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4. Metodologia

4.3 Caracterização Demográfica

As Ilhas de São Tomé e Príncipe situam-se no Golfo da Guiné a 300 quilómetros da costa africana, relativamente próximo do Gabão, Guiné Equatorial, Camarões e Nigéria. Fazem parte de um conjunto de afloramentos no prolongamento da cordilheira dos Camarões. Apresentam uma área total de 1001 Km2, distribuída por duas ilhas e vários ilhéus. Conta com 157.847 habitantes (dos quais 59,7% é população urbana e 40,3% rural) (Freitas et al, 2010).

Indicadores de saúde e sócio-económicos

As realidades geopolítica, económica e sociocultural de São Tomé têm afectado, directa ou indirectamente, a saúde das populações. Em São Tomé e Príncipe a pobreza incide sobre 53,8% da população, com 15,1% da população a viver na pobreza extrema. Apresenta-se na 127ª posição nos 169 países classificados de acordo com o Indíce de Desenvolvimento Humano (The World Bank, 2008; PNUD 2007; PNUD 2010).

Economicamente, São Tomé e Príncipe apresenta-se como um país de grandes desigualdades económicas e nível de pobreza muito elevado, em 2001 a percentagem de população que vivia com menos de 1,25 dólares por dia era 28,6% e abaixo de 2 dólares/dia 57,3%. Estes dados tornam-se graves se tivermos em conta a paridade do poder de compra que, em 2009, apresentava uma taxa de câmbio de 10.364 Dobras STP por 1 Dólar internacional, enquanto a conversão cambial era de 17.500 Dobras. (The World Bank 2011)

 

São Tomé apresenta determinantes de saúde de países em desenvolvimento - baixo peso, prática de relações sexuais não protegidas, má qualidade da água, deficiência nutricional em ferro, zinco e vitamina A, poluição dentro de casa pela utilização de combustíveis sólidos, pressão arterial alta, colesterol elevado e consumo excessivo de álcool. (Freitas et al, 2010)

É um país que regista indicadores de saúde melhores do que nos países da África subsariana (esperança de vida à nascença 65 anos vs 50; mortalidade infantil 75/1000 vs 100/1000). Em 2005, a esperança de vida à nascença era de 64,9, a probabilidade à nascença de não sobreviver até aos 40 anos era de 15,1% e de sobreviver até aos 65 anos de 69%. A taxa de mortalidade adulta (entre 15 e os 60 anos) é de 241 por 100.000 habitantes (210 nas mulheres e 251 nos homens). (PNUD, 2007; OMS, 2006).

Um dos principais determinantes da mortalidade infantil e da mortalidade, em crianças menores de 5 anos, é a má nutrição. Em 2005, 20% das crianças nasceram com baixo peso para o tempo de gestação completo e 13% das crianças, com menos de 5 anos, tinham baixo peso para a sua idade. A pneumonia, a diarreia, o sarampo e os traumatismos são as principais causas de morte das crianças, exceptuando as causas neonatais. Estes maus indicadores estão directamente relacionados com as más condições socioeconómicas (Freitas et al, 2010).

A mortalidade materna em 2007 era de 85 /100.000, alguns dos aspectos responsáveis por esta taxa são: a deficiente qualidade dos cuidados obstétricos; a insuficiência da rede sanitária; os aspectos socioeconómico e culturais como a violência domestica e taxas elevadas de analfabetismo (Freitas et al, 2010).

A assistência ao parto por pessoal de saúde regista valores que são considerados bons no contexto africano, em 2006, cerca de 81% dos partos foram realizados por instituições de saúde (África subsariana 45%; Mundo: 65%) embora somente 9% são assistidos por médico. Em 2004, 20,2% dos partos não teve qualquer assistência. (PNUD, 2008; Freitas et al, 2010, OMS, 2006).

 

Sistema de saúde

A nível administrativo, o país está dividido em seis distritos na ilha de São Tomé e uma região autónoma, à Ilha do Príncipe. Estas unidades administrativas correspondem aos distritos sanitários. O distrito sanitário é considerado a unidade

funcional da gestão e prestação dos cuidados da saúde, sendo constituído por: Centro de Saúde, Postos de Saúde e Postos de Saúde Comunitária.

Os Postos de Saúde são unidades de referência que têm um enfermeiro em permanência, o qual realiza consultas à população. Estas realizam-se uma a duas vezes por semana. Os Postos Comunitários estão presentes em todas as comunidades, sendo que existe um ou dois Agentes de Saúde Comunitários responsáveis pela sua gestão e avaliação dos doentes, uma vez por semana, em alguns dos postos, existe consulta médica.

Apresenta um Hospital Central - Hospital Ayres de Menezes é um hospital geral, com unidade de internamento, uma lotação total de 419 camas, utilizadas pelas seguintes especialidades: Psiquiatria; Obstetrícia/Maternidade; Pediatria; Medicina; Cirurgia . As valências hospitalares integram a Anestesiologia, Cirurgia Geral, Cirurgia Maxilo-Facial, Ginecologia, Infecciologia, Obstetrícia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Ortopedia, Pediatria e Urologia (Freitas et al, 2010).

Figura  6  –  Mapa  das  zonas  administrativas  de  São  Tomé  

 

Recursos humanos

Trata-se de um país com uma elevada dependência dos financiamentos internacionais, mas apresenta debilidades na gestão e articulação da ajuda, bem como na organização das ONGs. A instabilidade política acaba por agravar a situação, impossibilitando a constituição de um património de memória que impeça a repetição de erros (Freitas et al, 2010).

Em 2006, por cada 10.000 habitantes existiam 0,49 médicos, 1,86 enfermeiros, 0,3 técnicos de laboratório e 2,26 trabalhadores comunitários na área da saúde. As Unidades de Saúde não possuem um médico a tempo inteiro, no entanto, quer os delegados distritais, quer os médicos que actuam nos projectos efectuam consultas em todas as unidades de saúde (OMS, 2006).

A carência de recursos humanos com competências de gestão determina a fraca qualidade ao nível da gestão e preparação dos cuidados de saúde, bem como a incapacidade de planeamento e execução (Freitas et al, 2010). Não sendo excepção, o sistema de saúde de São Tomé e Príncipe apresenta carências de recursos humanos com as competências necessárias. O país não consegue assegurar a formação médica, a qual é efectuada no exterior, sendo que estes raramente regressam a São Tomé. Estima-se que em Portugal existam 70 médicos São-tomenses, número este que é superior aos que trabalham no país (Freitas et al, 2010, PNUD 2010).

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