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2. D ESCRIÇÃO DA ESCOLA E DAS TURMAS

2.2 Caracterização das turmas

Na execução deste projecto pedagógico, teve-se a oportunidade de leccionar cinco aulas sobre a escrita do texto argumentativo a duas turmas do nono ano de escolaridade, cujas características importa aqui destacar.

De acordo com os documentos cedidos pelo director de turma da turma A, é possível aferir que esta é composta por vinte e cinco alunos (treze rapazes e onze raparigas) com idades compreendidas entre os catorze e os quinze anos, sendo,

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maioritariamente, pertencentes a uma classe socioeconómica e cultural média. Ao nível pedagógico, nesta turma detectam-se problemas de pontualidade em geral. No caso particular de seis alunos, assinalam-se dificuldades pedagógicas, desinteresse, desmotivação, défice de atenção e indisciplina. A turma inclui ainda um aluno repetente, dois alunos que usufruem de planos de acompanhamento e um com necessidades educativas especiais (hiperactivo). Desconhecem-se outros dados, nomeadamente no que diz respeito a actividades extracurriculares e outros interesses dos alunos. De um modo geral, o comportamento dos alunos era razoável, embora piorasse pouco a pouco à medida que o final de cada aula se aproximava. As aulas dadas a este grupo eram as últimas da parte da manhã, sendo notórios o cansaço e a falta de concentração dos alunos.

Ao contrário do que acontece com a turma B, a intervenção pedagógica constituiu o primeiro trabalho desenvolvido com os alunos da turma A, havendo, no início, um desconhecimento de parte a parte entre alunos e mestrando. Note-se ainda que a turma cumpria o seu primeiro ano lectivo com a professora cooperante

Por sua vez, a turma B é constituída por vinte e seis alunos: dezasseis raparigas e dez rapazes, acompanhados pela professora cooperante desde o sétimo ano de escolaridade, com uma média etária de catorze anos de idade. Esta turma mantinha praticamente os mesmos alunos desde o início do terceiro ciclo, evidenciando-se entre eles uma relação mais próxima do que a verificada entre os alunos da turma A. A maioria destes alunos pertence a um nível socioeconómico e cultural médio, sendo que apenas três beneficiam do Apoio Social Escolar. Relativamente à escola de proveniência, quatro alunos provêm de outras escolas que não cabe aqui mencionar. Além das disciplinas curriculares, a maioria dos alunos frequenta actividades extracurriculares: cinco alunos estudam música, doze praticam um desporto, três alunos estudam Inglês e um está integrado num grupo de escuteiros. Apenas quatro alunos não praticam ou participam em qualquer actividade extracurricular.

Quanto ao comportamento, destacam-se dois alunos com faltas disciplinares. A turma em geral caracteriza-se por ser um grupo conversador e por vezes desatento, embora apresente resultados escolares superiores aos da primeira turma.

Relativamente ao relacionamento entre mestranda e alunos, pode afirmar-se que este era mais próximo do que com a turma A, dada a realização de actividades pedagógicas no ano lectivo anterior, no âmbito da disciplina de Iniciação à Prática Profissional II e III, e ainda no presente ano lectivo, na leccionação de algumas aulas

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em conjunto com a professora cooperante, o que permitiu que se estabelecesse uma maior confiança com os alunos, se conhecessem as suas características e, em função destas, se aplicasse, no momento da intervenção, uma metodologia que respeitou simultaneamente os interesses e a dinâmica do grupo e os objectivos a atingir com este projecto.

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3. M

ETODOLOGIA

De acordo com os Princípios e Organização dos Mestrados em Ensino da Universidade de Lisboa, aprovados a 22/01/2007, no quarto semestre destes mestrados “o trabalho desenvolve-se numa turma de um único orientador cooperante”10

. Neste sentido, numa fase inicial deste projecto, planeou-se uma unidade didáctica a ser ministrada a uma turma do nono ano de escolaridade, a mesma com que se realizaram as práticas pedagógicas no semestre anterior e aqui designada como turma B. Além da unidade didáctica, planeou-se ainda a aplicação de um teste de diagnóstico a complementar observações informais já realizadas, prevendo-se a sua aplicação antes e a sua repetição após a intervenção pedagógica, o que permitiria observar a evolução das aprendizagens adquiridas pelos alunos ao longo da intervenção. O mesmo teste de diagnóstico seria também realizado por outra turma que, não tendo participado na intervenção, assumiria o papel de turma de controlo, designada como turma A. Assim, com a aplicação do pré e do pós-teste nas duas turmas, seria possível comprovar dois aspectos quanto à eficácia da intervenção: se, por um lado, esta tinha produzido alguma evolução dentro da turma B e se, por outro, também acusava uma evolução em comparação com os resultados da turma A, a turma de controlo.

Realizado o pré-teste, num bloco de noventa minutos generosamente cedidos pela professora cooperante, e analisados os resultados dos dois grupos, observou-se que a turma de controlo apresentava mais dificuldades na matéria em questão do que a turma B, que iria participar na unidade didáctica. Perante esta situação, adivinhavam-se os resultados que a intervenção viria a ter. A turma A continuaria, provavelmente, com as mesmas dificuldades e a turma B ou mantinha os bons resultados que revelara, ou melhorá-los-ia razoavelmente. Ponderou-se, assim, a necessidade da intervenção pedagógica num e noutro grupo e optou-se por se leccionar a unidade didáctica a ambas as turmas.

O presente capítulo aborda a metodologia utilizada antes, durante e após a intervenção pedagógica. Os subcapítulos 3.1 e 3.3 tratarão da estrutura dos testes de diagnóstico (pré-teste e pós-teste) explicando e fundamentando cada um dos exercícios criados. O subcapítulo 3.2 explica a organização da intervenção que teve como ponto de partida os resultados obtidos na análise dos pré-testes. Este capítulo não se destina,

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portanto, a expor os resultados dos testes de diagnóstico, de que se encarrega o capítulo seguinte, IV, “Resultados do pré-teste e perspectivas sobre a intervenção”.

Antes da análise de resultados da escrita do texto de opinião, importa conhecer alguns detalhes sobre o contexto e o modo como foram realizados os testes de diagnóstico e as aulas da intervenção.

Na escola cooperante, o horário atribuído definiu que as aulas fossem dadas a ambas as turmas nos mesmos dias, sendo a B a primeira. A aula da turma A ocorria posteriormente, coincidindo sempre com a hora de almoço. Este horário permitiu assim que, no intervalo entre as duas aulas, fossem analisados, em conjunto com a professora orientadora e a professora cooperante, os problemas encontrados na execução da primeira aula e, na sua sequência, propostas soluções a pôr em prática na aula seguinte. A organização da intervenção desta forma poderá, por isso, ter produzido melhores resultados didácticos na segunda turma do que na primeira. Desta forma, foi possível detectar as principais dificuldades dos alunos na compreensão da matéria na primeira turma e, em função das mesmas, atribuíram-se distintos tempos e atenção na execução de exercícios na turma seguinte, reformulando-se, por vezes, alguns aspectos dos planos de aula.