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Neste tópico será descrito como em média é composta a área das fazendas de soja, falar- se-á sobre a titularidade da terra e sobre a situação ambiental das propriedades entrevistadas (vinte).

4.5.1 Uso e titularidade da terra

Os sojicultores entrevistados possuem área média de 2.503 hectares. Sendo que 63% (1.582 hectares) desta área está ocupada por atividades agrícolas e 27% (685 hectares) corresponde a área de mata. A maioria das fazendas sojicultoras entrevistada estava localizada no cerrado. Assim como na propriedade pecuária, as áreas improdutivas e de capoeira correspondem a menos de 1% da área total. A lavoura perene é praticamente nula entre as fazendas amostradas (3 hectares). E tem-se 215 hectares equivalentes a pastos (8%). Há em média dois açudes por propriedade e cerca de 85% dos sojicultores possuem um córrego sem açude na sua propriedade (tabela 28).

Tabela 28 - Cobertura vegetal e uso da terra nas propriedades de soja ao leste do Parque do Xingu (MT), 2005-06.

Cobertura vegetal/ uso da terra Área Média (ha)n=20

Área Total 2.503

Área de Pasto 215

Área agrícola1 1.582

Área de Floresta 685

Outras2 21

Obs.: (1) Inclui área de lavoura perene, mas esta é insignificante representa menos de 1% da área agrícola (3 hectares). No restante da área é cultivada a soja e outras culturas como milho, sorgo e crotalária, mas estas últimas, geralmente, em regime de safrinha, ou seja, usadas como cobertura do solo no sistema de plantio direto em período de entressafra da soja, assim elas utilizam de parte da área de soja.

(2) Corresponde a área de capoeira e a área improdutiva. Fonte: Dados de campo (2006).

Em relação à titularidade da terra, praticamente a totalidade dos fazendeiros (90%) obteve suas terras pelo processo de compra. Das 20 propriedades pesquisadas, 95% estão legalizadas possuindo o título definitivo da terra e 5% possuem o contrato de compra e venda. A ocupação das fazendas aconteceu em sua maior parte nas décadas de 70 e 80 (45%), já 30% foram ocupadas nos anos 90 e 25% após o ano 2000 (tabela 29).

Tabela 29 - Titularidade nas propriedades de soja ao leste do Parque do Xingu (MT), 2005-06.

Titularidade Propriedades (%)n=20

Tipo de documento que tem da fazenda: -Título definitivo

-Contrato de compra e venda

95 5 Período de ocupação das fazendas:

-Década de 70 e 80 -Década de 90 -2000-2006 45 30 25 Período de aquisição das áreas adicionadas:

-Décadas de 70 e 80 -Década de 90 -2000-2006 24 56 20 Motivo da aquisição: -Investimento -Tradição familiar -Outros 79 13 8 Fonte: Dados de campo (2006).

Dos 2.503 hectares da fazenda de soja, 1.403 hectares foram adquiridos separadamente e, predominantemente, na década de 90. A maioria dos fazendeiros adquiriu novas áreas para fazer investimento (79%) e devido à tradição familiar (13%) (tabela 29). E, de acordo com os proprietários, o preço das suas terras em 2006 era estimado em R$2.625,00/ha.

4.5.2 Situação ambiental

Mais de 70% dos produtores afirmam conhecer a diferença entre reserva legal (RL) e área de preservação permanente (APP). Todos consideram importante manter as áreas de preservação permanente (gráfico 5). A preservação dos recursos hídricos (30%), da fauna (21%) e da flora (12%) e o controle da erosão para evitar o assoreamento dos rios (12%) estão dentre as principais motivadoras para a manutenção das APPs (gráfico 7). Apenas 5% não possuem área de preservação permanente porque não possuem córregos em sua propriedade (gráfico 5).

Gráfico 5 - Reserva legal e área de Preservação Permanente na sojicultura: a) Avaliação da legislação de reserva legal; b) Avaliação sobre a área de preservação permanente; c) Propriedades com reserva legal averbada; d) Propriedades com reserva legal dentro da propriedade; e) Propriedades com área de preservação permanente; f) Propriedades com reserva legal.

Fonte: Dados de campo (2006).

0% 20% 40% 60% 80% 100%

Possui R.L. Possui APP R.L. dentro da fazenda Averbou R.L. Acha importante manter APP Concorda com o percentual de RL

RL e APP na soja

Gráfico 6 - Motivos porque os sojicultores não concordam com o percentual de reserva legal exigido por lei, 2006.

Fonte: Dados de campo (2006).

Gráfico 7 - Motivos para conservar as áreas de preservação permanente segundo os sojicultores, 2006.

Fonte: Dados de campo (2006).

27%

27% 18%

27%

Acha muito alto o percentual

Não concorda com o percentual para mata

Acha que terras com aptidão agropecuária devem ser melhor aproveitadas Outros 30% 12% 21% 9% 12% 6% 9%

Preservação dos recursos hídricos

Preservação da flora Preservação da fauna Manutenção do clima Controle de erosão e evitar assoreamento dos rios Preservação das nascentes Outros

Cerca de 55% dos fazendeiros entrevistados não concorda com o percentual de reserva legal exigido por lei, mas, apesar disso, 100% dizem ter reserva legal. Sendo que, 95% delas estão dentro da fazenda e 60% tem a reserva legal averbada (gráfico 5).

Dos proprietários que não concordam com o percentual de reserva legal exigido por lei, 27% por achar muito alto o percentual, outros 27% dizem não concordar somente com o percentual exigido para fazendas localizadas na área de mata29, mas concordam com o percentual para o cerrado. E ainda 18% dos produtores dizem que as terras com aptidão agrícola deveriam ser melhor aproveitadas. Sendo assim, defendem que áreas favoráveis a agropecuária deveriam ser permitidas ser mais abertas e áreas com menor aptidão agrícola deveriam ter maior percentual de reserva legal a cumprir (gráfico 6).

Quanto à questão madeireira, um número mínimo das fazendas pesquisadas (5%) tem explorado madeira nas suas terras. A área explorada em relação à área das fazendas representa apenas 0,7%, ou seja, menos de 1% das áreas das fazendas tem tido extração madeireira. Em geral, os fazendeiros afirmam não compensar financeiramente a exploração madeireira, pois a burocracia é muito grande. Além disso, algumas das fazendas estão localizadas em local onde a cobertura vegetal é cerrado, sendo a madeira sem grande valor comercial.

Tabela 30 - Erosões nas fazendas de soja ao leste do Parque do Xingu (MT), 2005-06.

Erosões Propriedades (%)n=20

Fazendas que tiveram erosão superficial ou voçoroca 20

Fazendas que tiveram erosões nos barrancos Sem ocorrência

Fazendas que tomam medidas de controle de erosão 95

Principais medidas adotadas: - Faz curvas de nível

- Usa sistema de plantio direto - Terraços - Outras1 38 31 14 17 Obs.: (1) Inclui o cuidado em não plantar em áreas com declividade superior a 10° graus, construir cacimbas, evitar gradear a propriedade, dentre outras.

Fonte: Dados de campo (2006).

29 Vide nota 21.

Em relação às erosões, apenas 20% das fazendas tem ou já tiveram problemas com erosão superficial ou voçoroca, sendo que estas erosões tiveram baixa freqüência. Segundo os informantes, não há problemas com erosões em barrancos (tabela 30).

Quase a totalidade dos proprietários (95%) toma medidas de controle. Dentre as medidas adotadas, a utilização de curvas de nível destaca-se (38%). A própria forma de produção adotada (plantio direto) pelos sojicultores da região já é uma medida preventiva (31%). Há ainda o uso de terraços (14%) e 17% das propriedades tomam outras medidas (tabela 30).

A ocorrência de fogo acidental atingiu 20% das propriedades de soja pesquisadas. Os anos de maior ocorrência foram após o ano 2000. Nesse período, 57% das fazendas de soja tiveram ocorrência de fogo acidental. Em média foram atingidos 109 hectares por queimada. Em 30% dos casos houve prejuízo com cercas e em 30% das ocorrências houve destruição das pastagens (tabela 31).

Tabela 31 - Entrada de fogo nas fazendas de soja ao leste do Parque do Xingu (MT), 2005-06.

Entrada de fogo Propriedades (%)n=20

Principais anos de ocorrências: -Década de 90

-Após o ano 2000

43 57 Instalações destruídas com o fogo:

-Cercas -Pastagens -Não teve 30 30 40 Causas do fogo:

-Caça dos índios (1) -Outros

-Não sabe

71 14 14 Principais ações para controlar o fogo:

-Avisa vizinho -Faz aceiro

-Usa tanque de água -Gradeia/ pulveriza -Outros 10 40 10 25 15

Obs.: (1) Os índios ao caçarem colocam fogo em determinados pedaços de terra, com o fogo provocam a ida dos animais para um ponto, e ali capturam os animais.

A principal origem dos incêndios (em 71% dos casos) foi atribuída aos índios, 14% relatam outros motivos (tocos de cigarro jogados na estrada, fogo que escapou de assentamentos, dentre outros) e 14% desconhecem a causa (tabela 31).

Metade dos sojicultores entrevistados toma alguma medida para controlar o fogo nas suas fazendas. As principais medidas adotadas são: fazer aceiros (40%), gradear ou pulverizar (25%), avisar vizinho (10%), usar tanque de água (10%) e outros artifícios (15%) (tabela 31).