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IV. Métodos híbridos

3.2. Bairro de Alvalade

3.2.3. Caracterização do parque edificado

O estudo detalhado do bairro de Alvalade feito por Lamego (2014) e Lamego et al. (2016), em cada uma das oito células que compõem o bairro, resultou num grupo de edifícios, pertencente ao bairro de Alvalade, com as características pretendidas para o seu estudo, e adaptados para o estudo aqui desenvolvido, ou seja, edifícios construídos antes de 1983, com utilização predominantemente residencial e pertencentes às tipologias construtivas de edifícios com paredes em pedra e pavimentos em madeira, edifícios de “placa” ou edifícios porticados em betão armado, podendo possuir os três tipos de porte: pequeno (1-2 andares), médio (3-5 andares) ou grande porte (mais de 5 andares), conforme apresentado na Figura 3.6.

A caracterização do parque edificado feita por Lamego (2014) e Lamego et al. (2016) é resumida na Tabela 3-1, onde é discriminada por tipologia construtiva e por número de célula.

Tabela 3-1 - Caracterização do parque edificado em Alvalade (Lamego, 2014; Lamego et al., 2016)

Tipologia construtiva Célula nº Total de edifícios

1 2 3 4 5 6 7 8

Edifício em pedra – médio porte 163 67 --- --- --- --- --- --- 230 Edifício de “placa” – pequeno porte --- 1 --- 410 --- 43 21 37 512 Edifício de “placa” – médio porte 25 78 97 32 138 178 181 168 897 Edifício de “placa” – grande porte --- --- 1 5 --- 2 2 --- 10

Edifício em betão – grande porte 36 31 19 14 38 43 70 75 326

Total de edifícios 224 177 117 461 176 266 274 280 1975

Os resultados de Lamego (2014) e Lamego et al (2016), mostram conforme se pode observar na Tabela 3-1, que o bairro de Alvalade é composto por um total de 1975 edifícios com utilização predominantemente de habitação e construídos antes do ano de 1983. Este bairro apresenta tipologias construtivas diversas, desde edifícios com paredes em alvenaria de pedra e pavimentos em madeira, edifícios de “placa”, ou seja, estruturas mistas de alvenaria e betão armado, e edifícios “porticados” em betão armado. Possui ainda a vantagem de conter edifícios com os mais variados números de pisos, o que permite a separação dos mesmos por tipo de porte (pequeno, médio e grande porte), e uma análise mais pormenorizada de cada um deles.

Esses resultados mostram ainda que, a maioria destes edifícios pertence à tipologia de edifícios de “placa”, que constituem cerca de 72% do edificado, enquanto os edifícios em betão armado constituem 17% do edificado e os edifícios em alvenaria de pedra constituem 11% do edificado. No que respeita ao porte, predominam os edifícios de médio porte (3-5 andares), que representam 57% do edificado, enquanto os edifícios de pequeno (1-2 andares) e grande porte (mais de 5 pisos) representam, respetivamente, 26% e 17% do total de edifícios estudados. Considerando a tipologia estrutural e a altura, os edifícios de ''Placa'', e os de médio porte representam 45% do parque imobiliário em Alvalade.

Edifícios de “placa”

Os edifícios de “placa” representam na atualidade, cerca de 32% do parque edificado nacional (INE, 2012) e caracterizam-se por possuírem pavimentos, lajes, em betão que descarregam diretamente em paredes, podendo estas possuir capacidade resistente ou não (Lamego e Lourenço, 2012). Deste modo, são constituídos por paredes exteriores de alvenaria de pedra, de qualidade razoável, paredes interiores de alvenaria de tijolo e pavimentos em lajes maciças de betão armado.

As lajes dos edifícios “de placa” comportam-se como diafragmas rígidos ao nível dos pisos, assegurando um bom travamento horizontal, sendo a principal deficiência apontada a este tipo de edifícios a insuficiência de elementos verticais resistentes ao corte e à flexão (Oliveira, Gaspar e Correia, 1985; Silva e Soares, 1996; Sousa, 2006; Lamego, 2014).Estes edifícios têm em geral de quatro a seis andares e são característicos do período construtivo do Estado Novo, sendo construídos entre as décadas de 1940 e 1960, pelo que coincidem com o período de transição estre edifícios de alvenaria e os de betão armado, período caracterizado pelo abandono de técnicas e materiais tradicionais e pela adaptação progressiva a soluções estruturais efetivas de betão armado nas construções (F. Pinho, 2000; Sousa, 2006; Monteiro e Bento, 2008).

Acredita-se que este tipo de edifícios, seja consideravelmente vulnerável à ação sísmica, porque a introdução de lajes de betão armado representa um aumento significativo da massa sem aumentar a resistência estrutural dos elementos verticais. No entanto, esta tipologia ainda representa uma parte importante do estoque de construção de Alvalade, o que justifica o desenvolvimento de estudos que primeiro avaliam seu comportamento sísmico e, posteriormente, propõem soluções de reforço (Monteiro e Bento, 2008).

Edifícios de pequeno, médio e grande porte

Entendem-se como edifícios de pequeno porte aqueles que possuem 1 ou 2 pisos elevados (1-2 andares). Tratam-se, na sua maioria, de edifícios unifamiliares, isolados ou geminados. Independentemente do tipo de material em que as paredes sejam construídas, os elementos existentes em betão armado são em número reduzido. A utilização de lintéis (peça dura de materiais diversos ex.: madeira, pedra, ferro, betão, etc., que assenta nas ombreiras e constitui o acabamento da parte superior de portas e janelas) colocados na zona superior dos vãos exteriores é bastante vulgar, sendo muitas vezes os únicos elementos existentes em betão armado. Esporadicamente, podem-se encontrar também edifícios de pequeno porte com elementos em betão armado apenas no seu interior (Lamego e Lourenço, 2012). Acredita-se que estes edifícios sejam menos vulneráveis à ação sísmica do que os edifícios de médio e grande porte (Simões et al., 2015).

Entendem-se como edifícios de médio porte os que possuem 3 a 5 pisos elevados (3-5 andares). Considera-se que os edifícios de grande porte possuem 6 ou mais pisos elevados (mais de 5 andares). A sua constituição é em tudo idêntica aos edifícios de médio porte, observando-se que os edifícios de grande porte possuem apenas 6 pisos elevados e, em alguns casos raros, 7 pisos elevados. Possuem pilares e vigas em betão armado, normalmente situados na periferia dos edifícios, podendo abranger a totalidade das paredes exteriores ou apenas as paredes das fachadas principal e de tardoz (Lamego e Lourenço, 2012). No interior dos edifícios é raro observar a existência de elementos em betão armado, salvo vigas colocadas em locais estratégicos, tais como locais de onde vão “nascer” novas paredes nos pisos superiores. Os edifícios que possuem lojas no piso térreo, apresentam um sistema porticado de vigas e

pilares presente apenas no piso das lojas. Nos restantes pisos, são mantidos os pilares e vigas exteriores, sendo o seu interior constituído unicamente por paredes (Lamego e Lourenço, 2012).