discordantes, neutros e sem opinião somam apenas 23 respostas ao todo, somando as duas questões.

Nas questões 4 e 5, que fazem as ligações das vantagens das OCE com a consecução dos projetos de grande vulto e de longo prazo, a concordância é muito grande: 91,9% e 81,0%

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respectivamente, 8 respondentes neutros e somente 2 não opinaram. Em relação às questões 6 e 7, que tratam de confiabilidade e risco-Brasil, ambas aparecem com apenas uma discordância, e “Concordo” ou “Concordo Fortemente” acima dos 70,0%, mostrando que os colaboradores acreditam que, por um lado os credores confiam nas OCE, mas que o risco-Brasil influencia negativamente as operações.

A questão 8, que afirma ser a OCE do caça Gripen facilitadora de futuras contratações com a Suécia, obteve o maior índice de concordância da pesquisa, com 91,9% de respostas entre “Concordo” ou “Concordo Bastante, e apenas 3 neutros. Por outro lado, a maioria também concorda que mesmo sendo as FFAA a realizar a contratação, a situação político-econômica do Brasil prejudica as negociações das taxas aplicadas. Nesse mesmo assunto, com relação à questão 10, relacionada com a tendência para o crescimento da confiabilidade quando o contrato é com uma das 3 Forças Singulares, mais de 70% das respostas incidiram em uma das categorias “Concordo” ou “Concordo Fortemente”.

No tocante à variação cambial, e suas instabilidades e incertezas em relação ao Brasil e aos recursos para cumprir com os compromissos, questões 11 e 12, houve a concordância de mais de 80,0% em ambas, demonstrando que os respondentes acreditam que as variações cambiais podem trazer dificuldades aos contratos de OCE. No mesmo sentido, as questões 13 e 14 estão relacionas às moedas a serem contratadas nas operações. Houve grande dispersão nas respostas: a concordância ficou com 37,8% e 48,6%, respectivamente, enquanto que a discordância ficou com 16,2% e 8,1%, e os neutros ou que não opinaram, ficaram com expressivos 46,9% e 43,2%, demonstrando que o público não tem tanto conhecimento no assunto em questão.

A utilização de gestão de risco cambial (questão 15, 16 e 17) para estabilizar os pagamentos e fixar valores é proteção contra as variáveis nacionais e internacionais, na opinião da maioria dos respondentes: 81,0%, 78,3% e 75,6%. Entretanto a questão seguinte, onde afirma-se que as atuais OCE em vigor estão utilizando a gestão de riscos, houve o maior índice de “Sem opinião” da pesquisa: 40,5%. Esse índice demonstra que, aparentemente, quase a metade dos participantes não sabem se está sendo ou não aplicado a análise de riscos nos contratos de OCE.

A última questão da pesquisa quantitativa relaciona diretamente a OCE do caça Gripen às possibilidades futuras de contratação com a Suécia, onde mais de 60% dos respondentes concordam que as boas condições obtidas na OCE da FAB fazem com que as demais Forças tenham mais interesses em ter a Suécia como parceira comercial, se os produtos forem similares a de outros países.

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