• Nenhum resultado encontrado

CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DA POLPA E AMÊNDOA

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.4 CARACTERIZAÇÃO DO ÓLEO DA POLPA E AMÊNDOA

A tabela 8 apresenta os resultados encontrados para as análises físico-químicas realizadas.

Tabela 8 – Análises físico-químicas do óleo de polpa e da amêndoa da macaúba Tipo de óleo Índice de acidez (KOH / g óleo) Densidade (Kg/m3) Umidade (%) pH Óleo da amêndoa 1,9 ±0,3 924,2 ± 0,7 0,153 ±0,025 5,71

Óleo da polpa 27,8 ±1,1 935,6 ±1,8 2,8 ±0,19 5,98

Fonte: Autor (2016) 5.4.1 Índice de acidez

O índice de acidez obtido para o óleo da polpa da macaúba foi de 27,8 ± 1,1 mg KOH/g óleo, o valor elevado encontrado indica que o óleo da polpa pode estar sofrendo reações indesejáveis. A produção do óleo bruto envolve as etapas de armazenamento dos frutos, preparação da matéria-prima e a extração do óleo. Quando as condições de armazenagem não são adequadas pode ocorrer o aumento da acidez do óleo (MORETTO; FETT, 1998). Segundo Silva (2009), o efeito do acréscimo da acidez, quando os frutos permaneceram em secador de fluxo de ar a 60°C por longos períodos de tempo, explica-se pela formação de reações de decomposição térmica através da ruptura de ligações oxigênio-carbono liberando ácidos graxos. O índice de acidez para o óleo da amêndoa foi de 1,9 ± 0,3 mg KOH/g óleo. De acordo com a Resolução 270-2005 – ANVISA/RCD, para consumo humano, os óleos prensados a frio e não refinados, devem apresentar o máximo de 4,0 mg KOH/g óleo. No entanto, segundo Fernandes (2010), para produção de biodiesel, considera-se que o óleo estará dentro das especificações quando a umidade se apresentar abaixo de 0,5% e a acidez abaixo de 2 mg de KOH/g óleo. Logo, o óleo da amêndoa da macaúba estaria dentro da regulamentação, enquanto seria necessária uma etapa prévia de tratamento para o óleo proveniente da polpa, visando melhor rendimento.

5.4.2 Densidade

O valor da densidade, obtido a partir da média das análises feitas em triplicatas, é equivalente a 935,6 ± 1,8 kg/m³ para a polpa e 924,2 ± 0,7 kg/m³, valores próximos ao encontrado por Rettore e Martins (1983), porém superiores ao valor máximo de 900 kg/m³ indicado para a produção de biodiesel segundo a ANP.

5.4.3 Umidade

O valor da umidade para o óleo da polpa foi de 2,8 ± 0,19 %, e para o óleo proveniente da amêndoa foi de 0,153 ± 0,025 %, ou seja, apenas o óleo da amêndoa apresentou valor satisfatório para produção do biodiesel, pois, quanto menos umidade maior o rendimento em biodiesel.

5.4.4 pH

O óleo da amêndoa da macaúba obteve um pH de 5,71 enquanto o óleo da polpa foi de 5,98, os dois óleos são levemente ácidos. O pH é uma característica a qual o mercado de cosméticos e beleza valoriza e Segundo Fasina et al. (2006), esses óleos desempenham papéis funcionais e sensoriais especiais em produtos cosméticos, além de transportarem vitaminas lipossolúveis (E, A, K e D) e fornecer em ácidos graxos essenciais como os ácidos linolênico e linoleico.

5.4.5 Determinação do teor de óleo da polpa e da amêndoa da macaúba

O teor de óleo máximo presente nas amostras foi determinado através do método amplamente descrito na literatura, a extração por solvente utilizando o método de Soxhlet, onde aproximadamente 10 g de amêndoa/polpa foi introduzido no extrator, utilizando hexano como solvente em um tempo de 16 horas.

Para a polpa da macaúba, o teor de óleo encontrado foi de 44,2 ± 0,2%, enquanto para a amêndoa da macaúba, o teor foi igual a 41,1 ± 0,3%. Na literatura existem inúmeros artigos e trabalhos com diversos valores de teor de óleo para as variadas subespécies da macaúba, porém, a palmeira estudada neste trabalho, Acrocomia intumescens, carece de pesquisas e estudos na área de extração de óleos e caracterização dos mesmos. Em um único trabalho,

produzido por Conceição et al. (2012), o teor de óleo encontrado para a macaúba através da extração por solvente, por 16h, utilizando éter de petróleo, variou de 26,75% a 77,80%, para a polpa e 43,38% a 57,70% para a amêndoa, tendo sido analisados frutos de 9 palmeiras de diferentes cidades e regiões do Brasil. Entre as palmeiras estudadas por Conceição et al. (2012), uma das matrizes estava localizada em Nossa Senhora do "Óh", e a palmeira em questão tratava- se da Acrocomia intumescens, a qual o seu fruto possuía o teor de óleo de 40,59% para a polpa e 48,65% para a amêndoa, ou seja, os valores encontrados para o óleo da polpa foram superiores, porém, a quantidade de óleo presente na amêndoa foi inferior. Já o estudo realizado por Nascimento et al. (2016) com frutos provenientes da cidade de Recife, encontrou para a polpa da macaúba-barriguda o teor de óleo de 30,09 ± 0,2% e 22,4 ± 0,3% para a amêndoa, utilizando hexano como solvente. Utilizando o etanol como solvente, o mesmo grupo obteve 31,10 ± 0,3% para a polpa e 26,90 ± 0,4% para amêndoa, valores esses inferiores aos neste trabalho descritos, porém, semelhantemente obteve maiores valores para a polpa em relação a amêndoa. Outras formas de extração foram estudadas por Nascimento et al. (2016) a fim de identificar a quantidade de óleo presente no fruto da macaúba-barriguda, como por exemplo a técnica de extração por solvente acelerada (ASE), ou extração supercrítica, onde o solvente é empregado em condições de temperatura e pressão acima do ponto crítico, que forneceu valores inferiores aos encontrados na extração por soxhlet, 21,78% ± 0,01 e 24,65% ± 0,01 para polpa utilizando hexano e etanol como solvente, respectivamente, e 22,40% ± 0,04 e 25,40% ± 0,05 para amêndoa. Frutos da macaúba-barriguda colhidos na Paraíba e estudados por Bora (2004) forneceram teor de óleo de 34,6 ± 1,9% e 49,2 ± 1,6% para polpa e amêndoa respectivamente, enquanto os valores encontrados por Silva et al. (2015), que estudou a macaúba-barriguda coletada na cidade de Recife, são inferiores com relação ao teor de óleo, sendo 29,61% para a polpa e 27,42% para a amêndoa, sendo as extrações foram realizadas através do método soxhlet, por 8 horas, com hexano como solvente. Apesar da pouca quantidade de informações quanto ao teor de óleo e caracterização dessa espécie, percebe-se que existe uma variação nos valores encontrados, tendo trabalhos onde a quantidade de óleo na amêndoa é superior aos encontrados na polpa e vice-versa. Essa característica já era esperada, pois, assim como para as espécies de macaúba comumente estudadas (Acrocomia aculeata, totai e sclerocarpa), as características do solo, do clima, da região, a idade da palmeira, o ciclo de reprodução, o período da coleta, o manuseio dos frutos e diversos outros fatores além da metodologia afetam o resultado final, entretanto, os valores estão dentro da expectativa geral, sendo a macaúba-barriguda uma ótima fonte de óleos com teor de lipídeos médio satisfatório.

5.5 EXTRAÇÃO MECÂNICA DE ÓLEO DA POLPA E DA AMÊNDOA DA