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CAPÍTULO III O PROGRAMA ESPECIAL DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

3.5 Interpretação dos dados da pesquisa

3.5.2 Caracterização do corpo docente

Com base nas informações constantes no sítio do Programa de Formação Especial da COFOP elaborou-se um quadro sintético que apresenta informações básicas sobre o corpo

31 A soma ultrapassa 100% posto que no grupo frequente há alunos que tiveram experiência no Ensino Fundamental e no Ensino Médio.

docente do Programa. Como o intuito não era analisar o grupo como um todo, optou-se por focar na formação acadêmica especialmente, entendendo que num curso de formação para professores para a Educação Básica e para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio compreenda profissionais com formação em áreas ligadas à Educação. Assim, com base na listagem de professores disponíveis no site, identificou-se o currículo de cada um na Plataforma Lattes para levantamento das informações.

É importante ressaltar que o Artigo 10 do Regimento Escolar do referido programa conta que seus docentes deverão ter “titulação mínima em nível de especialização e possuir formação ou qualificação compatíveis com o tema a ser ministrado”. Além disso, o parágrafo único determina requisitos de atuação no Programa, preferencialmente nesta ordem:

I. Experiência docente na formação pedagógica; II. Experiência docente na educação básica;

III. Pesquisa com produção científica na área de educação; ou IV. Experiência docente na educação superior.

a) Classificação dos Docentes do sexo feminino quanto à formação acadêmica:

Doutorado Mestrado Especialização Graduação

01 - Gestão da

educação Tecnológica

- Administração de

Empresas

02 Educação Educação Ensino Superior Pedagogia

03 Linguística Letras - Letras

04 PhD in Education Masters of Arts

- Psicologia

05 Literatura Letras - Letras

06 - - Linguística Aplicada ao Ensino da Língua Portuguesa Letras 07 - Tecnologia Magistério Superior Pedagogia e Psicologia Total 04 06 03

Observa-se que a maior parte das professoras do curso é formada na área de Humanas, sendo que 86% delas possuem mestrado e 57% 32 possuem doutorado.

a) Classificação dos Docentes do sexo masculino quanto à formação acadêmica:

Doutorado Mestrado Especialização Graduação

01 - Tecnologia Informática na

Educação

?

02 Educação Educação Educação física

03 Educação Tecnologia Metodologia do

Ensino Tecnológico Desenho Industrial 04 - Engenharia da Produção - Engenharia de Operação Mecânica Máquinas e Ferramentas Licenciatura para Magistério em Disciplinas Especiais para o Ensino de 2º grau 05 - Engenharia da Produção Metodologia do Ensino Superior Administração de Empresas Eletrônica Telecomunicações 06 Orientação Educacional Pedagogia

Quadro 10: Classificação dos Docentes do sexo masculino quanto à formação acadêmica

Já entre os professores do sexo masculino predominam áreas de ciências exatas, não só na graduação, mas nos outros níveis de formação: 83% possuem mestrado e 33%, doutorado. Nesse grupo inclui-se o coordenador do Programa.

Há equilíbrio com relação a gênero com a diferença de apenas uma professora a mais. As professoras apresentam maior nível de escolaridade.

Feito esse levantamento concluiu-se que os professores que atuam no Programa correspondem ao determinado no artigo 10 do Regimento, atendendo pelo menos a um dos requisitos de atuação.

Para a composição da amostra de professores que seriam entrevistados também buscou-se o equilíbrio com relação ao gênero. Assim, como eram inicialmente, apenas dois

32 A soma ultrapassa 100% devido ao fato de que professoras que possuem doutorado também possuem mestrado.

professores, seria um do sexo masculino e outro do feminino, desde que envolvidos diretamente no programa, como docente ou por ter participado de sua implementação.

No entanto, como mencionado anteriormente, elegeu-se um terceiro professor por sugestão da banca de qualificação.

É interessante observar que, embora o curso se destine à formação de professores para as disciplinas de Matemática, Física, Química, Biologia, Inglês, Espanhol e disciplinas da Educação Profissional, não há no corpo docente, nenhum professor com graduação nessas áreas, exceto os que possuem formação nas engenharias. Embora a formação em educação nesse contexto seja relevante, é importante que um professor que atue na formação de outro professor, deva dominar os meios de se ensinar as disciplinas em questão, pois cada uma tem suas peculiaridades. Ainda não ficou claro como um mesmo curso de licenciatura pode preparar professores para lecionar em áreas tão distintas. Então, cabe a pergunta: como um professor que não tem experiência em educação profissional pode preparar outro professor para docência nessa modalidade de ensino?

Isso nos leva a fazer a seguinte reflexão: existe um conjunto de saberes inerentes à profissão docente que a justifique como tal? Se a resposta for afirmativa, temos que fazer outra pergunta: por que, então, existe uma grande liberalidade no mundo do trabalho e na sociedade em geral, no sentido de que outros profissionais que não têm a formação docente atuem como tal? Nossa resposta é: apesar de existir um conjunto de saberes próprios da profissão docente (VEIGA; AMARAL, 2002), essa não tem reconhecimento social e do mundo do trabalho compatível com sua importância para a sociedade, por isso não há esse rigor (MOURA, 2008, p. 31).

Esse posicionamento foi reforçado pelo professor P3, durante a entrevista, citando um exemplo próximo do que será exposto aqui: um médico pode ser convidado ou mesmo por interesse próprio para lecionar em um curso de medicina ensinando como se faz uma cirurgia específica. Ele está ensinando, está na posição de docente, no entanto, continua sendo médico, e não deixará seu título para tornar-se apenas professor. É um médico que eventualmente leciona.

Perguntas semelhantes poderiam ser feitas quando referidas às habilitações específicas da educação básica, como, por exemplo, a licenciatura em Matemática, Física, Biologia, etc., afinal de contas, os bacharéis nestas áreas dedicaram-se durante quatro anos em média para adquirir sua formação. Assim, aceitar que um profissional graduado em outras áreas, que cursou apenas 160 horas das referidas disciplinas como apto para o exercício da docência, é

no mínimo desrespeitoso, com relação aos demais profissionais da área, especialmente quando no curso de formação pedagógica não há especificidade para as áreas a que se propõe habilitar.

Essa falta de identidade com a profissão docente, fazendo dela uma atividade que funciona como “bico” ou complementadora de renda, ocasiona descompromisso e falta de envolvimento com os princípios educacionais.

Com base nessas indagações e no referencial teórico apresentado nesta pesquisa, foram categorias centrais de análise nas entrevistas realizadas: qual a concepção de formação adequada para professores; como ocorre a interdisciplinaridade no curso; o que entendem por tecnologia e educação tecnológica; como se desenvolve a formação do professor como gestor, como pesquisador e como facilitador da aprendizagem.