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Os resultados da caracterização das propriedades rurais avaliadas encontram-se na Tabela 7.

Tabela 7 – Caracterização geral das propriedades rurais avaliadas

Característica Avaliada Resultado

Área total da propriedade (ha) – Média 34,43

Máxima 144,60

Mínima 5,95

Área de plantio de florestas (ha) – Média 10,19

Máxima 52,30

Mínima 1,25

Propriedades com topografia plana ou suave ondulada (%) 22,60

Propriedades com topografia acidentada (%) 77,40

Produtores fomentados de empresas de base florestal (%) 58,10

Produtores independentes de madeira (%) 41,90

Madeira comercializada para alguma empresa certificada (%)1 100,00

Colheita realizada pelo próprio produtor rural (%) 77,40

Utilização de mão de obra “familiar” (%) 19,40

Contratação de mão de obra na região (%) 51,60

Colheita manual ou semimecanizada (%) 90,30

Colheita mecanizada (%) 9,70

Existência de registro profissional dos trabalhadores (%)2 54,80 Fornecimento de transporte pelo empregador ou equiparado (%) 16,10 Deslocamento dos trabalhadores para o trabalho em veículo próprio (%) 83,90

Propriedades em que os trabalhadores ficam alojados (%) 0,00

Fornecimento de refeição pelo empregador ou equiparado (%) 38,70 Contraprestação através do pagamento somente por salário fixo (%) 12,90 Contraprestação através do pagamento somente por produção (%) 45,20 Contraprestação através do pagamento de salário fixo + produção (%) 41,90

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Informação verificada posteriormente a partir da informação dos locais de entrega da madeira pelos produtores rurais (checagem junto as certificadoras).

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Registro profissional na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS).

As propriedades rurais avaliadas apresentaram área total média de 34,43 ha, sendo os valores de área total máxima e mínima de 144,60 e 5,95 ha, respectivamente.

Com relação a área de plantio florestal, apresentaram áreas média de 10,19 ha, máxima e mínima de 52,3 e 1,25 ha, respectivamente. Do total, 22,6% possuem plantios em áreas planas ou suave onduladas e 77,4% em áreas com topografia acidentada.

Dentre as propriedades rurais avaliadas, 58,1% delas possuíam seus plantios vinculados a grandes empresas de base florestal, por intermédio de contratos de fomento florestal. Entretanto, em todas as demais, embora se tratassem de produtores indepen- dentes, o destino da madeira colhida foi a comercialização para as mesmas grandes empresas de base florestal. Importante ressaltar que essas empresas são, em sua totalidade, certificadas quanto ao seu manejo florestal e sua cadeia de custódia.

Com relação a colheita florestal, em 77,4% das propriedades esta era realizada pelos próprios produtores rurais e, em 22,6% dos casos realizada por terceiros. Em apenas 9,7% dos casos foi realizada de forma mecanizada e, nestes casos, sempre por empresas terceirizadas. Em 19,4% dos casos, as atividades eram realizadas utilizando-se mão de obra familiar e, em outros 51,6% com a utilização de mão de obra contratada na região (em geral vizinhos ou parentes).

Como resultado deste modo de contratação do trabalho, em 45,2% dos casos não foi verificado o registro funcional dos trabalhadores, ou seja, sem o registro na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS), caracterizando o trabalho informal. De acordo com Barbosa e Corseuil (2011), o trabalhador faz parte do setor informal se não houver dedução da previdência pública – para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ou para os governos municipal, estadual e federal – no seu rendimento bruto ou se for trabalhador por conta própria e, segundo os autores, representam 56,8% da população economicamente ativa do Brasil. Segundo Menezes e Dedecca (2012), os trabalhadores informais recebem remunerações de 40 a 50% inferiores às de trabalhadores formais, deixando clara a precária relação de trabalho.

Dejours (2012) aponta que o sofrimento e as condições de precarização do traba- lho são fortemente sentidos pelos trabalhadores inseridos de modo informal no mercado de trabalho. Segundo o autor, estes trabalhadores fazem parte de um contingente que passam por um processo de vulnerabilidade social, expostos a condições insalubres de trabalho e de vida e de insegurança frente ao futuro.

Como forma de remuneração pela contraprestação dos trabalhos realizados, 12,9% dos empregados recebem apensas salários fixos, 45,2% recebem apenas paga- mento por produção e 41,9% recebem salário fixo acrescido de adicional de produção.

Nos últimos tempos, a reestruturação produtiva com efeitos regressivos e as baixas taxas de crescimento econômico do País fizeram com que o desemprego se tornasse um grave problema estrutural, inclusive no meio rural. De acordo com Souza (2008), as relações de trabalho no meio rural continuam a ser influenciadas pela precari- zação, com o aumento da disputa pelas oportunidades de trabalho existentes, ampliando a desigualdade de inserção e rendimentos, onde os trabalhadores assalariados rurais inserem-se em condições ainda mais precárias e com menores rendas, retratando uma situação de expansão da insegurança no trabalho, na renda e no emprego. Afirma ainda a autora que, nesse quadro de precarização das relações de trabalho no meio rural, pode- se constatar também a redução do emprego assalariado com vínculo, proliferação de ocupações de baixa renda, trabalho assalariado sem registro em carteira, flexibilização de direitos trabalhistas, previdenciários e perdas de conquistas históricas.

De acordo com OIT (2005), muitos trabalhadores do setor florestal são pessoas rurais locais, empregadas como trabalhadores contratados para realizar tarefas que exi- gem pouca habilidade, mas que são fisicamente desgastantes. Eles tendem a ficar entre os que recebem mais baixos pagamentos na sociedade, e frequentemente têm baixos po- sição social e nível de alfabetização.

Foi verificado que em 100% dos casos os trabalhadores não eram alojados, indicando a necessidade de deslocamentos diários entre suas residências e as frentes de trabalho. Em apenas 16,1% dos casos, o empregador ou equiparado fornecia transporte para os trabalhadores, sendo que nos demais casos (83,9%) estes se deslocavam para o trabalho utilizando veículos próprios, na grande maioria dos casos utilizando motocicle- tas, muitas vezes por estradas rurais em precárias condições de conservação, fatos que aumentam a exposição a riscos de acidentes de trajeto. Duarte (2011), ao avaliar acidentes de trabalho envolvendo motocicletas, notou que o acidente e trajeto liderou as estatísticas. Acidente de trajeto é aquele que ocorre no momento em que o trabalhador se desloca para ou do local de trabalho e nos horários das refeições (BRASIL, 2014). Desta forma, a utilização de motocicletas para o trajeto até o trabalho expõe ainda mais os trabalhadores florestais aos riscos de acidentes e estes, quando ocorrem, são de gravidade elevada. Duarte (2011), concluiu que o trauma por acidentes envolvendo motocicletas, tem sido muito enfocado nos dias atuais, em virtude da sua alta prevalên- cia e gravidade, levando à incapacidade temporária ou permanente os condutores desses veículos, em sua fase ativa de produção

4.2 Avaliação da conformidade com as Normas Regulamentadoras do Ministério